Doragon heddo (Dragon Head) Jôji Iida (2003) Japão


Finalmente um filme catástrofe com uma atmosfera do caraças !
Até que enfim que encontrei aquilo que procurava em Tidal Wave ou 2022 Tsunami e não me tinha aparecido ainda pela frente pois [“Dragon Head“] é mesmo o meu tipo de filme catástrofe e um dos melhores produtos do género que vi ultimamente dentro do cinema oriental.
Muito apocalíptico, uma incerteza total sobre as razões do fim do mundo ter chegado e milhares de mortos com ruínas por todo o lado a uma escala inimaginável tudo regado com uma boa dose de situações perturbantes carregadas de mistério constante ao longo de toda a narrativa.

Eu fico parvo quando algumas reviews no Imdb dizem que este filme não presta porque é lento.
Lento ?!! Só porque não tem sequências de acção espectaculares a todo o instante intercaladas com cenas pseudo dramáticas que só funcionam como intervalo entre cenas de porrada como se vê habitualmente nos filmes do Rolland Emerich ?!…

A “lentidão” deste [“Dragon Head“] é o seu grande trunfo, pois não tem pressa de ir a lado nenhum e nunca coloca o espectador á frente dos personagens. É um filme perfeito na forma como consegue fazer com que o espectador faça quase parte da história, pois faz-nos ir descobrindo o que se passou a pouco e pouco ao mesmo tempo que os personagens e isso é a sua grande mais valia ao contrário do que costuma acontecer neste tipo de cinema onde tudo é devidamente explicado logo de início e depois só resta ao espectador acompanhar o destino dos protagonistas á medida que vão morrendo á vez por entre as cenas de acção e suspanse do costume.
Não aqui.

Um grupo de estudantes viaja de comboio pelo Japão. Ao atravessarem um túnel uma luz e uma onda de choque incríveis faz com que practicamente toda a gente a bordo morra de forma ultra-violenta quando o túnel desaba por completo e o que resta do comboio com apenas trés sobreviventes fica preso no interior da montanha.
A partir daí vamos acompanhando o destino dos sobreviventes á medida que conseguem encontrar uma saída até á superfície e descobrem da pior maneira que o mundo nunca mais será o mesmo.

Nada é explicado ao espectador, os primeiros 40 minutos de filme são completamente claustrofóbicos pois passam-se totalmente no interior do túnel. Depois quando o cenário se abre, as coisas adquirem um tom ainda mais misterioso á medida que acompanhamos o destino dos sobreviventes e este filme japonês chega a um climax algo dúbio mas nem por isso menos interessante.  Deixa-nos um gosto amargo mas faz-nos desejar que alguém tivesse feito uma sequela deste bom exemplo do cinema oriental de catástrofe apocalíptica.
Na minha opinião este é um daqueles filmes asiáticos que apetece continuar a ver e pela minha parte nem dei por terem passado duas horas. Mesmo apesar do tal suposto “ritmo lento” que muita gente refere no Imdb.

Quanto a mim [“Dragon Head“] é um dos melhores filmes catástrofe que vi em muito tempo e pela própria abordagem do tema nem sei se não terá sido o melhor. É um produto de cinema oriental simples sem pretenções, sabe construir um mistério, mantém o espectador interessado no cataclísmo enigmático e consegue ainda ter espaço para nos atirar com um par de personagens algo perturbantes e até de conceito algo inesperado, doentio (e até ilógicamente descontextualizado da própria história)…logo percebem quando virem as criancinhas creepy

Não entendo como se pode achar este filme lento. [“Dragon Head“] não teria o mesmo impacto e atmosfera perturbante se tivesse um ritmo sempre a abrir onde estivessem sempre a acontecer mais cenas de efeitos especiais a todo o instante só para contentar as plateias do milho em baldes.
A narrativa enigmática agarra desde o primeiro momento e não é por falta de mais CGIs que o filme perde o interesse bem pelo contrário.

E também não é pela falta de efeitos cataclísmicos a todo o instante que o filme perde a tensão dentro do género do cinema catástrofe, pois se procuram um titulo que os recompensará por completo com inúmeras imagens de total destruição devastadora e consegue criar realmente a ideia de que o mundo acabou de vez [“Dragon Head“] contém tudo o que esperam nessa capítulo.

A forma como este filme japones nos apresenta o fim do mundo é não só perfeita como cria aquela ideia de que não há mesmo salvação possível ou forma de tudo poder voltar a ser como era, o que contribui imenso para uma excelente sensação de realísmo em toda a narrativa e nos agarra ainda mais ao destino dos personagens.
É que aqui ao contrário de por exemplo “2012“, quando acaba o mundo acabam também os telemóveis. Quando muito sobrevivem as baratas e estas ainda não têm SMS incorporado.

As interpretações do filme são algo histéricas e farsolas, pá, pois são. E depois ?
[“Dragon Head“] é como um bom série-B com ambiente de grande produção em versão cinema oriental que não precisa mais do que um par de personagens-tipo que façam avançar o mistério. O que para mim contradiz logo também a ideia de algumas pessoas no Imdb quando dizem que o filme não tem história.
Se calhar não tem, mas tem tão pouca história quanto um bom filme do “John Carpenter” e esses também não precisam de ser mais do que são para geralmente serem filmes excelentes.
A recordar-me algo, [“Dragon Head“] recorda-me os melhores momentos do realizador de “The Thing” e isso agradou-me desde o início.

Esta ideia que muitas pessoas parecem ter de que para um filme resultar tem que obrigatóriamente ter um estilo espectacular e uma história que vai de A a B e termina em Z com tudo muito bem explicadinho, causa-me mesmo confusão. Houve um tempo em que as coisas não eram assim e pelo menos até ao final dos anos 80 esse tipo de conceito não parecia estar entranhado na cabeça do público que hoje parece que não consegue ter mais atenção para qualquer coisa que não se pareça imediatamente com um videogame cheio de estilo MTV.
[“Dragon Head“] a ser alguma coisa é um bom e velho série-B na melhor fórmula anos 80 mas conseguido através do recurso a técnologia moderna para elevar no ecran aquilo que óbviamente nem terá sido um orçamento muito alto.

