Bu neng shuo de. mi mi (Secret) Jay Chou (2007) China


Se espreitarem mais abaixo a minha classificação, vão notar que não atribuo uma nota por aí além a este filme chinês, no entanto não deixem que a minha opinião os afaste dele. Não é um daqueles filmes orientais inesquecíveis mas é uma história sólida que irá agradar bastante, principalmente a quem gostar de piano, de música ou composição musical.

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Então porque não lhe dou uma nota mais alta ?
É complicado explicar isto sem lhes estragar o que o filme tem de melhor e que é precisamente a “surpresa” final. Especialmente porque para o poder fazer bem eu teria de comparar o filme com outras obras; o que lhes daria imediatamente a pista para esse desenlace e portanto é melhor eu estar calado.

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É mais habitual encontrarmos este tipo de cinema oriental relacionado com os produtos da Coreia do Sul, ou até mesmo do Japão, do que na cinematografia Chinesa,(neste caso de Taiwan). Os Sul Coreanos especialmente na minha opinião são mestres a ilustrar este estilo de histórias que dependem muito de uma carga românticamente assombrada e como tal talvez a principal grande fraqueza de [“Secret“] está no facto de não ser um filme Sul Coreano, pois  falta-lhe aqui aquela sensibilidade que normalmente humaniza bastante este tipo de histórias.

Secret22

Senti que este filme asiático era uma espécie de “peixe fora de água”, ou seja senti muito forçada a colagem ao estilo Sul Coreano ao mesmo tempo que parecia não querer abandonar a sua identidade Chinesa, o que o tornou num produto algo ambiguo e o que ficou a perder foi precisamente a parte emocional pois nunca transmite ao espectador aquele sentimento que nos devia prender ao ecran com esta história de amor, previsível mas nem por isso menos interessante.

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O facto do final ser ultra previsível também lhe retira alguns pontos, pois a partir de certa altura percebe-se logo que tipo de história estamos a ver. E o pior é que quando isso acontece ainda os personagens não nos agarraram por completo, muito por culpa da própria indefinição do estilo do próprio filme e pena pois faz com que a narrativa se arraste um bocado pelo meio, especialmente quando para o espectador já se torna óbvia qual o rumo da história e para os personagens tudo ainda permanece um enigma.

Secret03

No entanto, isto não quer dizer que o filme seja mau. Apenas não provoca surpresas suficientes para agarrar a quem já viu outros filmes do estilo no cinema Sul Coreano ou Japonês e como tal não tem força para competir com a concorrência que já ficou para trás com muitos melhores resultados, tanto no que toca a twists como na parte romântica da história.
Embora não me admire nada que muita gente tenha gostado, (ou possa vir a gostar muito) de [“Secret“] se se der o caso deste ser o primeiro filme do género que viram ou irão ver, por isso todo o meu pouco entusiasmo pode ser contextualizado de uma forma relativa.

Secret14

Realmente pelo trailer, o filme parece bem melhor do que na verdade eu achei que fosse.
Se tivesse que escolher eu daria melhor nota ao trailer do que ao filme, até porque o estilo de montagem cativante que nos aparece na apresentação não é de forma nenhuma o mesmo que está presente em [“Secret“] e se calhar teria sido melhor que fosse e este se tivesse assumido como um filme mais comercial do que (não) tenta ser.
O toque cinema-de-autor aqui retira-lhe algum do brilho que deveria ter tido mas se calhar é compreensível.

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Compreensivel, porque esta é a primeira obra do realizador (pianista profissional muito famoso por aquelas bandas), que além de ser o produtor do filme, criador da história, actor principal é ainda o compositor da musica e como tal se calhar era inevitável que este tentasse criar um produto bem mais pessoal e não quisesse apenas fazer mais um filme comercial igual a tantos outros.

Secret18

Se calhar esse toque pessoal desta vez foi precisamente aquilo que impede [“Secret“] de aproveitar todo o seu potencial, pois se vermos bem as coisas não é a falta de originalidade do conceito ou da própria história aquilo que impede o filme de ser mais cativante, mas sim algo na sua atmosfera melancólica que nunca conseguimos bem identificar e torna os personagens sempre em algo distante do espectador quando deveriam cativar-nos por completo como normalmente acontece no cinema Sul Coreano.

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Mas se vocês gostarem mesmo muito de piano não vão mais longe, este é o filme para vocês. Tudo gira á volta de uma melodia muito especial e o filme está cheio de momentos em que os actores demonstram as suas qualidades também (e principalmente) como pianístas fantásticos (digo eu que não percebo nada daquilo).
É precisamente nessas cenas que o filme tem os seus melhores momentos e o espectador mais ganha empatia com os personagens. A maneira como realizador usa a música para enquadrar o mistério da história é muito entusiasmante e só é pena ele não ter consigo o mesmo resultado nas cenas em que o filme não envolve um piano.

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Como já disse, não há nada de verdadeiramente mau em [“Secret“] apesar do mistério ser tudo menos misterioso e a sua estrutura nem ser particularmente criativa.
Aliás, achei-a até um pouco forçada, como se a partir de certa altura fosse preciso resolver as coisas e como tal as explicações surgem quase de repente , mais porque estava na altura de concluir o filme e passar á sequência com o “twist” final do que por ser a conclusão orgânica mais natural para a narrativa.
Foi aqui que mais senti a tentativa falhada de se colar ao estilo Sul Coreano e isso desiludiu-me um pouco, embora a sequência final seja muito boa mesmo.

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A maneira como visualmente o mistério e os seus efeitos nos é revelado, através de uma caótica sequências de efeitos especiais que ganham vida ao som da banda sonora no final do filme é uma das melhores partes de toda a narrativa e só é pena que o que ficou para trás não tenha alcançado a mesma eficácia.
Apesar da previsibilidade, o fim do filme tem um bom ritmo e prova que este realizador sabe contar histórias e como tal aguardo com interesse um novo trabalho seu.

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[“Secret“] tem bons personagens embora nem sempre particularmente cativantes. Quanto a mim, a parte romântica só funciona mesmo na sequência final. O que é pena, mas a verdade é que ao longo de todo filme senti sempre uma distância enorme entre mim e aquelas pessoas no ecran. E isso quanto a mim é o que faz a diferença entre uma boa história de amor e apenas mais um filme romântico de contornos sobrenaturais.
Neste caso é apenas uma boa história de contornos sobrenaturais com alguns minutos a mais. Se calhar cortavam-se quinze minutos e seria um filme muito mais cativante.

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Curiosamente, os personagens mais cativantes de todo o filme são o pai do protagonísta e um par de colegas de liceu que embora sejam personagens  sem grande dimensão, são no entanto os que dão mais vida á narrativa quando aparecem no ecran e acabam por ter os papeis mais importantes no desenrolar do mistério ao mesmo tempo que contribuem para momentos divertidos numa narrativa por vezes é demasiado melancólica e sombria sem haver necessidade para isso.

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CLASSIFICAÇÃO:
Apesar de tudo é uma boa história de contornos romântico-sobrenaturais.
Não há muito mais a dizer para além daquilo que já referi no texto acima e sendo assim só posso dizer que é um bom filme oriental  e recomenda-se.
Não sugiro que o vão logo ver a correr e muito menos sugiro que comprem o dvd sem ver primeiro, mas como eu sei que muitos de vocês chegam até este blog á procura de sugestão para filmes românticos orientais, estejam á vontade para espreitar este também porque preenche bem o tempo até aparecer por aí mais um daqueles realmente inesqueciveis.
[“Secret“] é apenas bom.
Nem mais nem menos, trés tigelas de noodles.

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A favor: as cenas com os pianos são excelentes e cativantes, a envolvência da música e a sua importância na narrativa, o estilo alucinado de alguns personagens, a sequência final em que o “mistério” é revelado, bons efeitos especiais, é mais uma história romântica de contornos sobrenaturais.
Contra: já viram esta história antes várias vezes e o filme não tem suficientes atractivos adicionais que nos façam não nos importarmos com esse facto, o mistério é completamente óbvio para quem já viu um par de filmes Sul Coreanos conhecidos, o par romântico não cria grande empatia com o espectador, o filme tem um tom demasiado assombrado e melancólico quando deveria ter sido mais romântico e se calhar até mais comercial que não lhe fazia mal nenhum, nota-se que é um produto inspirado no cinema Sul Coreano e que se esforça para ser uma obra no mesmo estilo mas falta-lhe alguma emotividade e nunca consegue criar uma empatia com espectador, nunca nos importamos muito com o destino dos personagens pois já sabemos qual será bem antes das coisas acontecerem, só ganha alguma emoção no final e o resto do filme perde-se um pouco.

