Let the Bullets Fly (Rang zi dan fei ) Wen Jiang (2010) China


Há filmes sobre carros, há filmes sobre motas, há filmes sobre desporto, há filmes sobre fantasmas, há filmes sobre droga, há filmes sobre paixão, há filmes sobre cavalos, há filmes sobre cães, há filmes sobre sexo, há filmes sobre tragédias, há filmes sobre gajos, há filmes sobre gajas, há filmes sobre gajos e gajas, há filmes sobre vampiros lindos que brilham ao sol.
[“Let the Bullets Fly”] é um filme sobre pessoas que apontam pistolas umas ás outras.

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Quando vi o trailer, isto pareceu-me divertido e por isso fiquei bastante surpreendido por me ter decepcionado tanto com ele.
Curiosamente foi um daqueles filmes em que a partir de certa altura não conseguia deixar de olhar para o relógio. Quando [“Let the Bullets Fly”] chegou aos 90 minutos (que mais me pareceram duas horas), percebi que a coisa ainda iria durar e infelizmente acertei pois a história ainda se arrastou até para lá dos 120 minutos e sinceramente não percebo porquê.

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Se o filme tivesse tido menos uns 40 minutos de duração provavelmente seria muito divertido, mas assim como está na minha opinião tem minutos a mais para conteúdo de menos e apesar do que o titulo poderia indicar, há muita pouca bala a voar por aqui. E quando há, os tiroteios são algo insípidos, repetitivos e desinteressantes, o que torna [“Let the Bullets Fly”] num dos filmes de acção mais desinspirados que me lembro de ter visto nos últimos anos e francamente não estava nada à espera disto pois carísma não falta aos personagens.

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O trailer parece engraçado e eu que adoro “westerns” chineses preparei-me para me divertir à grande também com este filme, pensando estar na presença pelo menos de algo como “The Good the Bad and the Weird”. Infelizmente apesar de parecer, este tem demasiadas falhas para que se possa comparar com justiça com o divertido título Sul Coreano.
Na verdade não há nada de verdadeiramente mau em [“Let the Bullets Fly”] ; apenas é um produto desinspirado e não estava nada à espera que o fosse.
Tem uma coisa que para mim mata logo qualquer filme para cinema; em muitas partes mais parece um filme para televisão. Possui aquela qualidade visual de um produto televisivo; a fotografia é luminosa quanto baste mas não dá qualquer identidade visual á história e o facto de ser um filme muito rodado em exteriores também não ajuda.

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Falta aqui um pouco daquela magia que um bom cenário cria no espectador. Mesmo quando não nos recordamos que estamos a ver cenários visualmente nota-se imediatamente quando um filme é assente em –locations– reais onde não houve grande cuidado com o design de produção. Em certas alturas o filme parece um daqueles séries-b que aproveitam os cenários que havia à mão e pouco mais. Especialmente quando a própria fotografia evidencia isso de uma forma que parece saída de um episódio de telenovela. Há qualquer coisa nas texturas de um local verdadeiro que retiram logo aquela atmosfera de mundo à parte quando estamos a ver um filme e o facto da cinematografia aqui limitar-se a iluminar o que lá está para ser filmado sem grande preocupação de criar uma identidade gráfica, faz com que o espectador não consiga de todo empatizar com os ambientes naturais em que a acção decorre. Não falha por usar locais reais, falha porque a cinematografia não os torna mais especiais do que se estivessem a ser usados numa série televisiva.

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E por falar em acção [“Let the Bullets Fly”] é um filme onde se apontam armas o tempo todo, a tudo e todos e ao mesmo tempo é uma história onde raramente se pressiona o gatilho. E quando isso acontece, de repente a história perde ainda mais qualquer identidade pois os tiroteios são desinspirados, não são divertidos e quando são filmados no campo parece que estamos a ver um daqueles episódios de séries de cowboys dos anos 60/70 filmadas no rancho da Universal Studios.

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Maus apontam armas a bons, bons apontam armas a maus, maus apontam armas a maus, bons apontam armas a bons, boas apontam armas a bons, boas apontam armas a maus, bandidos apontam armas a comboios, bandidos apontam armas a mulheres, bons apontam armas a mais ou menos boas, mais ou menos boas apontam armas a maus e a bons e a mais ou menos bons…e isto durante 126 minutos praticamente.
Tiros é que há poucos para tanta antecipação, ameaças e build up.

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[“Let the Bullets Fly”] em muitas alturas mais parece querer ser um filme do Quentin Tarantino do que fazer justiça ao seu nome. Se há uma coisa que não se pode negar nisto é que não tenha diálogos bons. Por acaso o ritmo dos diálogos por vezes é alucinante a fazer lembrar o estilo de diálogo metralhadora em que  Tarantino se especializou e neste filme disparam-se mais palavras por segundo do que própriamente se disparam balas.
[“Let the Bullets Fly”]parece um Tarantino com uma pitada de Sergio Leone/Clint Eastwood onde se adicionam uns pózinhos de “The good, the Bad and the Weird” que já de si é plenamente inspirado na mesma fonte.

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Por isso mesmo é que eu acho que isto é um desperdício de bons actores. E actores excelentes é coisa que não falta aqui. Quem está habituado a ver aqueles épicos chineses, vai reconhecer caras quanto baste e toda a gente parece estar a divertir-se à brava neste filme com os seus personagens carismáticos.
Só é pena a história não os acompanhar.
O filme conta a história de um grupo de bandidos que rapta aquele que ia ser o novo governador de uma cidade, governada na realidade pela máfia local. O chefe do grupo toma o lugar de governador e logo os conflitos com o Corleone da zona começam. Mas não começa a acção própriamente dita.

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Volto a referir que [“Let the Bullets Fly”] é um filme onde se apontam muitas pistolas. Há enquadramentos cheios de estilo para todos os gostos com gente a apontar armas mas na maior parte do tempo não passa disso, pois o que conta são as repetitivas reviravoltas que a história atira ao espectador de dez em dez minutos, num ritmo perfeito , de agora enganas-me tu, agora engano-te eu enquanto os dois senhores da cidade tentam lutar pela supremacia da região sem nunca pretenderem chegar á porrada propriamente dita, embora pelo caminho lá vão morrendo uns gajos, ás vezes da forma mais inesperada…e sem balas…

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A ideia é engraçada, os personagens são excelentes; mereciam estar noutro filme e os actores idem. O problema é a repetição cíclica do tipo de burlas, enganos e reviravoltas que se calhar ficariam perfeitas numa comédia de acção com 80 minutos mas não se aguentam de todo numa muito longa metragem de mais de duas horas, pois a partir de certa altura começamos a perder a paciência para ver mais do mesmo, até porque tudo é bastante previsível. Os actores bem se esforçam para dar vida a um argumento que parece não saber bem como vai terminar a história e fica-se com a ideia que o realizador foi filmando até se decidir como acabaria o filme.

