Battle in Outer Space (Uchû daisensô)Ishirô Honda (1959) Japão


Eu adoro filmes de ficção-científica da chamada “Golden Age of Sci-fi”, essencialmente produções dos anos 50 até inícios de 60. Adoro filmes com foguetões, extraterrestres muito ameaçadores e invasões  de discos voadores só porque sim. [“Battle in Outer Space”] é um deles e curiosamente foi um filme que me tinha escapado até ontem. Já tinha visto o seu cartaz mas ainda não tinha colocado os olhos no filme e devo dizer que tanto me surpreendeu em muitos aspectos como me irritou por demais noutros.

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Muitos de vocês se calhar não sabem, mas existem inúmeros títulos associados aos estados unidos que na verdade nunca foram produzidos em Hollywood mas sim na Rússia (que estava muito (mas muito) à frente dos americanos em efeitos especiais nessa época).
Também o Japão a partir de Godzilla investiu forte e feio em cinema espectáculo dentro do género catástrofe e mal ou bem acabou por marcar uma época e definir um estilo que se mantêm até hoje.

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Enquanto na Rússia se produziram excelentes títulos de ficção-científica séria ao nível dos melhores romances da época com produções como “Road to the Stars (Doroga k zvezdam)“; “Planet of Storms (Planeta Bur)” ou “Voyage to the End of the Universe (Ikarie XB1)” que mais tarde foram comprados, dobrados e retalhados por Hollywood ao serem criadas “versões americanas” desses filmes para os drive-ins; o Japão atirava cá para fora uma sucessão de clones do Godzilla e também alguns exemplos daquilo que depois, com a chegada de Star Wars em 1977, viria a ser o género da space-opera no cinema ocidental.

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Este fascinante [“Battle in Outer Space”] estreou em 1959 e quase que aposto que George Lucas na altura com 16 anos o deve ter visto e o reteve na memória, pois curiosamente a batalha espacial final neste filme Japonês tem extraordinárias semelhaças com o ataque à Estrela da Morte no fim do Star Wars original. O tom é practicamente o mesmo intercalando cenas de tiroteio espacial entre caças trocando raios laser com inserts em grande plano dos pilotos dentro das naves a comunicarem uns com os outros.
Que eu me lembre, nunca tinha aparecido algo assim antes no cinema e pelo visto [“Battle in Outer Space”] foi pioneiro nisto. Vale a pena verem este filme pela batalha espacial final pois é muito divertida ao mesmo tempo que é completamente imbecil.

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Aliás, começando logo pelo que este filme tem de bom, os efeitos especiais para a época devem ter sido absolutamente inovadores. Dentro do contexto são realmente bons e penso que são até algo superiores ao que o Japão fazia na altura com os clones de Godzillas; em particular nas cenas espaciais.
As partes no espaço são fascinantes. Ao contrário dos série-b americanos que filmavam modelos de foguetões pendurados por fios essencialmente de perfil contra fundos pretos, em [“Battle in Outer Space”] há uma tentativa muito boa de apresentar algumas sequências com profundidade, filmando as naves de vários ângulos em viagem pelo espaço de uma forma até ainda bastante actual.

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O design dos foguetões também é bastante bom e não tem aquela estética de supositório com asas que era comum no primitivo cinema do género na américa, apostando já em apresentar as naves espaciais com alguma identidade e pormenores interessantes.
[“Battle in Outer Space”] em termos visuais começa logo bem, com uma pequena mas excelente sequência de ataque a uma estação espacial em órbita (no distante e futurista ano de 1965) e que só peca por ser muito breve. Não só o ataque alienígena é divertido como o próprio design da estação espacial tem muita pinta.

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Aliás, outra coisa muito boa neste filme são os matte-paintings que estendem paisagens naturais ou inserem elementos futuristas nos cenários. São muito variados, bem pintados e muito bem integrados no filme seja onde estiverem inseridos.
Muitas maquetas são bastante engraçadas, o design dos discos voadores alienígenas é muito cool e todo o conjunto visual funciona muito bem.

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Em termos de cenários idem. Especialmente nas partes lunares onde [“Battle in Outer Space”] consegue realmente ter uma atmosfera bem mais cuidada do que muito cinema da época costumava apresentar. Há alguma variedade de cenários e ambientes, mais uma vez os matte-painting expandem as paisagens lunares de uma forma excelente e tudo resulta para fazer com que o meio do filme passado a aventura na lua seja sem sombra de dúvida uma das melhores partes desta história sem pés nem cabeça.

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E é precisamente a história que afunda [“Battle in Outer Space”] e o remete automáticamente para o reino daquele mau cinema que é imperdível. Isto não é de todo a excelente ficção-científica séria da Russia mas também não é o típico filme simplistico de foguetão filmado no quintal produzido em Hollywood na época. Isto é algo muito à parte.
É uma espécie de cruzamento entre um filme catástrofe em modo Godzilla com cidades arrassadas porque sim, a típica aventura de foguetão americana (onde nem falta a inevitável cena dos asteroides que quase colidem com as naves; mil vezes repetida na FC da época), com algo que é na verdade uma espécie de proto-space-opera que mais tarde seria popularizada por Star Wars com os seus combates no espaço.

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Essa mistura torna [“Battle in Outer Space”] num filme estranho.
É ao mesmo tempo muito divertido e muito irritante também.
E a culpa é dos personagens.
[“Battle in Outer Space”] é absolutamente inepto quando tenta apresentar pessoas nesta história. É claramente um filme de efeitos especiais em que o realizador não tem qualquer talento para dirigir actores, tem personagens a mais e um argumento que não faz ideia do que apresentar para os personagens dizerem. É absolutamente atroz e quase inacreditável de tão mau que é.

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[“Battle in Outer Space”] sofre precisamente do mesmo mal que um dos grandes clássicos americanos da FC, “The Thing from Another World” sofria. Este filme que anos mais tarde foi refeito por John Carpenter no seu “The Thing”, na sua versão original de 1951 para mim é um dos filmes mais irritantes de sempre precisamente por causa dos personagens.
Tem pessoas a mais a passearem pelos cenários sem qualquer identidade e depois andam todos em fila indiana uns atrás dos outros quando acontece alguma coisa. Há cenas “de suspense” em que metade do elenco anda a correr em fila atrás do tipo que vai à frente e depois dá meia volta e segue tudo em fila noutra direcção.
[“Battle in Outer Space”]  sofre exactamente do mesmo mal.

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Por causa disso o início do filme tem cenas completamente rídiculas em que por exemplo dezenas de protagonistas (?) correm atrás de um vilão em grupo, estilo manada de vacas com o mau a correr à frente. E isto é aquilo que passa por cena de acção com personagens humanos nesta história.
Quando chega a parte da aventura na lua, a Terra envia não um mas dois foguetões para irem atacar a base dos extraterrestres (com um único canhão laser) e em cada nave há umas dez pessoas que não conhecemos de todo nem nos importamos minimamente com elas pois são peças do cenário. Não têm nada para fazer nesta história a não ser andar uns atrás dos outros “nas cenas de acção”.

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Quando exploram a lua a coisa agrava-se pois com os fatos de astronauta vestidos ainda menos sabemos quem é quem, embora “o heroi” deva ser quem vai á frente com a manada atrás. Eu sei que isto é suposto fazer parte do charme ingénuo deste tipo de cinema, mas acreditem-me, neste caso tal como acontecia no americano “The Thing from Another World” alguns anos antes, é algo extremamente irritante. Isto porque pura e simplesmente nos desliga por completo dos personagens. Em [“Battle in Outer Space”] não nos importamos minimamente com ninguém e só desejamos que passem á cena de efeitos seguintes para não ter que ouvir aquelas pessoas abrirem a boca sem nada para dizer ou com diálogos “técnicos & científicos” de morte. Poderia ser divertido, mas é irritante como o raio porque este tipo de coisa é o que passa por desenvolvimento de personagens neste filme e repete-se constantemente.