A haver alguma coisa má neste bom filme asiático, na minha opinião, isso reflete-se  na maioria dos personagens secundários. São todos demasiado excêntricos como se depois do fim do mundo não restassem pessoas normais e toda a gente se transformasse em malucos psicopatas…por outro lado eu também nunca passei pelo fim do mundo por isso é melhor não comentar muito mais.
No entanto achei que o estilo road-movie ficou um bocado estragado por causa das excentricidades que os protagonístas vão encontrando pelo caminho.

O argumento perde um bocado por causa desses personagens secundários, pois a partir de certa altura parece que eles dividem demasiado o filme em episódios que acabam por não resultar num todo. O que faz com que [“Dragon Head“] mais pareça uma colagem de vários episódios de 20 minutos com estilos diferentes do que própriamente um filme com principio, meio e fim. E claro que o final episódico em estilo aberto também deixa alguma insatisfação. Não porque não conclui verdadeiramente a história que seguimos mas porque nos deixa com vontade de continuar a ver a odisseia dos protagonístas e depois não há mais para ver. Com muita pena minha.

Parece que [“Dragon Head“] é uma adaptação de mais uma Manga japonesa do mesmo nome. Assim sendo, é possivelmente um dos melhores filmes asiáticos baseados numa banda-desenhada oriental que vi até hoje, pois normalmente as adaptações de Manga ou Anime que me passaram pela frente foram sempre muito más enquanto filme, salvo raras excepções.
Agora fiquei com vontade de ler a banda-desenhada pois se o filme estiver bem adaptado gostava de saber como termina a história, pois muita coisa fica no ar. Confirma-se a razão da catástrofe ? O mundo acabou mesmo ?

São questões que ficam pendentes mas que nem por isso tornam este pequeno grande filme catástrofe num produto menor.
Bem pelo contrário, pois toda a incerteza que deixa seria a mesma que teriamos se estivessemos realmente a viver o desastre ao lado dos protagonístas e como tal quando o filme segue essa estrutura seria depois irrealístico vir no final explicar tudo muito bem explicadinho.

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CLASSIFICAÇÃO :

Isto para mim é sempre complicado atribuir uma classificação alta a este tipo de filmes FC orientais, quando “Natural City” é um dos meus filmes favoritos de todos os tempos e no entanto aqui nem sequer lhe dei uma nota totalmente fantástica.
Sendo assim [“Dragon Head“] não será um filme oriental que irei rever tantas vezes quanto já revi “Natural City” mas acho que merece mesmo assim mais meia tigela de noodles do que esse meu filme favorito pois penso que tem realmente menos falhas enquanto produto.
Enquanto dura é uma história totalmente cativante se gostam do género catástrofe e procuram um cataclísmo misterioso em vez de uma sessão de efeitos especiais CGI.
Cinco tigelas de noodles, pois apesar das suas falhas diverti-me á brava com isto e nem dei pelas duas horas passarem. Poderá não ser tão bom a uma segunda visão mas por agora tenho que dizer que me surpreendeu mesmo bastante e recomendo-o a quem procura um bom filme deste tipo dentro do cinema japonês ou cinema asiático em geral.

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A favor: tem uma atmosfera de mistério constante que cativa o espectador que não procure um filme de porrada ou de efeitos CGI, alguns bons momentos de suspanse, sabe usar pequenos cenários extendidos por matte-paintings para criar um ambiente vasto de exteriores, o ambiente de devastação é total, tem imensas sequências apenas ilustrando a destruição de tudo o que nos rodeia, muito cadáver e sangue quanto baste por todo o lado, o par protagonista embora algo histérico é cativante, tem um bom sabor a cinema de “John Carpenter” pela forma como a narrativa não tem pressa de ir a lado nenhum e demora o seu tempo a criar atmosfera, é um filme moderno com sabor a série-B dos anos 80, é mais cativante que todos os blockbusters de Rolland Emerich juntos,  é um filme bem mais interessante do que parece á primeira vista pelo cartaz algo foleiro e formulático.
Contra: falta-lhe alguma força emocional e não nos cativa propriamente por esse aspecto, tem uma estrutura episódica que não resulta plenamente por causa da excentricidade de practicamente todos os personagens secundários sobreviventes, deixa-nos com vontade de continuar a ver mais um bocadinho e não há mais. O titulo [“Dragon Head“] soa um bocado estúpido pois parece mais um nome de uma banda Heavy-Metal pirosa e cria a ideia de que este filme oriental será pior do que na realidade é.

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NOTAS ADICIONAIS:

Trailer
Fica aqui o trailer mas não recomendo que o vejam antes de verem o filme pois grande parte do fascínio está precisamente em irem descobrindo as coisas com os personagens e ainda não terem visto nenhumas imagens do que sucede. Estão por vossa conta mas o trailer contêm *SPOILERS*

Comprar
Dragonhead (2pc) (Ws Dub Sub) [DVD] [2005] [Region 1] [US Import] [NTSC]

ou aqui
http://www.yesasia.com/global/dragon-head-us-version/1004415210-0-0-0-en/info.html

Podem no entanto espreitá-lo antes se o forem buscar aqui (legendas em Inglés)

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt0384055/

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Filmes semelhantes de que poderá gostar:

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Isto para mim é sempre complicado atribuir uma classificação alta a este tipo de filmes FC orientais, quando “Natural City” é um dos meus filmes favoritos de todos os tempos e no entanto aqui nem sequer lhe dei uma nota totalmente fantástica.
Sendo assim [“Dragonhead“] não será um filme que irei rever tantas vezes quanto já revi “Natural City” mas acho que merece mesmo assim mais meia tigela de noodles do que esse meu filme favorito pois penso que tem realmente menos falhas enquanto produto.