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NOTAS ADICIONAIS

TRAILER
http://www.youtube.com/watch?v=85wDDjaPFd0

Secret05

Comprar
http://www.play-asia.com/paOS-13-71-7l-49-en-70-2xpv.html

Download
http://asianspace.blogspot.com/2009/10/secret-2007.html

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt1037850/

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Outros títulos românticos recomendados:

Be With You My Sassy Girl Il Mare The Classic Fly me to Polaris

Love Phobia concerto_capinha_73x cyborg_she_capinha_73x

ditto_capinha_73x midnightsun_capinha my_girl_and_i_minicapinha

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Kwong saan mei yan (An Empress and the Warriors) Siu-Tung Ching (2008) China


Desde que comprei o dvd, tive este filme durante semanas a fio na estante á espera de arranjar vontade para o ver e por isso ainda bem que o arrependimento não mata senão isto era o fim do blog.
Se procurarem na net, irão encontrar inúmeras reviews de dvds ou críticas de cinema e nenhuma delas está particularmente impressionada com esta obra, coisa que acabou também por me afastar do dvd durante este tempo todo pois estava plenamente convencido que [“An Empress and the Warriors“] não seria nada de especial.

Na verdade acho que nunca encontrei nenhuma crítica realmente negativa ao filme mas também o nível de entusiasmo nunca foi muito e sinceramente agora que o vi não compreendo de todo a razão deste não ter tido o reconhecimento que na minha opinião merece e pelo visto também na opinião de mais algumas pessoas que comentaram muito positivamente sobre ele no imdb.
Um desses comentários tem por título “much better than any many US boring movies” e acho que de uma forma geral quase que resume uma das grandes razões porque este filme merece ser muito mais popular do que aparentemente é.

E resume por uma simples razão, [“An Empress and the Warriors“] se fosse um produto americano seria outro daqueles filmes que já vimos mil vezes, com os ingredientes do costume, com as cenas de acção habituais e com os personagens-tipo que aparecem sempre neste género de história.
Se [“An Empress and the Warriors“]  fosse um filme made-in Hollywood seria certamente mais um daqueles “policiais” de acção que os americanos produzem ás carradas cheios de aventura, romance de cordel e porrada de plástico quanto baste.
Acontece que lá para os lados da China, o equivalente oriental do filme de acção americano actualmente já nem são os filmes de Karaté ou os de Máfia com Tríades mas sim parece estar na moda o género do Épico Histórico.

Desde que “O Tigre e o Dragão” modernizou o estilo Wuxia e o tornou comercial no ocidente, parece não haver época do ano em que a China não produza mais uma epopeia medieval. Quem sabe a tentar de novo ter um sucesso além fronteiras como aquele que ocidentalizou o género.
Sendo assim não há dúvida nenhuma que [“An Empress and the Warriors“] é um filme asiático comercial, diria mesmo, muito comercial e isso nota-se perfeitamente a todo o momento porque ao longo da sua duração acaba por fazer algumas concessões que se calhar poderia ter evitado. Não que isto o tenha prejudicado particularmente mas teria sido um filme oriental mais especial se na verdade não se tivesse esforçado por ser tão ligeiro a todo o instante.

[“An Empress and the Warriors“] tem um aura imediatamente tão comercial que quando começou, a primeira coisa que pensei foi que já me tinha lixado e tinha comprado outro “Shinobi” porque o filme parecia esforçar-se tanto para meter estilo que fiquei imediatamente com receio de que o resto tivesse ficado para segundo plano. Felizmente enganei-me.
Há muito tempo que não me divertia tanto com um filme de aventuras medievais.
A partir de certa altura [“An Empress and the Warriors“] remeteu-me imediatamente para algo equivalente no ocidente áqueles filmes (já mais antigos) sobre o Rei Artur e a Távola Redonda cheios de castelos, cavaleiros, armaduras e onde nem falta uma “Excalibur” chinesa.
Apenas aqui tudo tem um ambiente oriental tão bem trabalhado que quase coloca esta obra dentro do género -Fantasia- pela forma como toda a atmosfera está criada.

A história não tem um pingo de originalidade e básicamente tudo gira á volta da típica intriga de sucessão real onde há sempre um “mau” que quer ser “califa no lugar do califa” e por isso pelo caminho resolve limpar o sebo a todos os “bons” que se colocam na sua frente.
Apenas desta vez a personagem principal em vez de ser um príncipe que herdou o trono, é uma princesa o que inevitávelmente é logo motivo também para introduzir no filme a inevitável história de amor com o triangulo amoroso do costume mas mais uma vez muito bem trabalhado, evitando até algum cliché mais dramático e que serve muito bem como história paralela á intriga sobre a sucessão do trono e divisão de reinos.

É verdade que já vimos isto antes, mas possivelmente o que ainda não viram foi uma obra tão comercial dentro deste estilo asiático com os elementos tão bem equilibrados.
A maneira como a falta de originalidade da história é contornada visualmente é logo uma mais valia.
Não sendo uma mega produção [“An Empress and the Warriors“] soube contornar as suas limitações com duas coisas que para mim tornam este filme muito especial.
Para começar o design do guarda roupa é absolutamente fascinante. Eu que nem ligo muito a este aspecto desta vez foi logo a primeira coisa que me chamou a atenção. Practicamente todo o filme é composto por personagens de armadura e tudo é absolutamente notável pois os seus pormenores visuais dão uma identidade única a este filme mesmo para quem já viu dezenas de filmes medievais.
Se gostam muito de filmes com cavaleiros pelo romantismo que a própria idumentária dos personagens evoca, este é o vosso filme.

Mas não só de guarda roupa vive um filme e se os personagens não tivessem um mundo igualmente imaginativo para povoarem tudo poderia ter falhado redondamente, no entanto [“An Empress and the Warriors“] apesar de não ter tido orçamento para nos mostrar uma grande variedade de ambientes soube aproveitar ao máximo não só as mágnificas paisagens naturais da China como principalmente os cenários que foram construídos. Acreditem-me, vocês vão adorar as paisagens desta história simples mas muito bem contada.
Este filme deve ter a melhor “casa da floresta” que já apareceu numa história deste estilo e só esse local é suficiente para transportar este conto medieval quase para o género da pura Fantasia ao melhor estilo Lord of the Rings. Embora sem elfos ou dragões, algumas cenas deste filme são absolutamente mágicas na sua simplicidade e transportam-nos imediatamente para um mundo “imaginário” que por acaso até se passa numa China antiga mas pelo seu ambiente bem que se poderia passar na Terra Média ou num planeta distante bem longe da Terra, que não haveria diferença.

Isto e mais um par de pormenores visuais que deixo para vocês descobrirem acabam por dar uma identidade ao filme que nos faz gostar de o acompanhar do princípio ao fim sem se instalar qualquer sensação de monotonia.
Também mais uma vez a capacidade dos orientais para pegarem em clichés de argumento mil vezes já vistos e no entanto conseguirem dotá-los de alma e humanidade volta a surpreender.
Não só toda a parte de intriga e aventura resulta plenamente, como ainda por cima [“An Empress and the Warriors“] é um filme absolutamente romântico ao melhor estilo do cinema do género oriental e consegue equilibrar de uma forma absolutamente perfeita a parte bélica com o coração emocional da história, ligando tudo por um fio condutor que acima de tudo, mais uma vez se baseia na humanização dos personagens; facto que continua a ser um dos grandes trunfos do cinema oriental hoje em dia face ao plástico encenado que nos chega habitualmente de Hollywood salvo raras excepções.

Mais uma vez, personagens que á primeira vista também desta vez pareciam de cartão, vão ganhando (sabe-se lá como) uma alma á medida que o filme evolui; de tal forma, que a meio da história já nos prendem por completo e conseguem colocar o espectador a torcer pelo seu destino até á excelente e clássica resolução final para todos eles, com que esta obra termina.
Isto com a mais valia de que, como disse alguém no imdb, ao contrário daqueles “”…many US boring movies” no cinema oriental por muito formulático que seja nunca há propriamente a garantia de que as coisas tenham uma resolução prevísivel ao estilo americano. Coisa que mais uma vez também se demonstra com esta obra, conseguindo criar um certo grau de incerteza no espectador até ao fim pois felizmente não estamos mesmo na presença de um filme americano e como tal, tudo o que pode acontecer, acontece mesmo.

