Um dia, um jovem pré-adolescente neglegenciado pela sua família vê-se o centro das atenções de um dos membros de uma comunidade de magos quando é identificado como tendo o potencial para vir a ser o maior feiticeiro de todos os tempos.
Após alguns precalços envolvendo a sua inexperiênca com o seu talento mágico recém-descoberto, o jovem é enviado para estudar no colégio da magia gerida pelo próprio arquimago que supervisiona a formação de todos os jovens feiticeiros e coordena todas as disciplinas mágicas que a escola lecciona.
Nesse velho Colégio de Magia, as aulas são dadas por professores específicos para cada uma das artes da magia, cada um com a sua personalidade e sendo o melhor na sua Arte.
Ao chegar á Escola da Magia, o jovem cruza-se com outro da mesma idade completamente arrogante que o desdenha por vir de familias humildes e faz tudo para o humilhar continuadamente, até ao dia em que os dois numa aposta de Magia que corre mal libertam um mal antigo “sem nome” que será a base do resto da aventura.
Bem-vindos ao mundo de [“O Feiticeiro de Terramar“].
Bem-vindos a [“Tales from Earthsea“].
Se calhar pensavam que eu ia dizer Harry Potter não ?
A verdade é que “Harry Potter” pura e simplesmente gerou tanto dinheiro que a sua máquina publicitária fez esquecer que todos os mesmos conceitos base já existiam antes na clássica obra de Fantasia conhecida pela trilogia de Terramar da autora Ursula K.Le Guin .
Escrito nos anos 60, o primeiro livro da série já contêm tudo o que depois se tornou popular na obra de J.K.Rowling, desde a escola de magia, aos professores feiticeiros, ás aulas de feitiços, a Dumbledorn, a Harry Potter e rivalidade com Malfoy, a Valdemort, á sombra, etc, etc, etc.
No entanto quantos fãs de Harry Potter conhecem esse facto ?…
Até muitos dos críticos omitiram em absoluto toda e qualquer referência ás influências de “O Feiticeiro de Terramar” na criação de J.K.Rowling, chegando inclusivamente a elogiar a autora pela extraordinária originalidade do conceito, ignorando por completo a existência da série clássica “Earthsea“.
Coisa que magoou a verdadeira autora do conceito da Escola de Magia de Hogwarts – Ursula K.Le Guin e não J.K.Rowling, pois nunca ninguém ligado ao franchising de Potter alguma vez emitiu uma nota de agradecimento pela “inspiração” e importância que a série de Terramar certamente teve na criação do mundo do feiticeiro inglés por muito que tentem ignorar públicamente todas as coincidências entre as obras.
O facto é que pelo menos oficialmente nunca houve sequer um reconhecimento público pela inspiração inicial que inevitávelmente “O Feiticeiro de Terramar” forneceu á autora de Harry Potter.
É que afinal coincidências existem, mas tanta coincidência também já é demais especialmente quando um simples agradecimento e pelo menos uma referência cordial seria bem vinda por parte de quem realmente criou o conceito daquele universo e no entanto ficou totalmente posta de parte perante o poder do dólar.
A única diferença entre a escola de Potter e a escola de Ged, é que uma se situa num mundo medieval de fantasia e a outra em inglaterra. O professor Dumbledorn é o mesmo personagem prácticamente nas duas obras, as cenas das aulas de magia com os seus professores específicos para cada arte mágica são decalcadas do trabalho de Le Guin, o puto rival de Ged em “O Feiticeiro de Terramar” tem não só o seu equivalente em Draco Malfoy presente em Harry Potter como básicamente são o mesmo personagem até na maneira como o confronto entre os dois se desenrola nos primeiros livros de ambas as séries. E isto entre muitos outros detalhes que poderão comparar se lerem “O Feiticeiro de Terramar”.
Embora J.K.Rowling depois tenha sabido habilmente contornar a situação nas sequelas do seus livros já mais personalizadas e imaginativas, as “coincidências” são tantas com o conceito inicial de Ursula K Le Guin que os próprios fãs de Potter deram um tiro no pé na altura em que a mini-série do “Feiticeiro de Terramar” estreou e todos eles bradavam aos céus nos foruns contra “Earthsea” porque só podia ser “óbviamente” um descarado plágio de Harry Potter. O que se virmos as coisas apenas pelo prisma de fazer dinheiro á custa da moda foi certamente a única razão porque a mini-série americana foi produzida.
No entanto segundo muitos fãs, “Earthsea” nem merecia ter sido colocado no ar por ter roubado tantas ideias, situações, conceitos e acima de tudo personagens que seria um desrespeito á original obra de J.K.Rowling.