20-seiki shônen: Honkaku kagaku bôken eiga (20th Century Boys) Yukihiko Tsutsumi (2008) Japão


O ano de 2010 começa bem para mim no que toca a boas compras de cinema oriental.

Este é um filme sobre o qual me é muito dificil falar pois é um daqueles produtos de cinema asiático muito dificeis de classificar.
A minha primeira reacção foi a de atribuir-lhe a classificação máxima pois [“20th Century Boys“] é não só muito bom como tem uma coisa que lhe dá logo muitos pontos, é completamente original. Mesmo não parecendo.

Na verdade não me lembro de ter visto nada  assim antes e surpreendeu-me que o filme tivesse uma estrutura inesperada.
Curiosamente o único motivo porque vi o filme foi porque o comprei.
E a única razão porque o comprei foi porque a edição que estava á venda na Amazon Uk (e ainda está) tinha uma relação preço-qualidade que me pareceu muito boa, pois os dois discos vinham dentro de um livro hardcover com 26 páginas a cores e eu não resisto a estas coisas especialmente quando estão á venda por menos de 10€. Comprei o filme a 4 libras um par de semanas atrás.

Tinha visto o trailer há meses e já o podia ter sacado da net há muito tempo para espreitar, mas nem me dei ao trabalho porque [“20th Century Boys“] parecia-me ser precisamente aquele tipo de filme que me aborrece de morte, ou seja algo num estilo super-herois que geralmente não me diz nada e como tal as apresentações nunca me convenceram ao ponto de sequer me fazer ter vontade de ver o filme á borla.
No entanto algo me dizia que [“20th Century Boys“] não seria tão banal quanto me parecia no trailer e devido á sua excelente e barata edição não resisti a comprá-lo.
E ainda bem que o fiz.
Se calhar não se nota pela “suave” classificação que lhe atribuí mais abaixo, mas este filme quanto a mim é absolutamente fantástico e a única razão porque não lhe dou uma nota melhor é porque este é um daqueles produtos que são absolutamente contagiantes quando o vemos pela primeira vez, mas pessoalmente não fiquei com vontade nenhuma de o rever tão cedo.

Não porque [“20th Century Boys“] seja um mau filme, aborrecido ou tenha algum problema grave, mas porque é um daqueles que depende mesmo muito do fascínio que o mistério da história cria no espectador e como tal quando a coisa chega a uma conclusão, mesmo apesar de ser um filme oriental cheio de qualidades há muito pouco que faça o espectador querer voltar a ele muito próximamente.
Pelo menos até ver como a história termina…

[“20th Century Boys“] tem o grave problema de ser uma primeira parte de uma história em trés capitulos. Ou melhor em trés filmes. Além disso a sua originalidade acaba por ser a sua maior virtude e a sua maior fraqueza.
A sua originalidade não está propriamente no estilo, ou até na história, até porque se vocês conhecem obras como Watchmen (tanto o livro como o filme), não vão encontrar algo muito diferente em [“20th Century Boys“], que, quanto a mim é quase uma versão alternativa da Bd de Alan Moore transposta para uma identidade oriental puramente japonesa. Não que seja um plágio, mas o tom da história e até a sua própria estrutura é semelhante.

Segundo consta, esta trilogia de filmes, adapta o Manga mais vendido de sempre no Japão. Algo que me é totalmente alheio pois até agora nunca tinha ouvido falar de tal coisa e como tal parti para este filme como eu gosto. Completamente ás escuras.
O facto de  [“20th Century Boys“] ser a primeira parte da história (em filme) podia até nem ser um problema, pois por exemplo  a primeira parte do Senhor dos Aneis resulta plenamente enquanto filme isolado até ao seu final.
No entanto [“20th Century Boys“] “falha” nesse aspecto porque como alguém já referiu numa outra review na net, parece que os criadores deste projecto se esqueceram que este produto acima de tudo era suposto ser um filme e se calhar não deveria ter seguido tão á risca uma estrutura de banda-desenhada no que toca á sua narrativa.

Por outro lado, esta visão pode ser apenas fruto do nosso olhar ocidental mais habituado ao tipo de estrutura que vemos nos filmes americanos e sendo assim é inevitável que olhemos para [“20th Century Boys“] como um filme algo estranho e inesperado.
Lá ver se consigo explicar isto melhor…olhem que é difícil…
[“20th Century Boys“] é apresentado como um verdadeiro blockbuster “de super-herois” ao estilo japonês. No entanto não se passa nada neste filme asiático ao longo de quase trés horas !!!

Não se passa nada daquilo que vocês pensam que se vai passar se virem os trailers.
As apresentações dão a ideia que o espectador vai ver um blockbuster cheio de acção e cenas de destruição ao melhor estilo de cinema catástrofe e no entanto nada disso acontece  em [“20th Century Boys“].
As poucas cenas de acção e destruição que vocês vão encontrar nesta história são os breves segundos de explosão no aeroporto e no parlamento e isso aparece tudo no trailer sem haver mais nada para mostrar.
As partes de aventura com o robot gigante são practicamente nulas e mais parecem pertencer aos cinco minutos finais de um qualquer episódio de uma série televisiva do que a uma mega-produção que [“20th Century Boys“] apregoa ser em todo o seu marketing.

Ou seja, se esperam um filme de super-herois, ou com uma estrutura (ou espectacularidade) semelhantes ao que estão habituados a ver, esqueçam.
Que achou que Watchmen foi uma seca porque aquilo era muito paleio e pouca acção, então é melhor nem se aproximar de [“20th Century Boys“], pois é trés vezes “mais lento”. O aviso está feito, isto não é o blockbuster que aparenta ser na publicidade (o que muito me agradou).
Ainda por cima quando o filme está precisamente no seu momento mais empolgante ao fim de quase 150 minutos…a imagem pára e aparecem no ecran as palavras “To be continued…” !!!