A esta altura já vocês estão a perguntar pelas cenas de porrada não é ? Afinal isto é ou não um filme com cavaleiros, espadeirada e batalhas épicas ?
Bem, essencialmente na verdade é uma história de amor com armaduras, mas isto não quer dizer que não tenha a sua dose de cenas de acção e muito boas por sinal.
Este é um daqueles filmes que não desagradará a quem procura boas cenas de guerra medieval num tom realístico. Há várias sequências de batalha espalhadas ao longo do filme e todas são não só diferentes, como emocionantes de se acompanhar e ainda por cima estão muito bem filmadas pois é nestas alturas que o filme ganha uma adrenalina e uma intensidade que depois vem justificar muito bem o equílibrio com a parte romântica da história.

Apesar de curtas, visualmente as batalhas são mágnificas, o ambiente é excelente e a montagem é perfeita criando uma espectacularidade emocionante nas coreografias de luta, tanto nas cenas de movimentações de exércitos em carga total como nas cenas de combate individual.
Fica aqui uma nota para o espectacular trabalho dos duplos que é verdadeiramente extraordinário e vai impressioná-los certamente pois neste aspecto, [“An Empress and the Warriors“] é um daqueles filmes á antiga, onde o Cgi é raramente exibido e onde aquilo que está no ecran, por mais impressionante que seja foi conseguido através do trabalho de pessoas a arriscar o pescoço para nosso divertimento. Já agora, prestem atenção ás arrepiantes sequências com quedas de cavalos neste filme pois ainda estou a tentar perceber como não mataram metade dos animais para conseguir aquelas cenas.
A faltar alguma coisa neste filme oriental, será talvez algum sangue pois por muito impressionantes que as batalhas sejam, muitas das vezes sente-se que tudo é demasiado limpo para tal carnificina em batalha.

Tivesse este filme chinês a mesma quantidade de baldes de sangue que por exemplo “Mongol” teve e teria sido um filme de guerra perfeito. Por outro lado, um minuto de sequências de batalha em [“An Empress and the Warriors“] tem mais adrenalina que meia hora de porrada em “Mongol” por isso se calhar o sangue não será tão necessário assim até porque são estilos de filmes diferentes.
No que toca a emoção nas cenas de batalha, este filme é tão entusiasmante quanto por exemplo “The Warlords” pois acerta em tudo aquilo que “Mongol” falha.
Mas ficava giro ter mais um bocadinho de emoglobina.

É precisamente aqui que se percebe perfeitamente que esta é realmente uma obra muito comercial e de certa forma “á moda antiga”, pois das duas uma, ou não houve orçamento para comprar sangue falso, ou houve aqui uma clara intenção de tornar este filme o mais familiar possível de modo a tentar puxar um público mais genérico ás salas.
Por outro lado, posso estar errado, pois “The Warlords” essencialmente é um drama e na verdade [“An Empress and the Warriors“] acima de tudo apresenta-se-nos quase como um conto de fadas com acção, por isso se calhar a falta de sangue e gore até nem é tão despropositada quanto isso.

Essencialmente estamos na presença não só de um excelente filme de acção asiático mas na minha opinião este é outro daqueles que merece estar junto a qualquer colecção de cinema romântico oriental pois apesar de simples tem muita alma e consegue equilibrar muito bem as cenas de guerra com uma simples mas muito bonita história de amor contendo um par de cenas românticas que tenho a certeza se gostam do género não vão esquecer.
Uma nota especial também para a mágnifica banda sonora que é uma daquelas que não sendo verdadeiramente inesquecíveis é no entanto perfeita para ilustrar esta história. Excelentes sinfonias bélicas, bonitas melodias românticas e ainda uma inesperada atmosfera de inspiração (?) Celtica compõem a musica que ilustra esta obra.

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CLASSIFICAÇÃO:

Um pequeno grande filme oriental que não merece passar tão despercebido. Não inova, mas tudo o que faz, faz muito bem.
Se procurarem um filme medieval comercial sem pretenções de ser mais que um excelente divertimento de aventuras asiáticas não procurem mais pois  [“An Empress and the Warriors“]  é esse filme.
Inesperadamente também é um excelente filme romântico ao melhor filme oriental e cheio de momentos muito bonitos com um final perfeito.
Não é uma obra inesquecível, mas é uma produção muito sólida que faz tudo bem e ainda consegue ter um ambiente que quase o tornam num verdadeiro filme de -Fantasia- que de certo irá aguardar a quem procura aquele ambiente estilo Lord of the Rings num filme oriental, embora sem elfos, dragões ou hobbits.
É um daqueles filmes que recomendo totalmente a quem procurar um bom filme de aventuras com alma, romantismo, poesia e espadeirada quanto baste.
Ainda por cima o dvd é bom e barato.
Merece plenamente a minha classificação alta pois á segunda vez que o vi ainda gostei mais dele e só não lhe dou um golden award porque poderia ter ido mais longe para poder rebentar a escala.
No entanto é um grande filme de aventuras com princesas e cavaleiros, onde nem falta uma espécie de Obi-Wan-Kenobi ou um gajo que parece uma versão decadente do Saruman.
Cinco tigelas de noodles sem qualquer problema.

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A favor: é um óptimo filme de aventuras, é um filme romântico com alma apesar da simplicidade da história de amor, tem uma atmosfera que o aproxima totalmente do género de -Fantasia- mais clássico, é um conto de fadas sem ser infantil, é um filme de acção com adrenalina, as coreografias de luta são muito dinâmicas e entusiasmantes, o trabalho dos duplos é extraordinário, o Cgi não é usado para impressionar, o design do guarda roupa é mágnifico, tem um par de cenários fabulosos e totalmente dignos de um filme de fantasia (casa na floresta), a fotografia em mais do que uma vez está muito bem conseguida e o filme tem alguns momentos visuais lindíssimos, pode agradar a vários tipos de público pois é um excelente exemplo de bom cinema muito comercial sem ser estúpido, bons personagens e actores, a realização não deslumbra mas é segura e nada se perde ou aborrece neste filme, transformou a previsibilidade em ambiente e consegue criar alguma dúvida até ao seu desenlace final, o final é excelente.
Contra: por mim tinha um bocadinho mais de sangue nas cenas de guerra pois tanta adrenalina e ferocidade fica um bocado perdida quando tudo parece demasiado limpinho, a história já foi vista dezenas de vezes e poderia ter sido mais criativa.

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NOTAS ADICIONAIS:

Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=_vC_ybSafNc

Comprar
Recomendo vivamente esta edição bem baratinha em DVD.
Capinha com estilo, excelente qualidade técnica, óptimo Dts e contém um documentário de Making Of que em pouco mais de dez minutos consegue ser melhor do que muitos gigantescos exemplos do género e  é absolutamente indispensável para quem gostou de ver o filme.
Também disponível em BLU-Ray e este é daqueles filmes que ganha bastante pelo formato.

Imdb

http://www.imdb.com/title/tt1186803/

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Se gostou deste poderá gostar de:

The Promise

A Chinese Tall Story

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Xing yuan (Fly me to Polaris) Jingle Ma (1999) China


Como a procura de titulos de cinema romântico neste blog se mantem constantemente elevada por parte de todos vocês que o visitam, então está  na altura certa para vos apresentar um filme muito especial.
É daqueles que não irão esquecer tão cedo pois dentro do estilo romântico asiático [“Fly Me To Polaris“] é inclusive uma obra á parte por um motivo curioso e pouco comum.
Tudo o que habitualmente estraga por completo um filme romântico, desta vez é precisamente aquilo que lhe dá uma enorme magia e o transforma numa das histórias de amor mais bonitas que poderão encontrar dentro do cinema ultra-ultra-ultra comercial oriental.