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Duas horas de gente a apontar armas em ritmo cíclico é demais. Por outro lado, [“Let the Bullets Fly”] tem uma coisa genial. Garanto-vos que vocês nunca viram uma morte de um herói como aparece neste filme !
Esta história deve ter a morte mais imbecil que já apareceu no cinema de aventuras e só lhes posso dizer que … é de dar voltas ao estômago…hehe.
Não se irão esquecer, porque é de ver para crer e uma morte destas só poderia aparecer mesmo num filme oriental sem qualquer sombra de dúvida. É ao mesmo tempo, arrepiante, nojenta, hilariante, surpreendente e estúpida como o raio ! Vão adorar.

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[“Let the Bullets Fly”] no entanto, tem uma coisa que é absolutamente insuportável.
No início tem piada, mas garanto que passados vinte minutos vocês já não vão conseguir ouvir mais gente a GRITAR !!!
Acho até, que a partir do meio do filme, já ninguém fala nesta história, toda a gente berra a plenos pulmões, não importa sobre o quê; o que interessa é gritar como o  raio por tudo e por nada !
Estão a ver aqueles Anime fofinhos para meninas em que as bonequinhas gritam histéricamente durante os episódios inteiros em guinchos fofinhos estridentes de arrepiar um gato ? Imaginem o mesmo, mas com gangsters e bandidos aos berros uns com os outros durante duas horas. Sem descanso.
Enquanto apontam pistolas entre si, óbviamente.
[“Let the Bullets Fly”]é um filme onde se apontam pistolas ao mesmo tempo que se berra muito !

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Parecem pitas histéricas e torna-se absolutamente irritante.
O que chateia nisto é que o filme até tinha tudo para ser genialmente divertido, mas o problema de ritmo narrativo causado pela constante repetição da fórmula durante duas horas, retira-lhe por completo toda aquela aura de western oriental em estilo cinema de aventura e faz com que [“Let the Bullets Fly”] se arraste por demais quando percebemos que apesar de contar com um bando de personagens divertidos, a história não vai passar dali.
É que não passa mesmo.

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O estilo televisivo da coisa também não ajuda e tudo isto contribui para que o filme tenha sido para mim uma inesperada decepção.
Parece que vai ter uma sequela e por mim espero sinceramente que consigam usá-la para reparar tudo o que falhou nesta primeira parte pois o conceito tem potencial e está mesmo a pedir um bom Western oriental, porque não é este ainda.

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CLASSIFICAÇÃO

Tinha tudo para ser um western chinés divertidissimo mas fica a meio caminho de tudo o que aparenta ser no trailer. Estive indeciso entre atribuir-lhe três tigelas de noodles ou duas e meia e acho que me vou ficar mesmo pelas duas e meia; isto porque na minha opinião não é realmente um bom filme (ao contrário do que aparenta) devido ás suas  falhas que na sua soma são mesmo muitas; apesar de pequenas é certo, mas suficientes para despersonalizar o filme. [“Let the Bullets Fly”] não é bom, mas é realmente muito interessante, pois há aqui uma boa ideia que ficou pelo caminho e se vocês gostam deste tipo de cinema de aventura vale mesmo a pena espreitarem, até porque não há muitos.
Quem sabe se não gostarão bem mais dele do que eu gostei.
Não é um mau filme. É apenas algo desinspirado…

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A favor: Os personagens são excelentes, os actores idem, tem diálogos alucinantes com um ritmo fantástico e muito divertidos na forma como ajudam a construir os personagens, é uma aventura despretensiosa e bem disposta, algumas cenas de acção quase que são excelentes e algumas piadas são engraçadas, está cheio de humor negro com muito sangue á mistura, tem uma das mortes mais inúteis da história do cinema e é de ver para crer.

Contra: As reviravoltas repetem-se constantemente, parece que fica sem ideias ainda antes do filme chegar a meio, há gente a apontar armas a mais e tiroteio a menos, o estilo “Tarantino” ás vezes é por demais uma referência óbvia para se tornar divertida, em muitas alturas parece um filme para televisão pois a cinematografia apesar de luminosa torna tudo demasiado televisivo, tem mais de duas horas quando era material que tinha ficado fantástico em 80 minutos, torna-se aborrecido e previsível bem antes do fim, as sequências de acção são desinspiradas e sem qualquer suspanse ou adrenalina, a gritaria é por demais a um ponto de se tornar absolutamente irritante.

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NOTAS ADICIONAIS:

Trailer

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IMDB
http://www.imdb.com/title/tt1533117

Comprar Blu-Ray
http://www.amazon.co.uk/Bullets-Blu-Ray-Jiang-Xiaogang-Carina/dp/B00E3PMMCC/ref=sr_1_3?s=dvd&ie=UTF8&qid=1399577216&sr=1-3&keywords=LET+THE+BULLETS+FLY

Comprar Dvd
http://www.amazon.co.uk/Let-Bullets-Fly-DVD-Chow/dp/B0082BM1WO/ref=sr_1_1?s=dvd&ie=UTF8&qid=1399577216&sr=1-1&keywords=LET+THE+BULLETS+FLY
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The Warrior’s Way (The Warrior’s Way) Sngmoo Lee (2010) Coreia do Sul / Nova Zelândia


O que raio estão Geoffrey Rush e Kate Bosworth a fazer num filme Sul Coreano de cábois com ninjas  filmado na Nova Zelândia ?!!!
De vez em quando aparecem-me pela frente filmes que me fazem ficar absolutamente frustrado por nunca ter tido oportunidade de os ver antes numa sala de cinema e [“The Warrior´s Way“] é o mais recente exemplo disto pois é simplesmente espectacular em todos os sentidos e não estava nada á espera de encontrar algo assim.

Mais uma vez se demonstra que no que toca a filmes pipoca, está mais que na altura de Hollywood colocar os olhos no outro lado do mundo para aprender como se fazem produtos realmente divertidos e carismáticos sem orçamentos gigantes e onde mesmo pelo meio de tanta artificialidade visual com efeitos especiais aos quilos conseguem criar-se histórias com alma e cheias de identidade.

[“The Warrior´s Way“] surpreendentemente foi um dos filmes de aventuras mais divertidos, cativantes e até originais que vi em muito tempo (pelo menos desde “Humanities End” no ano passado) e um dos melhores produtos pipoca que vi este ano; senão talvez o melhor.
Essencialmente estamos na presença de algo que a pertencer a um género será ao Anime (em imagem real), pois [“The Warrior´s Way“] é essencialmente um Western com Ninjas, artes marciais em ambiente steampunk e filmado em modo gráfico ao melhor estilo cinema-photoshop , que embora  usado anteriormente noutros filmes orientais muito antes de Hollywood o ter ido buscar, foi apenas popularizado no ocidente por causa do “300” de Zack Snyder.