Curiosamente é um filme oriental bem mais intimista do que eu próprio esperava ter visto.
Practicamente as primeiras duas horas são passadas em desenvolvimento de personagens. Não que isto seja o ponto fraco do filme, mas deixo já o aviso que é muito importante vocês estarem atentos aos nomes dos personagens porque senão vão dar em doidos.
Consta que todos os trés filmes contêm ao todo mais de 300 personagens diferentes e acredito plenamente nisso pois só nesta primeira parte devem passar dos 50. Ainda por cima isto é um filme oriental e como tal…esqueçam o conceito de “heroi” ou personagem principal, pois aqui até o personagem mais secundário é importante para a história e tem o seu momento de ecran específico o que complica bastante a vida ao espectador mais desatento.

Para piorar as coisas, o filme ainda é passado em trés décadas diferentes e como tal apanhamos com os personagens quando crianças em 1970, acompanhamos os mesmos nos anos 90 e ainda os vislumbramos por volta de 2015. O que quer dizer que cada personagem é interpretado por um par de actores diferentes consoante a época em que a história decorre. E muitos deles têm alcunhas em criança e nomes diferentes em adultos…
Resumindo, este filme só pode ter sido um sucesso enorme no japão mesmo.
Metessem isto num cinema americano (ou americanizado) do ocidente e isto seria um fracasso absoluto pois metade das pessoas perder-se-ia por completo no emaranhado da história e personagens infinitamente variados, com a agravante do filme não ter cenas de aventura ou acção intercaladas ao estilo dos argumentos americanos para deixar o cérebro descomprimir.

É que essencialmente [“20th Century Boys“] é um filme oriental de mistério.
E um dos mais intrigantes e completamente hipnóticos que me lembro de ter visto em muito tempo.
Se vocês ficarem intrigados pela história, o seu desenvolvimento não vos vai deixar tirar os olhos do ecran até ao seu final. Final esse que é considerado por muita gente como uma das maiores desilusões do cinema recente.
Isto porque na verdade não corresponde minimamente á ideia de blockbuster com que o filme é vendida no ocidente e como tal era inevitável que muita gente visse as suas expectativas completamente frustradas.

Pessoalmente eu nem queria acreditar no que estava a ver quando o filme parou mesmo no melhor e a expressão “continua” apareceu na imagem.
Nunca tinha visto um filme acabar assim. A sensação com que se fica é que [“20th Century Boys“] acaba ali como podia ter acabado noutro sítio qualquer e isso é um sentimento algo estranho quando como espectadores investimos todo o nosso interesse na história e pelo menos esperávamos que nesta primeira parte algo nos recompensasse os primeiros 150 minutos do nosso entusiasmo.

No entanto…
Superem este pormenor e vão descobrir uma história fascinante suportada por um elenco enorme e cheio de carísma.
O filme practicamente não tem acção (não se deixem enganar pelos trailers), mas nem por isso deixa de ser divertido ou cativante.
Nota alta para o trabalho do realizador que conseguiu manter coeso todo o emaranhado do argumento sem nunca perder o fio á meada e criar um filme divertido e cheio de personalidade. Mesmo sem recorrer a cenas de porrada á americana ou a efeitos especiais ao longo de practicamente todo o filme, [“20th Century Boys“] mantém-nos colados á sua história e interessados no seu desenlace.
Só é pena ainda termos de esperar até ao lançamento do terceiro capitulo para ficar a saber como tudo termina. Isto claro se nunca leram o Manga, cujo o próprio autor é agora o argumentista do filme e talvez seja por isso que esta grande produção pareça ser mais uma banda-desenhada com imagens “reais” em movimento do que propriamente um filme.

Nota alta para o elenco infantil que tem um desempenho absolutamente hipnotizante. Alías, toda a parte passada na infância dos herois é um dos pontos altos do filme a fazer lembrar aquele estilo de história juvenis nostálgicas que normalmente Stephen King costuma contar.
Enquanto espectador não pude deixar de pensar que havia algo de Stand By Me nesta história e isso agradou-me mesmo muito e tenho a certeza irá agradar bastante a todos aqueles que foram crianças nos anos 70 bem antes de existirem computadores, telemóveis, videogames e internet e onde todos nós tinhamos de inventar os nossos próprios mundos de imaginação pois não havia nada do género pré-fabricado. O filme (e a história) capta muito bem o espírito de infância desses anos e sendo assim é mais um dos seus pontos altos.

Como este texto já vai longo e não quero revelar muito sobre o filme vou terminar apenas dando-lhes uma ideia da história.
Essencialmente [“20th Century Boys“] é sobre um misterioso culto religioso centrado num enigmático logotipo e numa figura conhecida apenas como “Friend” e sobre a maneira como esta personagem consegue dominar (e destruir?)  o mundo.
No inicio dos anos 70 um grupo de crianças imaginou uma história de ficção-científica precisamente contendo todos os detalhes que depois se vieram a tornar reais e como tal todo o mistério gira á volta da possibilidae de “Friend” ser na realidade ser uma das crianças do grupo original que de alguma forma conseguiu tornar realidade algo surgido num jogo infantil muitos anos atrás.
Fico-me por aqui pois há muito para descobrirem se virem [“20th Century Boys“].