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Como resultado disto também a batalha final no espaço não tem qualquer interesse para além dos efeitos especiais e da dinâmica da coisa, porque os supostos herois do filme nem participam nela !! Estão sentados mais uma vez numa sala de comando na Terra a ver a coisa acontecer no espaço através de um enorme televisor e mais nada !
Curiosamente, esta é uma das características do cinema Japonês desta época dentro deste género e em particular desta produtora. No final das aventuras nenhum dos personagens costumava participar na acção porque toda a gente se limita a ficar numa sala de comando qualquer à espera que a batalha final se desenrole e acabe bem para o lado deles enquanto outros personagens completamente anónimos lutam.

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E vocês nem querem saber qual é o papel das mulheres neste filme. Neste tipo de cinema quando feito nos estados unidos já serviam apenas para gritar mas neste filme não servem só para gritar como também são burras como o raio. Esperem só até vocês chegarem à cena na lua em que uma astronauta é cercada por um bando de extraterrestres…
E por falar em extraterrestres…é melhor nem dizer mais nada.
A Terra foi invadida porque sim.

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E voltam vocês a perguntar; mas não é esse o charme deste tipo de filmes ? É sim, mas há uma linha que separa -o charme- de um argumento completamente imbecil (até mesmo para esta altura), que dispensa por completo qualquer personagem humano e no entanto desperdiça cena atrás de cena com dezenas deles no ecran a todo o instante quando não lhes dá absolutamente nada para fazer e muito menos faz com que nos importemos com eles.

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Sendo assim, [“Battle in Outer Space”]  recomenda-se moderadamente a quem se preparar para conseguir ver isto sem lhes apetecer enfiar uns murros nos protagonistas.
Ou se calhar é uma obra prima. Não sei, estão por vossa conta.
Não sei se lhes recomende a versão dobrada em inglés ou a versão original. Se calhar a versão dobrada é ainda pior. Eu vi a versão original legendada em inglés e apesar de tudo é suportável…apesar de eu não entender esta mania dos Japoneses de colocarem um elenco internacional espalhado pelo filme todo também, a falarem todo o tipo de idiomas quando depois mais uma vez o argumento não desenvolve qualquer personagem e portanto o cast internacional aqui também não serve para nada. Acontece aqui também como depois continuou a acontecer anos mais tarde, com efeitos ainda mais risíveis em “Sayonara Jupiter” por exemplo.

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CLASSIFICAÇÃO:

[“Battle in Outer Space”] não deixa de ser um verdadeiro guilty-pleasure e totalmente obrigatório para quem gosta de conhecer títulos dos primórdios da FC, (na mesma linha de um “The X From Outer Space” ou “The Green Slime“); até porque em efeitos especiais este é realmente muito bom; bastante cuidado para a época e muito imaginativo visualmente.
Não fossem os personagens absolutamente vazios, sem um pingo de interesse para a história e este filme levaria uma classificação bem mais alta.

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Dentro do género “Message from Space” já uns anitos depois, ou até mesmo “War in Space” são bem mais divertidos. Até “X-Bomber” que é com bonecos consegue ter personagens melhores e bem mais humanizados que [“Battle in Outer Space”].
Portanto, três tigelas de noodles porque dentro do género retro é bom por ser bom em termos técnicos no que toca a design e efeitos.

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A favor: o ambiente, o design, os efeitos, os matte-paintings, as cenas na lua, a batalha no espaço.
Contra: é um vazio absoluto para lá dos efeitos especiais, zero carisma ou interesse nos personagens humanos, a história ainda parece pior por causa dos personagens, nem se vêem os extraterrestres tirando uma sequência absolutamente ridicula na lua envolvendo a habitual rapariga astronauta que grita muito e é burra como o raio, os personagens podem ser absolutamente irritantes porque a escrita deste argumento é atroz, em termos de argumento é ainda pior do que aquilo que costuma ser o standart ingénuo da FC dos anos 50 o que pode tornar este filme insuportável em vez de divertido.

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NOTAS ADICIONAIS

TRAILER

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt0053388

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Chronicles of the Ghostly Tribe (Jiu ceng yao ta) Chuan Lu (2015) China


Se há uma coisa que me irrita por demais no actual cinema blockbuster, seja de aventuras, ficção-científica ou super-herois, é esta nova moda de que um filme fica sempre em continuação. Parece que hoje em dia já ninguém filma aventuras fechadas, são sempre tudo trilogias, séries, episódios e fimes que acabam em cliffhangers que só se resolverão com sorte 1 ano depois se a primeira parte do filme tiver sido um sucesso.
[“Chronicles of the Ghostly Tribe”] sofre do mesmo mal…

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Pensava que isto seria um mal americano, mas agora também parece estar a alastrar ao cinema oriental, muito em particular ao cinema chinês.
Posto isto…agora que já reclamei…
[“Chronicles of the Ghostly Tribe”] é o filme de aventuras que “Indiana Jones & The Crystal Skulls” tinha a obrigação de ter sido.
Não está particularmente bem cotado no Imdb, mas isso já começa a ser tradição naqueles filmes que tentam ser algo mais do que apenas cumprir a norma.

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[“Chronicles of the Ghostly Tribe”] é baseado num romance de ficção-científica/aventura chinês de sucesso e nota-se. Tem aquela coisa especial de uma aventura que se sente não ter sido inventada ou escrita apenas para cinema mas que teve tempo para ser bem pensada, imaginada e estruturada, daquela forma que só os bons livros conseguem fazer. Como adaptação não faço ideia se estará correcta ou não, mas se isto é um exemplo do tipo de literatura escapista de aventura que se escreve actualmente pela china eu bem que gostaria agora de aprender a ler chinês pois os livros são exclusivos daquele país até ao momento.

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Não é a coisa mais original do mundo, vai buscar muitas influências e arquétipos do género a várias fontes (que não é o mesmo que imitar o que quer que seja), mas o seu ponto forte está na forma como mistura todos esses elementos e atira cá para fora um daqueles blockbusters de aventura com um sabor clássico, que Hollywood tinha o dever de voltar a lançar mas parece ser incapaz de o fazer há vários anos.

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[“Chronicles of the Ghostly Tribe”] está tão cheio de pormenores, sequências variadas de aventura e estilos de cinema, que na américa poderia perfeitamente ter sido retalhado em quatro ou cinco sub-plots e depois dariam certamente origem a um bom número de sub-blockbusters de médio orçamento produzidos a metro, sem alma, apenas baseados nos efeitos especiais e pouco mais; ou pior ainda, num estilo comics.
Algo que na minha opinião, esta aventura chinesa, apesar de toda a parafernália tecnológica que a envolve soube no entanto evitar muito bem. Embora se calhar não pareça.

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Apesar de ser uma amálgama quase non-stop de sequências de acção, cliffhangers tradicionais e mistérios sci-fi quanto baste nunca perde a noção de cinema espectáculo no melhor dos sentidos; daquele cinema cheio de efeitos especiais, mas que nunca esquece que os efeitos e as cenas de porrada não podem deixar de ter personagens e uma boa história  por detrás. Neste caso, se calhar mais elaborada do que propriamente original ou imaginativa no sentido mais tradicional mas nem por isso menos divertida.

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Este foi um daqueles que que me divertiu do principio ao fim pelo seu espírito de série-b mas criado com muitos meios e por nunca se levar a sério. É uma aventura clássica e pronto. Quem gosta de BD clássica nos moldes de um Blake & Mortimer a atmosfera visual disto por vezes faz lembrar bocadinhos dos albuns de banda desenhada, “O Enigma da Atlântida” ou “O Segredo do Espadão”, salvo as devidas diferenças entre o estilo moderno e o antigo de se narrar uma história.
Em alguns momentos tem um sabor a Indiana Jones da trilogia original, embora com estética moderna a piscar o olho ao Tomb Raider no bom sentido; pois [“Chronicles of the Ghostly Tribe”] é tudo o que aquele vazio baseado num dos meus jogos favoritos de todos os tempos alguma vez conseguiu ser.