Na verdade, estéticamente esta produção com cowboys e ninjas estranhamente é bem mais parecida com o francês “Vidocq” do que até com “300”, por isso se viram esse relativamente obscuro filme com Gerard Depardieu (que até estreou em Portugal no cinema) e gostaram dele quase que aposto que vão adorar [“The Warrior´s Way“].
Não sei quem é que resolveu cozinhar este conceito para um Western com Ninjas, mas o facto disto ainda por cima ser uma co-produção Sul Coreana e Neo Zelandesa, torna [“The Warrior´s Way“] logo em algo completamente inesperado e aposto que essa mistura de culturas não é alheia ao carísma único que sobressai deste pequeno grande filme de aventuras cheio de pormenores divertidos, muita acção e atmosfera extraordinária.

Como alguém disse numa review algures na net, [“The Warrior´s Way“] é um daqueles filmes, cheios de momentos “YES!”. Quero isto dizer que é uma daquelas aventuras cinematográficas em que por mais de uma vez nos apetece saltar do sofá em estilo Ninja também pois cria uma empatia extraordinária com o espectador que entra no espírito da coisa e não tem grandes preconceitos com o estilo extremamente digital que é usado para criar todo o visual da história.

Aliás, [“The Warrior´s Way“] é outro daqueles produtos que demonstra bastante bem que o excesso de efeitos especiais ou de artificialidade não tem que obrigatóriamente destruir um filme; ao contrário do que estamos habituados a encontrar na forma como o cinema americano lida com as novas técnologias onde cada pipoca cinematográfica é mais vazia do que a anterior.
Aqui temos um excelente exemplo de que o -Cinema- enquanto arte,  não precisa de estar ausente dos filmes pipoca e podem haver excelentes produtos ultra comerciais que não só equilibram as novas tecnologias com as formas mais tradicionais de narrar um argumento, como essencialmente poderão criar produtos cinematográficos com tanta qualidade quanto o dito cinema tradicional sempre foi capaz de fazer antes da chegada do digital.

Se a vocês a simples menção ao cinema digital os fizer querer desde já deixar este filme de lado, não o façam antes de o espreitar. Particularmente se gostarem de cinema de aventura.
Não se preocupem porque apesar de overdose de efeitos especiais e carradas de estilo artificial presentes em [“The Warrior´s Way“] , isto tem mais alma e identidade em cinco minutos do que os trés novos Star Wars juntos conseguiram em mais de dez horas de design gráfico sem personalidade.

Isto porque [“The Warrior´s Way“]  pode ser uma demonstração gigante de pirotecnia digital, mas não depende da técnica para nos cativar. Sabe antes, construir bons personagens que dá gosto acompanhar do principio ao fim e onde ao melhor estilo Sul Coreano ainda há espaço para um twist ou dois que cativa o espectador ainda mais.
Não esperem grandes surpresas no argumento, mas podem contar com um pormenor ou dois que os irá surpreender certamente.

Acho que não há um personagem nesta história que não seja interessante. Tudo é tão bem pensado a nível de protagonistas que até os secundários e inclusivamente os figurantes são fascinantes e têm o seu momento para brilhar no meio de tudo o que acontece na narrativa.
Isto acontece porque [“The Warrior´s Way“]  parte logo de uma boa base. Soube construir um universo á parte e fê-lo tão bem que depois foi simples colocar nesse mundo qualquer personagem porque seria quase impossível que este não resultasse bem.
Até o facto de isto ser um Western com Ninjas em estilo cinema de aventuras clássico, nos parece a coisa mais natural do mundo logo a partir dos primeiros minutos mal o heroi chega á velha cidade cheia de cowboys feios porcos e maus.

O ambiente deste mundo digital por vezes parece saído de uma canção de Tom Waits e se forem fãs do cantor/compositor vão perceber o que quer dizer mal vejam o filme e olharem para os personagens que envolvem o circo e o parque de diversões localizado atrás da cidade. Nem vale a pena dizer mais nada sobre isto porque quem gostar de Tom Waits, vai logo perceber a referência que estou aqui a tentar fazer.

Por outro lado –freaks– de todo o género é coisa que não falta em [“The Warrior´s Way“]. Desde os ninjas orientais ao fantástico Coronel, passando pelo inevitável pistoleiro aposentado e á miúda gira da cidade que perdeu toda a familia anos atrás, a galeria de personagens é não só totalmente cativante quanto são os desempenhos dos actores que as habitam.

Geoffrey Rush está totalmente fantástico (e irreconhecível) no papel do bêbado da cidade que foi outrora um grande pistoleiro e Kate Bosworth é totalmente cativante num personagem semelhante ao de Keira Knightley em “Os Piratas das Caraíbas” mas que resulta bem melhor aqui no contexto desta história bem mais simples.

O resto do elenco é perfeito, desde o heroi do filme que nos cativa logo de início, passando pelo  fabuloso vilão -Coronel- que consegue criar tanto bons momentos de humor quanto de tensão e suspanse, até aos restantes habitantes da cidade, toda a gente tem aqui um desempenho cheio de energia que passa para o espectador a todo o instante e torna esta aventura por demais entusiasmante á medida que o filme avança para a sua conclusão.

Ah, [“The Warrior´s Way“], além de ser um western com ninjas é ainda um filme com bébés.
E esqueçam os habituais personagens de bébés fofinhos irritantes que habitualmente conseguem tornar pastosos muitos argumentos com potencial. Muitas das melhores cenas deste filme envolvem o bébé da história que está practicamente presente em todos os gags por vezes hilariantes e não raras vezes cheios de suspanse também que irão encontrar em muitos momentos desta aventura onde só faltam mesmo é indios.

Até a história de amor nos cativa. Talvez fruto da sensibilidade de um realizador Sul Coreano, pois não esquecer que apesar de tudo isto ainda é um filme oriental…apesar de ás vezes nos esquecermos disso por ser essencialmente falado em inglés.
Não esperem um grande romance, mas podem contar com a habitual sensibilidade presente nas love-stories sul-coreanas desta vez aplicada a um ambiente bem diferente mas que funciona perfeitamente para intercalar entre os momentos de acção ou as partes mais humorísticas

Visualmente o filme tem momentos fabulosos.
O digital aqui é usado de forma perfeita para criar um universo á parte da melhor maneira e nunca parece excessivo.
A artificialidade do filme poderá não agradar a quem já decidiu que odeia filmes digitais, mas podem ter a certeza que desta vez todos os “excessos” visuais estão lá para tornar [“The Warrior´s Way“] numa espécie de livro ilustrado e não apenas para serem exibidos á parva.