O que não deixa de ser hilariante, pois no momento em que estes se indignam ao ponto de acusar “Earthsea“. de plágio, essa própria acusação acaba por fazer o “feitiço virar-se contra o feiticeiro” (haha) e mostrar que afinal quem criou mesmo todo o conceito da velha escola de magia foi na realidade Ursula K Le Guin e nunca J.K.Rowling.
Óbviamente que não se pode tirar o mérito á autora de Potter de depois ter desenvolvido as continuações, agora seria no mínimo justo que a própria tivesse ao menos um dia referenciado a obra de de Ursula Le Guin pois a matriz dos livros do jovem feiticeiro é por demais evidente para continuar a ser ignorada.
E no entanto quantos fãs de Potter ao atacarem “Earthsea” nos foruns faziam ideia de que este tinha sido baseado numa série de livros de fantasia ? Eu não encontrei nenhuns na altura e até hoje mesmo duvido que os encontre, afinal os livros originais não estão na moda e para muita gente significa logo que não têm qualquer importância ou nem sequer existem.
Mas o marketing é uma coisa fascinante. É impressionante como consegue criar modas na cabeça do público de uma forma tão negativa que apaga por completo os trabalhos originais. E conseguem fazê-lo actualmente até mesmo com obras tão consagradas como a série de Terramar o que só demonstra o poder da publicidade numa época em que os livros quase que se tornam produtos de fast-food onde ninguém se interessa de onde vieram os ingredientes de que são compostos mas toda a gente come porque o anúncio diz que é bom e os amigos também comem.
E já não bastava a mini-série de Tv ter sido uma desgraça no que toca á total ausência de uma adaptação fiel dos romances origiais, ao ponto da própria autora se ter insurgido públicamente contra a produção televisiva, como ainda por cima as poucas coisas que realmente pertenciam aos livros de Terramar foram depois acusadas de terem sido roubadas a Harry Potter pelo público.
Mais sobre a reacção da autora á péssima adaptação dos seus livros na série de Tv, aqui.
Neste mundo moderno da suposta informação global é impressionante até que ponto chega o desconhecimento das pessoas.
Muito bom crítico ao atacar o conceito de “Earthsea” afirmando que este estaria a tentar plagiar os filmes e os livros de Harry Potter , na realidade deveria era antes ter elogiado o trabalho não por ser uma série de tv da treta mas por ao menos ter mostrado de onde veio o universo de Magia que agora as pessoas pensam ter sido uma criação original moderna para Harry Potter e não foi.
É que a série televisiva é má, mas ao menos poderia ter servido para repor a legitimidade da autoria do conceito e nem para isso teve utilidade pois os próprios produtores voltaram a deixar de fora a autora da história e fizeram o que bem entenderam com o argumento que no fim se pareceu mais com um episódio do Dungeons & Dragons do que com qualquer livro de Ursula Le Guin.
Actualmente só aqueles apreciadores de Fantasia que sempre leram romances do género porque gostavam e não apenas porque é moda, sabem o quanto tudo isto é injusto.
O que nos leva até [“Tales from Earthsea“].
Apesar de ter o mesmo título que o último romance da série publicado há um par de anos, este (primeiro) filme de Goro Miyazaki, (filho de Hayao Miyazaki), é no entanto uma história completamente independente e que nada tem a ver com o livro.
Também não adapta nenhum dos outros romances e portanto isto nem sequer é uma adaptação de “O Feiticeiro de Terramar” ou de qualquer das suas sequelas.
No entanto, faz algo particularmente interessante, pois vai buscar referências a todos os romances e cria uma verdadeira tapeçaria de detalhes que infelizmente só poderão ser devidamente apreciados porque quem leu e gosta dos livros originais.
Muitas coisas que apenas são referidas brevemente nos livros são agora mostradas em [“Tales from Earthsea“] e outras que nunca existiram em qualquer parte são também acrescentadas, criando uma estranha mistura entre o mundo de Terramar (Earthsea) e qualquer outra coisa que não se sabe bem o que é e que umas vezes resulta em pleno mas outras nem por isso, o que torna este filme num produto único dentro do universo de produções do Estúdio Ghibli e nem sempre pelas melhores razões.
Isto porque se [“Tales from Earthsea“] consegue ser capaz de nos mostrar o melhor, a sua estrutura algo errática também contribui para que o filme não tenha sido aquilo que todos os fãs de Terramar gostariam que tivesse sido e entre os quais me incluo também.
É que á força de tentarem criar uma história única dentro do universo de Terramar, os detalhes perdem-se um pouco, pois nunca se percebe bem se a intenção foi criar um filme para quem conhece os livros ou para quem nunca ouviu falar deles. A verdade é que tudo isto fica a meio caminho de algo que poderia ter sido fantástico mas por vários motivos não chegou a sê-lo.