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Quem gosta de cinema de aventuras clássico, com mundos perdidos, arqueologia proíbida e alguns monstros quanto baste tem em [“Chronicles of the Ghostly Tribe”] um dos melhores títulos do género que sairam em muito tempo.
Costumo queixar-me bastante que o cinema oriental produz excelentes histórias imaginativas em animação , mas depois quando entra pela live-action mostra-se totalmente incapaz de reproduzir a mesma magia. Não desta vez.
Isso acontece em particular no cinema japonês e se calhar este filme agora conseguiu evitar essa sina, porque estamos na presença de uma produção chinesa.

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Parece que o know-how acumulado por décadas a produzir épicos históricos de larga escala começa também a dar frutos noutro tipo de cinema “mais simples” saído da china e [“Chronicles of the Ghostly Tribe”] é o perfeito exemplo de uma mega-produção oriental que não fica a dever absolutamente nada ao melhor do que se faz técnicamente nos estados unidos actualmente.
Boa animação digital em muitas sequências e excelentes matte paintings compõem a escala épica desta aventura que vale a pena seguir só pela viagem que proporciona.

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No que toca a efeitos especiais está realmente muito bem servida, pois conta com algumas sequências absolutamente fantásticas em termos de acção mas também anima um par de monstros muito divertidos e impressionantes.
Óbviamente que nem tudo resulta e há alguns efeitos digitais melhores que outros, mas isso também acontece no cinema de Hollywood e ninguém parece queixar-se.
Neste caso embora tenha um par de sequências medianas, o resto da fasquia no que toca a efeitos é bastante elevada e se vocês gostam de cinema espectáculo apenas para verem efeitos especiais, vão ter muito com que se entreter aqui também.

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Curiosamente, não é um filme sobre Dragões embora possa parecer no poster, nem é uma espécie de Godzilla. Na verdade a história disto surpreendeu-me.
É passado na China entre 1978 e 1985, começa com uma sequência absolutamente fantástica de aventura arqueológica e exploração, transforma-se num filme de monstros, passa para algo que lembra os X-Files em estilo retro, entra pelo filme de viagem, transforma-se em filme de super-herois e acaba em cinema de acção e porrada com muitos efeitos especiais; não sem esquecer a inevitável história de amor oriental e algum humor muito bem colocado.

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Em termos de cenários é fabuloso. Aliás, não só contém paisagens fantásticas, como a variedade de localizações parece um nunca mais acabar de coisas a explorar o que num filme deste género só fica bem, pois enquanto espectadores nunca sabemos ver o que a história nos vai mostrar a seguir e isso é perfeito para criar aquele ambiente de aventura que nos faz sentir exploradores juntamente com os herois do filme.

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O design de produção é excelente, contém inumeros ambientes cheios de imaginação que demonstram que o concept design disto deve ter sido fascinante de se seguir.
Falha num cenário ou dois, daqueles mais digitais mas não é de todo grave pois a diferença não é suficiente para estragar a imersão do espectador na história. De resto nota alta para tudo o que envolve a parte técnica no que toca à criação de ambientes, design, guarda-roupa, atenção aos detalhes e pormenores incríveis por todo o lado na cenografia.
Aliás um dos pontos altos deste filme é precisamente estar cheio daqueles pormenores visuais que 99% daquele pessoal que emite opiniões sobre cinema no imdb nem repara.

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No que toca a localizações reais, quando o filme entra pela parte de viagem, as paisagens naturais são incrivelmente bem captadas pela magnifica fotografia que também está presente neste [“Chronicles of the Ghostly Tribe”]. Quem gosta de paisagens com desertos vai adorar. Aliás grande destaque mesmo para o detalhe que encontramos também nos cenários reais. Não só nos desertos como nas cidades (em ruínas ou não), este é um daqueles filmes que pede uma segunda visão só para admirar-mos a atenção dada ao detalhe em cada enquadramento.

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Hão de notar que apesar de tudo isto não lhe vou atribuir classificação máxima por uma simples razão.
Ou melhor, duas.
Como já disse, irrita-me isto ser outro daqueles filmes que nos deixa pendurados à espera da sequela, por outro lado se calhar o livro disto é enorme e portanto tinha mesmo que ser assim, mas no entanto como espectador não gosto nada desta moda das continuações.
A segunda razão tem a ver com aquilo que para mim é o ponto fraco do filme. Não que seja trágico ou muito mau, mas quando comparado com o resto devia ter estado à mesma altura, tendo em conta que isto supostamente será mesmo a adaptação de um livro.

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Os personagens não são muito interessantes.
E pelo facto dos personagens não criarem grande ligação com o espectador, isso faz até com que o filme pareça ter uma história mais banal do que na realidade até não tem.
[“Chronicles of the Ghostly Tribe”] pode parecer cinema mais plástico e formulático do que merecia parecer precisamente porque os personagens não resultam muito bem e pouco nos importamos com eles. Se calhar o mais carismático ainda é o comic-relief na pessoa do amigo do heroi quando o coração do filme deveria estar na relação dos protagonistas e nunca se sente isso.

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Os personagens, são muito variados, percorrem todos os clichés do género, heroi, miuda, cientista excentrico, amigo do heroi, agente dos serviços secretos, etc; mas nenhum deles cria grande empatia connosco enquanto espectadores. Por causa disto, a inevitável história de amor não tem propriamente grande tensão dramática e tinha o dever de ter tido, afinal estamos a falar de cinema oriental.
Muitos dos personagens parece estarem ali ou para serem carne para canhão, ou para servirem de comédia mas no conjunto geral uma aventura como esta pedia um grupo de herois carismáticos que não tem de todo.

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Talvez na segunda parte [“Chronicles of the Ghostly Tribe”] emende esta “falha”, pois afinal ainda vamos a meio da história e portanto é esperar para ver.
Por agora é apreciar o que o filme tem de bom enquanto cinema espectaculo em estilo pipoca comercial mas não menos divertida.
É um excelente filme de aventuras live-action a fazer lembrar um bocado os melhores romances de aventuras de Clive Cussler para quem sabe do que estou a falar. É assim uma espécie de romance que Cussler nunca escreveu nos moldes do seu livro de aventuras “Inca Gold” mas poderia ter muito bem escrito.

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CLASSIFICAÇÃO:

Como habitualmente nem vou contar nada da história pois podem ter uma ideia desta no trailer e eu defendo que um filme deve sempre ser visto sem sabermos absolutamente nada sobre ele. Se gostam de cinema de aventuras vejam [“Chronicles of the Ghostly Tribe”].
Eu diverti-me à brava. Só senti falta de uma ligação emocional aos personagens e isso retira-lhe logo bastantes pontos à classificação que deveria ter tido.

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Quatro tigelas e meia de noodles, pois é um óptimo filme de aventuras com reinos perdidos, arqueologia e monstros feios quanto baste nos moldes de Hollywood mas com identidade oriental própria quanto baste.

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A favor: a estética do filme em termos de uso da cor, bom sentido de aventura, história criativa, uma pitada de ficção cientifica curiosa, nunca sabemos ver o que nos irá mostrar a seguir, bons efeitos especiais no geral, excelente cinematografia e cenários fantásticos, muito divertido do início ao fim.
Contra: os personagens não são tão cativantes como tinham a obrigação de ter sido, alguns cenários digitais são apenas medianos. O filme fica em continuação.

