The Monkey King 2 : The Legend Begins (2016) ChinaThe Monkey King 2) Pou-Soi Cheang (


Wow !
Até ao momento [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] foi para mim a surpresa do ano em termos de cinema, pois desta não estava nada à espera.
Apanhar com uma sequela assim principalmente depois do primeiro filme ter sido tão …ehm…inclassificável… foi verdadeiramente um prazer no que toca à descoberta de novos filmes de Fantasia.

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O personagem do –Monkey King– apesar de pertencer à própria cultura popular chinesa, para mim sempre foi absolutamente insuportável. Estas versões modernas, não são a primeira adaptação do conceito que trouxe este heroi para o cinema, mas independentemente de que versão tenha aparecido no mercado desde há décadas, para mim este Rei Macaco sempre foi o equivalente oriental ao Jar-Jar-Binks no Star Wars e portanto quem percebe esta referência já está a imaginar a tragédia e o quanto insuportável se pode tornar um personagem num filme de fantasia. E este ainda conseguiu ser pior, se é que tal lhes parece possível.

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[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] apesar do subtitulo “The Legend Begins” é na verdade a sequela do filme “The Monkey King” de 2014. Ou melhor, por acaso pareceu-me quase uma espécie de -reboot- não assumido desta franchise oriental. [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] está para “The Monkey King” e para a série de adaptações clássicas de filmes Chineses -“Journey to the West”- como o novo Star Wars – The Force Awakens, está para o universo Star Wars.
Apesar de referenciar muitos dos acontecimentos anteriores, [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é muito semelhante ao novo Star Wars na forma como usa tudo o que já foi feito anteriormente em cinema para de certa forma recomeçar a saga de -Journey to the West- e as aventuras de Monkey King com um novo fôlego.
E que fôlego meus amigos !

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Muito raramente se encontra uma sequela que melhore por completo o que foi feito no filme anterior mas [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é definitivamente um verdadeiro manual de como se olha para um primeiro título e se consegue reparar practicamente todos os defeitos e falhas apresentadas na primeira adaptação.
Estava a ver isto e a pensar que quase parecia que o os criadores deste segundo filme tinham lido a minha review do primeiro “The Monkey King“, anotado cada uma das minhas queixas e melhorado tudo o que eu tinha apontado de negativo. Curiosamente, ao ler um par de outras reviews profissionais na internet, notei que também outras pessoas sentiram exactamente o mesmo que eu senti e também pela mesma razão gostaram agora também mesmo muito desta sequela.

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Afinal [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é bom porquê ?
Para dizer a verdade, isto começou e durante os primeiros vinte minutos ou algo assim, eu já pensava – not again – e já me preparava para desancar forte e feio também nesta sequela.
Para quem viu o primeiro capítulo disto (não é obrigatório), certamente também o inicio desta sequela lhes irá parecer mais do mesmo. O personagem continua insuportável, acontecem lutas em animação CGI histérica desde o primeiros segundo sabe-se lá porquê pois não têm grande contexto para nos situar na acção e até se anda à porrada com um típico dragão chinês só porque este tinha mesmo que voltar a aparecer no filme, (pois é realmente muito cool sim senhor) e não havia maneira de certamente o encaixar noutra parte da história.
Portanto, tudo péssimo no início deste filme, sem olharmos para isto em comparação com o que esperávamos que tivesse evoluído desde a primeira aventura.

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No entanto, continuem com o filme e vão descobrir que pouco a pouco irão ficar estranhamente mais interessados em tudo o que se passa no ecran e quando vocês darem por isso já estão a adorar aqueles personagens. Personagens que à partida parecem vir a ser tão rídiculos quanto o heroi mas que quando vocês chegarem ao final deste filme, mal podem esperar para os voltar a ver numa parte 3 que espero sinceramente que seja produzida com a qualidade e identidade deste segundo capítulo.
Atenção, toda a minha review enquadra-se num contexto de cinema de Fantasia. Se vocês não têm qualquer interesse por dragões, feiticeiros, cidades encantadas e montros míticos chineses, então é melhor passarem à frente e irem ver outra coisa qualquer que eu tenha recomendado por aqui.
Se chegaram até aqui, gostam de Fantasia e procuram uma história que se torna absolutamente cativante então estão no sítio certo.

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Aliás, o grande trunfo de [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] está no facto de ir melhorando a cada minuto que passa. Este foi para mim um daqueles raros filmes em que senti que o que ainda estava para vir ia ser melhor e felizmente desta vez não me enganei.
Especialmente a nível de personagens.
Felizmente que alguém percebeu que o “The Monkey King” anterior precisava mesmo de uma renovação e de um grande melhoramento a nível de humanização dos herois para deixar de ser apenas o festival técnico de CGI sem alma que caracterizou o primeiro filme.
E é precisamente na humanização dos herois que [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] desta vez acerta em cheio.

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Não parece ao início; a quantidade de efeitos digitais em modo ultra histérico continua absolutamente elevada a todo o instante mas mais uma vez se demonstra que se calhar um mau filme não está no exagero de efeitos digitais ou num excesso de cenas com efeitos especiais mas sim no facto de muitos filmes suportados em efeitos não os conseguirem mostrar dentro de um contexto concreto com pesonagens de que fiquemos a gostar.
[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] pega em tudo o que falhou no primeiro filme a nível de personagens e exagero de efeitos sem alma, para melhorar tudo isso e desta vez temos uma história que trata tão bem os seus protagonístas que depois o exagero de efeitos já nem parece problemático; isto porque tudo está em perfeito equilíbrio precisamente porque desta vez ficamos mesmo a gostar de acompanhar cada um dos herois sem sentirmos que andam perdidos em intermináveis cenas de ecran verde para nada.

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[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é um filme que sabe quando deve parar. Pelo meio de tanta porrada digital, tanto efeito, tanto design espectacular ainda sobra espaço para um excelente desenvolvimento de personagens. A história está polvilhada de pequenos momentos que humanizam cada heroi (e até a vilã) e ainda consegue arrancar um par de momentos verdadeiramente dramáticos no melhor dos sentidos. É nessa altura que nos apercebemos que se calhar esta filme é bem melhor do que nos parecia pois damos por nós a nos importarmos realmente com a relação entre os personagens.

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E suspense. Este filme consegue ter suspense ! Até mesmo numa história de fantasia algo formulática em termos de estrutura consegue criar um par de momentos de tensão bastante bons que só contribuem para o espírito de aventura geral. E consegue isto até mesmo em cenas completamente afundadas em animação de CGI, o que não deixa de ser um feito notável.
Da mesma forma que os personagens vão ficando mais complexos, também a animação digital vai ficando mais espectacular e as cenas de acção vão se tornando mais histéricas. Só que desta vez tudo resulta, porque todo o filme já encontrou o seu equílibrio à muito.
Deixem-se levar por este universo e vão encontrar um dos melhores mundos de fantasia dos últimos tempos.

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Em termos de acção nota-se um esforço evidente para que cada cena de porrada apresente algo diferente. Nem sempre resulta, mas percebe-se que o filme está cheio de boas tentativas de nos divertir com cenas de luta o mais variadas possível.
[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é um filme de artes marciais dentro daquele estilo –Fantasia– muito assente em acrobacias com fios (que muita gente não gosta), passado num mundo algo semelhante ao de “The Promise” ou “The Restless” e é tudo o que por exemplo o ultra-decepcionante “Monk comes down the mountain” não conseguiu ser no que toca à criação de um universo de fantasia único envolvendo lutas de artes marciais.

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É certo que em [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] os efeitos especiais continuam a ser por demais, mas desta vez como tudo está bastante bem equílibrado quanto a mim isso só contribui mais para nos transportar para um verdadeiro mundo encantado, numa China mítica que tem algo a ver também com o espírito das Mil e Uma Noites…e…macacos me mordam se não há por aqui neste filme um par de piscadelas de olho aos filmes de aventuras arábicas do clássico criador de efeitos especiais Ray Harryhausen (filmes de Sinbad dos 50,60,70s); pois a cena da luta contra os esqueletos neste filme parece ser uma verdadeira homenagem à cena clássica do filme com as aventuras de Sinbad que muita gente interessada pelo cinema de Fantasia clássico, conhece.