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CLASSIFICAÇÃO:

Sinto que quando conseguir ver os trés filmes de uma só vez e puder unificar toda a história, hei de voltar a esta review e adicionar mais uns pontos á sua classificação.
Isto porque [“20th Century Boys“] é um filme diferente dos outros porque tem uma estrutura inesperada e como tal devido a isso é quase injusto estar a classificar isoladamente esta primeira parte pois ao contrário de filmes como o primeiro Lord of The Rings, esta não resulta enquanto filme e sente-se mesmo a falta da continuação para podermos ser realmente justos sobre o que dizer sobre o produto final.
No entanto não deixem de ver [“20th Century Boys“] pois é algo absolutamente único e recomenda-se vivamente.
Quatro tigelas de noodles…por agora…

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A favor: também neste filme o argumento labirintico e a forma como cruza os diversos caminhos do destino dos protagonistas, as sequências nostálgicas da infância dos personagens, o elenco e a quantidade enorme de personagens (secundários(?)), apesar da complexidade da história o trabalho do realizador é notável a gerir tudo aquilo, em 150 minutos de filme mesmo sem practicamente acção nenhuma o suspanse mantém-se apenas pela força da história e carísma dos personagens, o estilo de realização tem variações impecáveis que nunca deixam o filme perder o interesse e quase que assistimos a um estilo de filmagem diferente para cada personagem, a fotografia destaca-se especialmente nas sequências dos anos 70, quem gostou de Watchmen irá gostar de [“20th Century Boys“].
Contra: quem espera um blockbuster cheio de acção e estilo cinema catástrofe cheio de efeitos especiais vai ficar muito decepcionado, este primeiro filme não está estruturado enquanto primeiro capitulo com um principio meio e fim e acaba de forma completamente inesperada e sem resolver absolutamente nada do que desenvolve ao longo de quase trés horas, não sentimos que estamos a ver o primeiro filme de uma trilogia mas apenas um bocado do inicio de um qualquer filme de oito horas que subitamente nem sequer fica a meio mas acaba no inicio quando tudo parece ir começar a sério, as cenas de acção que supostamente seriam o climax desta primeira parte são absolutamente desinteressantes e banais mais parecendo a parte final de um qualquer episódio televisivo de uma série desinteressante qualquer com robots gigantes.

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=OCFOM5mZx28&feature=related

COMPRAR
A foto acima pertence á edição que eu comprei na Amazon Uk e que recomendo. Os dvds vêm dentro de um bonito livro numa edição hardcover com 24 páginas a cores detalhando muita coisa sobre o universo do filme (cuidado com os spoilers). Tudo com o excelente preço a condizer.
20th Century Boys (2 Discs & 24 Page Book) [2008] [DVD]

Está também já disponível o segundo capitulo numa edição em tudo semelhante á do primeiro caso queiram continuar a colecionar isto em dvds separados.
20th Century Boys Chapter 2 (2Disc & 24 Page Book) [DVD] [2009]

E finalmente o terceiro.
20th Century Boys 3: Redemption (Ws Sub Ac3 Dol) [DVD] [Region 1] [US Import] [NTSC]

Em alternativa, se quiserem já adquirir os 3 filmes de uma só vez também já o podem fazer numa única e muito interessante edição.
20th Century Boys Trilogy – The Complete Saga [DVD] [2010]

Recomendo vivamente a compra das edições dvd acima, mas se quiserem espreitar o filme primeiro podem ir buscá-lo aqui com legendas em Pt(Brasil)

IMDB
http://www.imdb.pt/title/tt1155705/

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Filmes “semelhantes” de que poderá gostar:

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Um Grito de Amor desde o Centro do Mundo (Crying Out Love in the Center of the World / Socrates in Love – “My Girl and I”) – O Livro


Antes de mais bom Natal para todos, Ho, Ho, Ho e tudo o mais. 🙂

Caso tenham visto e gostado muito do filme “My Girl & I” que recomendei alguns meses atrás, se calhar também vão gostar de saber que o livro que originou o filme,”Um Grito de Amor desde o Centro do Mundo”  acabou de ser editado em lingua portuguesa precisamente em Portugal.
Na verdade “Um Grito de Amor desde o Centro do Mundo” é o romance original que depois foi adaptado ao cinema no Japão com o titulo inglés  “Crying Out Love in the Center of the World” e não a história original de “My Girl & I” embora sejam idênticas em muitas coisas pois a adaptação Sul Coreana manteve muita coisa do filme japonês.
Acontece que eu ainda não falei aqui da adaptação original porque por acaso gostei mais do remake Sul Coreano, mas agora que o livro saiu em Português vou aproveitar a onda e por isso podem contar com uma análise desse filme para breve aqui também pois já o comprei há anos e tenho adiado falar dele até agora  não sei bem porquê.

E claro que  irei colocar aqui uma review deste romance original pois estou bem curioso, visto que o livro foi a história de amor mais vendida de todos os tempos no japão e daí a popularidade do filme por aquelas bandas também, a tal ponto que os próprios Sul Coreanos fizeram “My Girl & I” com base no mesmo trabalho literário.
O facto do livro ser um daqueles muito dificeis de encontrar até agora ainda aguça mais a minha curiosidade, pois até há bem pouco tempo só se econtrava editado em Japonês nem sequer havendo uma versão inglesa, (que julgo ainda nem há). Penso que no ocidente ainda só existe neste momento a tradução espanhola e a portuguesa se não me engano.
Sendo assim, não queria deixar de divulgar isto por aqui.
Mais novidades sobre o assunto  para breve.

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UPDATE (28-12-2009):
Há coincidências mesmo curiosas.
Andava há anos atrás deste livro, há seculos para colocar aqui a review da adaptação cinematográfica japonesa e agora parece que estou a ser perseguido pela obra em todo o lado.
Este Natal recebi um outro romance japonês comprado na amazon.co.uk chamado “Socrates in Love“. Comprei-o porque depois de ter lido o fabuloso pequeno romance “Be With You” estava intrigado sobre as histórias românticas made-in-japan e quando vi este “Socrates in Love” editado em Inglés mandei vir o livro sem sequer tentar saber muito mais sobre ele além de ter notado que tinha uma excelente review.
Ontem, ao procurar mais críticas sobre o mesmo, notei que o livro também já estava adaptado ao cinema e comecei logo a tentar encontrar o filme na net. Sem qualquer resultado, apesar de muita gente garantir ser uma história bem popular.
Ao procurar pelo trailer de “Socrates in Love” no YouTube, invariávelmente ia ter a resultados que mostravam imagens de “My Girl & I” e já estava a dar em maluco pois parecia que alguém se tinha enganado na associação, até porque no Tube também aparecem imagens da série televisiva igualmente adaptada do livro. E para mais ainda existe um Manga baseada no mesmo romance !!
Qual não é o meu espanto, quando descubro que “Socrates in Love” é o titulo inglés do romance original japonês que deu origem ao filme “Crying Out Love in the Center of  the World” ! O mesmo romance que agora foi editado em Portugal com precisamente o titulo de  “Um Grito de Amor desde o Centro do Mundo” !
Resumindo, por um pouco ia comprando a edição Portuguesa na mesma semana em que recebi ao romance em inglés. Isto porque o titulo da edição Lusa vai precisamente buscar a associação ao nome do filme que originalmente adaptou “Socrates in Love” e não usou uma tradução directa do titulo original japonês ou da sua versão em inglés.
Confusos ?!…Eu estava.