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NOTAS ADICIONAIS

TRAILER

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt4819498

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11 A.M. (Yeolhansi) Hyun-seok Kim (2013) Coreia do Sul


Agora que Blade Runner vai ter mesmo uma sequela oficial produzida por Ridley Scott prevista para estrear em 2017, se calhar começo esta review por dizer que o melhor que todos os fãs de Blade Runner (que gostem de cinema oriental) podem fazer, (se ainda não o fizeram), é ver o excelente “Natural City” produzido há alguns anos na Coreia do Sul.

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Se alguma vez imaginaram como seria um bom Blade Runner de sabor oriental, se alguma vez desejaram encontrar um universo cinematográfico semelhante ao do Blade Runner original mas que não fosse estragado por qualquer tentativa de remake americano, recomendo vivamente que não percam “a versão” Sul Coreana, até para depois poderem comparar.
Por esta altura vocês já devem estar a pensar que se enganaram na review. Não estão enganados, este texto agora é mesmo sobre [“11 A.M.” (Yeolhansi)], mais um raro título de ficção científica Sul Coreano pois história do género parecem continuar a aparecer a conta-gotas na filmografia daquela parte do mundo, sabe-se lá porquê.

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Continuo a achar fascinante que do oriente saiam regularmente um sem fim de bons épicos históricos, excelentes histórias de amor, óptimo cinema de terror, algumas comédias originais e até um bom numero de filmes de aventuras e de fantasia, mas no que toca a ficção científica séria nos moldes que podemos ver no ocidente é raro depararmo-nos com algo que fique na memória pela sua qualidade. Sendo assim, aproveito este texto agora, para fazer um apanhado geral do que tem sido a ficção-científica saída do oriente pois não tem sido um género muito popular até junto de quem gosta de cinema vindo daquela parte do mundo.

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Da China, não me recordo de nada que seja particularmente marcante dentro do género da ficção-científica cinematográfica com excepção talvez do divertido “Love In Space” que passa pelo género mas apenas como cenário de fundo para situar uma divertida  love story e nada mais.
O Japão parece criar excelentes histórias de FC em Anime (às vezes em tom bastante sério e adulto; “The place promised in our early days“;”Wings of Honeamise ), mas depois quando tenta reproduzir essa qualidade em cinema parece não conseguir passar das fórmulas televisivas mais kitsch, infantis ou foleiras e o melhor que consegue deitar cá para fora são coisas como “Space Battleship Yamato” (uma péssima tentativa de imitar o estilo Michael Bay em versão Japonesa), “Gatchaman” e/ou sucessivos clones de Power Rangers/Godzillas ( também em modo “Casshern que não contribuiem de todo para que do Japão tenhamos ainda um bom título de ficção-científica live-action até hoje para as salas de cinema.
Salvo talvez as excepções de “Sayonara Jupiter” e até mesmo “Returner” que ao menos parecem ter tentado fazer algo para dinamizar o género pelo Japão, a ficção científica não é coisa que pareça interessar o público japonês para lá dos Anime que todos nós conhecemos.

Wings of Honeamise

Já na Coreia do Sul o panorama da FC parece mais animador pois têm aparecido bons títulos embora esporádicamente.
Não são muitos, mas normalmente quando arriscam algum dinheiro numa produção mais séria, o resultado tem sido muito bom; com titulos como o dinâmico “2009 Lost Memories” ou o já mencionado “Natural City” (que embora com falhas não deixa de ser o melhor filme de FC produzido até agora no oriente naqueles moldes).  Não esquecendo também o fabuloso “Cyborg She” que por detrás de uma capa de comédia juvenil contém uma das melhores histórias sobre viagens no tempo que eu vi (ou li) até hoje, pela forma como humaniza os personagens e nos dá a volta à cabeça com os inúmeros twists do argumento;  (sim, melhor que o clássico “The Time Machine” e melhor que “Back to the Future”.)
Até no género cinema-catástrofe a Coreia do Sul produziu excelentes exemplos de cinema espectáculo; temos o fantástico “Flu” que quem gosta de filmes sobre virus que matam pessoas pelo mundo fora não deve perder de todo pois tem uma energia fantástica ou “The Host” que mostrou ao mundo que os filmes de monstros também podem ser FC séria e dramática. Ainda do mesmo realizador de “The Host”, saiu recentemente o excelente “Snowpiercer“, uma história sobre um futuro negro e distópico (com actores ocidentais) e que foi alvo de uma tentativa de censura nos estados unidos pelo tom negro que apresenta.

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O que nos leva então ao filme deste dia; [“11 A.M.” (Yeolhansi)].
[“11 A.M.” (Yeolhansi)] é assim uma espécie de “Alien” em ambiente subaquático, mas sem monstros; onde estes são substituidos por consequências de viagens no tempo.
Quero com isto dizer que estamos na presença do típico thriller de ficção-científica em que os personagens vão sendo mortos um a um seguindo a habitual fórmula que toda a gente já conhece e viu mil vezes no cinema ocidental para filmes com bichos que mastigam pessoas. Apenas aqui o inimigo é outro. A fórmula é a mesma.

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[“11 A.M.” (Yeolhansi)] é um filme de baixo orçamento, talvez mesmo o de mais baixo orçamento de toda a lista de filmes que mencionei atrás.
Os cenários são muito desinspirados embora se note que houve aqui e ali uma tentativa de fazer com que o ambiente visual do filme parecesse mais elaborado do que na realidade é.
Tirando um par de pequenos cenários “mais detalhados” como por exemplo a sala de comando central da base submarina que mesmo assim está por demais despida de detalhe; os outros cenários ou são pequenos corredores claustrofóbicos, salas essencialmente vazias ou então localizações reais que foram aproveitadas para simular tecnologia de ponta futurista (por exemplo o reactor é claramente filmado num qualquer laboratório real).
Nota-se uma grande diferença entre aquilo que são cenários e localizações reais e isso contribui um pouco para que nunca acreditemos muito que aquela base submarina seja um local a sério.

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Mas na verdade isso nem sequer é o ponto mais fraco de [“11 A.M.” (Yeolhansi)].
Apesar do baixo orçamento, sente-se que houve neste título uma tentativa de se criar uma história de ficção-científica adulta a sério. No entanto enquanto filme o resultado não é muito interessante por vários motivos.
Primeiro, a história de viagens no tempo apesar de muito bem executada, por seguir tanto à risca todas as fórmulas já conhecidas não apresenta absolutamente nada de novo que surpreenda o espectador.

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Em nenhum momento estamos atrás do argumento, isto porque é tão fácil adivinhar o que vai acontecer a seguir que até impressiona pela negativa. Isso retira logo toda a carga dramática que poderia haver em [“11 A.M.” (Yeolhansi)] e sem isso a história perde todo o impacto. Muito menos esperem surpresas. Não há. Até o suposto twist do epílogo não apanha ninguém de surpresa e se não estivesse lá também não fazia diferença nenhuma.

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Apesar de ser uma boa e sólida história do género, não deslumbra e quando uma história sobre viagens no tempo não contém qualquer coisa que nos apanhe de surpresa, mau sinal.
Comparem este argumento com o fabuloso exemplo de “Cyborg She” e vão perceber como  [“11 A.M.” (Yeolhansi)] é realmente um desperdício de potencial quando colocado lado a lado com o que se pode fazer numa história realmente criativa sobre viagens no tempo.
[“11 A.M.” (Yeolhansi)] leva-se demasiado a sério mas essa seriedade não consegue injectar qualquer interesse ou qualquer carga dramática à história. Já “Cyborg She” é o contrário, pois parece mais uma comédia adolescente desmiolada mas contém a história de viagens no tempo que este filme agora gostaria de ter sido.