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Adoro quando um filme de fantasia me consegue realmente transportar para um mundo imaginário e há muito que não via algo que tivesse tido esse efeito da forma como [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] o fez agora. Nem os recentes -The Hobbit- de Peter Jackson tiveram esse efeito em mim na sua totalidade e muito menos tinha encontrado qualquer título oriental recente que tivesse conseguido criar um mundo realmente único dentro do género da Fantasia desde “The Promise” há dez anos atrás; talvez com excepção do divertido “Dragons Nest: Warrior´s Dawn” no que toca ao puro cinema de animação.

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[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] acerta em cheio na criação de um mundo imaginário. Apesar de ser assumidamente –cinema de Photoshop– essencialmente, consegue no entanto abrir-se a uma escala épica que tinha faltado em absoluto ao primeiro “The Monkey King“. Desta vez já tudo não se passa apenas num único ambiente e os nossos herois fazem realmente uma veradeira viagem por um mundo de fantasia onde encontramos as paisagens mais variadas e imaginativas que para mim são absolutamente essenciais quando se pretende transportar o espectador para um outro universo.

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Os herois viajam por desertos, florestas, vales, montanhas sem neve, montanhas com neve, cidades em ruínas, capitais épicas (com sabor a Mil e Uma Noites), templos perdidos, torres demoníacas, masmorras e todo um sem numero de locais que adorei percorrer e que contribuiram totalmente para solidificar aquele mundo de fantasia que mesmo construído em CGI sente-se no entanto como real; (essencialmente porque assenta em bons personagens).
Em vários momentos parece que estamos  a ver um excelente livro ilustrado com um qualquer conto de fadas muito imaginativo visualmente e portanto nota alta para o concept-design desta aventura.

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E por falar em personagens, o filme pode chamar-se [“The Monkey King 2: The Legend Begins“], mas desta vez, felizmente já tudo não precisa de girar à volta do protagonísta. Na verdade senti que os criadores deste filme perceberam que o -“sindroma Jar-Jar-Binks”– poderia realmente continuar a dar cabo desta saga e desta vez o próprio Monkey King mesmo apesar de continuar histérico com o raio e com um riso absolutamente irritante está no entanto mais contido. Não só tem momentos de pausa muito bons em que podemos vislumbrar uma verdadeira humanização por detrás do personagem, como este faz parte de um grupo mais vasto e funciona mais como complemento central onde toda a história assenta do que própriamente tem o papel central.

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A haver um heroi se calhar é o personagem do monge que tem a missão de viajar para Oeste em busca dos escritos sagrados do Budismo, mas mesmo este não resultaria se não estivesse apoiado pelos restantes membros do grupo de herois e portanto temos aqui um verdadeiro -ensamble cast- em vez da história ser apenas uma desculpa para cenas de acção histéricas com o Monkey King. Todos os personagens importam e tudo resulta por causa dessa química que há entre eles e que nos fazem gostar de acompanhar o seu destino.

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[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é também um filme sobre o vilão da história. Ou melhor, sobre a vilã. Uma verdadeira feiticeira completamente inspirada na bruxa má da história da Branca de Neve (ou pelo menos parece) e que acaba por ser o coração emocional do filme, até na forma como a sua história está depois ligada ao próprio destino do monge e irá afectar toda a acção e desenvolvimento dramático no segmento final da aventura que resulta em pleno.

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Este personagem da feiticeira é um espectáculo. Não só a caracterização e o design são perfeitos, como depois tudo o que envolve efeitos especiais em torno da sua Magia é absolutamente cativante. [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] contém realmente muito boa animação CGI e se calhar não se nota, mas é nos momentos mais calmos envolvendo o personagem da vilã que nos damos conta como bons efeitos digitais quando resultam realmente contribuem para nos transportar para um mundo imaginário e nem por um instante nos lembramos que estamos a ver um persoangem de fantasia.

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Já falei sobre a origem desta história noutras reviews, mas para quem não sabe “Journey to the West” é assim uma espécie de saga da literatura clássica chinesa com uma forte tradição budista e em termos de comparação com Portugal é quase o equivalente aos “Lusíadas” só que com muito mais imaginação como podem ver pelos filmes se já os conhecem.
O Rei Macaco é apenas um dos persongens dessa saga mas é um dos herois míticos mais populares da China.
Curiosamente esta nova franchise do “Monkey King” é quase uma sequela (e prequela também) de um dos títulos orientais que já comentei por aqui, chamado “A Chinese Tall Story” e que na verdade é outra adaptação de mais um bocado desse texto clássico chinés (texto por demais enorme para ser adaptado num único título mas com material para aventuras inesgotáveis que certamente ainda iremos continuar a ver muito pelo cinema de fantasia chinês).

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De resto, o que mais dizer sobre este filme ? Falha no quê ?…
Bem, se calhar muitos cenários digitais são exageradamente digitais, se calhar tem alguma acção demasiado exagerada; mas a verdade é que desta vez isso não é de todo um problema. Só o facto de eu estar aqui a tentar esforçar-me para encontrar algo de verdadeiramente mau sobre este filme para postar aqui, é sinónimo de que se calhar achei [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] ainda melhor do que eu pensei.

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Ah, e a banda sonora não se nota à primeira, mas é excelente e absolutamente perfeita para este tipo de história. Só me apercebi o quanto a música deste filme tem personalidade quando a estava ouvir nos créditos e fiquei com  vontade de comprar o cd  e tudo.
E por falar em créditos, vejam o filme até ao fim. 😉

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CLASSIFICAÇÃO:

Ainda pensei atribuír-lhe “apenas” cinco tigelas de noodles porque isto afinal não será própriamente o Casablanca e é apenas um filme de efeitos especiais bastante bom, mas a verdade é que eu realmente adorei [“The Monkey King 2: The Legend Begins“].

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Como cinema de Fantasia foi dos títulos que mais gostei nos últimos anos e acima de tudo gostei do facto de não ter gostado dele no início mas depois ao acabar só me apetecia ver uma terceira aventura e é muito raro encontrar cinema de efeitos especiais num modo histérico que me consigam cativar tanto.
Este vou comprar mesmo em Blu-Ray pois aposto que a versão 3D vai ser realmente fantástica, até porque o filme está cheio de momentos visuais que irão resultar muito bem de certeza absoluta nesse formato. Normalmente nem tenho grande curiosidade pelo 3D mas abro uma excepção concerteza para esta aventura.

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Transportou-me verdadeiramente para um mundo imaginário que não questionei de todo e só por isso vale cinco tigelas de noodles e um Golden Award.

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A favor: corrigiram tudo o que estava mal no primeiro filme da saga, desta vez temos personagens de que gostamos, a vilã é fantástica, é muito variado em termos de ambientes e criaturas imaginárias, tenta variar também  nas cenas de luta, consegue criar um mundo de fantasia sólido mesmo com todo o cgi à mistura, excelentes paisagens, parece um livro ilustrado em muitos momentos, bom sentido épico, boa banda sonora, muito divertido, deixa-nos com vontade de continuar a acompanhar aqueles personagens

Contra: os primeiros vinte minutos são algo caóticos e tudo parece banal e mais do mesmo em relação ao primeiro título de 2014, é cinema photoshop e portanto se são alérgicos a efeitos especiais deste género podem não gostar disto, se não gostam de cinema de fantasia em jeito de conto popular chinês esqueçam este título.

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NOTAS ADICIONAIS

TRAILER

 

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt4591310

Outra review:
http://www.hollywoodreporter.com/review/monkey-king-2-film-review-860996

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the monkey king 2_05
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Mtime.com

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COMPRAR BLURAY [várias opções à venda no Oriente]

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COMPRAR BLU-RAY REGIAO ZERO/LIVRE na YesAsia
http://www.yesasia.com/us/the-monkey-king-2014-blu-ray-3d-2d-taiwan-version/1035437909-0-0-0-en/info.html

COMPRAR BLU-RAY REGIAO ZERO/LIVRE na DDHouse
http://www.dddhouse.hk/products/monkey-king-2-the-3d2d-blu-ray-2016

(Em Hong Kong na Play Asia, sai em Maio de 2016 – várias opções)
BLURAY [região zero]
3D e 2D – http://www.play-asia.com/the-monkey-king-3d2d/13/707qw5
3D apenas – http://www.play-asia.com/the-monkey-king-3d/13/707qvt
2D apenas – http://www.play-asia.com/the-monkey-king-2d/13/707qvx

DVD [região zero(?) por confirmar ainda…]
http://www.play-asia.com/the-monkey-king/13/707qvp

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Se gostou deste irá gostar de:

A Chinese Tall Story capinha_Themonkeyking capinha_sorcerer_and_white_snake capinha_restless capinha_snow-girl

capinha_vikingdom capinha_dragon nest The Promise

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Cinema_oriental_no_facebook

 

 

Visage (Visage) Ming-liang Tsai (2009) China – Taiwan – França


A menor classificação que dei a um filme por aqui até hoje foi de 1 tigela de noodles, mas já há muito que eu  procurava por algo realmente abjecto que tivesse a honra de inaugurar a pior classificação de sempre neste blog.
Só que isto pedia alguns critérios; sim porque eu não poderia atribuir a pior classificação de sempre apenas porque um filme era mau. A coisa teria de ir para além do mau, até porque filmes maus é coisa que não falta por aí.