Este é um filme oriental absolutamente extraordinário pela sua simplicidade.
Não tem um pingo de originalidade, não tem grande imaginação, e ainda por cima é possivelmente a maior colecção de clichés romântico-pirosos que vocês alguma vez poderão encontrar reunidos num só filme.
As situações dramáticas em [“Fly Me To Polaris“] não ficariam deslocadas numa canção da Ágata, numa letra do Tony Carreira ou num argumento de uma telenovela TVI.
Imaginem o lugar-comum mais óbvio que já lhes impingiram numa história romântica televisiva e multipliquem-no quase ao infinito. Adicionem-lhe uns pózinhos esotéricos de filosofia pseudo New Age comercial, reguem tudo com umas melodias de saxofone ultra melosas e suaves ao melhor estilo Kenny-G e obterão um dos melhores filmes românticos orientais que (quase já não) poderão encontrar actualmente no mercado dvd.

O filme oriental perfeito para ver com a namorada ou esposa em noite romântica, ou quem sabe, para conquistarem uma pessoal especial.  Não antes de se munirem com uma quantidade considerável de lenços de papel porque [“Fly Me To Polaris“] usa todos os truques e mais alguns para vos colocar de lágrima nos olhos.
Por isso recomendo muitos lenços de papel. Diria, até mesmo…boé !
Estão avisados.
É que este filme asiático tal como aconteceu com”The Classic” também já é famoso pelo tsunami de lágrimas que provoca. Não vale a pena resistirem pois se estiverem vivos, ainda tiverem um batimento cardíaco e se identificarem minimamente com os personagens, garanto-vos que se vão fartar de berrar baba e ranho mesmo que não queiram.
E vão divertir-se muito com isso pois faz parte do espírito da coisa.
É que o filme além de ser muito bonito também é extremamente positivo, isto apesar da choradeira galopante que consegue provocar nas incautas plateias que não imaginam sequer o que lhes vai cair em cima quando começam a ver este festival de aparente piroseira.
Posso acrescentar inclusivamente que já reduziu muitos gajos feios porcos e maus ao seu estado mais sensível, levando-os não só a comprarem o dvd horas depois de terem visto o filme, como também ainda meteram no cesto de compras “The Classic“, “Be With You“, “My Sassy Girl” e “Il Mare“, o que prova definitivamente que a malta do metal lá no fundo também são almas poéticamente sensíveis.
Mas afinal, que raio de filme oriental é este ?

[“Fly Me To Polaris“], não é suposto ser uma piroseira do piorio ?!
É sim. Este filme chinês só pode ser mesmo comparável á melhor história trágica publicada na revista Maria ou á desgraça da semana ao melhor estilo TVI.
Mas ninguém pode negar que tem muita alma !
[“Fly Me To Polaris“], é um verdadeiro milagre de realização e criação de atmosfera.
Tinha tudo para ser um filme pseudo-romântico absolutamente abjecto, detestável e primário, no entanto posso garantir-vos que é uma verdadeira obra prima da manipulação de emoções.
Tudo o que normalmente é extremamente negativo em produções semelhantes, aqui tem precisamente o efeito contrário, muito graças ao talento do realizador que soube como ninguém equilibrar todas as referências mais populares dentro do género para obter uma obra que se destaca por ser extremamente original usando a maior falta de originalidade possível…se é que isto faz algum sentido.
Este é um filme asiático quase interactivo que a partir de certa altura agarra o espectador e só nos larga quando nos joga contra a parede, nos espreme muito bem espremidos e ainda por cima nos faz ficar felizes por termos tido a sorte de continuar a ver este dvd mesmo quando de início [“Fly Me To Polaris“], não parecia absolutamente nada de especial.

Óbviamente que será apenas cinema oriental para quem gosta de cinema romântico. Nem que seja secretamente.
Diria mesmo, do bom cinema romântico; e neste caso nem o facto de ser um produto extremamente comercial consegue torná-lo num objecto cinéfilo menor. Muito pelo contrário.
[“Fly Me To Polaris“], é a prova de que até mesmo com um argumento cheio de lugares-comuns, se tivermos um realizador que os sabe trabalhar e usa-los de forma criativa, então o resultado pode superar todas as expectativas e surpreender muita gente.
Neste caso o trabalho ainda é mais valorizado porque o estilo do filme é tão ligeiro, que nem sentimos uma marca muito vincada no trabalho de realização. O realizador está lá, mas não se impõe durante todo o filme e só nos apercebemos do valor do seu trabalho no final, quando de repente nos damos conta que estamos completamente enfeitiçados pela atmosfera da história sem sabermos como, pois em muitos aspectos a realização até parece nem ter nada de especial.

Não é um filme asiático que se evidencie pela montagem original ou sequer pelos enquadramentos artísticos. Muitas das vezes até parece um telefilme, tal é a sua aparente leveza visual e narrativa.
No entanto, está cheio de humanismo na forma como trata a simplicidade dos personagens e sem notarmos vai envolvendo aos poucos o espectador até chegar ao momento absolutamente romântico e mágico com a devastadora cena da varanda no final, quando o par da história ouve no rádio as dedicatórias que vos irão fazer sentir sucessivos nós na garganta durante largos minutos e fazer-vos ficar completamente apaixonados pela maneira como o realizador consegue um momento tão poético sem precisar de pouco mais do que duas pessoas e um rádio.
Este é outro daqueles filmes que recomendo a compra imediata a toda a gente que gosta de cinema oriental do género mesmo sem o verem, porque é melhor pouparem tempo. Garanto-vos se virem [“Fly Me To Polaris“], vão querer guardá-lo na vossa colecção de dvds junto de outras grandes obras do cinema romântico pois no meio de toda a sua comercialidade consegue ir muito mais além do que apenas ser um filme pipoca banal. Considerem-no um filme pipoca com coração e muita poesia.

[“Fly Me To Polaris“], conta a história de um rapaz ceguinho, muito bonzinho, que vive numa instituição de caridade e está apaixonado pela muito bonita e muito boazinha enfermeira que cuida dele (ao melhor estilo Floribela). E sim, estou a usar diminuitivo…zinhos, de propósito.
Os dias do rapaz ceguinho só ganham cor (ahah), quando é a hora diária da visita da rapariga que ama e que ele tenta a todo o custo fazer com ela o deixe de ver apenas como mais um paciente.
Coisa que com o passar do tempo acaba por acontecer e ambos se apaixonam inevitávelmente um pelo outro e esse momento de felicidade parece durar para sempre.
Para sempre, até o ceguinho ser atropelado á saída do hospital e morrer nos braços do seu amor.
Parem de rir, [“Fly Me To Polaris“], é um drama para chorar ! A sério…
E já lhes disse que o rapazinho, além de ser ceguinho, também é mudo ?
Juro !
Continuemos…

Quando a alma do jovem chega ao Céu, um sitio que parece uma repartição de finanças só que onde tudo é branco, ele menciona o seu enorme amor pela jovem enfermeira que ficou ainda no mundo dos vivos e consegue que o anjo de serviço lhe dê alguns dias de vida temporária para que possa estar perto da rapariga que ama durante durante mais algum tempo.
Mas com uma condição.
O rapaz tem de voltar á Terra num corpo novo, bem diferente do que tinha antes e não pode dizer á jovem enfermeira que ele é o seu amor temporáriamente reencarnado, o que como imaginam coloca um problema para que a relação dos dois possa vir a ser retomada.
E as coisas complicam-se porque a enfermeira também já tem também como pretendente um jovem médico de sucesso o que origina automáticamente o habitual triangulo amoroso, desta vez com contornos sobrenaturais e que dá origem a algumas sequências engraçadas ao longo do filme.
E mais não conto.

Apesar da minha descrição em tom humorístico, o filme contem um bom equílibrio entre a comédia romântica e o drama e pelo meio de tudo isto ainda tem tempo para ser uma obra com personalidade e muito charme.
Vejam-no como um cruzamento entre “Ghost” e “Heaven Can Wait” e não andarão muito longe de [“Fly Me To Polaris“].
Não posso terminar este texto sem deixar no entanto de referir um dos aspectos mais importantes do filme e aquilo que faz com que tudo funcione tão bem. A sua banda sonora.