Os ambientes e as paisagens desta história são uma das grandes razões porque este universo funciona tão bem e se torna bem mais credível do que poderiamos esperar num conceito tão maluco quanto este de ninjas, cowboys e bébés.
Nota máxima para o digital na minha opinião portanto, pois este filme não seria o mesmo sem ele.
É quase um personagem tão importante quanto os de carne e osso.

E por falar em carne e osso, as cenas de acção são totalmente entusiasmantes e espectaculares. As coreografias são criativas, há sangue quanto baste e nem a estética Anime as torna menos cativantes.
Além disso são muito variadas, há espadas por todo o lado, punhais, tiros de pistola, tiros de metralhadora, murros, pontapés nas trombas, dinamites e bébés pelo ar. Brilhante.
Nem o uso algo excessivo do – slow motion- em alguns momentos estragam aquilo que [“The Warrior´s Way“] consegue apresentar e quanto a mim como filme de acção é simplesmente fabuloso e bem mais original na forma do que aparenta á primeira vista.

Resumindo, se procuram um Western oriental, [“The Warrior´s Way“] é tudo aquilo que sempre quiseram ver num filme assim mas nunca encontraram em “Sukyiaki Western Django” ou sequer em “The Good The Bad The Weird” pois acerta em tudo aquilo em que os outros titulos falharam.
Acima de tudo é realmente divertido ao mesmo tempo que não se esquece também de homenagear alguns dos clássicos do western em pequenos pormenores ao longo da história para depois subverter tudo quando mete, bébés, ninjas e … palhaços pelo meio…

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CLASSIFICAÇÃO:

Portanto, com grande surpresa minha leva mesmo a classificação máxima pois adorei este filme e não estava nada  á espera disto.
Não há muito mais que eu possa dizer, é original, é bem mais coerente enquanto filme do que aparenta á primeira vista e é completamente divertido. Possivelmente o melhor filme pipoca que vi este ano.
Eu por mim vou comprar isto para o Natal pois este é um daqueles que não quero de todo apenas ter em cópia sacada da net.
Cinco tigelas de noodles e um golden award porque é brilhante na sua simplicidade e um filme que ainda irei rever muitas vezes sem dúvida nenhuma.

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A favor: a originalidade da estrutura da história e o conceito maluco com ninjas e cowboys que resulta plenamente, a realização é excelente e usa como ninguém a estética Anime em imagem real para criar um produto totalmente cativante, visualmente é fabuloso, personagens cativantes, Geoffrey Rush no seu melhor num papel feito á medida, as cenas com o bébé são hilariantes por vezes, excelente vilão, consegue ter suspanse na previsibilidade, não se leva a sério, fantásticas cenas de acção com muita variedade e criatividade, excelente uso do digital que nunca se sobrepõe á história, é um filme plástico com muita alma e personalidade, tem uma boa história de amor apesar de simples e já vista mil vezes.

Contra: tem dois minutos a mais no fim, pois aquele epílogo era perfeitamente dispensável e quebra o tom emocional do final da história só para voltar a meter um estilo Anime que desta vez destoa negativamente por parecer forçado e realmente artificial ao contrário do que aconteceu ao longo do resto do filme onde tuda a narrativa permaneceu totalmente orgânica. Não há ainda uma sequela ?…

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=fSVpW-Lw_i8

Comprar
Está á venda bem baratinho na Amazon.uk por isso é aproveitar em DVD ou em Blu-ray.

Download aqui com legendas em PT/Br

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt1032751

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Sondagem – Quantos filmes deste blog já viram ?


A título de curiosidade, a partir de agora esta sondagem estará presente no fundo da página com a lista de filmes mas de qualquer forma agradecia que participassem para eu ter uma ideia do quanto vocês começaram a explorar o cinema que recomendo.

Joheunnom nabbeunnom isanghannom (The Good The Bad The Weird) Jee-woon Kim (2008) Coreia do Sul


A última coisa que eu esperava ver deste realizador a seguir a um filme de terror tão fascinante quanto “A Tale of Two Sisters” seria um Western e no entanto é isso que [“The Good The Bad The Weird“] é de uma forma tão genuína que nos confunde totalmente pelo facto disto não ser um filme americano e onde se troca o velho Oeste pela Manchuria nos anos 30.

[“The Good The Bad The Weird“] sendo embora absolutamente genial é no entanto um dos filmes mais difíceis que alguma vez tive de comentar aqui neste blog por muitas e variadas razões e portanto aviso já que o texto a seguir poderá parecer-lhes não só totalmente ilógico como se calhar absolutamente  esquizofrénico e sem sentido algum.

Isto porque como podem ver pela classificação que lhe atribuo abaixo, embora bastante boa acaba por nem ser a espectacular nota que este filme se calhar merecia que eu lhe desse, porque na verdade acho-o absolutamente brilhante em muitos aspectos e quanto a mim é uma obra prima do cinema de acção e contém das melhores sequências dentro do cinema de aventura puramente clássico talvez desde a primeira aventura de Indiana Jones. Isto no que toca a filmes com pistolas, balas, gajos com chapéus de abas e tiroteios.

Tudo no que toca a atmosfera e adrenalina é absolutamente genial em [“The Good The Bad The Weird“] e como produto de acção é realmente uma obra prima, pela sua frescura, sentido de aventura e originalidade quanto baste.
Visualmente é do outro mundo. Mais uma vez o realizador enche um filme de imagens inesquecíveis e onde cada frame é um quadro, que muitas vezes neste caso presta homenagem a dezenas de enquadramentos famosos da história dos westerns (e não só) que todos nós conhecemos até mesmo se não formos viciados em filmes de cábois.

O cuidado colocado em cada decor é absolutamente notável e merece que façamos uma pausa no filme só para apreciarmos todas as texturas, detalhes e cores que enchem [“The Good The Bad The Weird“] do principio ao fim. Na verdade isto visualmente é tão bom que mesmo que o filme não tivesse nenhuma cena de acção não conseguiriamos tirar os olhos do ecran desde o início pois toda a estética aqui é absolutamente fantástica dentro do mesmo estilo já encontrado em “A Tale of Two Sisters” mas desta vez aplicado a um universo visual de puro Western americano…embora com Sul Coreanos, Japoneses, Chineses e indios, perdão…Mongois.