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Muitos inclusivamente já me passaram pela frente e eu nem sequer os mencionei por aqui, porque sempre achei que nem valia a pena perder tempo com eles. Eram simplesmente maus e pronto. Pode-se até dizer, foram insignificantemente maus e sendo assim também teria sido injusto para muitos se eu tivesse feito reviews sobre eles. Apenas porque se eu atribuísse a pior classificação de sempre neste blog a um deles, em breve muitos nas mesma condições também teriam de ser mencionados e classificados como tal, o que retiraria qualquer força posterior á pior classificação de sempre.

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Não. A pior classificação de sempre teria de ser realmente bem merecida e para isso não bastava um filme ser fraco, desinteressante, ou mau. Muito menos poderia ser baseado em qualquer obra potencialmente mal filmada, até porque como comprovei agora com o filme que irei referir de seguida, o – filmar bem – não é para aqui chamado, pois não garante de todo um bom filme. Na verdade, o que não falta por aí são filmes geniais precisamente por muitos deles estarem tão mal filmados, montados ou produzidos que depois se tornam divertidissimos.

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Sendo assim como atribuir a pior classificação de sempre neste blog a um filme ?
É simples. Trés conceitos.
– A capacidade para – estupfactar – (sim eu sei, inventei agora um verbo novo);
– A capacidade para aborrecer de morte até moscas que já faleceram no ano passado;
– A capacidade para ser irritante como o raio ! Mas irritante ao ponto de sentirmos vontade de esmurrar o realizador e obrigar os produtores a explicarem onde estavam com a cabeça quando investiram nisto !

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Mas acima de tudo, aliado a estes três factores, o filme ideal para receber a pior classificação de sempre por aqui teria de ser pretensioso como o “#$#%”$ ! Pretencioso ao nível de – tá aqui, tá a levar um estalo na cara !
Bem vindos a [“Visage”], outro filme do realizador de “Goodbye Dragon Inn”, que já tinha sido um produto estranho mas ao menos não tinha ainda atingido o nível de –“instalação artística” que supostamente esta obra prima agora almejou alcançar…e pelo visto para muito crítico iluminado por aí, alcançou mesmo.
Aliás, segundo certa crítica iluminada, parece que [“Visage”] é de uma genialidade insuperável. Um filme onde se filma os momentos mortos que ocorrem entre uma história em vez de se filmar a história própriamente dita, o que tem deixado muito intelectual de festival de cinema europeu extasiado.

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Não tenho nada contra o conceito. Por acaso é uma boa ideia e nas mãos de Hong Kar Way poderia ser absolutamente poético, só que o realizador Ming-Liang-Tsai não é de todo Hong-Kar-Way embora o trailer desta obra até aponte para algo dentro do género, o que devo confessar, me fez ficar bastante interessado no filme.
Curiosamente o realizador aqui nesta entrevista refere que ofereceu o papel principal feminino á actriz Maggie Cheung e não entende porque esta recusou entrar no filme !!! (?!) Jura… Porque será…
Ainda bem que este dvd me foi oferecido por uma amiga minha que sabendo do meu interesse por cinema oriental, decidiu procurar um dvd que eu ainda não tivesse visto. Acertou em cheio. Pelo menos, o trailer é altamente !
[“Visage”] foi possivelmente um dos filmes mais irritantes que alguma vez vi. Mais que cinema é essencialmente uma instalação artística de duas horas e meia e é dificil descrever por palavras o quão pretensiosa esta coisa é.

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Na primeira meia hora de filme, iniciamos a “história” com um plano de uma chávena de bica em cima de uma mesa de café onde durante mais ou menos cinco minutos ouvimos conversas casuais. Depois passamos para o interior de uma cozinha de um apartamento onde assistimos a um homem lavando a loiça quando rebenta um cano e em tempo real durante largos minutos de plano fixo, assistimos ás tentativas do senhor para impedir que a água se espalhe pela casa.
Seguidamente com a casa toda alagada, a cena muda para aquilo que supostamente será o quarto onde está a mãe do senhor acamada e quase catatónica. O senhor aproxima-se da mulher, destapa-lhe a barriga e começa a aplicar-lhe uma pomada durante mais um par de minutos, até á altura em que a mulher lhe agarra na mão, a coloca dentro das suas cuecas e começa a masturbar-se com a mão do filho.

Eu repito…
O senhor aproxima-se da mulher, destapa-lhe a barriga e começa a aplicar-lhe uma pomada durante mais um par de minutos, até á altura em que a mulher lhe agarra na mão, a coloca dentro das suas cuecas e começa a masturbar-se com a mão do filho.

Bem, o filme [“Visage”] está classificado como – comédia – por isso, acho que esta foi a parte para rir.

É arte.
É metáfora.
É poesia.
É subversão.
É um statement sobre a solidão na terceira idade.
É um filme porno para doentes de alzheimer.
É cinema !
É só rir !

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E o cinema continua…lembrem-se que o filme vai no inicio e faltam ainda duas horas de looooooooooooooooooooooooooooooooonga metragem para nos extasiarmos com:
Cenas na neve com gente a correr numa floresta á volta de espelhos; cenas na neve com gente numa floresta a dançar á volta de espelhos; cenas na neve com gente numa floresta a cantar canções espanholas (mexicanas, venezuelanas(?)) á volta de espelhos e finalmente cenas na cidade… não, estava a brincar; são mais cenas na neve com gente numa floresta a falar ao telémovel. Está bem, estou a exagerar…é só uma pessoa a falar ao telemóvel. Numa floresta…com neve…e espelhos.
Na secção cenas sem neve…ainda numa floresta, temos a excitante sequência onde a meio da noite sabe-se lá porquê o realizador tem um encontro tipo cruising com outro tipo atrás das moitas e … bom, vocês já estão a ver a ideia. Grande momento de tensão sexual aqui também. Deve ser a parte de suspanse do filme. Ou a parte romântica, tipo – amo-te muito, joga-me a boca fachavor que eu tenho de passar á próxima cena sem qualquer lógica depois deste interlúdio em que fazemos o amor nas moitas.
Só é pena não sabermos porque tudo isto acontece. Não é o pseudo-erotismo gay que irrita, mas sim a total ausência de contexto para a cena existir !
Por outro lado, veados não faltam neste filme também…nos sítios mais inesperados…deve ser surrealismo inteligente concerteza…

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Pelo meio, temos a Flabella do Astérix que entra neste filme para fazer de gaja boa a cantar, gaja boa a ser apalpada por outras gajas boas e gaja boa para tapar vidros e espelhos com fita cola preta em tempo real por várias vezes, cortando e colando fita a fita enquanto olhamos maravilhados para esta treta a acontecer; o que naturalmente será outra metáfora inteligente sobre a negação da beleza ou uma estupidez qualquer. Ou então não…isto sou eu a armar-me.
Duas horas depois percebemos que o filme tem algo a ver com o Louvre pois aparece uma cena em que alguém sai de uma das suas paredes por debaixo de um quadro. Algo me diz que essa cena foi inserida à pressão quando o realizador se lembrou que o museu do Louvre tinha financiado esta -obra de arte- e ele ainda nem sequer tinha colocado nenhuma cena passada no seu interior.
É que o financiamento do Louvre teve por base a produção de obras de arte que tivessem a ver com o próprio museu. Devem ter ficado extasiados de contentamento quando descobriram que a única referência ao local foi o realizador ter mostrado uma parede com um quadro. Bora lá filmar uma parede porque ninguém nota e assim o Louvre entra “na história”. Fascinante. Tanta Arte junta é verdadeiramente sublime.