Sendo assim, quem quiser agora espreitar o romance que deu origem ao filme “My Girl & I” e a ” Crying Out Love in the Center of the World” (de que falarei aqui em breve), tem duas boas opções. Pode adquirir a versão Portuguesa aqui, ou então optar pela edição Inglesa comprando-a na amazon.co.uk .
Ou então compram o Manga em inglés também na Amazon (penso eu que isto seja o Manga)…

Espero que já não estejam confusos. 😉

Toki o kakeru shôjo (The Girl Who Leapt Through Time) Mamoru Hosoda (2006) Japão


Ora aqui temos um Anime diferente.
Num mercado saturado de longas metragens cheias de herois anime gráficamente estereotipados onde inevitávelmente todas as sequências de acção seguem sempre as mesmas regras visuais é muito bom encontrar um filme de animação como este.

[“The Girl who Leapt Through Time“] embora não sendo único no estilo é uma obra diferente dentro da animação japonesa.
Primeiro, não é um filme de aventuras, de acção, de super-herois ou sequer de fantasia, por isso é melhor avisar desde já que quem procura o típico filme anime cheio de movimento, montagem acelerada com imensas sequências cheias de estilo e cenas espectaculares não o vai encontrar aqui.
[“The Girl who Leapt Through Time“] é um filme calmo.

Não tem pressa de ir a lado nenhum, demora o seu tempo a estabelecer os seus personagens e por alguns momentos parece ser uma história sobre nada, onde muito pouco se passa, toda a gente fala muito e faz pouco e onde se nota logo de início que não vai haver sequer qualquer vilão na história. Pior ainda, torna-se evidente logo desde os primeiros minutos que isto vai ser essencialmente um “chick flick” vulgo, “filme para gajas” pois tem um tom extremamente feminino o que irá certamente afastar muito público que procuraria algo com mais adrenalina mas por outro lado, aposto irá atrair outro tanto que normalmente até poderá nem ligar a desenhos animados.

A adrenalina aqui, não está nas sequências de acção espectaculares nem no visual estilizado a duzentos fotogramas por segundo, mas principalmente no desenvolvimento da história porque essencialmente [“The Girl who Leapt Through Time“] é principalmente um filme sobre personagens. Melhor ainda, é um filme sobre pessoas e tudo isto poderia ter sido um filme normal em “imagem real” pois na verdade não contém própriamente nada que o obrigasse a ser produzido em anime. No entanto é um desenho animado e enquanto obra do género assemelha-se bastante a “Only Yesterday” um dos filmes do estúdio Ghibli mais obscuros pois são ambos duas histórias essencialmente femininas á primeira vista mas que têm muito mais para dizer do que seria de esperar num produto de animação.

E como se não bastasse [“The Girl who Leapt Through Time“] é quase um filme oriental de animação sobre string theory ou física quântica pois todo o argumento gira á volta da capacidade que a heroína da história tem de conseguir saltar pelo tempo á sua bela vontade e com isso criar muitas realidades alternativas causando o mais variado caos por entre as situações que vive e tenta corrigir.

Essencialmente o filme conta a história de Makoto, uma adolescente japonesa que uma manhã acorda num daqueles dias “não”. Discute com a irmã, fica sem pequeno-almoço, chega atrasada ao liceu, apanha com um teste surpresa na aula de matemática, provoca um incêndio numa aula de culinária, leva com um colega em cima ao passear no recreio, fica sem travões na sua bicicleta ao descer uma rua inclinada e basicamente para terminar o dia em beleza morre trucidada por um comboio quando não consegue parar na passagem de nível por causa da avaria na bicicleta.
Ou talvez não.
É que no preciso momento em que é atropelada pelo comboio, Makoto salta no tempo vendo-se subitamente transportada para alguns segundos antes e percebe que por qualquer motivo a sua morte óbviamente não aconteceu pois afinal a sua bicicleta tinha chocado dessa vez com uma pessoa que ia a passar evitando assim que Makoto sequer se tivesse aproximado da passagem de nível.

Ou talvez não…
Fiquem apenas a saber que Makoto depois do seu acidente, logo descobre que consegue saltar pelo tempo e não passa muito também sem que ela decida começar a usar o seu novo dom para ir alterando umas pequenas coisas aqui e ali no seu quotidiano de modo a equilibrar melhor a sua vida e a dos seus amigos.
No entanto como nem tudo é o que parece, em breve Makoto aprende que não existem pequenas mudanças na vida das pessoas e que qualquer alteração no seu destino pode significar muito mais do que apenas conseguir ter boas notas num teste que subitamente deixou de ser surpresa.
E mais não conto sobre esta parte porque senão o filme perdia a piada.

Embora [“The Girl who Leapt Through Time“] possa nesta altura parecer um anime de ficção-ciêntífica, a verdade é que vai muito mais além da premissa da história e na verdade o conceito é mais usado para depois justificar o desenvolvimento de personagens do que própriamente para agradar a quem esta altura já esperaria uma qualquer maravilha em anime sobre fisíca quântica. Não se esqueçam que afinal, este é um filme sobre personagens, sobre emoções, sobre as escolhas que pode haver na nossa vida e sobre qual o papel principalmente daqueles detalhes que nem julgamos relevantes e que se calhar no fundo são os que mais contam ao mesmo tempo que o filme tenta também demonstrar que se calhar muitas situações que á partida parecem más na altura poderão ser afinal o início de algo muito bom.