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[“11 A.M.” (Yeolhansi)] nem seria tão fraquinho se ao menos tivesse bons personagens; mas estranhamente, mais uma vez, o mesmo cinema que no género romântico ou dramático consegue humanizar os seus protagonistas de uma forma fabulosa, quando chegamos à ficção científica parece que o estilo oriental perde todo esse dom e acabamos sempre com personagens-tipo absolutamente desinteressantes e que não criam qualquer empatia com o público. Se calhar porque os argumentistas que gostam de ficção-científica estão mais interessados na história calculista própriamente dita do que em desenvolver personagens, mas por outro lado, volto a dizer, temos “Cyborg She“como exemplo de como se pode ter excelente FC sobre viagens no tempo, precisamente suportada por personagens com muita alma.

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Sendo assim [“11 A.M.” (Yeolhansi)] não tem desculpa por falhar precisamente nos personagens. Se este tivesse contado com pessoas mais interessantes, se calhar até acompanhariamos com muito mais entusiasmo o previsível desenvolvimento desta história corriqueira sobre viagens no tempo.
Acontece que não nos importamos minimamente com o destino de qualquer uma das pessoas que vive esta aventura e isso é o pior que pode acontecer num filme de suspense baseado numa história previsível. Ainda há pelo meio a tentativa de inserir um par de trágicas histórias de amor a ver se pega, mas são tão forçadas que acabam por ter o efeito contrário.

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Os herois não têm qualquer química entre eles e pior ainda, em momento algum acreditamos que aquelas pessoas são cientistas de verdade pois tudo é um enorme vazio na composição dos personagens. O suporte dramático para muitas das suas motivações não tem qualquer credibilidae e não resulta de todo pois as pessoas deste filme parecem não acreditar nas vidas que vivem.
E não é um problema de actores. Nota-se que toda a gente aqui se esforça ao máximo por encarnar aqueles cientístas. No entanto é óbvio que no papel não havia nada onde um actor se pudesse agarrar para tornar a sua prestação mais interessante.

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[“11 A.M.” (Yeolhansi)] conta a história de um cientista que está obcecado com a descoberta das viagens no tempo (para tentar salvar a sua mulher que morreu anos atrás) e que juntamente com um grupo de colegas financiados pela união soviética (?!), trabalham num laboratório subaquático algures nas profundezas do oceano ao melhor estilo “The Abyss”; onde está instalado um protótipo de uma máquina que pode viajar no tempo e que quando o filme começa já tem a capacidade de conseguir viajar 15 minutos para o futuro. Prestes a serem encerrados por falta de resultados mais expansivos e imediatos, os cientistas decidem fazer um último teste e tentar alcançar um período mais longo; o que leva um par deles a conseguir transportar-se para 24 horas depois.

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Acontece que, quando chegam a esse breve futuro, deparam-se com toda a sua base destruida, o equipamento incendiado e o local abandonado.
O que aconteceu ? Para onde foi toda a gente nas últimas 24 horas e porque estará todo o laboratório à beira de implodir ?
É este o mistério que se torna desde logo para lá de evidente e totalmente previsível.
E sim, estamos num filme passado numa base subaquática. É claro que no momento em que toda a gente podia simplesmente pirar-se dali para fora, há uma tempestade à superfície que impede a evacuação imediata… … … (really ?!)

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Para sermos justos, na realidade [“11 A.M.” (Yeolhansi)] não é um mau filme de ficção-científica. É apenas desinteressante, embora numa filmografia oriental onde a ficção-científica escasseia não deixe de ser uma tentativa bem vinda ao género. Por outro lado, é um titulo tão simples que desilude quando podia ter sido realmente uma história excelente se o argumento contivesse as surpresas e a humanização de personagens de um “Cyborg She” ou a atmosfera de um “Natural City“.

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[“11 A.M.” (Yeolhansi)] faz tudo bem no sentido em que não se pode dizer que seja um filme mal feito. De todo. Até mesmo o que falha em termos de argumento não deixa de ser interessante a nível técnico apesar da previsibilidade. Quem gosta tanto como eu de cinema de baixo orçamento não pode deixar de ver este titulo pois nesse contexto tem algumas qualidade pelo esforço que demonstra em tentar ser mais do que na realidade é.
Os últimos dez minutos de [“11 A.M.” (Yeolhansi)] até conseguem ser divertidos quando tudo entra em total modo caótico e surpreendentemente tem um epílogo curioso que expande o filme para além do que é costume vermos neste tipo de produções. No entanto, é tudo por demais mediano quando merecia ter sido fantástico.

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Não é o baixo orçamento que deita tudo a perder, não são os cenários pobrezinhos que estragam o ambiente, nem sequer são os actores que arruinam a história.
É apenas o argumento. Parece um argumento daqueles que já vimos mil vezes em qualquer episódio banal de série televisiva que tenta criar uma história sobre viagens no tempo como história da semana.
Até a realização parece televisiva em muitos momentos num filme carregado de grandes planos do rosto dos actores em vez de abrir o ambiente com planos mais alargados. Por outro lado se assim não fosse notar-se-ia muito mais a simplicidade de toda a produção.

—————————————————————————————————————CLASSIFICAÇÃO:

Quem gosta de viagens no tempo e procura um titulo de ficção-científica no cinema oriental, tem em [“11 A.M.” (Yeolhansi)] uma opção interessante. Não irá supreender-se, mas por outro lado se não esperar muito também não ficará desiludido por aí além.
É uma produção de baixo orçamento competente, vê-se bem, apenas não deslumbra.
É um bom filme dentro das suas limitações. Nem mais, nem menos.
Três tigelas de noodles.

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A favor: temos mais um filme de ficção-cientifica séria no cinema oriental, é uma história sobre viagens no tempo bem estruturada, alguns cenários mesmo pobrezinhos são bastante interessantes e atmosféricos, os últimos 10 minutos são divertidos pois a história apesar de simples está bem resolvida.
Contra: é totalmente previsível ao pormenor desde o princípio ao final, os personagens não têm qualquer interesse, suspanse zero, realização algo televisiva que retira algum ambiente ao filme pois nunca mostra muito, é um daqueles filmes que logo esquecemos ainda mal acabou.

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NOTAS ADICIONAIS:

TRAILER

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt3281394

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Gatchaman ( Gacchaman ) Tôya Satô ( 2013 ) Japão


Não consigo entender o que há com os japoneses e os épicos de ficção-científica que tentam fazer.
O Japão parece ser o país perfeito quando se trata de produzirem histórias de amor de baixo ou médio orçamento, pela forma como os personagens são normalmente humanizados e as histórias nos agarram até ao último segundo por muito cliché que sejam, mas no entanto naquilo que deveriam ser absolutamente brilhantes falham sucessivamente.

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O mesmo país que é fantástico a criar animes de acção e aventura envoltos em fantasia e ficção-científica por vezes extraordinária, quando se trata de cinema de animação, parece ter uma enorme dificuldade ao passar essas mesmas criações para filme “normal” de “imagem real” em estilo “live action” e infelizmente não é ainda com [“Gatchaman”] que este enguiço foi quebrado.

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Quase que acertaram, mas ainda não está lá. E mais uma vez não se entende de todo porque um filme destes não se torna imediatamente brilhante no melhor sentido pipoca.
Até porque ainda por cima [“Gatchaman”] começa bem como o raio !

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A primeira cena de acção é não só excelente e entusiasmante,  como ainda demonstra muito bem como se pode filmar acção caótica em estilo disaster movie sem precisar de recorrer a montagens a duzentos frames por segundo. Michael Bay deveria ver este filme e tomar notas pois é assim que se faz.
[“Gatchaman”] tem uma sequência inicial que nos faz pensar imediatamente que finalmente vamos ver um grande filme pipoca produzido no Japão dentro do cinema de super-herois.

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Não só a acção é frenética, como enquanto espectadores conseguimos acompanhar perfeitamente tudo o que se passa na batalha inicial sem precisarmos de um saco de vómito ou ter um ataque de epilépsia. [“Gatchaman”] nos primeiros 20 minutos tem uma montagem do melhor que já vi em filmes de super heróis no que toca a forma como batalhas épicas são filmadas.
Ainda por cima mantém um estilo totalmente manga na forma como pausa algumas sequências por décimos de segundo e deixa as situações respirar mesmo no meio dos combates mais espectaculares.