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E quando percebemos que gastamos tempo precioso da nossa vida a contemplar esta obra de arte, ainda somos brindados com um final magnifico em duas partes. Na primeira o realizador do filme dentro do filme está dentro de um saco de plástico, numa banheira rodeado por porcos abatidos pendurados em ganchos de um talho e uma gaja boa em bikini despeja-lhe concentrado de tomate em cima. Teoricamente a simbolizar sangue, digo eu que também sou iluminado. Depois várias raparigas desnudas dançam e apalpam-se ao seu redor em estilo dança indiana eventualmente simbolizando a deusa Khali com vários braços ou algo assim…(daqui pouco também já posso ir aos festivais extasiar-me)…
A cena muda para mais uma câmera fixa onde se vê um lago de jardim com gente a passar durante alguns minutos, aparece outro veado e o filme rola os créditos finais.

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Isto ultrapassa em muito todo o lixo intelectualoide pretensamente surrealista que já foi inclusivamente produzido cá por Portugal, um país que durante anos foi especialista em produzir “obras” semelhantes a esta maravilha. Aliás , [“Visage”] é tão mau e ridículo que poderia ser perfeitamente mais uma produção portuguesa destinada a mais um daqueles festivais para clubes de amigos onde se perpétua este tipo de cinema para conhecedores gourmet e que habitualmente é também produzido aqui neste meu Portugal à beira mar naufragado.
Em Portugal já filmamos de tudo; desde relva a crescer em tempo real, velhos a contarem pintelhos e até filmes com telas pretas (sim meus amigos do Brasil, Portugal fez um filme onde a tela está preta durante mais de metade da narrativa e os “espectadores” (ou)viam o filme (no escuro) como se fosse um … audio-book. No cinema. Chama-se “Branca de Neve” (a sério); procurem, vão “adorar”…e não o vosso televisor não estará estragado. O écran é mesmo para estar negro o tempo todo)…Como não podia deixar de ser, foi mais um filme do produtor portuga Paulo Branco, especialista em sustentar génios do cinema nacional que gastam dinheiro a fazer “instalações” cá por estas bandas e [“Visage”] não destoaria de todo de uma dessas obras de arte.

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Repito, [“Visage”]  é tão mau que podia perfeitamente ser um filme português !
O problema aqui nem é a total inexistência de uma história, mas sim a subjectividade da narrativa. Atiram-nos com vinhetas aparentemente isoladas (que se esticam por demais no tempo) e nunca há um contexto para as coisas acontecerem. Qualquer cena em tom níilista poderia ser atirada para esta montagem que não se notaria diferença. Estou seriamente convencido que o argumentista e realizador disto terá um grave problema existêncial. Se calhar queria ser realizador em Portugal mas nasceu Chinês !
Supostamente isto é suposto ser sobre as filmagens de uma versão de “Salomé” que está a ser produzida por uma equipa de cinema em França tendo por realizador um tipo Tailandês e portanto a coisa estará cheia de metáforas a condizer que farão paralelo com a obra pretensamente em produção; mas meus amigos…isto simplesmente não resulta.
E não resulta apenas pela inexistência de um contexto para as coisas acontecerem, mas principalmente por causa da aura “Artsy” que emana de cada fotograma desta coisa, como se o importante fosse a criação artística no sentido mais hermético e pessoal e não o filme.
Onde claro, nem sequer faltam as inevitáveis referências literárias que são o próprio equivalente em prosa desta maravilha cinematográfica.
Alguém se esqueceu que o cinema supostamente deveria ser feito para os espectadores e não apenas para contemplar o umbigo do realizador…pensando bem, se calhar este Ming até terá uma costela Portuguesa e não sabe…
Essencialmente esta obra de arte, estaria bem melhor numa daquelas galerias podres de modernas do que numa sala de cinema.

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É que na verdade não é o facto de [“Visage”] ser cinema de autor que enerva. Enerva por ser precisamente por causa de instalações artísticas como esta que o cinema de autor tem o mau nome que tem junto de muito público por cá !
Se eu pela minha parte não suporto cinema americano estilo Michael Bay, X-Men e pastilhas elásticas que tais por serem o exemplo perfeito da comercialidade levada a extremos secantes e previsíveis onde desaparece toda a magia do cinema, também não suporto o seu extremo oposto no que toca a cinema fora do circuito comercial. Esta coisa do cinema de autor para certos génios, ter que parecer obrigatóriamente muito hermético, inteligente e cheio de simbolismo tem um efeito tão mau e desinteressante como Hollywood só produzir pastilhas elásticas previsíveis sem graça.

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Aquela ideia de que um lixo intelectualoide e pretensioso como [“Visage”] será automáticamente um produto superior à pior pastilha elástica Hollywoodiana é precisamente a razão porque coisas como esta ainda continuam a ser produzidas sabe-se lá com que apoios, porque na verdade tão mau é o pior blockbuster gringo quanto a pretensiosa instalação artística seja de que país fôr.
Depois vêm com a história do “surrealismo” como se essa treta fosse a desculpa para tudo e quem não gosta, é porque não atinge o conceito, etc, etc, etc.
O facto de [“Visage”] se colar a Fellini em certas alturas não nos faz abrir a boca maravilhados pela audácia da homenagem; faz ter vontade de partir o écran o tempo todo ! E olhem que eu gosto muito de Fellini. Mais uma vez, isto é mesmo dificil de explicar. Só vendo mesmo.
O facto é que isto não se torna mais inteligente porque mete a martelo referências a tudo o que supostamente será “Arte” conceituadíssima. Acho que até há por aqui um toque de cinema no estilo Ken Russel algures… a atmosfera gélida de muitas cenas pseudo-eróticas tem ali qualquer coisa de cinema -artístico- inglés também…

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Portanto…
Capacidade para “estupefactar” o espectador desprevenido…
CHECK !
Aborrecer de morte até quem já está a dormir…
CHECK !
Irritar como o raio quem ainda consegue estar acordado…
CHECK !
Ser insuportávelmente pretencioso…
CHECK, CHECK , CHECK !

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Vão me perguntar se esta coisa não tem coisas positivas…
Tem sim senhor. O problema disto não é a realização mas sim o próprio conceito. O filme contêm alguns bons momentos esporádicos em termos visuais e a maneira como usa a música está bastante interessante, o que em certas alturas parece que vai fazer o filme descolar para algo realmente surreal e despretensioso.
Infelizmente depois voltamos à realidade…
Se ainda estivermos acordados…ou o televisor estiver intacto.

De qualquer forma como eu não percebo nada disto, aproveito desde já para deixar aqui também um link para uma review de um senhor que parece saber do que fala, caso queiram espreitar outra opinião antes de confirmarem as minhas conclusões finais…

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CLASSIFICAÇÃO

Tão mau que não merece sequer qualquer comentário adicional apenas desprezo por irritar por demais. Definitivamente o pior filme oriental que já me passou pela frente.
Tão mau que parece cinema Português com tudo o que o cinema-de-autor portuga acarreta. [“Visage”] está a esse nível e por vezes ultrapassa-o.
Foi o segundo pior filme de autor que vi nesta onda pseudo-surrealista.
O primeiro prémio continua a ir para um filme português de que um destes dias ainda falarei noutro blog, quando o tentar rever…

Visage21

Relembro que este [Visage] está classificado como – COMÉDIA… o que deve ser a única piada ligada ao filme… a não ser que a cena de incesto seja cómica e eu não apanhei o humor da coisa.

ZERO TIGELAS DE NOODLES

A favor: O trailer faz lembrar o melhor de um cruzamento entre uma homenagem a Fellini e o estilo Hong Kar Way na forma como usa a música; banda sonora com canções hipnóticas que dão um certo charme ao filme mas dura pouco.