Para muitos o facto de eu lhes dizer que a música principal deste filme é um par de melodias de saxofone ao melhor estilo Kenny-G poderá ser logo motivo suficiente para afastar muita gente desta obra. Eu como não tenho nada contra o tipo, e ainda por cima adoro saxofone não poderia estar mais contente com a escolha deste instrumento para ilustrar musicalmente todas as emoções que a história pretende transmitir. Neste caso não poderiam ter escolhido um estilo melódico mais adequado.
Não há muito que se possa dizer sobre as melodias de saxofone presentes neste filme a não ser que são perfeitas e ajudam a criar uma atmosfera á parte dentro deste género de cinema.
Depois de verem [“Fly Me To Polaris“], se gostarem do filme, nunca mais vão conseguir ouvir uma melodia de saxofone deste estilo sem se recordarem imediatamente desta história de amor cinematográfica, um pouco como também depois de verem “In The Mood For Love” não mais conseguimos ouvir Nat King Cole sem o associarmos aos ambientes de Wong-Kar-Wai.

Mas não só de melodias de saxofone vive este filme oriental. Sendo cinema puramente comercial tem naturalmente uma banda sonora a condizer e por toda a história muitas das emoções são ilustradas ao sabor de canções pop que, graças ao talento do realizador para usar magistralmente aquilo que noutras mãos seria material de deitar fora, transformam-se em peças chave para manipular emocionalmente o espectador de uma forma absolutamente fantástica.
A sequência em que o jovem cego tem a confirmação de que o seu amor também é retribuido pela enfermeira, musicalmente ilustrada por uma vulgar canção pop deve ser um dos momentos cinematográficos que melhor conseguiu captar até hoje num filme a sensação de alegria de se estar apaixonado e ainda por cima consegue plenamente transmitir todas as emoções do personagem ao espectador, criando um momento de empatia verdadeiramente mágico e único que só valoriza ainda mais o discreto mas muito eficaz trabalho do realizador em [“Fly Me To Polaris“].
Posto isto, não há muito mais que lhes possa dizer sobre o filme, pois na verdade é muito dificil conseguir resumir em palavras como este é realmente muito melhor do que parece ao primeiro momento.

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CLASSIFICAÇÃO:

Um filme oriental muito bonito que supera todas as limitações de ser um produto muito comercial de uma forma totalmente inesperada tornando-se verdadeiramente único e original dentro da sua própria falta de originalidade.
Totalmente indispensável para quem gosta de cinema romântico oriental.
Cinco tigelas de noodles e um Golden Award como selo de qualidade pois na minha opinião estamos perante uma obra prima do cinema comercial que prova que filmes ligeiros também podem ter muita poesia sem precisarem de ser mais do que são.

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A favor: o filme tem muita alma, o ambiente, os personagens, o trabalho do realizador que manipula as emoções do espectador usando apenas aquilo que parece banal, a fantástica e adequada banda-sonora, a poesia que percorre todo o filme, a cena final na varanda a ouvirem rádio é um clássico absoluto do género.
Contra: ehm…estou a tentar lembrar-me de algo mas não consigo. Quem não gosta mesmo de cinema romântico provavelmente não irá gostar…ou se calhar até vai, mas como irá certamente sair deste filme de lágrima ao canto do olho muito provavelmente nunca o irá admitir.

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Trailer
Na falta de uma boa apresentação oficial, podem espreitar um dos videoclips, embora nem de longe consiga transmitir o real ambiente do filme, mas é o que se pode arranjar de momento.
http://www.youtube.com/watch?v=yCYOoYRnU_o

Outra Review
http://www.kfccinema.com/reviews/drama/flymepolaris/flymeplaris.html

Comprar
Este filme está a esgotar-se rápidamente em todo o lado pois a cada dia que passa, o dvd desaparece das prinicipais lojas e não parece que vá haver uma reedição tão cedo apesar da enorme popularidade do filme nos foruns e de já ser um verdadeiro filme de culto.
O único sitio que ainda tem  a edição igual á minha para venda é esta loja:
http://www.chinesetapes.com/movie_chinese/fly_me_to_polaris.html embora eu não possa dar grandes referências sobre a mesma pois nunca comprei nenhum filme nesta gráficamente amadora loja de aspecto assustador.

Nesta outra encontrei uma edição que não conheço, embora pareça ser semelhante á minha
http://www.dvdasian.com/_e/Hong_Kong/product/13099/Fly_Me_to_Polaris.htm
Ao menos a dvdasian é uma loja de aspecto mais “confiável” que a anterior embora eu também ainda não tenha comprado nada aqui para poder comentar sobre a qualidade do serviço.

Também podem encontrar nesta loja outra edição (incrivelmente barata), que até há minutos atrás nunca tinha visto http://www.ecrater.com/product.php?pid=342505 onde eu também nunca comprei nada.
Basicamente, estão por vossa conta.
De qualquer maneira se gostarem do género, este é um daqueles filmes que não podem perder de forma alguma.

Sempre podem procurar o filme nos torrents embora eu nunca o tenha visto em lado nenhum.
Embora, este seja um daqueles filmes que é essencial ser visto com um excelente sistema de som pois a música é peça fundamental para a sua mágica atmosfera. Como tal não é aconselhável que apenas o vejam num simples stereo 2.0 de cópia sacada em torrent.

Mais opiniões neste fórum
http://asianfanatics.net/forum/lofiversion/index.php/t81991.html

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Se gostaram deste irão certamente gostar de:

Be With You My Sassy Girl Love Phobia Il Mare The Classic

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Algumas opiniões que reflectem bem o espírito do filme e os seus efeitos no espectador.
http://asianfanatics.net/forum/lofiversion/index.php/t81991.html

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt0213314/

2046 (2046) Wong-Kar-Wai (2004) China


Quando pensamos em ficção-científica o nome de Nat-King-Cole não será própriamente aquele que nos vem à ideia quando imaginamos um futuro em ambiente Blade Runner, mas eu já não consigo ouvir as suas canções ; (principalmente as canções em Espanhol ) sem imaginar imediatamente prédios imensos rodeados por neons coloridos, carros flutuantes, vielas escuras ou á meia-luz e um ambiente noir intensamente romântico assente numa aura nostálgica de solidão e saudade.
Bem vindos a [“
2046“].

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Bem-vindos ao terceiro filme de uma trilogia que por acaso até nem existe.

Se [“2046“] fosse cinema Lusitano seria um filme sobre Fado.
Um filme sobre vielas escuras, candeiros á meia luz, almas em câmera-lenta, destinos errantes, amores perdidos e muita Saudade.

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[“2046“] pode não ser um filme Português, mas esta história podia ter saído perfeitamente de qualquer poema presente nos nossos Fados.
[“2046“] é verdadeiramente um filme Chinês embora com uma imensa e inesperada alma Lusitana.
Isto apesar do argumento ser também em grande parte uma narrativa de ficção-científica que não fica nada a dever ao universo de Blade Runner.

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Aliás, se alguma vez houve uma “sequela” inesperada para um drama romântico, [“2046“] ganha esse prémio sem sombra de dúvida, pois a última coisa que se esperava era que Wong Kar Wai fosse continuar não só a história de [“In The Mood For Love“] como ainda por cima o fizesse usando um cenário futurista que mete cyborgs ao melhor estilo “replicant” e tudo.
A primeira vez que li a notícia dizendo que [“2046“] daria continuidade a “In The Mood For Love” pensei que seria uma piada de 1 de Abril, pois por mais que tentasse não conseguia conceber como raio se pegava num filme tão classicamente romântico para o transformar numa história com contornos de ficção-cientifica.

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Mal sabia eu que afinal [“2046“] não só, era uma continuação não oficial de “In The Mood For Love” como ainda por cima também uma “sequela” quase directa para [“Days of Being Wild“] outro dos filmes mais antigos do realizador e que por sua vez, também já tinha servido de base para “In The Mood For Love“.
Confusos ?
Ainda não viram nada, mas para saberem mais detalhes sobre tudo isto, recomendo que depois leiam sem falta a minha review sobre – [“Days of Being Wild“] o “primeiro” filme desta “trilogia”, num link que darei mais á frente para não os baralhar agora ainda mais.
Para já voltemos a  [“2046“].

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Lembram-se da famosa cena romântica de Blade Runner em que Rick Deckard seduz a Rachel ao som do icónico tema de saxofone composto por Vangelis ?
Pois bem, em [“2046“] é como se o realizador Wong Kar Wai tivesse pegado nesse ambiente que em Blade Runner dura pouco mais de cinco minutos para criar um filme de duas horas com o mesmo estilo de atmosfera romântica; onde não só as imagens importam mas principalmente a música é absolutamente essencial para traduzir em emoções um argumento que não precisa de diálogos para ser intensamente poético.