Como podem ver este não é um filme tão simples quanto aparenta ser.
Na verdade nem será propriamente um anime comercial, daí talvez a explicação para o grande fracasso de público que foi no oriente a quando do seu lançamento nas salas de cinema, pois muito pouca gente estaria á espera de com este tema de viagens no tempo levar com um anime intimista que mais parece um filme de autor do que própriamente algo talhado para um grande êxito comercial imediato.

Fracassou comercialmente mas não a nível de prémios.
[“The Girl who Leapt Through Time“] tem ganho reconhecimento por todo o sítio onde passa e com isso tem vindo também a ganhar um estatuto de filme de culto que só lhe fica bem. É que este pode ser um daqueles filmes de que não se gosta muito da primeira vez que o vemos (aconteceu-me também a mim), mas também é depois outro daqueles que por qualquer motivo não nos sai da cabeça até que voltamos a ele e já sem ideias pré-concebidas conseguimos apreciá-lo devidamente pelo que ele é e não há dúvida que este é um filme especial.
Os personagens são interessantes com destaque para Makoto que é realmente a alma do filme e um sucesso absoluto no que toca á caracterização humana de um personagem anime, a animação embora não deslumbre também não precisa de o fazer e os cenários são excelentes e conseguem transmitir uma atmosfera muito especial a um filme que na verdade não precisa mais do que já tem.

Além disso, consegue também ser uma excelente história sobre amizade com uma pitada de romance que vai agradar certamente até a quem normalmente nem liga muito a desenho animado mas no entanto gosta de cinema romântico oriental. Até neste ponto [“The Girl who Leapt Through Time“] recomenda-se vivamente pois contém no seu centro uma boa história de amor adolescente daquelas que envergonham qualquer filme teen americano e onde temos excelentes personagens que apesar de não passarem de desenhos nos fazem esquecer por completo que nem são de carne e osso pois no fim de tudo conseguem não só colocar o espectador a pensar com principalmente fazê-lo sentir uma empatia muito bem trabalhada e só esta humanização essencialmente adulta é um bom motivo para espreitarem este filme porque se conseguirem ultrapassar o seu ritmo lento vão certamente dar o vosso tempo por bem empregue.

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CLASSIFICAÇÃO:

Um filme que vai ganhando pontos de cada vez que o revemos. Comecei por lhe atribuir pouco mais de trés tigelas de noodles mas de momento já vou em quatro. Por agora fico-me por esta pontuação mas tenho a certeza que ainda a irei rever no futuro pois este é outro daqueles filmes que tem qualquer coisa especial que nunca sabemos bem o que é e que não nos deixa esquecê-lo.
Quatro tigelas de noodles portanto. Por agora…

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A favor: a humanização dos personagens, a personagem principal é excelente, a vertente de física quântica do filme pois as viagens no tempo são muito bem usadas para tornar reais os personagens, o sentido de humor latente mas nunca demasiado exibido, os cenários do filme, a banda-sonora muito ambiental mas discreta, as emoções que consegue transmitir já na parte final, a realização com o seu ritmo lento mas seguro e cheio de atmosfera, é cinema adulto e dá-nos um par de bons motivos para pensar.
Contra: o filme não deslumbra a uma primeira visão e pode até ser algo estranho e mesmo desinteressante pelo seu ritmo lento, por qualquer motivo não gosto muito do estilo gráfico dos personagens mas isto se calhar sou eu que estou para aqui a inventar, pode ser cinema anime mas não é para todos os públicos pois aproxima-se muito mais do cinema de autor do que do típico anime comercial.

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer
http://br.youtube.com/watch?v=Xk9SAmD00Iw&feature=related

Comprar
A Amazon Uk, tem disponíveis duas edições excelentes e baratinhas e tudo.

The Girl Who Leapt Through Time – Edição Simples

The Girl Who Leapt Through Time – Edição Especial

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt0808506/

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Apesar de ter mais Anime neste blog, não existe nada semelhante a este filme que possa de momento recomendar.

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Majo no takkyubini (Kiki´s Delivery Service) Hayao Miyazaki (1989) Japão


Actualmente começar uma review de [“Kiki´s Delivery Service“], sem mencionar as semelhanças com Harry Potter seria disfarçar o óbvio e portanto começemos logo por aí.
[“Kiki´s Delivery Service“], pode ter muitos pontos de contacto com o moderno feiticeiro dos livros, mas foi uma produção de Hayao Miyazaki muito antes do feiticeiro inglés começar a voar e já existia em forma de livro pelo menos dez anos antes de JK Rowling sequer ter pensado em escrever o primeiro volume da sua série. Quem sabe até se [“Kiki´s Delivery Service“],  não chegou a ser uma das inspirações para esta criar Potter ?…

Aqueles que tal como eu nunca tiveram grande fascínio por Harry Potter (e muito menos paciência para o seu culto), nesta altura já devem estar com vontade de passar á frente, mas esperem um bocadinho.
Apesar de [“Kiki´s Delivery Service“], ser um filme que irá agradar muito áqueles que procuram encontrar alguma da magia de Potter num desenho animado, esta é no entanto uma criação bem mais original do que “o seu sucessor” pois a sua origem está mais próxima de uma matriz inspirada no conto tradicional do que a vasta colecção de referências pop new-age anglo-saxónicas em que Potter está fundamentado.

[“Kiki´s Delivery Service“], foi a criação de uma escritora infantil japonesa chamada Kadono Eiko e foi esta a responsável pela primeira popularização no livro com o mesmo nome do conceito de jovens feiticeiros que percorrem os céus montados nas suas vassouras, escolas de magia e tradição mágica adolescente.
E apesar de já ser reconhecida antes no seu país, o facto desta obra ter sido depois adaptada ao cinema por Miyazaki (não sem algumas queixas da autora), fez com que o conceito atravessasse as fronteiras da Ásia, e o filme acabou por ser popular no ocidente. Inclusivamente foi uma das primeiras longas metragens de Miyazaki a serem dobradas em “americano” há mais ou menos 20 anos atrás.