Contra: Não passa de uma enorme e insuportável instalação artística cinematográfica ao pior nível, a total abstracção e subjectividade das sequências evidencia em demasia o esforço para mostrar o quanto este argumento será inteligente durante o tempo todo, é longo como o raio e parece maior por causa das típicas cenas onde se pode ficar a ver a relva a crescer durante dez minutos sem qualquer razão para isso…metafóricamente falando que eu também me quero armar em iluminado. Tenta ser subversivo e chocar pelo sexo mas depois nunca tem coragem suficiente para ir mais longe e fica a meio caminho entre um erotismo sem nexo e um porno que nunca foi feito, a fragmentação episódica da narrativa é absolutamente enervante, está cheio de diálogos que não servem para nada… a não ser que sejam -arte- e eu não tenha notado…Total desperdício dos excelentes actores franceses que sabe-se lá porque carga de água aceitaram participar nesta estupidez, consta que é uma comédia.

AVISO: Este filme pode prejudicar gravemente a vossa intenção de dar uma oportunidade ao cinema de autor. Não deixem que esta -obra de arte- os impressione, pois há cinema de autor muito divertido e empolgante. Se quiserem dar uma oportunidade ao género recomendo que comecem pelo cinema de Wong Kar Way pois actualmente é uma boa entrada. Ou então espreitem um Fellini dos anos 70 que é sempre bem mais divertido do que esta imitação imbecil e descaracterizada.

Se tiverem mesmo que ver isto, então recomendo que antes para se prepararem psicológicamente espreitem o bastante mais interessante “Goodbye Dragon Inn” do mesmo realizador e que embora não deixe de ser uma seca descomunal, ao menos não tem a aura pretenciosa de [“Visage”].

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NOTAS ADICIONAIS:

Trailer
https://www.youtube.com/watch?v=uQJRR7OxnC8

Visage03

Comprar na FNAC portuguesa
http://www.fnac.pt/Face-Visage-sem-especificar/a670634

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt1262420

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Ye yan (The Banquet/Legend of the Black Scorpion) Xiaogang Feng (2006) China


Serei eu o único que já não pode mais com “adaptações” do Hamlet/Otello baseadas em obras de Shakespeare ?!
Serei eu o único a achar que repetirem pela milésima vez a mesma história retira por completo qualquer força e suspanse dum filme mesmo que este se passe em locais diferentes, exóticos e até sumptuosos ?

Pessoalmente o género de intriga palaciana aborrece-me de morte. Não posso com histórias de traições e manipulações políticas baseadas em esquemas de bastidores e muito menos quando envolvem a inevitável mulher fatal ambiciosa que vai limpando tudo e todos até chegar ao poder e descobrir que alguém também lhe quer fazer uma limpeza.

E não posso com o género de intriga palaciana precisamente porque parecem-me todos iguais e todos cópias do que Shakespeare tornou famoso.
Fico sempre com a sensação de que os autores deste tipo de filme o parecem querer elevar a um nível intelectual qualquer só pelo facto do trabalho poder depois ser comparado á obra de um escritor de renome.
E a coisa parece funcionar junto de alguma crítica “iluminada” pois só o facto de uma história ser mais outra adaptação de Hamlet  é logo garantia de reviews excelentes como se muitos críticos tivessem medo de serem desconsiderados por falarem negativamente sobre algo baseado numa obra mui considerada.

Comprei este filme oriental no Natal de 2008 e foi a pior compra do ano. Comprei-o porque o trailer me tinha agradado e parecia-me ser um Wuxia imaginativo. Na verdade fui completamente enganado pelo seu visual fabuloso, até porque o trailer de [“The Banquet“] é mais um daqueles que não tem nada a ver com aquilo que depois o filme é.
Se pensam que vão ver um Wuxia cheio de estilo e sequências de acção podem tirar o cavalinho da chuva.
[“The Banquet“] não é o que parece no trailer. É apenas mais um filme de intriga politica e esquemas de bastidores envolvendo traições, seduções e envenenamentos onde não existe a mais pequena centelha de suspanse !

A tensão deste filme oriental é absolutamente zero.
Se não conhecerem as peças de Shakespeare ou nunca tiverem visto qualquer adaptação de Hamlet ou de Otello se calhar ainda poderão encontrar algo de inesperado nesta história e conseguir acompanha-la com algum agrado.
Mas se já viram mil vezes a mesma intriga adaptada de todas as maneiras possíveis e imaginárias noutros lados podem ter a certeza que não vão encontrar absolutamente nada de novo ou de fascinante neste [“The Banquet“] e se forem como eu e não lhes interessar o género de intriga palaciana possivelmente irão achar este filme chinês aborrecido de morte.

E isto mesmo com todo o visual absolutamente incrível (e incrivemente desperdiçado) presente em [“The Banquet“].
Este filme asiático não só tem uma das melhores atmosferas negras de estilo quase gótico que poderão alguma vez encontrar num filme oriental como ainda por cima todo o ambiente cénico é plenamente usado suportar a história.
O problema é que nem isso a consegue salvar de ser aborrecidamente previsível e por isso por mais que eu me tenha forçado a adorar este filme por tudo o que aparece no ecran em termos de qualidade técnica a verdade é que achei tudo um enorme desperdício de recursos pois toda a alma do produto se evapora na total falta de interesse da intriga.
Uma história nem sempre faz um filme e o cinema oriental está cheio de filmes com histórias banais que no entanto são absolutamente fascinantes, mas para isso é preciso que os personagens também o sejam e consigam transmitir alguma emoção ao espectador. Coisa que não acontece nesta obra.

[“The Banquet“] é apena uma extraordinária colecção de imagens absolutamente notáveis, salpicadas por um par de sequências de acção bem coreografadas mas pouco emocionantes porque toda a gente já sabe como acabarão ainda os personagens nem deram a primeira estocada ou salto no ar. Tudo porque já vimos esta história e estas cenas de acção antes.
É muito dificil falar deste filme. Por um lado apetece-me cascar-lhe á força toda pela falta de ambição em procurar ser algo mais original a nível de argumento, por outro lado se conseguem disfrutar de um trabalho cinematográfico apenas pela perspectiva visual, não podem perder [“The Banquet“] porque é realmente incrivel e dos poucos filmes orientais que se podem comparar visualmente com “Curse of the Golden Flower“.

Não há muito mais que eu possa dizer sobre isto.
Bom casting, aliás,  Zhang Ziyi tem aqui uma das suas melhores prestações no papel da ambiciosa e muito Evil gaja má do filme pois consegue fazer passar o seu lado humano e todo o restante elenco cumpre perfeitamente embora em personagens de cartão.
A fotografia é do melhor e toda a parte cénica do filme está muito bem cuidada a um ponto tal que até acaba por irritar pois tudo é tão desperdiçado nesta história absolutamente previsível e banal já levada ao ecran dezenas e dezenas de vezes.

Se calhar estou a ser injusto mas este foi um dos filmes orientais mais desinteressantes que vi dentro do género Wuxia. E não parece ser esse tipo de filme no trailer.
O que mais irrita é que não é um filme que se possa dizer que seja mau. Na verdade não há nada de muito grave que se lhe possa apontar. Ou negativo sequer.
No entanto por debaixo de tanta ostentação encontra-se apenas um produto extremamente mediano e isso não deveria ter acontecido.
Teria sido bem mais simples dizer que o filme não presta, mas não seria justo faze-lo.
Espreitem porque poderão talvez gostar.
Pessoalmente se eu pudesse teria devolvido o dvd e ido buscar de volta o dinheiro que paguei por ele. Curiosamente este foi um daqueles dvds que eu comprei convencido que iria adorar o filme, pois como já disse o trailer realmente enganou-me por completo e não estava nada á espera que isto fosse mais um clone de Shakespeare sem qualquer ponto imaginativo.

Ainda por cima ia quase comprando o filme em dvd duas vezes !!! É que aqui no ocidente ele está editado duas vezes. Uma com o titulo [“The Banquet“] e outra com o titulo “Legend of the Black Scorpion“, ambos com trailers diferentes inclusive.
Por isso cuidado. São os dois o mesmo filme !!
A única diferença é que o dvd do “Legend of the Black Scorpion” tem uma edição como deve de ser em que o formato original de imagem é respeitado, enquanto que (ainda por cima) o dvd [“The Banquet“] que comprei tem a imagem adulterada dos lados não respeitando os enquadramentos.
Por isso cuidado.