O filme tem momentos absolutamente mágnificos e totalmente dentro do espírito das novelas de Ursula K Le Guin mas depois noutras alturas dispersa-se por algo que não tem de forma nenhuma o ambiente de Terramar e por outro lado essa parte também nunca é suficientemente desenvolvida para ganhar uma identidade própria que pudesse equilibrar as coisas.
O facto da narrativa ser algo errática também não ajuda, pois em certas alturas parece que a vontade de mostrar conteúdo foi tanta que acaba por não se passar nada durante largos minutos e onde até o ritmo dos próprios diálogos parece reflectir essa falta de coisas para dizer ou acrescentar á história nesses momentos. Como resultado, o filme parece maior do que precisava de ter sido e isso não é própriamente um ponto positivo para uma obra que deveria ter mantido o espectador completamente entusiasmado do princípio ao fim, afinal estamos a falar do mundo do Feiticeiro de Terramar e toda a gente que gostou dos livros desejava certamente tal como eu gostar deste filme muito mais do que gostamos. Especialmente tratando-se de um produto Ghibli merecia ter sido muito melhor.
Há coisas muito estranhas em [“Tales from Earthsea“].
Soube-se que a produção não foi pacifica e o próprio Hayao Miyazaki parece que teve constantes atritos criativos com o seu filho que realizou esta obra e as coisas nunca ficaram muito bem resolvidas. A própria Ursula K Le Guin, mais uma vez deixada de parte no processo de adaptação foi das primeiras a vir dizer que o filme era bom mas infelizmente não era de forma nenhuma o seu Terramar, embora não tenha sido a desgraça que a mini-série americana “EarthSea” foi.
Basicamente as coisas não correram bem durante o processo criativo e isso infelizmente nota-se muito no ecran pois a partir de uma certa altura ficamos sempre com a sensação de que o filme é um imenso vazio no que toca a ambientes visuais.
Uma das coisas mais evidentes e também mais estranhas, em [“Tales from Earthsea“], é a sua óbvia falta de orçamento, pois visualmente não está de forma alguma á altura das outras obras dos estúdios Ghibli, parecendo em certos momentos mais um mau desenho animado de sábado de manhã do que uma obra com a assinatura do nome Miyazaki por detrás.
Não que o filme não contenha alguns visuais absolutamente lindissimos, mas practicamente esgotam-se nos cenários das grandes cidades e num par de paisagens campestres do mundo de Terramar. São verdadeiramente fabulosos, com muita atmosfera, um detalhe incrível e muito movimento de personagens, mas depois o resto do filme é de uma pobreza visual incompreensível, com muito poucos cenários dignos desse nome e os que tem, são tão básicos que nem sequer em termos de design ultrapassam o típico castelo construido á base de formas geométricas primárias sem qualquer detalhe adicional que lhe dê sequer uma identidade gráfica interessante, quanto mais algo que pertencesse ao mundo de Terramar tal como este foi imaginado nos livros.
Os grandes planos neste filme são mais que muitos, talvez de propósito para os desenhadores não terem que pintar mais cenários por detrás dos personagens e á medida que [“Tales from Earthsea“] se aproxima dos seus momentos finais as coisas vão ficando cada vez mais pobres gráficamente culminando numa demasiado longa e aborrecida sequência de acção onde não há practicamente nada para contemplar e totalmente baseada nos mais primários clichés do Anime de acção contrariando tudo o que estamos habituados a ver nos filmes dos Estúdios Ghibli onde cada detalhe parece sempre pensado ao limite e onde existe sempre uma atmosfera de imaginação visual a enquandrar tanto o argumento como as cenas de acção.
Em [“Tales from Earthsea“] isso está completamente ausente e é pena pois a cada minuto que passa o filme vai perdendo a sua magia.
Isto não quer dizer que não contenha esporádicamente alguns momentos fabulosos e verdadeiramente poéticos. E são esses que nos trazem de novo de volta ao mundo de Terramar.
Muito se falou da surpresa que o estilo gráfico Anime causou quando as primeiras imagens de Terramar foram dadas a conhecer ao público, pois na verdade ninguém alguma vez conseguiu imaginar como ficaria o mundo imaginado por Ursula Le Guin quando transposto para o estilo oriental.
Muitos fãs dos livros não gostaram do que viram e o filme começou logo por ser muito criticado porque o seu ambiente visual não seguia a atmosfera dos romances.
Na verdade não é isso que me preocupa, pois bem vistas as coisas, as descricções dos livros podem caber em qualquer identidade gráfica que se queira atribuir e por isso não percebo porque não podiam ser representados num estilo Anime se este estivesse bem imaginado.