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Mas afinal,  [“2046“] é uma “sequela” para “In The Mood For Love” porquê ?
É muito simples…Tal como em “Days of Being Wild” conhecemos a juventude da personagem interpretada pela actriz Maggie Cheung tanto nesse filme como depois mais tarde em “In The Mood For Love“, também agora aqui em  [“2046“], ficamos a saber de que forma foi afectada a vida do personagem interpretado por Tony Leung após ter encontrado o amor da sua vida nesse “segundo” filme.
Em  [“2046“] ele é um novo homem; passaram-se alguns anos desde “In The Mood For Love“, estamos a meio dos anos 60 em Hong-Kong e longe vão os tempos do jornalista tímido e recatado completamente apaixonado por alguém que sabia nunca poder vir a ter nos seus braços.

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Agora toda a sua vida não passa de uma sucessão de mulheres, casas de alterne, casinos e clubes nocturnos por onde ele se cruza com outras almas tão perdidas quanto a dele, vivendo a vida e a noite ao sabor da saudade, da recordação de amores perdidos e da constante procura desse amor antigo sempre numa nova pessoa errada.
Uma constante solidão colectiva que Wong Kar Wai filma como ninguém e faz deste filme uma experiência cinematográfica inesquecível para todos aqueles que já gostavam de “In The Mood For Love” e querem voltar a encontrar aqueles dois personagens.

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Só que desta vez, Maggie Cheung, já não está presente.
Apenas a sua breve imagem aparece quase como um sonho que percorre alma do personagem de Tony Leung acentuando a eterna saudade que o move por todo este filme e o leva a escrever um conto de ficção-cientifica que na realidade é o espelho do que ele sente mas nunca demonstra a nenhuma das mulheres que agora em  [“2046“] percorrem a sua vida.
Nesse conto, passado precisamente no ano 2046, a humanidade conseguiu criar cyborgs extremamente avançados que se assemelham a humanos, em tudo menos numa coisa.
São incapazes de reconhecer emoções de uma forma imediata.

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Nesse ano futuro, cujo a data é precisamente baseada no número do quarto onde em “In The Mood For Love” o personagem interpretado por Leung se encontrava com a mulher da sua vida, um rapaz encontra-se apaixonado por um cyborg feminino ao melhor estilo replicant e essa máquina a pouco e pouco também se vai apercebendo que o ama.
Mas existe um grave problema pois a replicant tem uma característica especial e todas as suas emoções contêm um atraso temporal.
Só várias horas depois de viver um acontecimento é que ela reage emocionalmente a esse momento. Antes não o consegue fazer.

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O que na história provoca um dilema romântico na sua relação com o jovem humano que não reconhece esse facto e julga que estará a desperdiçar o seu amor numa máquina que jamais será capaz de lhe corresponder desconhecendo no entanto que esta também o ama embora só consiga reagir ao seu amor muitas horas depois quando os dois já não se encontram juntos.

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Quem conhece bem “In The Mood For Love” já está aqui a ver o parelelismo entre o amor platónico da “segunda” parte e esta história que o personagem interpretado por Tony Leung tenta agora metafóricamente passar para o papel como forma de confessar secretamente as suas verdadeiras emoções e confessar a saudade que ainda sente pela personagem de Maggie Cheung tantos anos depois.
Isso leva a que seja agora incapaz de viver um novo amor com as mulheres que o rodeiam; mulheres que o amam agora de verdade mas tal como ele, estão condenadas a viver presas á saudade de um amor que nunca poderá existir.
E basicamente esta é a história de  [“2046“].

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Não esperem um filme de ficção-cientifica com aventura, vilões e perseguições mas sim a continuação de uma inesquecível história de amor vista de uma perspectiva completamente inesperada, atmosférica e muito original.
Wong Kar Wai, filma essencialmente -a saudade- e de que forma esse sentimento pode impedir que um novo amor surja na vida de qualquer pessoa que se mantenha pressa ao passado.
Neste campo, uma nota especial, para os trés novos interesses românticos de Tony Leung. Nomeadamente para as actrizes Bai Ling, Zhang Ziyi (que desta vez não anda envolvida em combates de artes-marciais) e Carina Lau que regressa ao universo desta história.
Todas com interpretações emocionalmente extraordinárias que quase fazem esquecer a ausência de Maggie Cheung embora esta esteja sempre presente no tema da saudade que percorre o filme.

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Carina Lau, inesperadamente retoma aqui a personagem que foi anteriormente o centro de “Days of Being Wild”,  o que liga de forma genial todos os três filmes desta trilogia.
Um trilogia, que segundo o próprio Kar Wai nem se pode considerar oficial pois simplesmente aconteceu e nunca foi minimamente planeada.
E quem conhece o cinema do realizador e a forma como ele trabalha, não tem qualquer dificuldade em acreditar nisto.
A verdade é que o resultado mais uma vez não podia ter sido melhor e Kar Wai voltou a criar um filme romântico completamente original que vale por si próprio embora não seja para todos os públicos.

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Na verdade não é obrigatório que se conheçam “os filmes anteriores” para poderem apreciar  [“2046“], mas podem ter a certeza que se os conhecerem e principalmente se gostarem deles, esta “terceira parte” ganha nova vida e torna-se um filme ainda mais indispensável para quem gosta de cinema verdadeiramente romântico com muita alma e extraordinária poesia visual.

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Mas atenção; tal como em relação aos “filmes anteriores”, também  [“2046“] é puro cinema-de-autor ao melhor estilo Art-House.
É muito sofisticado, é certo, mas não é de forma alguma cinema comercial romântico ao estilo de um “The Classic“, por isso pode não ser um filme para todas as audiências.
Mas se gostarem de filmes românticos e quiserem experienciar uma história verdadeiramente única dentro do género, não podem de forma alguma deixar de ver pelo menos “In The Mood For Love” e este  [“2046“].

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Até mesmo quem procura um bom filme de ficção-científica tem aqui uma excelente proposta pois esse segmento em ambiente Blade Runner embora seja relativamente secundário dentro da história é no entanto absolutamente fascinante e a actriz que faz de cyborg é simplesmente perfeita  na composição da replicant que perde o seu primeiro amor porque não consegue demonstrar os seus sentimentos quando seria a altura certa.

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E claro depois disto, terão obrigatóriamente de querer ver “Days of Being Wild” porque a “primeira parte” tornar-se-á verdadeiramente indispensável.
Mas só a devem ver quando virem a “segunda” e esta “terceira” pelo menos uma vez.
Antes não.
Se já estão completamente confusos tudo está explicado aqui na minha review de [“Days of Being Wild“] originalmente publicada no meu site sobre cinema oriental.

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Se conhecem [“My Blueberry Nights“] ( o primeiro filme ocidental do mesmo realizador protagonizado por Norah Jones e Jude Law ) , se gostaram desse filme e do seu ritmo narrativo lento e hipnótico muito baseado na interacção com a banda-sonora então não tenham medo de arriscar ver  tanto “In The Mood For Love” como  [“2046“], pois o estilo visual é o mesmo, embora “My Blueberry Nights” seja ligeiramente mais comercial.

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Se virem os filmes sem ideias pré-concebidas sobre cinema-de-autor, irão descobrir uma trilogia de filmes românticos únicos e inesquecíveis, que podem divertir não pelas explosões mas sim pelas emoções, especialmente se vocês se identificarem com a alma dos personagens.
E mais uma vez, tal como aconteceu com “In The Mood For Love” depois de verem isto, nunca mais vão deixar de associar Nat-King-Cole ao universo de Wong Kar Wai.

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A maneira como ele usa em [“2046“], “The Christmas Song” cria uma atmosfera nostálgica única e é um verdadeiro mini-videoclip para a emoção dessa canção.
Aliás a banda sonora, como acontece sempre no cinema deste realizador mais uma vez é um personagem á parte dentro do filme, pois a forma como é usada para contar a história é um exemplo perfeito da sua forma única de fazer cinema onde a música é tão indispensável quanto a camera de filmar ou o director de fotografia.

E tal como acontece também no seu filme “My Blueberry Nights“, também em [“2046“], o espectador assiste a toda a história como se fosse a passar e por acaso; como se vislumbrasse sem querer uma cena entre duas pessoas ou ouvisse uma conversa que não deveria ouvir. Esta abordagem é verdadeiramente fascinante criando algumas das mais belas imagens que poderão encontrar no moderno cinema romântico seja de onde for.