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Além disso as sequências de vôo ao melhor estilo super-homem no que toca a super heróis de capa, embora simples e breves são absolutamente entusiasmantes e ficam na memória pela sua estética anime totalmente conseguida.
Nota alta para os uniformes dos personagens também. Conseguem manter o estilo do anime original mesmo tendo modificado todo o seu visual de forma a moderniza-lo significativamente.

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[“Gatchaman”] é a adaptação em “imagem real” de uma das clássicas séries anime do mesmo nome e que pelo ocidente ficou conhecida como “Battle of the Planets”,(em Portugal muita gente recordar-se-á até do jogo para o computador ZX Spectrum que saiu baseado nesta série por volta de 1985).
Segundo o que tenho lido, parece que o filme usa a base da série original mas modificou practicamente tudo o resto. O que nem seria problemático, pois na verdade o grande problema de [“Gatchaman”] nem sequer é esse.

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O problema de [“Gatchaman”] é que passada aquela sequência inicial entusiasmente , o resto do filme vai caindo a pique a cada minuto que passa. E isto porquê ? Porque simplesmente perde toda a espectacularidade. Pelo meio a história à força que querer desenvolver personagens, entra por intermináveis cenas de telenovela dramática, onde os personagens gritam e sofrem muito por tudo e por nada, tendo por base acontecimentos traumáticos passados e que não levam a lado nenhum em termos de satisfação cinemática por parte de quem está a ver este filme e só pede que passem à frente.

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Nem o twist pelo meio tem qualquer impacto porque quando acontece já ninguém quer saber dos personagens para nada pois estamos fartos de tanto dramatismo de pacotilha a todo o instante que ainda por cima é totalmente previsível em conteúdo.

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[“Gatchaman”] sofre exactamente da pior coisa que pode acontecer a um blockbuster. Em vez de nos mostrarem o que acontece ou aconteceu na história, os personagens falam sobre isso uns com os outros.
[“Gatchaman”] podia perfeitamente ter continuado a ser bastante divertido e espectacular se nos mostrasse aquilo que é suposto ir acontecendo na história; no entanto os personagens insistem em passar minutos intermináveis a falar sobre isso (ao mesmo tempo que sofrem muito por tudo e por nada) e o espectador nunca se sente imerso naquele universo; salvo um breve momento que mais uma vez tenta ser dramático quando se calhar deveria antes ter mantido a espectacularidade própria de um filme de super-herois.

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Depois há outra coisa muito estranha com o design deste filme. [“Gatchaman”] começa fantásticamente bem com a batalha inicial onde visualmente tudo funciona como um relógio suíço, mas depois parece que o orçamento para o filme vai sendo reduzido a cada minuto que passa. Como se não bastasse os personagens passarem o tempo todo a falar de coisas que o espectador preferiria estar a ver, estes fazem-no normalmente em cenários cada vez mais despidos e desinteressantes. Seja em quartos vazios, hangares vazios, ou corredores vazios, [“Gatchaman”] parece cada vez mais despido do que quer que seja a cada minuto que passa.

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A base dos heróis tem um par de sets bem anime com um design interessante mas tudo o resto é por demais pobre em termos criativos. Especialmente a base dos alienígenas invasores que é surpreendentemente desinteressante como o raio.
Visualmente os CGI que a reproduzem exteriormente são espectaculares mas depois o design do interior dessa suposta base alienígena ultra avançada parece ter saído de um mau episódio de sábado de manhã dos Power Rangers no pior dos sentidos. Verdadeiramente incrível, pela negativa

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Não só todo o climax do filme se passa essencialmente em cavernas sem qualquer interesse visual como ainda por cima parecem aquilo que são; cenários de cartão, esferovite e plástico que inclusivamente abanam por todo o lado quando os actores encalham sem querer por exemplo numa mesa de controlo. Tudo o que é cenário alienígena em [“Gatchaman”] faz lembrar um set do Star Trek original dos anos 60 com a diferença de esta suposta mega produção japonesa parece não ter tido qualquer interesse em desenvolver visualmente metade do filme. Parece até que o dinheiro acabou e resolveram utilizar uns sets quaisquer que estavam por lá à mão de um episódio dos Power Rangers.

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Para agravar a coisa, a parte final da aventura é absolutamente desinteressante. Depois de passarmos pelo menos uma hora a meio do filme a ter que levar com drama de pacotilha sem qualquer interesse (nem me perguntem sobre a inevitável história de amor);  aquilo que esperávamos era que a batalha final fosse pelo menos tão divertida e espectacular como a batalha do inicio. Esqueçam.

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O desenlace da história em [“Gatchaman”] é uma verdadeira decepção também. Não só não tem qualquer suspanse ou sentido de aventura como passamos meia hora a ver combates de artes marciais com super-herois a lutarem em cima de plataformas de plástico todas iguais em cavernas de cartão absolutamente aborrecidas do ponto de vista criativo. E o pior é que nem as lutas têm qualquer interesse e o suspense é praticamente inexistente pois percebe-se logo como tudo irá acabar e só queremos é que os personagens se despachem com aquilo para a gente ir embora.

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Portanto [“Gatchaman”] é mais uma verdadeira oportunidade perdida do Japão conseguir finalmente fazer aquele blockbuster de “Live Action” que toda a gente quer ver. [“Gatchaman”] tinha tudo para ser um verdadeiro “Pacific Rim” oriental devolvendo a sua inspiração a casa mas acabou por se parecer mais com uma sequela de “Space Battleship Yamato” que curiosamente sofre exactamente do mesmo tipo de problemas e não se entende porquê.
O que é mesmo pena, pois o início é fantástico, os personagens prometem e até há uma química muito boa entre os actores naqueles papeis. Por momentos [“Gatchaman”] parece realmente um filme dos Power Rangers muito bem feito. E deveria ter sido.

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Outra coisa excelente são os efeitos especiais o que ainda torna [“Gatchaman”] num desperdício maior.
Como já referi as cenas de vôo iniciais são do melhor que já vi em cinema de super-herois e depois a qualidade continua no CGI em geral, que não fica nada a dever ao que de melhor estamos habituados a ver vindo de Hollywood.
Provavelmente gastaram o orçamento todo em animação de computador e depois não houve verba para cenários ou algo assim…

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Para aqueles de vocês que se lembram também de outro filme no mesmo estilo, o já mais velhinho “Casshern” e querem perguntar-me como se compara com este filme agora, ao menos essa outra adaptação anime igualmente falhada tinha um visual extraordinário, coisa que não acontece em [“Gatchaman”]. Infelizmente no caso de “Casshern” a parte dramática ou de acção ainda foi pior, tendo um filme sido um dos primeiros exemplos da ineptitude dos Japoneses para conseguirem produzir cinema de super-herois. De qualquer forma, se gostarem de [“Gatchaman”] espreitem “Casshern”.

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Apesar de todo este rol de queixas da minha parte, por ter ficado realmente muito decepcionado com [“Gatchaman”], a verdade é que o filme acabou e até fiquei com vontade de ver uma sequela, (e vai haver; vejam depois dos créditos).
Ao contrário do que me aconteceu em “Space Battleship Yamato”, aqui em [“Gatchaman”]  sente-se que existe material suficientemente bom para que á segunda acertem finalmente de vez e possamos ter um blockbuster Japonês realmente bom que já tarda em aparecer.

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Como habitualmente não irei revelar nada da história porque eu ainda sou daqueles que gosta que me recomendem filmes sem me dizerem sobre o que eles são. De qualquer forma se já viram um filme de invasões extraterrestres com super heróis e super vilões já sabem com o que contar.