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CLASSIFICAÇÃO:

Poderei estar a ser injusto mas este filme não me disse grande coisa e inclusivamente não me deixou vontade nenhuma de o rever tão cedo apesar de ser incrivel a nível visual.
Se gostarem do género intriga palaciana, adoraram “Curse of the Golden Flower“, então têm aqui algo que irão gostar de ver certamente apesar da total previsibilidade do argumento.
Se forem como eu e não poderem com filmes de intriga politica, traições e venenos então sugiro que saltem este filme pois não é o Wuxia de acção que aparenta ser no trailer.
Por detrás de todo o visual espantoso está um produto bastante banal, previsivel e sem chama que pode aborrecer de morte muita gente, não por ser um mau filme pois não é, mas porque merecia ter-se tornado num clássico. Só precisava de um argumento com imaginação.
Quanto a mim leva duas tigelas e meia de noodles apenas porque é apenas um filme muito interessante e devia ter sido inesquecivel.

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A favor: o visual é absolutamente notável e provavelmente uma obra prima nesse aspecto, o design é fantástico, a fotografia idem, parece uma colecção de incriveis fotografias em movimento, guarda roupa idem, as paisagens naturais, a interpretação de Zhang Ziyi é fantástica e totalmente carismática.
Contra: não fiquei com a minima vontade de o rever tão cedo, nem a fantástica interpretação da protagonista do filme consegue evitar que a história seja do mais aborrecido e previsível que possam imaginar, não é o Wuxia que aparenta ser no trailer e as cenas de acção não têm grande impacto emocional apesar das boas coreografias, a previsibilidade retirou todo o suspanse do filme, o casting é bom mas os personagens são de cartão e a maioria está no filme para morrer e pouco mais, quanto clones mais das peças de Shakespeare é que vocês conseguem aguentar ?

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=a4D9JwtqFyY&feature=related

COMPRAR
The Banquet [2006] [DVD]

Legend Of The Black Scorpion (a.k.a. The Banquet) [DVD] [2006] [Region 1] [US Import] [NTSC]

Podem no entanto espreitar o filme antes aqui.

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt0465676/

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Zhan shen chuan shuo (MoonWarriors) Sammo Hung Kam-Bo (1993) China


Se entendermos o Cinema por Ilusão, então [“MoonWarriors“] será provavelmente um dos melhores exemplos desse tipo de magia no que toca a filmes saídos do oriente.
Não por ser um grande filme oriental, ou por nos transportar para um mundo cheio de fantasia, mas porque sem recorrer a efeitos especiais modernos (sem CGIs), consegue uma coisa que se torna absolutamente divertida quando revemos o filme uma segunda vez.
E mais não digo porque desta vez o filme nem tem qualquer surpresa. Não esperem propriamente um twist daqueles que lhes trocam as voltas, mas esperem o inesperado.

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Vamos fazer uma coisa, eu mais á frente irei revelar algo com que não contam (conscientemente) e por isso quem ainda não conhece este filme asiático, tente vê-lo sem cair na tentação de ir espreitar o final desta review onde falarei sobre o assunto.
A sério, não façam batota. E façam-me o favor de nem tentarem ler mais reviews disto na net.
Vejam simplesmente [“MoonWarriors“] e divirtam-se.
Depois quando o virem uma primeira vez, voltem aqui a esta review, porque quando lerem o que tenho para lhes contar mais abaixo e depois forem rever o filme, garanto-lhes que estarão a ver um filme oriental completamente novo.

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[“MoonWarriors“] é como um bom truque de magia em que o espectador nem repara que o está a ver quando acompanha esta obra pela primeira vez. Mas, ao contrário de um truque de magia, neste caso quando ficamos a saber como fomos enganados o filme não perde o seu encanto. Muito pelo contrário pois ganha uma nova vida, agora podem ter a certeza de que nunca mais o irão ver da mesma maneira quando conhecerem o seu segredo, por isso aproveitem bem uma primeira visão porque nunca mais a irão repetir.

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Vão notar que nem sequer vou dar uma classificação muito espectacular [“MoonWarriors“], mas não é porque o filme seja fraco. Apenas este é uma daquelas obras tão flutuantes que depende muito da nossa disposição aquilo que achamos dele. Umas vezes adoro-o, outras nem me parece nada de especial e por isso o mais justo é dizer-lhes logo que é realmente um bom filme chinês. Sem mais nem menos. É bom e com espaço suficiente para que o espectador insira depois uma classificação maior ou menor consoante aquilo que retirar dele.

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Na verdade [“MoonWarriors“] quanto a mim é um daqueles filmes orientais únicos dentro do estilo. O que não falta no cinema oriental são Wuxias de todos os tipos, mas normalmente seguem sempre um fórmula exacta. Não própriamente apenas na história mas principalmente na criação de atmosfera e no tom de cada filme.
Talvez com excepção de “Hero”, raramente o género Wuxia se afasta muito daquilo que o espectador espera encontrar e normalmente até quando se afasta o resultado nem tem sido dos melhores pois as obras ou entram por um forçado estilo de cinema de autor (salvo raras excepções como o fabuloso “Ashes of Time” de Hong Kar Wai), ou então ficam a meio caminho entre o cinema de aventuras ou de kung-fu puro e simples.

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No caso de [“MoonWarriors“] o resultado foi bem diferente. Este é um daqueles exemplos que tinha tudo para ser uma salganhada mal cozinhada de vários estilos mas no entanto tudo resulta. E o mais extraordinário é que nenhum dos estilos está sequer particularmente bem conseguido nesta obra de cinema oriental.
Resulta também porque tem um design particularmente cuidado e onde também tudo parece muito mais sumptuoso do que na realidade é. Nota alta portanto para o aproveitamento de ambientes naturais e  cenográficos onde ainda se incluiem um par de bons cenários como por exemplo a aldeia do heroi junto ao mar.

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[“MoonWarriors“] é uma estranha mistura entre filme Wuxia, cinema de aventuras, filme de kung-fu, comédia desbragada, cinema de Fantasia (com umas referências a “Legend” ao estilo Riddley Scott) e onde nem sequer faltam um par de cenas gore com baldes de sangue quanto baste atirados á cara do espectador da forma mais estúpida e ridiculamente hilariantes. E mais não digo…
Ah…e também tem uma pitada de “Free Willy” o que dá ao filme alguns momentos ainda mais pirosos.

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No entanto, pelo meio de todo este cozinhado, ainda consegue ter um par de momentos sérios, pois muita da motivação de alguns personagens está bem assente em pensamentos puramente filosóficos que nos fazem conseguir acompanhar as cenas mais “parvas” do filme aceitando os personagens como eles são pois apesar de toda a loucura visual nunca sentimos que os personagens são de cartão. O que é ainda mais estranho pois nem sequer estão particularmente bem trabalhados ao nível da história. Se é que podemos dizer que o filme tem uma história, pois é do mais cliché que possam imaginar.

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Mas [“MoonWarriors“] é verdadeiramente divertido.
Não é um grande filme, mas a sua (falta de) originalidade cativa-nos.
Além diso está cheio de bons actores e actrizes entre as quais a sempre excelente Maggie Cheung (“In The Mood For Love”) que é a principal protagonista da história.

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Um aviso, quem odeia filmes orientais com gajos e espadas a voar da forma mais ridicula por tudo quanto é lado pendurados por fios “invisíveis” vai detestar esta obra por isso não se dê ao trabalho.
Quem espera um filme de kung-fu puro e duro cheio de sequências de porrada de criar bicho também é melhor não perder tempo.
Agora quem quiser ver algumas das sequências de acção com fios mais alucinantes do cinema oriental e não se ofender com a falta de realismo e o estilo cartoon Bugs Bunny de algumas sequências tem aqui uns bons 90 minutos para passar.

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E depois que souber do que lhes vou contar a seguir ainda vão curtir mais o filminho.
Por isso meus amigos…
SE AINDA NÃO VIRAM O FILME,
PAREM IMEDIATAMENTE DE LER
ISTO !
Não estraguem metade da piada que há em verem [“MoonWarriors“].

Se já viram [“MoonWarriors“] então selecionem o texto do parágrafo abaixo e leiam o seguinte:

POR ACASO NÃO ME ESTÃO A ENGANAR ?
VEJAM O FILME ANTES DE LEREM ISTO !
Estão avisados.