E mais do que uma colecção enorme de referências cinéfilas puramente americanas, [“The Good The Bad The Weird“] é um verdadeiro achado para quem adora  Western Spaghetti e particularmente quem conhece bem o trabalho de Sérgio Leone. É que [“The Good The Bad The Weird“] é uma espécie de “O Bom O Mau e O Vilão” em esteróides !
Se Sergio Leone filmasse em estilo videoclip moderno cruzando westerns com serials de aventura o resultado seria algo muito semelhante a isto.
E refiro-o como um elogio.

Então se [“The Good The Bad The Weird“] é tão genial o que é que falha ?
Bem, infelizmente não tem o argumento de um filme de Sérgio Leone e muito menos se pode comparar a “Salteadores da Arca Perdida” nesse aspecto também.
[“The Good The Bad The Weird“] é o típico exemplo de um filme em que a estética sobrepõe-se a tudo a todo o instante. Talvez o facto de visualmente isto ser um produto tão absolutamente perfeito, essa perfeição lhe tenha retirado qualquer hipótese de poder conter um argumento realmente tão entusiasmante que a pudesse complementar ou equiparar.

É verdade que já vimos se calhar dezenas de filmes sem história que resultam apenas como cinema de acção, mas se calhar nunca vimos um produto tão cuidado a pedir desesperadamente por um argumento imaginativo. A última peça que tornaria [“The Good The Bad The Weird“] numa obra prima do cinema de aventura de pleno direito ao lado de todos os clássicos do género; uma marca que não consegue plenamente atingir porque enquanto espectadores gostariamos mesmo de ter algo interessante para acompanhar entre a obra prima visual que são as sequências de tiroteio e não há nada.
É um vazio total !!!

A forma como começa é a forma como acaba. Não há qualquer intriga interessante pelo meio, os personagens não sofrem qualquer evolução ou causam qualquer surpresa e só não são completamente aborrecidos de acompanhar porque [“The Good The Bad The Weird“] consegue ter um sentido de humor bastante divertido que por momentos parece que vai dar vida a todos aqueles bonecos de cartão.

É certo que como o próprio título indica, a base de tudo são na verdade personagens-tipo, mas bolas, será que não se poderiam ter tornado aquelas pessoas realmente interessantes ?!!
Isto nem parece ter sido criado pelo mesmo autor que conseguiu tanto humanismo nas personagens centrais de “A Tale of Two Sisters” e por isso não se compreende de todo tamanha ausência de identidade agora neste argumento a nível de personagens.
É que até os Westerns de Sérgio Leone mesmo quando parecem filmar o vazio nunca deixaram de ter personagens fortes e carismáticas, muitas vezes sem precisar de haver qualquer linha de diálogo entre eles sequer.
É isto que falha em [“The Good The Bad The Weird“] e falha redondamente mesmo.

Parece que o filme foi todo construído com base na estética e na homenagem visual a todos os clássicos e mais alguns dentro do género de aventura mas depois não houve tempo para tornar os bonecos que andam aos tiros o tempo todo mais interessantes nos intervalos da porrada embora haja umas tentativas para remendar isso através do humor ao melhor estilo cartoon.

Já ando para falar deste filme por aqui, desde que o vi há anos, mas como das cinco vezes que o tentei rever, nunca consegui chegar ao fim sem estar a cair de sono, sempre me foi muito dificil arrumar as ideias para ter algo coerente para dizer aqui.
Já vi muita coisa má que deu sono, mas nunca me tinha passado pela frente um produto com tanta qualidade como [“The Good The Bad The Weird“] que me tivesse provocado esse efeito. Muito menos um filme visualmente tão apelativo e com tanto tiro e barulho a todo o instante que me deveria ter mantido mais acordado.

O que ainda se torna mais estranho é o facto de estar carregado de sequências de acção fabulosas e acho que nunca vi um filme de cowboys com tanto tiroteio também, por isso ter-me quase arrastado para tentar ver isto do príncipio ao fim ainda se torna mais estranho. É que eu adorei mesmo as cenas de acção e aventura disto !!
Agora, se calhar o [“The Good The Bad The Weird“] tem duração a mais. Para um filme com mais de duas horas onde pelo menos 100 minutos são passados com cenas de tiros e pancadaria não deixa de ser muito estranho isto tornar-se um produto tão aborrecido quando não há gente aos tiros no ecran a todo o instante.

A história não interessa e nem o tema da caça ao tesouro lhe dá qualquer carísma, os personagens quando não andam á porrada não cativam nem servem para nada, tem personagens a mais por todo o lado mas só lá estão para andar aos tiros e como tal o suposto twist final também não tem impacto nenhum porque é precisamente construido á volta da origem de um personagem com o qual não temos grande relação e parece apenas servir para efeito cómico no filme não diferindo muito do heroi que se limita a ser o bom ou do vilão que é mau como as cobras porque sim.

O que salva [“The Good The Bad The Weird“] , além do seu fabuloso ambiente é ter tanta adrenalina nas cenas de acção e por isso é mesmo uma obra-prima falhada dentro do género apenas porque estas na verdade acabam para não servir para muito além de mostrarem o talento do realizador para o género.
Este filme com uma história cativante e personagens de que ficassemos a gostar teria sido absolutamente do outro mundo.
E por falar em outro mundo…

Nunca me tinha passado pela cabeça que a Manchuria dos anos 30 pudesse ser um cenário para cinema de aventura tão genial e carismático. Estamos a ver [“The Good The Bad The Weird“] e o filme poderia ser passado num outro planeta que não notariamos diferença, pois todos os décors são tão alienígenas para a nossa própria cultura que isto poderia ser uma aventura passada em marte que não estranhariamos nada.

Estava a ver o filme e toda a sua estética só me fazia lembrar a genial série western-scifi “Firefly” com a sua excelente conclusão cinematográfica “Serenity“, isto porque todas as texturas e ambientes são muito semelhantes e tudo se passa numa atmosfera oriental onde muitas culturas se misturam num canto perdido do mundo. Quanto a mim se um destes dias fizessem uma sequela para “Serenity“, se calhar não seria nada má ideia contratarem o realizador de [“The Good The Bad The Weird“] para o dirigir com Joss Whedon a escrever pois seria uma combinação fantástica certamente.

Ah, já me ia esquecendo precisamente daquilo que na minha opinião é um dos pontos altos do filme e que quase nos faz perdoar todas as falhas até aí.
[“The Good The Bad The Weird“]  tem uma das melhores, mais entusiasmantes e mais divertidas perseguições de todos os tempos no cinema de aventura e só por isso vale a pena espreitarem este filme.
São mais de dez minutos de uma sequência como nunca viram dentro do género. Um tipo numa mota de  side-car a ser perseguido num deserto por todo o elenco deste filme. E quando eu digo todo, quero mesmo dizer todo o elenco deste filme, gangs de mongois, assaltantes chineses, assassinos profisionais, soldados japoneses, cowboys de todas as raças, samurais foras da lei, montes de cavalos, jipes, canhões, gajos bons, gajos maus, gajos assim-assim tudo numa das maiores perseguições em estilo todos-contra-todos onde não faltam, tiros, bombas, socos nas trombas, facadas, balas de canhão, saltos de veículos em movimento, cavalos pelos ares, gajos a explodir, cavalos a explodir, carros a explodir, motas a explodir, lutas á espada, e tudo numa sequência de antologia que marca a fasquia por onde a partir de agora toda a gente que fizer uma cena de perseguição terá que se guiar, pois é absolutamente notável em todos os aspectos.