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Este é mais um. Apenas não é tão interessante como merecia ter sido.
Começa bem e depois sabe-se lá porquê perde-se por completo. Embora, se vocês gostarem muito de filmes de super-herois e especialmente se nunca tiverem ouvido falar destes personagens, vale a pena espreitarem isto, até para compararem os efeitos especiais com aqueles a que estão habituados a ver em cinema americano.

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CLASSIFICAÇÃO

É com pena que não lhe dou melhor classificação mas de qualquer forma [“Gatchaman”] é um filme a ver, especialmente por quem gosta de cinema de super-herois, ou até por quem se lembra bem da série anime dos anos 80 e gostava dela.

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Trés tigelas e meia porque apesar de tudo, como filme não é verdadeiramente mau. Apenas sofre de excesso de exposição e grande pobreza visual no que toca a ambientes. Leva mais meia tigela de noodles na classificação apenas porque a sequência de acção do início é verdadeiramente entusiasmante e os efeitos especiais são de grande nível no que toca a animação digital.

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A favor: a cena de acção do inicio, as cenas com os heróis a voarem entre prédios, a montagem inicial é excelente e não se perde um fotograma da batalha, o design dos uniformes e tudo o que é criado em CGI é excelente, existe boa química entre os cinco heróis e nota-se que há muito potencial aqui para uma sequela como deve de ser.

Contra: passada a invasão inicial os personagens falam demais sobre coisas em vez de nos serem mostrados todos esses acontecimentos em primeira mão, há uma tentativa de dramatizar os personagens que simplesmente não resulta pois tudo parece histérico e forçado demais, perdemos totalmente o interesse nos vilões e toda a ameaça de invasão fica sem qualquer suspense, tenta ter duas histórias de amor que são uma anedota sem qualquer emotividade, a cada minuto que passa o design do filme em termos de cenários e ambientes fica mais pobre, os ambientes alienígenas na nave extraterrestre são de uma pobreza visual incrível e parecem saídos de um episódio dos Power Rangers sem qualquer orçamento (são obviamente de plástico e cartão e isso nunca deveria transparecer num set design), a aventura final não tem qualquer suspense ou interesse, as cenas de acção do fim idem, é mais uma oportunidade perdida do Japão conseguir fazer um blockbuster de “Live Action” com a mesma qualidade com que sabem produzir animes ou histórias de amor de baixo orçamento.

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer
https://www.youtube.com/watch?v=r56XwTGidsU

Gatchaman-movie_02

Anime original
https://www.youtube.com/watch?v=SmNs5DuXDdg
https://www.youtube.com/watch?v=6q5uy7VFZaE
https://www.youtube.com/watch?v=HJxcLCHhu4g

Imdb
http://www.imdb.com/title/tt2451110

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Space Battleship Yamato (Space Battleship Yamato) Takashi Yamazaki (2010) Japão


O design é fantástico, os efeitos especiais são muito bons e cheios de pequenos detalhes nas próprias sequências de acção, parece mesmo um Anime em “imagem real”, a história podia ser pior e não envolve as macacadas habituais do cinema Japonês de FC, o ambiente é bem conseguido, tem uma óptima fotografia e muitos personagens com potencial quanto baste para fazer disto um dos melhores filmes de ficção científica saídos do Japão nos últimos anos.

Então porque raio é que [“Space Battleship Yamato“], é tão mau ?!!
Mas mau mesmo !
Não é daqueles – tão maus que se tornam bons – e por isso nunca se tornará num filme de culto até mesmo junto daqueles que gostaram do Anime em que foi baseado. [“Space Battleship Yamato“] é simplesmente mau e pronto.
E porquê ? Porque há aqui qualquer coisa que não se percebe de todo. O filme tem 138 minutos, é desinteressante como o raio e o pior é que nunca se percebe bem porquê quando chegamos ao fim.

Será porque nos deixamos dormir a cada 40 minutos de filme mais ou menos ?
Será porque tenta ser um drama humano tão intenso a nível de personagens que tem provavelmente dos diálogos mais chatos e arrastados dos últimos tempos ? Sabem aqueles filmes que têm duração a mais ? [“Space Battleship Yamato“] tem duração a mais nas cenas de diálogo, consegue aborrecer mesmo sendo dinâmico na montagem e practicamente é uma seca porque os momentos com os personagens são sempre tão desinteressantes, longos e vazios; que como espectador senti sempre que apenas continuava a ver este filme porque visualmente é tão cativante que me forcei a não dormir á espera das cenas em que o design era exibido, apenas para ver o que apareceria a seguir.

O Japão não é propriamente conhecido por produzir cinema de ficção-científica hardcore naquele tom sério que encontramos numa novela do género. Talvez a única tentativa para lançar um épico mais sci-fi em tom mais realístico tenha sido o fascinante “Bye Bye Jupiter” e mesmo essa com o resultado que se viu…
Temos também o muito bom, “The Sinking of Japan” mais dentro do género catástrofe e pouco mais há.
Ficção-Científica no Japão significa acima de tudo “Godzilla” com clones do género ás dezenas e pouco mais e eu sempre me perguntei porquê. Especialmente nos tempos modernos em que os japoneses já demonstraram que fazem efeitos especiais tão bons ou melhores quanto o que sai actualmente de Hollywood e do qual o trabalho visual apresentado em [“Space Battleship Yamato“] não é excepção.

Por isso eu quando descobri este filme fiquei logo muito contente e atirei-me a ele plenamente convencido de que desta vez é que era. Parecia que o Japão tinha finalmente conseguido fazer uma Space-Opera cinematográfica que não ficava nada a dever ao que os americanos fazem comercialmente falando.
Ainda dizem que a pirataria não é útil ? Se isto fosse como nos velhos tempos eu teria comprado imediatamente o dvd disto ou o blu-ray sem pestanejar pois tinha por filosofia comprar para ver.
Eu matava-me se tivesse gasto agora dinheiro neste filme !
Especialmento porque [“Space Battleship Yamato“] seria mesmo o tipo de titulo que eu compraria logo sem pestanejar ou sequer ver primeiro. Por isso neste momento só posso dizer, viva a pobreza que me salvou de gastar dinheiro naquilo que foi um dos filmes mais chatos de FC que me passaram pela frente em muitos anos. Será inclusivamente a Space-Opera mais desinteressante que alguma vez vi.

É que apesar de visualmente parecer que segue todas as regras que tornam o género da Space-Opera o divertimento garantido que se sabe (graças ao template Star Wars também), a verdade é que [“Space Battleship Yamato“] acerta ao lado em tudo. Se isto fosse uma batalha naval o único navio que seria afundado no jogo seria o do próprio jogador.
O visual e as cenas de efeitos especiais são regra geral excelentes ou muito boas, inclusivamente o estilo de combates espaciais está baseado nas próprias leis da física e as naves portam-se mais como os caças de Babylon-5 do que com as naves bonitinhas do Star Trek.

O problema é que tudo o que é visualmente estimulante em [“Space Battleship Yamato“] dura muito pouco.
Pouco mesmo !
As sequências de combate são tão rápidas e dinâmicas que mal começamos a habituarmo-nos ao seu ritmo e estilo visual, já estas acabaram. Com a agravante de apesar de não haver nada neste filme que já não tenham visto dezenas de vezes noutros lados, nomeadamente por exemplo no recente remake da Galactica. Tudo muito competente técnicamente mas sem grande imaginação na verdade. Não há nada em [“Space Battleship Yamato“] daquele chamado “WOW factor“.

Depois como contraponto e para intercalar com as cenas “exteriores” em bom CGI, apanhamos intermináveis sequências com personagens no interior da Yamato em diálogos totalmente desinspirados e sem interesse algum; numa tentativa desesperada do realizador (e argumentista talvez), para colarem o estilo da tripulação da nave á química de personagens encontradas em Star Trek. Especialmente encontrada no NOVO Star Trek de J.J.Abrahms.
Nota-se uma tentativa constante de fazer com que esta tripulação da Yamato, se pareça tanto com a da Enterprise que inclusivamente nem aqui falta um “Mr Scott” na sala das máquinas.
[“Space Battleship Yamato“] tem personagens a mais com histórias interessantes a menos.