[“MoonWarriors“] está cheio de curiosidades geniais sobre o making of. Se comprarem o Dvd, irão contar com um comentário áudio absolutamente extraordinário onde se revelam muitas das coisas de que agora vou falar aqui e que são a razão de eu classificar o filme como um dos melhores exemplos sobre a criação de ilusão no cinema que poderão encontrar no mercado.
Notaram que eu referi que a actriz Maggie Cheung é uma importante protagonista feminina deste filme.
O que vocês nem imaginam é que ela apesar de entrar em practicamente toda a história só filmou durante dois dias para [“MoonWarriors“]. E melhor ainda, não gravou practicamente nada para a sua participação apesar de entrar em todas as cenas importantes da história e “contracenar” com todos os actores do filme.

O que me dizem vocês se eu lhes contar que Maggie Cheung só se encontrou uma vez com os seus colegas de elenco ? Em [“MoonWarriors“] só existe uma única cena com os quatro actores principais do filme realmente juntos no ecran e ainda por cima é apenas uma breve imagem do grupo montado a cavalo e que dura apenas  segundos sem sequer ter diálogos !
Por acaso repararam no extraordinário design do chapéu que Maggie Cheung usa neste filme ? O que vocês nem imaginam é que aquele look (que se tornou famoso e muito elogiado como uma peça importantissima do design criativo de [“MoonWarriors“]), na realidade nem sequer foi pensado e foi criado á pressa quando os criadores do filme souberam que só iriam contar com a actriz durante dois dias.
Esse adereço de guarda roupa, está no filme apenas com uma finalidade, o de esconder o mais possível o rosto da actriz de forma a que depois o realizador possa usar uma dupla para as cenas que não estavam no contrato de Maggie Cheung.
Topem-me só isto…vão ver o filme de novo…

TODAS as cenas em que não se vê o rosto de Maggie Cheung em que ela esteja a olhar directamente para a câmara (não conta o perfil), foram filmadas com uma dupla da actriz. Até mesmo as partes que nem sequer são de acção. Os breves segundos que vocês poderão encontrar ao longo do filme em que vêem realmente Maggie Cheung a falar para a camara foram os únicos segmentos gravados por ela para [“MoonWarriors“]. Tudo o mais sempre que não lhe vêem a cara foi filmado com outra pessoa. E nem sempre foi com uma mulher. Algumas sequências em que o espectador julgava estar a ver Maggie na realidade foram até filmadas com um homem usando o seu fato !
Agora percebem porque até vestida de Ninja a Maggie andou. Isto de só se verem os olhos tem as suas vantagens para o realizador quando a actriz principal nem sequer entra practicamente no filme. Alguma vez tinham pensado nisto quando assistiram ao filme ?
Há muito mais, mas teria de escrever um texto só para isto. Se quiserem descobrir mais segredos muito interessantes dos making of, sugiro que oiçam o comentário audio do dvd pois é daqueles que vale mesmo a pena e onde vão saber por exemplo que a cena onde a heroina do filme transporta o heroi ferido ás costas durante uma longa caminhada foi apenas filmada num único local e onde a camara era a única coisa que se mexia em redor dos actores para dar a ilusão de que caminhavam pelo cenário.
Ah, e se virem um campo de flores no filme, fiquem a saber que elas foram todas plantadas uma por uma pela equipa na noite anterior pois o filme foi quase todo feito num único local e não havia nada do género para o ambiente que pretendiam dar.

Sendo assim e como não há muito mais de relevante que possa agora ser contado em poucas palavras fiquem então com a classificação.

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CLASSIFICAÇÃO:

Um Wuxia divertido e cheio de surpresas que lhe dão uma nova vida quando conhecemos alguns segredos de bastidores.
Não é brilhante, mas é um daqueles filmes orientais que são simplesmente bons. Nem mais nem menos.
Quem gosta de filmes asiáticos com gajos a voarem com espadas em coreografias do outro mundo pendurados por fios “invisiveis” vai adorar este. Isto se não se importar com um estilo algo anárquico que vai do kung-fu ao cartoon tipo Road Runner.
Trés tigelas e noodles. Acrescentem ou diminuam mais ou menos uma a vosso gosto, porque este é um daqueles que uma vez se curte imenso , outras nem por isso. Depende da disposição do momento e da pachorra para o estilo.

noodle2.jpg noodle2.jpg noodle2.jpg

A favor: A cenografia da aldeia piscatória, as cenas de porrada com fios, kung-fu quanto baste, alguns litros de sangue nos locais mais inesperados e uma decepação de cabeça hilariante, o estilo humoristico que nem por isso deixa de equilibrar com a parte dramática, alguns pensamentos filosóficos muito interessantes introduzidos no desenvolvimento de um par de personagens, a piroseira atmosférica das cenas com a baleia, os poucos cenários construidos são bem aproveitados e filmados ao detalhe, Maggie Cheung (não) está genial.
Contra: a história não tem interesse, a lovestory muito menos, os personagens são de cartão na maior parte das vezes, o vilão não mete respeito nenhum, as coreografias são tão hilariantes que se tornam mais do mesmo e perdem um pouco da energia á medida que o filme avança, a falta de cenários grandiosos ou variados prejudica o ambiente pois sente-se sempre que lhe falta algo que o torne verdadeiramente naquele épico Wuxia que poderia ter sido, o design de produção até é bom, mas já vimos tudo aquilo em dezenas de outros produtos do género, a realização não deslumbra e a fotografia sofre em alguns momentos daquele estilo videoclip horroroso com focos de luz por todo o lado e muito fumo para disfarçar a falta de cenários ou paisagens, foi literalmente filmado num “quintal” á volta da produtora e nota-se apesar do enorme esforço do realizador para disfarçar a inexistência de cenários.

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer

http://www.youtube.com/watch?v=Cw4t6XxGd_0

Comprar
moonwarriors16

Podem comprá-lo em separado, mas recomendo a edição que eu tenho e que faz parte desta bonita caixinha que ainda devem poder encontrar á venda numa loja da FNAC perto de vocês aqui em Portugal e que foi onde eu comprei a minha por 15€ há um bom par de meses.
Em alternativa está á venda na Amazon Uk por um bom preço.
Os outros filmes são, o clássico Dragon Inn e um dos Wuxias que supostamente veio reavivar o género chamado The Swordsman que pessoalmente acho um vazio absoluto. Mas a caixa  vale a pena , especialmente porque contém um excelente comentário audio em MoonWarriors.

Se preferirem podem comprá-lo isoladamente também na Amazon Uk em Sellers de confiança.

IMDB (cuidado com os Spoilers)
http://www.imdb.com/title/tt0108650/

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Shinobi The Promise A Chinese Tall Story

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Bao hu lu de mi mi (Secret of the magic gourd) John Chu, Frankie Chung (2007) China


Ao contrário do que é habitual nos estúdios de Hollywood, desta vez os americanos não compraram os direitos de um filme oriental para o refazer á moda ocidental.
A Disney teve a boa ideia de investir num produto totalmente made-in-china e produziu este divertidíssimo filme para crianças que combina o melhor do cinema comercial (cheio de boas intenções) com uma identidade oriental genuína.
Sendo assim [“Secret of the Magic Gourd“] já fica na história como a primeira grande produção de um estúdio americano capitalista na indústria cinematográfica de um regime comunista e não deixa de ser curioso isto ter acontecido com um produto essencialmente infantil.

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Infantil, mas não estúpido. Ao contrário das habituais produções Disney em imagem real para crianças e adolescentes esta história não conta com putos imbecis ou pré-adolescentes clones da Britney Spears com romances de cordel e banda-sonora para vender mp3 aos fãs dos Morangos com Açucar ou a pitas que querem ser “famosas” como as “Just Girls“.
Por isso meus amigos, estejam descansados que [“Secret of the Magic Gourd“] não é de forma nenhuma a parte 20 do “Highschool Musical” e mesmo contendo um personagem principal que não passa de um cartoon animado consegue ser um filme menos infantil do que practicamente tudo o que tem passado  por cinema para crianças saído dos EUA nos últimos tempos.

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[“Secret of the Magic Gourd“] é um pequeno grande filme que não tem problemas em assumir-se por completo como cinema infanto-juvenil e consegue-o fazer sem precisar de recorrer a argumentos debiloides com crianças de cartão. Aliás, uns dos grandes trunfos desta produção são precisamente os personagens infantis.
Há muito tempo que não via um casting com tantas crianças resultar tão bem. Não sei se será do argumento, ou da direcção de actores mas os putos deste filme têm uma presença extraordinária pela sua simplicidade e naturalidade. Dez minutos depois do filme começar esqueçemo-nos por completo que estamos a ver um grupo de pequenos actores pois parece que aquelas crianças pertencem realmente áquela realidade retratada pelo argumento.