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[“2046“] apesar de já ter alguns anos continua a ser visualmente um filme incrível, tal como “In the Mood for Love” já o era; e uma das minhas grandes referências também quando crio qualquer trabalho de ilustração.
E portanto…

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CLASSIFICAÇÃO:

Excelente filme de autor que ganha uma dimensão extraordinária se conhecerem as histórias de “In The Mood For Love” e “Days of Being Wild“.
Se gostaram do mais recente filme de Wong Kar Wai, “My Blueberry Nights” têm aqui algo de que muito provavelmente irão gostar também.

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Quanto a mim este é mais um daqueles filmes perfeitos. Embora não seja um filme fácil, todo o seu experimentalismo Art-House recompensa plenamente o espectador pelo romântismo que ilustra e será possivelmente um dos melhores filmes sobre – a Saudade – jamais feitos.
Com uma banda sonora extraordinária e uma fotografia absolutamente perfeita que junto com a fantástica e intimista realização de Wong Kar Wai, elevam este filme a um patamar único dentro do cinema romântico e até mesmo dentro da ficção-científica – menos comercial.

Cinco Tigelas de Noodles e um Gold Award

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Para conhecerem tudo sobre a trilogia de que este filme (não) faz parte, leiam a minha review de Days of Being Wild

A favor: tudo, poesia, personagens, ambiente, banda sonora, romantismo, fotografia, realização e argumento, a maneira como a música é usada, a estética das imagens, o design de produção, as partes de ficção cientifica intimistas, alguns discretos mas inesperados momentos de humor que equilibram a carga dramática do filme, o trabalho das actrizes é fantástico.

Contra: absolutamente nada ! Embora para muita gente este possa ser um daqueles filmes “pa intelectuais” onde não se passa népia e tudo anda muito devagar sem tiros.

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TRAILER

COMPRAR DVD – REGIÃO 2 – EDIÇÃO UK
dvd
https://www.amazon.co.uk/gp/product/B0007NBJ00/ref=as_li_tl?ie=UTF8&camp=1634&creative=6738&creativeASIN=B0007NBJ00&linkCode=as2&tag=cinaosolnas00-21

IMDb
http://www.imdb.com/title/tt0212712/

Curta metragem (publicitária) inédita de Wong-Kar-Wai para quem quiser ver mais um trabalho deste autor que não se encontra editado em lado nenhum.
http://www.youtube.com/watch?v=gBsbEopulOM&feature=related

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E se gostaram deste não vão querer perder

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A Fei zheng chuan (Days of Being Wild) Wong Kar Wai (1991) China


Este é o primeiro filme numa trilogia que por acaso até nem existe.
Confusos ? Pois ainda irão ficar mais porque isto é um bocado dificil de se explicar de uma forma simples.

[“Days of Being Wild“], técnicamente será o primeiro capitulo não oficial de uma história que percorre mais outros dois filmes, “In The Mood for Love” e “2046“.
O mais estranho, é que actualmente, para que vocês consigam apreciar devidamente esta “primeira” parte, convém que já tenham visto os dois filmes “seguintes” pelo menos umas duas vezes de modo a captarem todas as referências que depois poderão reconhecer neste “primeiro” filme.
E vice-versa…
Eu avisei que isto seria confuso.
[“Days of Being Wild“], é como o epílogo de um livro que na verade narra a “primeira” parte de uma longa história de amor que acabamos de conhecer.
Por isso antes que vejam este “capítulo”, devem começar pelo “In The Mood for Love” (que é a “segunda” parte) e depois “2046” que é a  “terceira” e funciona como conclusão para todo o arco da história.
Parece estranho não é ?

Pois parece, mas esta é definitivamente a ordem pela qual esta complexa história de amor e saudade deve ser vista.
Por exemplo, se vocês virem “2046” sem conhecerem os “capítulos anteriores”, podem apreciar na mesma o filme e até compreende-lo perfeitamente, mas não estarão a acompanhar esta história na sua plenitude, porque nunca irão notar a incrível quantidade de pormenores que o ligam directamente aos outros filmes “anteriores” e dão um novo sentido a essa “terceira” parte.
Particularmente, um sentido ainda muito mais romântico, porque depois de verem os “capitulos” anteriores vão reconhecer em “2046” pequenos detalhes que completam e enriquecem de uma forma espantosa inúmeras coisas que “ficam em aberto” tanto em “In The Mood for Love” como neste [“Days of Being Wild“].
Mas isto só funcionará se primeiro começarem por ver ou o meio da história em “In The Mood For Love” ou o final em “2046“.
Vejam [“Days of Being Wild“] e se já conhecerem “2046“, da próxima vez que reverem essa “terceira” parte vão descobrir um “2046” completamente novo.

E antes que vocês fiquem mais confusos, o primeiro filme por onde devem começar a ver esta história é o “segundo”, o mágnifico “In The Mood for Love“.
No entanto que isto não os impeça de continuar agora a ler esta review de [“Days of Being Wild“].
Sim, porque isto pode não parecer mas é de [“Days of Being Wild“], que ainda trata este texto.
Acho que preciso de uma aspirina.

E perguntam vocês com copos de comprimidos na mão, – mas porque raio é que eu devo começar a ver isto fora de ordem cronológica ?
Porque a grande magia desta(s) história(s) está não na sua sequência cronológica de acontecimentos, mas em descobrirmos filmes completamentes novos da segunda vez que vemos os capítulos que se seguem a [“Days of Being Wild“],  nesta “trilogia”.
Depois de conhecerem o final das histórias, o verdadeiro prazer cinematográfico está em regressarem ás origens de tudo e descobrirem coisas que lhes renova por completo as “sequelas” da próxima vez que as virem.
Acreditem-me que irão apreciar muito mais esta história assim desta maneira, pois a sua grande magia está na forma como este formato de argumento estilo puzzle nos faz descobrir pormenores que depois tapam todas as “imprecisões” que encontramos nas narrativas de “In The Mood for Love” e “2046” quando os vimos enquanto filmes isolados. É como uma caça ao tesouro cinematográfica interactiva.
E não há dúvida que isto funciona perfeitamente, o que torna estas obras em algo muito surpreendente, especialmente se pensarmos que segundo Wong Kar Wai nenhum dos filmes tinha sido pensado como sequela do que quer que fosse.
O que para aqueles que estão a par da maneira como Kar Wai escreve e filma as suas obras não é nada de espantar, pois ele é conhecido por fazer filmes sem sequer ter argumento e ir inventado á medida que filma.
Ainda está alguém aí ?

Certamente a esta altura os que ainda me leêm gostavam de saber sobre o que trata este [“Days of Being Wild“].
Bem…para explicar isto tenho de voltar a “In The Mood for Love“e a “2046“.
Basicamente [“Days of Being Wild“], retrata a juventude da personagem que a actriz Maggie Cheung interpreta em “In The Mood for Love“. Ficamos a saber como era a vida dela na sua terra natal antes de conhecer o marido, (aquele que a atraiçoa na “sequela”) e antes de ir viver para o quarto de pensão que habita no “segundo” filme já em Hong-Kong. O seu futuro marido, aqui poderá eventualmente ser o personagem do jovem policia que é uma das histórias românticas desta “primeira” parte.

Conta também a história de amor de outra rapariga, uma baliarina que neste caso é a outra personagem feminina “principal”, (se é que isto existe na obra de Wong Kar Wai).
Esta rapariga iremos mais tarde reencontrar em “2046” e ficar a conhecer o rumo que a sua vida tomou após os acontecimento narrados em [“Days of Being Wild“].
O seu personagem é um excelente exemplo daquilo que refiro a propósito dos filmes ganharem uma nova vida numa segunda visão, pois inicialmente se a virem em “2046” esta personagem aparece quase como apenas mais uma mulher como tantas outras na vida do personagem interpretado por Tony leung nessa “terceira” parte. Mas quando vocês virem [“Days of Being Wild“],  essa mulher em “2046” ganha nova vida  e uma nova conotação trágico-romântica que ilustra ainda mais o tema da saudade de um amor perdido, presente no “terceiro” filme.