Curiosamente esta intenção de reproduzir o estilo Star Trek começa logo por se afundar no personagem do capitão da nave. O que raio é aquilo ? É um boneco sem vida, um actor morto sentado no banco ou será um gajo completamente aborrecido por entrar no filme ? Terá isto tudo sido culpa do argumentista que lhe deu algumas das cenas mais chatas de toda a história para debitar diálogos sem qualquer interesse ?!
O problema é que isto não se esgota num personagem. Todos são ou aborrecidos de morte, ou irritantes á bráva e a única vez que [“Space Battleship Yamato“] ganha alguma humanidade é numa breve sequência de despedida através do ecran do videofone e isto graças ao carisma dos dois actores que por breves segundos conseguem passar mais emoção do que o resto do elenco do filme em 138 minutos !

[“Space Battleship Yamato“] alterna entre o visualmente fascinante, o chato como o raio e o irritante á brava !
Irritante á brava porque se por um lado tenta colar-se ao estilo Star Trek no que toca a personagens, por outro tenta desesperadamente parecer-se com um filme de Hollywood a todo o instante, muito em particular parece que este filme o que gostaria de ter sido era o “Armageddon” de Michael Bay e não consegue, não por falta de meios mas por falta de capacidade do realizador para tentar imitar correctamente o estilo do realizador americano. Especialmente quando não se decide se quer ser o Star Trek (notem os constantes lens-flare e a movimentação de câmera a imitar o Trek novo) , a Galactica, o Wing Commander, ou o Armageddon !

Se algumas vez pensaram como poderia ser um filme do Michael Bay mas desinteressante como tudo pelas razões mais inesperadas, têm aqui uma boa resposta em [“Space Battleship Yamato“].
A gente sabe que o Michael Bay não é própriamente um realizador genial, e aquela montagem a trezentos por segundo é horrorosa, mas ao menos naqueles raros bocados em que até tem alguma coisa para narrar ele sabe contar uma história apesar dos pesares. Tal não acontece com este realizador de [“Space Battleship Yamato“] que se espalha precisamente nas cenas que supostamente deveriam humanizar -“o estilo Michael Bay“- mas falham redondamente porque, ou os textos são chatos, as sequências são longas e vazias ou então é a própria história que não tem interesse suficiente para ser esticada artificialmente por 138 minutos que mais parecem quatro horas.

Essencialmente [“Space Battleship Yamato“] conta a história do planeta Terra estar practicamente nas últimas. Nada resta daquilo que antes foi a natureza verdejante do nosso mundo e toda a humanidade está a morrer. Não só por toda a falta de condições naturais mas também porque o nosso mundo está a ser atacado por uma raça alienígena que insiste em nos limpar da superfície porque são maus e pronto. Até têm um motivo, mas é tão banal e desinteressante que eu nem quero estragar aqui “o twist” do argumento. Isto se vocês chegarem acordados até ele claro está.
Um dia é recolhida uma cápsula vinda do espaço e quando analisada, as autoridades informam a população de que esta contêm um mapa que levará uma missão espacial até ao planeta Iskandar onde poderá encontrar-se a cura para toda a devastação da humanidade. Logo é escolhida uma tripulação e a nave Yamato é lançada para o espaço nessa missão de confirmar se existirá de facto em Iskandar algo que poderá salvar a Terra.
Isto claro, com os alienígenas atrás tentando impedir o sucesso dos nossos herois, assim ao melhor estilo Cylons contra humanos.
Ah, e claro que há uma história de amor pelo meio.
Nem se nota.

[“Space Battleship Yamato“] é um daqueles filmes de que apetece logo gostar muito. Especialmente se vocês forem fãs de Space-Opera e sempre acharam que o Japão poderia ser um bom local para se filmar umas boas aventuras espaciais ao melhor estilo clássico. Isto já que nos Estados Unidos toda a gente parece ter medo de filmar histórias de aventuras no espaço e depois ser comparado com o sucesso de Star Wars.
Inclusivamente muita gente hoje ainda pensa que foi George Lucas que inventou o estilo e o género Space-Opera devido ao sucesso de “A Guerra das Estrelas” desde os anos 70 quando este desenterrou o estilo clássico das aventuras espaciais dos anos 30 e 40 e o transformou no template cinematográfico que se conhece hoje e que muito pouca gente voltou a usar por medo de ser considerado plágio.

Se virem o trailer de [“Space Battleship Yamato“] e gostarem de Space-Opera muito provavelmente ficarão logo com vontade de comprar o filme. Cuidado.
Recomendo que o vejam de um torrent primeiro, porque isto não é o filme divertido que vocês esperam e que toda a gente gostaria que pudesse ter sido.
Surpreendentemente é até bem menos divertido do que “The X-From Outer Space” se é que acreditam numa coisa destas.
[“Space Battleship Yamato“] leva-se demasiado a sério e por isso espalha-se ao comprido em tudo o que tenta atingir.
Além disso, para completar a colagem ao estilo Michael Bay, ainda por cima a banda sonora é cantada em Inglés por nem mais nem menos do que Steven Tyler dos Aerosmith…hmmmm…..onde é que a gente já viu isto antes ?….Em que filme com um asteroide gigante é que…hmmmm…..
Isto é absolutamente deprimente.

Não só [“Space Battleship Yamato“] tenta ser um clone á americana made in japan daquilo que Michael Bay faz em Hollywood como ainda por cima a própria música da banda sonora parece ela mesma um clone da sua “versão” mais famosa que o próprio Steven Tyler já tinha gravado para “Armageddon”.
Isto para nem falar do final do filme, meus amigos…
Deprimente.

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CLASSIFICAÇÃO:

Com muita, muita pena minha leva a mesma classificação do filme abaixo, o que demonstra claramente que o facto de um filme ter excelentes efeitos especiais não significa automáticamente que seja um bom filme de FC ao contrário de produções mais antigas ou modestas.
[“Space Battleship Yamato“] acerta ao lado em tudo o que se propõe fazer e aquilo que deveria ter sido uma fantástica e divertida Space-Opera japonesa, acaba por ser um produto muito decepcionante, chato e por vezes bastante irritante.
Tinha tudo para ser fantástico e pelo visto dinheiro também não lhe faltou e não passa de um mau clone de um estilo que por si só originalmente já nem sequer é grande coisa.
Uma tigela e meia de noodles, apesar de ser um daqueles filmes de que apetece gostar mesmo muito. Mas depois acordamos para a realidade.
Querem uma boa space opera japonesa ? Vejam antes o “X-Bomber/Starfleet” pois apesar de primitivo e ser todo em marionetes tem mais alma e emotividade que esta produção modernaça cheia de estilo e efeitos a sério.

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A favor: Bons efeitos especiais, bom design de produção, boa fotografia, contém algumas paisagens fantasticas.
Contra: os personagens não têm interesse, os diálogos arrastam-se no vazio, as cenas de acção são muito breves e totalmente desinspiradas, não tem nada que não tenham visto já mil vezes noutros sitios, tenta imitar o mais popular de Hollywood e espalha-se ao comprido, nota-se o constante desespero de produzir um filme á americana quando se calhar a chave do sucesso estaria na sua identidade original, a história resume o Anime mas não tem grande imaginação ou interesse, pura e simplesmente não é divertido.
Ah, e o cabelo á Michael Jackson do heroi dá-me cabo dos nervos. 🙂

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=Row0rYFQCHs

Ainda não está a venda na altura em que escrevo isto.

Download aqui com legendas em PT/BR

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt1477109

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