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Outra coisa excelente nesta produção da Disney é a própria realização do filme. Apesar de toda a atmosfera infantil da história, esta obra consegue ter um par de momentos absolutamente mágicos. Nomeadamente os primeiros 25 minutos do filme e os últimos 10 são excelentes e tudo no ecran resulta a vários níveis. Podem ter a certeza que conseguirá maravilhar o espectador que se deixe levar por aquele espírito de voltar a ser criança que é plenamente traduzido em mágnificas imagens durante toda a duração deste cativante filme oriental.

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Visualmente [“Secret of the Magic Gourd“] é um verdadeiro catálogo visual de como se deve criar um filme infantil com qualidade.
Como se os efeitos especiais digitais não fossem já absolutamente fantásticos em todos os aspectos técnicos (produção 100% chinesa), este filme conta com uma sucessão de enquadramentos absolutamente mágicos. Não só a cor do filme tem um tratamento fabuloso, como toda a montagem está feita com base numa enorme colecção de imagens em movimento extremamente bem planeadas e que transformam o filme num verdadeiro livro ilustrado como se fosse formado por uma enorme quantidade de pinturas animadas.

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Nota de destaque para a enorme sensação de espaço aberto que o filme transmite. Não só contém uma grande quantidade de paisagens fantásticas como tudo parece ter sido filmado com uma lente de grande angular o que visualmente se traduz numa enorme profundidade de detalhes onde cada imagem tem inúmeras coisas a acontecer numa espécie de bailado natural coreografado ao pormenor e onde até o mais pequeno pormenor importa para a composição de cada imagem; coisa de que só nos damos conta quando paramos para reparar na beleza de algumas das imagens deste filme. Até os cenários interiores parecem espaçosos e estão carregados de coisas para o espectador explorar. Resumindo, quem admira visuais muito bem cuidados, pode nem gostar deste filme, mas vai gostar dos verdadeiros “quadros” em movimento que nos entram pela casa dentro a cada novo enquadramento.

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[“Secret of the Magic Gourd“] conta a história de uma criança muito imaginativa que não se consegue integrar muito bem junto dos amigos devido á sua necessidade de ser constantemente criativo e que um dia depois de alguns desaires junto da escola e dos colegas encontra numa floresta de bamboo uma abóbora mágica.
Sim, eu sei…deixem o cérebro á porta e entrem na onda.
Tal como o tradicional génio da lâmpada também a abóbora lhe concede a concretização de todos os seus desejos o que inevitávelmente irá criar um caos absoluto e o nosso jovem heroi irá aprender que se calhar nem sempre é bom recebermos tudo aquilo que gostariamos de ter.

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Outra nota positiva; a moral do filme é directa mas não é pirosa. Apesar de simples o argumento contorna sempre muito bem tudo aquilo que poderia ter tornado o filme numa história infantil intragável para quem não pode mais com aqueles filmes para crianças americanos cheios de patriotísmo e moral cristã de pacotilha.
Podem estar descansados neste caso. Simples, directo e sem perder tempo com redundâncias morais.
Além disso tudo gira á volta do personagem da Abóbora (?) Mágica e o personagem tem carísma suficiente até para nos fazer esquecer as inevitáveis fraquezas deste tipo de argumentos que visam pregar algum tipo de comportamento.

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E por falar em Abóbora…
Aquilo é uma abóbora ou uma cabaça ? Será uma cabaça uma velha abóbora ? … Estou baralhado.
De qualquer forma, seja o que aquilo for, eu quero uma !
Este personagem consegue ter momentos absolutamente divertidos. Primeiro apesar de óbviamente ser um personagem digital num instante nos esqueçemos desse facto e segundos depois de ter surgido no ecran já nem nos lembramos que o boneco não tem existência física. Quanto a mim é um dos mais geniais personagens cartoon dos últimos anos e apesar de não ter própriamente grande originalidade no seu conceito e na sua personalidade, é um boneco com mais vida que muitos personagens humanos de alguns filmes de cartão que se encontra por aí.

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A abóbora mágica, é uma espécie de Obi-Wan-Kenobi dos vegetais mas com a desvantagem de ser um bocado trapalhão. Não por ser um idiota, mas porque desconhece demasiado sobre as relações humanas e como tal raramente acerta em algo que a criança lhe pede, o que dá logo um resultado muito divertido.
Trivial mas tudo muito bem executado e cheio de personalidade.
E isto aliado ás excelentes interpretações do elenco de crianças dá imediatamente credibilidade a este mundo de sonho feito na China que na minha opinião conseguiu fazer aquilo que a Disney não tinha há muito; um filme infantil de imagem real com uma verdadeira alma.
Mesmo apesar de ser mais um exemplo daquele tipo de cinema digital estilo photoshop.

Hong Kong Disney China

Quanto a mim a única grande desvantagem deste filme está no facto de ser o que é, um produto realmente infantíl e completamente destinado a ser apreciado por crianças.
Tem suficientementes elementos excelentes para ser apreciado por adultos, mas não deixa de ser um produto ultra-previsível e por causa disso, apesar de ter uma primeira parte completamente excelente e um final emocional bem trabalhado, muito do meio do filme pode tornar-se um bocado desinteressante.
Isto porque o conteúdo central do argumento não traz nada de novo, mostra-nos sempre mais do mesmo e não há nada na história que nos possa surpreender ou manter-nos interessados durante muito tempo além do excelente trabalho dos actores infantis e da abóbora ser completamente carismática.

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Felizmente que o filme tem pouco mais de 80 minutos ( e mesmo assim por causa do desinteressante desenvolvimento a meio da história, este parece ser muito maior). No entanto devido á sua curta duração, nunca se arrasta por muito tempo e como tal consegue ser um produto comercial infantil que não aborrecerá de morte até o adulto mais resistente a este tipo de produções.

Ps: vejam os créditos finais até ao fim.

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CLASSIFICAÇÃO:

Um dos melhores filmes infantís (de “imagem real”) produzidos pela Disney em muitos anos.
Trés tigelas e meia de noodles, pois é realmente muito bom e merece estar junto de qualquer colecção de cinema oriental.
Não lhe dou melhor classificação só porque apesar de tudo é um filme para o público infantil e portanto a nível de argumento não tem própriamente nada que nos supreenda ou nos agarre particularmente.
Não será algo que andarei sempre a rever embora seja um produto técnicamente muito bom mesmo .
Mas aquela abóbora mágica é genial e o filme tem um ambiente mágnifico.
Trés tigelas e meia de noodles porque vale mesmo a pena.

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A favor: a sequência espacial de abertura, o elenco infantil é excelente com destaque para o protagonista, o argumento trata as crianças como pessoas com personalidade, a abóbora é um persongem cheio de personalidade e muito divertido, o filme tem um excelente equílibrio entre animação e comédia infantil, não aborrecerá de morte os adultos, tem uma história com moral sem ser moralista, apesar de ser um produto Disney tem uma identidade Chinesa pois o filme é totalmente made-in-china, os efeitos especiais são excelentes, a primeira e a última parte do filme são excelentes, em muitos momentos tem um ambiente verdadeiramente mágico, excelente realização com uma óptima fotografia e inúmeras imagens fascinantes, 85 minutos é a duração perfeita. Já lhes disse que a abóbora é genial ?
Contra: é um filme destinado ao público infantil e como tal não tem própriamente um argumento que cative os mais crescidos, a parte central da história arrasta-se pois não tem grandes surpresas na sua estrutura apesar dos efeitos especiais serem excelentes e a abóbora continuar a divertir sempre que aparece no ecran.

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=fcEjDKUS5Ck&feature=related

magicgourd01

Comprar
No momento em que escrevo isto, o filme está a menos de 4 libras na Amazon Uk como parte da campanha de preços baixos deles neste Verão de 2010, por isso meus amigos é aproveitar. 😉

Filme na Web com legendas em Pt (Brasil) – Obrigado pela dica Takeshi, excelente blog.
http://asianspace.blogspot.com/search?updated-max=2008-10-07T13%3A51%3A00-03%3A00&max-results=7

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