O terceiro personagem “principal” em [“Days of Being Wild“], e na verdade o “heroi” do filme é um jovem rebelde ao estilo James Dean versão decadente oriental e que é um dos polos centrais do argumento, envolvendo-se românticamente com a jovem bailarina e dando origem á principal linha narrativa deste “episódio”.

E mais uma vez, também aqui [“Days of Being Wild“], se liga agora com “In The Mood for Love“, pois a tia deste jovem rebelde é a mesma personagem secundária que depois na “sequela” estará a viver em Hong-Kong e alugará um quarto aos personagens de Maggie Cheung e Tony Leung que nesse filme já serão as figuras centrais da história e onde já não existem vestígios aparentes deste primeiro filme no argumento.
No entanto este personagem da tia do jovem rebelde, de [“Days of Being Wild“], nunca se cruza nesta parte com os personagens com que depois irá interagir directamente em “In The Mood for Love“. Apenas habitam o mesmo filme como se vivessem num mundo normal e só os espectadores soubessem depois que os seus destinos se iriam cruzar no futuro.
Por causa disso, ao vermos o “In The Mood for Love“, conhecendo o personagem da tia, ficamos a perceber melhor a razões da sua melancolia “sem explicação”.
Simples não é ? 🙂

Mas se querem uma coisa realmente estranha neste filme, então podem encontrá-la no seu final.
E não se preocupem, pois isto nem sequer é um *spoiler*.
Os últimos minutos de [“Days of Being Wild“], não têm absolutamente nada a ver com o que se passa durante o resto do filme todo e subitamente surge no ecrã o personagem interpretado por Tony Leung em “In The Mood for Love” (?) a vestir-se num quarto de hotel obscuro sem nenhuma razão aparente e o filme acaba assim sem sequer concluir qualquer outra das histórias que supostamente tinha iniciado.

Isto sem razão absolutamente nenhuma para o actor sequer entrar no filme, ou o personagem da “sequela” lá estar, pois [“Days of Being Wild“], foi filmado pelo menos 10 anos antes de “In The Mood for Love” sequer ter sido pensado e muito menos o “2046” e como tal a coisa ainda fica mais estranha, embora Kar Wai também seja conhecido por introduzir coisas em filmes presentes que eventualmente depois poderá aproveitar no futuro.
Também filma sempre mais do que precisa pelos mesmos motivos e muitas das vezes como se queixou Maggie Cheung durante os mais de dois anos de filmagens de “In The Mood for Love“, Kar Wai, filma coisas que nem sequer pertencem ao filme ou a qualquer outro que já tenha pensado. Sempre com aquela ideia de ter algo que sirva para ser eventualmente usado no futuro, pois é esse o seu genial método criativo que até agora só deu excelentes resultados com obras intensamente românticas.

Se isto não é uma forma original de contar várias histórias de amor ao mesmo tempo, não sei o que será. Por tudo isto, o melhor é começarem a acompanhar estes personagens pelo “segundo” capítulo, pois garanto-vos que apanharão muito melhor as emoções de toda a história se depois forem descobrindo aos poucos as histórias por detrás de tudo quando voltarem ás origens.
Começar a acompanhar estas histórias românticas pelo início seria o mesmo que ver os Star Wars a começar pelos novos Episode I,II e III, pois a revelação de que Darth Vader é o pai de Luke Skywalker no Império-Contra-Ataca perderia todo o impacto drámatico e deixaria de ser uma surpresa para quem não conhece a história.
E não se preocupem, isto parece mais confuso do que na realidade é.

O problema é que como habitualmente os filmes de Wong Kar Wai não são para ser contados, mas sim para serem vistos e acima de tudo sentidos. Ninguém conta “histórias sobre nada” como Kar Wai o faz e apesar de [“Days of Being Wild“], não ser de forma nenhuma o seu melhor filme é no entanto obrigatório para quem já viu “In The Mood for Love” e “2046“.
Tenham em atenção que o estilo visual deste “primeiro” episódio ainda pertence á fase inicial do realizador e como tal não tem aquela aura refinada e muito trabalhada visualmente que os filmes actuais dele têm. [“Days of Being Wild“], é quase um Won Kar Wai estilo cinema amador experimental onde se sente que o realizador está ainda a aprender a ser aquilo que hoje em dia é.
Para quem não sabe, Wong Kar Wai não vem de qualquer escola de cinema, ou tem qualquer estudo na area. Kar Wai começou como desenhador gráfico a trabalhar numa banal empresa do ramo e tal como Peter Jackson, por acaso diverti-se a a fazer uns filmes “caseiros” com os amigos nos seus tempos livres, tendo conhecido nesse percurso a (agora) actriz Maggie Cheung que na altura trabalhava como caixa num hipermercado e a partir da sua colaboração e amizade fez-se história no cinema oriental.
[“Days of Being Wild“], é um bom exemplo da colaboração inicial dos dois, embora não seja propriamente o primeiro filme do autor.

Como tal, apesar do actual estilo narrativo Kar Wai já se fazer notar, [“Days of Being Wild“], ainda segue aquela estrutura muito fragmentada e crua, tornando este “episódio” mais um objecto de Art-House, (vulgo, Cinema-de-Autor) do que própriamente será um produto cinematográfico acessível aos gostos do publico que procure algo mais comercial no estilo romântico de por exemplo “The Classic“.
Apesar de alguns momentos bastante poéticos, [“Days of Being Wild“], não contêm aquela atmosfera romântica constante de “”In The Mood for Love“, “2046” e “My Blueberry Nights“, sendo essencialmente uma obra fria devido á crueza das imagens e ao próprio low-budget do filme que se nota perfeitamente.
Embora já conte com aquela ligação extraordinária entre imagem e música que hoje é habitual na obra do realizador, mas tudo ainda a um nível bastante mais rudimentar e experimental.

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CLASSIFICAÇÃO:

Se virem, [“Days of Being Wild“], sem conhecerem “In The Mood for Love” e “2046“, este poderá parecer-lhes um filme demasiado pretencioso e artístico no pior dos sentidos se estiverem á procura de um produto comercial.
Aliás, este é um daqueles filmes mesmo sem sentido absolutamente nenhum á primeira vista, sem história e sem conclusão.
Um Art-House no pleno sentido da expressão e não se pode propriamente considerar um filme para o circuíto comercial.
Além disso as cópias que existem têm não só um som muito mediano, como ainda por cima a imagem não é nada famosa, reflectindo plenamente a falta de orçamento do filme.
Portanto, se procuram uma típica história romântica mais comercial no melhor estilo oriental, não a irão encontrar aqui se esperam algo mais directo e imediato. Para isso vejam “Be With You“, “The Classic” ou “My Sassy Girl“.
Agora, se gostaram mesmo de “In The Mood for Love” e “2046” este [“Days of Being Wild“],  é não só de visão obrigatória como uma compra essencial que não só completa emocionalmente os dois filmes “seguintes” como é um excelente exemplo do cinema mais antigo de Wong Kar Wai.
Mesmo visto isoladamente é um excelente filme de autor, que embora apesar de frio, contém em alguns momentos suficientemente poéticos para dar vida ao lado romântico da história e onde se nota já aquilo que depois se viria a tornar no melhor das obras futuras de Kar Wai e que actualmente culminou no fabuloso “My Blueberry Nights“.
Um óptimo filme de autor para quem não tiver medo do género e por isso leva trés tigelas e meia de noodles.
Não leva mais porque comparado com fabulosas “sequelas” na minha opinião ainda se nota que não é um trabalho plenamente conseguido.

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A favor: a atmosfera, os momentos românticos, a fabulosa enorme sequência filmada num só take a meio do filme, a maneira como a música é usada para ilustrar as emoções da história, ficamos a conhecer o passado dos personagens de “In The Mood for Love” e “2046“.
Contra: pode ser um filme demasiado ilógico para muita gente pois é cinema de autor puro.

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NOTAS ADICIONAIS

Trailers
Sugiro que vejam os dois, pois dão uma boa ideia do estilo Art-House do filme.
http://www.youtube.com/watch?v=btsJHsuqF24
http://www.youtube.com/watch?v=IBhxLPNdG4o

Comprar
Á venda na Amazon Uk a um preço excelente. É de aproveitar.

Outras reviews
http://www.kfccinema.com/reviews/drama/daysbeingwild/daysbeingwild.html

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt0101258/

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Aliás, mesmo que não tenha gostado deste  vai gostar dos filmes abaixo.

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