[“Kiki´s Delivery Service“], é acima de tudo um grande trabalho de imaginação e simplicidade, pois Miyazaki partiu mais uma vez de uma história que nem sequer tem grande complexidade, momentos dramáticos, vilões ou grandes coisas a acontecer durante o filme todo e criou uma obra prima da animação cheia não só de ambiente como principalmente de magia.
Tudo sem precisar de recorrer a combates entre bons e maus, raios mágicos a sairem de varinhas ou filosofia new-age pré-fabricada.
No mundo de Kiki tudo é intensamente real, e até o próprio “universo paralelo” com uma Europa ficticia onde a história se passa nos parece tão legítimo como qualquer período histórico conhecido. Tudo isto graças á enorme quantidade de detalhes que esta animação contém e que o espectador só conseguirá captar plenamente numa segunda ou terceita visão.

Ao fazer 13 anos Kiki, atingiu a idade em que a tradição manda que as buxinhas saiam de casa e começem a sua vida sózinhas practicando o bem e servindo a população, por isso uma noite Kiki agarra na vassoura da sua mãe e parte para o mundo atravessando o céu estrelado, tendo apenas por companhia o seu gato falante.
Em pouco tempo encontra uma bonita cidade junto ao mar e começa a explora-la discretamente sempre atenta para tentar perceber se os seus habitantes precisarão dos serviços de uma bruxa. Após algumas peripécias faz amizade com os donos de uma padaria e passa a viver nessa loja o que lhe dá a ideia de usar a sua magia para criar um serviço de entregas rápidas.

E pronto, acabou a história. Óbviamente que há mais para contar, mas não precisam de saber mais nada para apreciarem [“Kiki´s Delivery Service“],  até porque o resto do filme mantém a mesma simplicidade e toda a acção tem por base coisas tão simples que contadas nem pareceriam interessantes. Por isso aconselho-vos a ver imediatamente este filme pois toda a sua magia está precisamente na descoberta dos detalhes que nos envolvem até ao seu final com muita aventura e fantásticas cenas animadas com vôos em vasouras.
E tudo sem perseguições, vilões, tiros, feiticeiros maus, magias negras ou qualquer outra coisa que não seja de uma simplicidade inesperada.

Mas não pensem que por causa desta simplicidade [“Kiki´s Delivery Service“], contenha poucos momentos mágicos. Se procuram uma atmosfera de magia única e acima de tudo uma história completamente -boa onda-, muito positiva e totalmente anti-depressiva têm aqui um filme a ver obrigatóriamente.
Recomendado a toda a gente que gosta de histórias com muita Magia, imaginação e algum romântismo clássico com visuais absoltuamente perfeitos e sequências de acção em vassouras voadoras.
[“Kiki´s Delivery Service“], é por tudo isto cinema obrigatório até mesmo para quem ainda pensa que não gosta de Anime ou do estilo Manga.
E não pensem que lá por ser desenho animado o filme será menos Cinema. Isto não é a vulgar série de televisão Anime que estão habituados a desprezar habitualmente.
[“Kiki´s Delivery Service“], fica bem em qualquer dvdteca de quem gosta de bom cinema.

Como habitualmente na obra do realizador, também [“Kiki´s Delivery Service“],   é um filme que pode ser apreciado tanto pelos mais novos como pelos mais velhos sem deixar de agradar a nenhuma das faixas etárias precisamente por causa do seu argumento inteligente que nem trata os putos como estúpidos e muito menos os adultos como crianças imbecis, criando um filme mágico extramente bem equilibrado e que agradará certamente a quem não tem medo de sentir-se de novo criança por um par de horas, sendo definitivamente uma das melhores obras de Miyazaki sem qualquer sombra de dúvida e muito superior ao que ele tem lançado actualmente.

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CLASSIFICAÇÃO:

Outro dos melhores filmes de fantasia Anime que poderão encontrar e um dos melhores trabalhos deste realizador.
A prova de que o facto de ser Anime não implica de modo nenhum que seja um objecto menor de Cinema só porque é um desenho animado.
Na minha opinião é mais uma obra prima da animação.
Cinco tigelas de noodles e um Golden Award como selo de qualidade excepcional sem qualquer sombra de dúvida.
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A favor: Tudo. Personagens, história, conceito, paisagens, detalhes dos desenhos, a banda sonora original, ambiente mágico e poético, o gato da Kiki.
Contra: a versão dobrada em “americano” pela Disney com uma atmosfera toda pop ao pior estilo “High-School Musical” e uma sonoridade Britney Spears. Subitamente o desenho animado parece um produto americano do mais televisivo e banal.
Vejam primeiro a versão japonesa porque auditivamente a atmosfera é logo outra e muito mais genuína.

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer Original
http://www.youtube.com/watch?v=qktI3VQdryM
http://www.youtube.com/watch?v=05lrfA-GJnQ&feature=related

Trailer Americano (versão onde até parece que o filme é da Disney)
http://www.youtube.com/watch?v=_dkLobz4bpw

Comprar:
Opções de compra para [“Kiki´s Delivery Service“],  é coisa que não falta, pois basicamente existem edições deste filme em todo o lado, excepto Portugal, claro.
Existem actualmente duas boas opções de compra.
Podem adquirir a edição legal e oficalizada por exemplo aqui na amazon inglesa a um preço excelente.

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Guitarra
http://www.youtube.com/watch?v=eHIzvKjTlOE
http://www.youtube.com/watch?v=FamSGT4coMo&feature=related
Piano
http://www.youtube.com/watch?v=77yxsLgMtmg&feature=related

IMDB
http://www.imdb.com/find?s=all&q=kiki+delivery+service&x=10&y=5

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