Essa perseguição quase no fim do filme e o assalto ao comboio da sequência de créditos iniciais são dos melhores momentos de cinema de acção que lhes irá passar pela frente em muito tempo e se ainda não viram [“The Good The Bad The Weird“] só por estas duas cenas vale mesmo a pena espreitar o filme.
Tudo começa de uma forma tão fantástica que o espectador fica plenamente convencido que depois irá continuar a ter mais do mesmo ou que as coisas só poderão ficar melhores. Não ficam.
Infelizmente depois é apenas mais do mesmo , mas felizmente que o mesmo continua a ser de elevada qualidade com excelentes momentos de humor e montes de imaginação nas cenas de aventura. É mesmo pena que um bocado dessa imaginação não tenha sido também usada para a história.

Básicamente [“The Good The Bad The Weird“] conta a história da existência de um mapa de tesouro que todos querem e pelo qual todos matam. Do príncipio ao fim do filme. Acabou a história. A sério, não há mais.
Um tipo tem o mapa no inicio, um assassino é contratado para o roubar, outro gajo rouba-o em vez dele e assim por diante. O mapa vai passando de personagem em personagem até que se descobre qual era afinal o tesouro (por acaso uma ideia bem engraçada) e o filme acaba com o típico duelo entre cowboys ao cair da tarde junto ao local onde todas as riquezas estão enterradas.

E pronto, é isto… espero que estejam tão confusos quanto eu.

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CLASSIFICAÇÃO:

Não é de forma nenhuma a obra-prima que muitas reviews em festivais afirmam que é.
Por outro lado, é uma obra prima no que toca a cenas de aventura e sequências de acção e por isso é mesmo com muita pena que constato que falta ali algures um filme pelo meio de tudo isto.
Se procuram um verdadeiro western oriental no estilo mais puro e comercial da coisa mas com montes de qualidades, [“The Good The Bad The Weird“] irá agradar-lhes bem mais que “Sukyiaki Western Django” (esse verdadeiramente um produto falhado a muitos mais níveis).

Também será um Western Oriental que irá agradar a mais gente do que “Tears of the Black Tiger” que apesar de ser brilhante tem um toque de cinema experimental que não agradará a quem procura um Western puro e nesse aspecto [“The Good The Bad The Weird“] é bem mais directo e principalmente comercial.
Portanto e por tudo o que já referi acima, quatro tigelas de noodles porque é mesmo muito bom por um lado e tem momentos absolutamente brilhantes. Por outro lado, sinto até que deveria atribuir-lhe menos pois a suas fraquezas quase que destroiem um filme que merecia ser mesmo uma obra prima do cinema e não apenas no que toca a sequências de acção.

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A favor: a sequência de abertura do assalto ao comboio é do melhor e mais clássico que poderia ter sido, tem a melhor perseguição final jamais vista no cinema de aventuras com estas características num verdadeiro festival de porrada em andamento com todos contra todos e caos total, as sequências de acção neste filme são em regra todas totalmente fantásticas, muitas mortes com pinta, tiros que nunca mais acabam, muito sangue e torturas com dedos e peças de corpos aos bocados, muitas cenas de acção com grande sentido de humor e gags bem engraçados, as inúmeras homenagens visuais a tudo o que é western clássico muito particularmente ao western spaghetti também, o toque mexicano na banda sonora é do outro mundo e faz o filme ganhar vida quando aparece nos melhores momentos de perseguição, visualmente é incrível com com pormenores e texturas por todo o lado, existe no dvd um final alternativo muito bom (na verdade o final original do filme quando este passou na Coreia do Sul).
Contra: é um vazio absoluto quando não tem cenas de tiros e aventura, mudem a roupa nos personagens e não se nota diferença, o actor que faz de “Weird” repete exactamente o mesmo papel que já tinha feito em “The Host” mas agora num ambiente western, poderá fazer-vos adormecer o que não deixa de ser um feito espantoso tendo em conta tanta porrada ao longo do filme, o filme é demasiado grande tendo em conta que não se passa nada na história além de perseguições e do mapa a mudar de mãos até ao confronto final, ás vezes faz lembrar muito “Duelist pela falta de uma boa história que ligue tanta perseguição non-stop alucinante sem grandes motivos a não ser passar o mapa de um personagem para o outro.

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Trailers
http://www.youtube.com/watch?v=Zjm9gAjgRuU
http://www.youtube.com/watch?v=8Zew2yWGDC8

Comprar
Isto está a um preço tão estúpidamente baixo que se gostarem do filme é de aproveitar na Amazon Uk, tanto em DVD (muitos extras) como em Blu-Ray simples ou Blu-Ray edição especial.

Download aqui com legendas em PT/Br

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt0901487/combined

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Alguns titulos semelhantes em alguns aspectos :

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Fah talai jone (Tears of the Black Tiger) Wisit Sasanatieng (2000) Tailândia


[“Tears of the Black Tiger“] é um filme absolutamente único por vários motivos e se há um título que merece sem sombra de dúvida um excelente estatuto de filme de culto é este.

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Contrariamente ao que seria de esperar quando pensamos em Westerns, os Estados Unidos não foram os maiores produtores ( em quantidade ) de filmes de cowboys ao longo dos anos. Nem sequer foram os Italianos com a sua variante “Spaghetti” filmada normalmente em Itália ou no sul de Espanha.
Foram os Tailândeses.

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Em termos estatísticos parece que para desconhecimento total de todos nós, a Tailândia produziu uma tonelada de Westerns desde que o cinema chegou àquelas bandas. Na sua maioria títulos que nunca sairam do país mas que se tornaram em verdadeiros objectos de culto. Não propriamente pela sua qualidade mas sim pela sua originalidade, tal como é bem demonstrado aqui neste clip que um amigo me enviou há pouco ( pertencente ao filme Tailandês “San Basilio” de 1981 ). Foi a razão de eu hoje me ter lembrado que também estava na altura de recomendar [“Tears of the Black Tiger“] aqui no blog e portanto a ocasião não poderia ter sido melhor.
Vamos a isto. Viajemos até à terra dos cowboys, dos rancheiros, dos indios…A Tailândia.

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Não se assustem. [“Tears of the Black Tiger“] não é um “San Basilio” mas sim uma homenagem ao género, procurando não só reproduzir a atmosfera clássica “technicolor” da época como inclusivamente quer ainda recuperar o estilo kitsh ( em total modo pimba foto-novelístico), acertando em cheio na execução da ideia.
A tal ponto que muita gente pensa que este filme ou “é antigo” ou “está mal feito; (porque a imagem não presta)”

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Parece que a Tailândia tem mantido um verdadeiro fascinio com o cinema Western norte americano  bem longe do conhecimento do publico ocidental.
Como se já não bastasse imaginarmos duelos de cowboys pelo meio de arrozais ( sim, campos de arroz no oriente ) depois a Tailândia ao logo das décadas foi misturando géneros ao Western até tudo ter dado origem a um estilo de cinema de cowboys verdadeiramente único, verdadeiramente desconhecido e verdadeiramente chunga, num certo sentido pimba divertido.

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Isto porque os filmes Tailandeses ainda hoje não se livram daquela aura absolutamente inépta e amadora que torna o Cinema daquela região possivelmente no pior do oriente, pois são poucos os filmes Tailandeses que se conseguem suportar…
Tenho a certeza que se Ed Wood se tivesse nascido Tailandês teria sido certamente aclamado como o maior realizador do país, pois o cinema daquela terra continua a ser verdadeiramente “Edwoodiano”…para não lhe chamar outra coisa; ( especialmente desde que descobriram o CGI pois não deve existir pior utilização dessas técnicas modernas no cinema contemporâneo do que aquilo que a Tailândia faz actualmente com o digital…)
Mas como em tudo, há excepções absolutamente brilhantes e pelo visto ainda há quem saiba fazer cinema extraordinário na Tailandia.

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Como alguém referiu um dia numa review, [“Tears of the Black Tiger“] é definitivamente um daqueles filmes que são a razão de muita gente se apaixonar pelo Cinema, enquanto 7ºArte.
Se o cinema se pode definir pela arte de contar histórias por imagens tentando ser o mais original e eficaz possível sem nunca esquecer que as mesmas também podem invocar poesia e emoção então como já foi escrito, este é um dos melhores títulos de sempre nesse aspecto; tanto pelo visual como pela própria atmosfera única desta história que nos hipnotiza por completo mal nos deixamos transportar para aquele universo adentro.

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Nunca pensei recomendar um filme oriental dizendo isto, mas…
Quem adorar a obra literária de Gabriel Garcia Marquez, nomeadamente livros como “O Amor em Tempos de Cólera“, ou porque não, “Cem anos de solidão“, vai adorar [“Tears of the Black Tiger“].
Se Garcia Marquez tivesse sido realizador este teria sido o tipo de cinema que certamente faria adaptando muitos dos seus romances. Há por aqui aquela magia e aquele sentido de “realísmo mágico” característico da sua escrita, o que dá imensa personalidade a este filme.

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Agora é que me meti mesmo em sarilhos pois vai ser muito complicado explicar o que quero dizer com isto, mas sinceramente espero que algum produtor coloque os olhos neste realizador e o obrigue a fazer um novo remake para cinema de “O Amor em Tempos de Cólera“, ou até mesmo uma adaptação de “Memórias das minhas putas tristes“.
Até pode ser tudo transposto em termos de ambiente para a Tailândia que irá ter mais alma, poesia e atmosfera “Marqueziana” genuína do que a última tentativa em piloto automática saida de Hollywood para adaptar “O Amor em Tempos de Cólera“ que foi absolutamente esquecível em todos os aspectos e um verdadeiro desperdício de um dos melhores livros de todos os tempos.

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[“Tears of the Black Tiger“] sem adaptar “O Amor em Tempos de Cólera“ ou qualquer outro livro de Garcia Marquez tem mais a ver com o seu universo literário do que qualquer coisa que Hollywood tenha tentado colocar no ecran nas últimas décadas.

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Definir o que quero dizer ainda se torna mais complicado, se eu lhes disser agora que [“Tears of the Black Tiger“] é uma espécie de romance que Garcia Marquez nunca escreveu mas que poderia ter escrito se as suas histórias também metessem cowboys tailândeses pelo meio por entre palmeiras e campos de arroz.
Confusos ? Eu não.

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Logo desde os primeiros segundos [“Tears of the Black Tiger“] remete para uma atmosfera totalmente Garcia Marquez, o visual clássico da protagonísta de características étnicas ocidentais, o ambiente cénico a fazer lembrar aquela arquitectura colonial presente nos romances do escritor, as cores e os estimulos visuais que poderia ter sido decalcados de obras como “Cem anos de solidã0” e até o sentido de humor no estilo em que está presente em “O Amor em tempos de cólera“, tudo me fez ter a sensação de que estava a assistir no ecran à melhor adaptação de um livro que Garcia Marquez nunca escreveu e o resultado não poderia ter sido melhor.

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Depois de eu ter visto tanto filme mau saído da Tailândia nos últimos tempos, não deixa de ser fascinante quando agora três dos melhores filmes que vi  saídos daquela região tenham sido  criados pelo mesmo realizador-argumentista.
O criativo Wisit Sasanatieng ; cineasta que entrou já para a minha lista de realizadores favoritos por causa de: “Citizen Dog“, “The Unseen” e [“Tears of the Black Tiger“].

Até hoje ainda não quero crer que [“Tears of the Black Tiger“]  me passou ao lado estes anos todos apesar de já ter sido filmado em 2000 !
Temos aqui mais um bom exemplo de outro título que pode agradecer a sua actual popularidade no nicho do cinema de culto à existência de internet. Se ainda vivessemos num mundo de há trinta anos atrás fechados nos nossos próprios países, alguém como eu jamais conseguiria ter acesso a este tipo de cinema, quanto mais ouvir falar dele; até porque aqui em Portugal, tudo o que não vem de Hollywood não existe desde sempre.

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[“Tears of the Black Tiger“] visualmente é absolutamente fascinante. Tem uma estética artificial quase teatral mas onde tudo foi construído tradicionalmente através de cenários, efeitos gráficos e pinturas, o que lhe dá uma atmosfera extranhamente natural apesar do histerísmo visual de practicamente todas as cenas e lhe confere um efeito muito menos plástico do que veio depois a acontecer em “Citizen Dog” onde tudo foi criado digitalmente.

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O filme resulta em muitos níveis. Como drama romântico é genial. Ou melhor, diria mesmo, como tragédia romântica é genial, pois vai buscar aquele estilo melodramático totalmente over-the-top dos romances de cordel dos anos 30 e 40 e mistura tudo com a maior quantidade de clichés do Western mais puro num resultado final absolutamente surpreendente por muitos e variados motivos.
E ainda por cima enquanto filme de acção tem momentos clássicos a fazer lembrar o melhor e mais cru do trabalho de realizadores como Sam Peckinpah ou Samuel Fuller de uma forma divertidissima.

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[“Tears of the Black Tiger“] está cheio de tiroteios e baldes de sangue por todo o lado, o que o torna na primeira história de amor intensamente romântica com cenas gore absolutamente geniais, (vão adorar a bala pelos dentes).
Enquanto história de amor é fabuloso, não só visualmente como ainda tem muita alma e poesia pelo meio e nem o seu estilo totalmente melodramático em tom histérico de fazer chorar as pedras da calçada lhe retira o mérito de ser uma das melhores histórias de amor orientais ( e de todos os tempos ).
Muito pelo contrário pois é intensamente romântico ao melhor estilo clássico.

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Enquanto filme de porrada, ou melhor, enquanto filme-de-cábois é totalmente divertido. Não só a violência é estupidamente intensa a todo o instante embora totalmente cartoon, como está filmado num estilo que anda por ali algures entre os Westerns do final dos anos 60 e o cinema-exploitation do meio dos 70.
Muito daquilo que vocês viram Robert Rodriguez tentar recriar agora recentemente em filmes como Desperado, Planet Terror ou até mesmo Machete está aqui reproduzido em [“Tears of the Black Tiger“] de uma forma genuína para nos surpreender e divertir.

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Curiosamente o filme apesar de parecer ser uma espécie de dois-em-um com duas partes totalmente separadas que poderiam ser filmes isolados por si só, a coisa resulta plenamente quando a história de amor se junta ao western tailandês no acto final da novela.
Até lá parece que estamos a ver dois filmes diferentes ao mesmo tempo, inclusivamente com tratamentos visuais ligeiramente diferentes; por isso não se surpreendam.
Em [“Tears of the Black Tiger“] acompanhamos a história de amor no seu estilo telenovela melodramática em ambiente colonial por um lado, mas também um western-exploitation em modo ultra-violento por outro que depois irão cruzar-se num único ponto.
E não é que tudo isto resulta ?!

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Quem viu “Citizen Dog” e gostou, vai adorar [“Tears of the Black Tiger“].
Desde os enquadramentos até ao tratamento de cor, tudo neste filme está no ecran para nos maravilhar e fazer entrar num mundo de fantasia muito próprio e incrivelmente único onde as referências clássicas abundam e nos obrigam a voltar ao filme por muito mais vezes só porque nos escaparam detalhes á primeira.
O estilo western-chunga é genial e o uso do technicolor dos anos 50 para a história de amor tem resultados não só intensamente românticos como visualmente fabulosos.
A cor na cena da praia por exemplo está extraordinária e o filme tem ainda um intenso sabor a “IN THE MOOD FOR LOVE“.
Portanto se sabem do que estou a falar, irão adorar [“Tears of the Black Tiger“] por muitos motivos.

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Em termos de história, haveria bastante para contar, mas como não quero estragar o prazer da descoberta acho que mais uma vez basta apenas referir que quem também gostou de livros como “O Amor em tempo de cólera” vai curtir muito [“Tears of the Black Tiger“]. Garanto-vos.
Não terá a complexidade de argumento de um romance de Garcia Marquez mas tem a sua alma e acima de tudo contém uma poesia semelhante, tanto no seu visual único e extraordinário como no próprio coração emocional da história.

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Quem quiser ver um filme de porrada completamente estilizado a fazer lembrar o melhor cinema chunga surpreendentemente vai encontrá-lo no meio de uma história de amor cheia de atmosfera.
Quem procura uma história de amor cheia de atmosfera surpreendentemente vai encontrá-la no meio de um filme cheio de tiros, bocados de pessoas a saltar por todo o lado e violência gratuíta quanto baste.
Ah e a banda sonora é fabulosa.

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CLASSIFICAÇÃO

Um dos filmes românticos mais bonitos e originais saidos da ásia que me apareceram pela frente até agora; até porque tem um estilo visual absolutamente clássico ao mesmo tempo que mete baldes de sangue e bocados de pessoas a saltar por todo o lado.
O mais incrível é que consegue criar uma história de amor com que nos importamos e consegue misturar dois géneros de filmes que nunca chocam nem parecem metidos a martelo.

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Absolutamente notável em todos os sentidos e um dos filmes mais originais que já recomendei em qualquer dos meus  blogs de cinema.
Nunca viram nada assim.

Cinco Tigelas de Noodles e um Gold Award

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Porque é realmente surpreendente e muito criativo mas acima de tudo porque nos transporta para um mundo que nunca vimos e quase que nos apresenta uma espécie de realidade paralela em todos os aspectos.

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A favor: um visual fabuloso, excelente banda sonora, personagens com que nos importamos, boa história de amor totalmente melodramática mas perfeitamente adequada, parece um livro do Gabriel Garcia Marquez se este escrevesse histórias com cowboys e baldes de sangue passadas na Tailândia, a fotografia estilo technicolor na sequência da praia, é muito divertido, tem cenas gore e gente cortada aos bocados, tem muita alma e é um exercicio de poesia visual, consegue ser cómico emocionante e dramático ao mesmo tempo que tudo resulta num filme completamente coerente, é de fazer chorar as pedras da calçada ao melhor estilo fotonovela das revistas clássicas.
Tudo o que falhou em Sukiyaki Western Django resulta plenamente em [“Tears of the Black Tiger“].

Contra: quem não gosta do estilo gráfico excessivamente artificial não vai gostar disto, pode ser demasiado estranho para quem procura algo mais mainstream…afinal não tem indios…

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NOTAS ADICIONAIS:

Trailers ( que vale a pena verem ):

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COMPRAR DVD – REGIÃO 2 – EDIÇÃO UK
dvd
Boa edição para um filme que se está a tornar bem raro.
Infelizmente ainda não existe em bluray por isso é aproveitar em Dvd, porque está baratinho.
https://www.amazon.co.uk/gp/product/B00005UWPC/ref=as_li_tl?ie=UTF8&camp=1634&creative=6738&creativeASIN=B00005UWPC&linkCode=as2&tag=cinaosolnas-21

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt0269217

Podem ir buscá-lo aqui.

Nota curiosa: A actriz principal, pouco depois do filme concluído foi vítima de uma doença rara que quase a matou. Foi internada já inconsciente e quando acordou tinham-lhe amputado uma das pernas para a salvar. Actualmente encontra-se bem.

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Filmes estéticamente semelhantes de que poderá gostar:

The Promise capinha_citizen_dog

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