E na minha opinião está, não só perfeito, como dotou esta visão de Terramar de um estilo que nunca ninguém esperava ver. Na minha opinião o Terramar de Goro Miyazaki limpa o chão com os clichés de Dungeons & Dragons que foram usados para a péssima adaptação americana na série “Earthsea“.
O problema de [“Tales from Earthsea“], não está na sua representação oriental do mundo de Terramar. Está sim no facto deste aparentemente não ter tido qualquer orçamento decente para que os artistas pudessem ter realmente nos mostrado o Terramar que todos queriamos ver e do qual temos apenas alguns fabulosos vislumbres ocasionais. E mesmo nessas cenas nota-se que o colorido disfarça muito mais a falta de detalhe do que seria desejável.
No entanto as bases estão lá todas e nota-se que houve uma grande tentativa para se criarem ambientes numa escala realmente épica que pudesse demonstrar a vastidão do poético mundo polvilhado de ilhas.
Muitos dos cenários acertam em cheio na maneira como traduzem o ambiente marítimo e a poesia daquele mundo e nem nos cenários rurais menos detalhados a magia se perde apesar dos poucos pormenores.
O problema é realmente o pouco uso deste tipo de ilustração mais complexa para que o mundo de Terramar tivesse realmente sido aberto ao espectador como todos aqueles que gostam dos livros esperavam encontrar numa obra produzida pela Ghibli e que no entanto ficou-se por um produto que pouco mais é do que uma boa obra. Talvez mesmo muito boa, apesar de tudo, mas não deixa de ser extremamente deprimente sentirmos em alguns momentos aquilo que poderia ter sido e nunca foi.
Como habitualmente não irei revelar aqui nada da história, mas só lhes posso dizer que espero que tenham lido os livros de Terramar antes, pois podem ter a certeza que [“Tales from Earthsea“] ganhará outra vida.
Se não leram, também não faz mal, mas infelizmente se calhar não irão ficar com muita vontade de os conhecer depois.
Na verdade, as partes que funcionam da história são precisamente aquelas com as inúmeras referências aos livros. É bom encontrar a personagem que Ged salvou em “Os Túmulos de Atuan” e ficar a saber o que lhe aconteceu por exemplo.
O uso desse personagem e a forma como interage com os outros cria uma ligação fantástica aos livros originais e que passa óbviamente pelo arquimago, mais uma vez em filme representado como um homem branco, para descontentamento da autora dos livros que nunca o imaginou puramente caucasiano. Mas sinceramente isso não me chateia por aí além. Ao menos aqui, Ged tem a personalidade certa e não parece saído de uma Boys-Band americana como acontece na série de Tv produzida nos States.
Uma coisa perfeita neste filme é no entanto a sua banda sonora. Todo o score é absolutamente mágico e hipnótico e é um dos detalhes mais responsáveis pela atmosfera Terramar que percorre os melhores e mais genuínos momentos do filme.
A sequência com a miuda a cantar no cimo da colina é simplesmente poética e poderia ter sido parte de qualquer cena nos romances originais. O mesmo acontece á cenas mais emotivas onde precisa haver uma ligação entre o espectador e os personagens sem precisarem de entrar em diálogos para transmitir emoções. Aqui a música é imprescindível e não poderia ter feito melhor trabalho em capturar esses momentos. Algumas das cenas mais bonitas em [“Tales from Earthsea“] são precisamente aquelas em que não há diálogo e existe uma junção perfeita entre a paisagem de Terramar e o seu ambiente musical completamente etéreo que alterna entre a música celta e uma sonoridade imediatamente reconhecível como japonesa, o que na minha opinião é o estilo musical perfeito para se ilustrar o mundo de Terramar e como tal a banda sonora, juntamente com algumas paisagens e desenvolvimento de personagens serão possivelmente os melhores momentos do filme e aquilo que o impede de ser apenas um produto muito mediano.
Só é pena, as outras alturas do filme não manterem o mesmo nível de qualidade e cuidado presente nas melhores sequências pois se [“Tales from Earthsea“] tivesse sido um produto mais equilibrado teriamos tido aqui um dos melhores filmes de Fantasia Anime de sempre mas infelizmente a coisa ficou-se pelo caminho, dizem as más-linguas por haver demasiadas pessoas criativas a quererem impor a sua vontade.
O que é pena, pois perdeu-se mais uma oportunidade de se conseguir fazer a adaptação definitiva do mundo de Terramar, embora ainda contenha alguns momentos bem atmosféricos e por exemplo, um final bucólico muito bonito que nos faz apetecer querer ver outra aventura.
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CLASSIFICAÇÃO:
Um filme algo decepcionante pela oportunidade perdida que representa e mais uma tentativa relativamente falhada de trazer para o grande ecran o mundo de Terramar.
No entanto tem alguns pontos positivos e é um bom Anime. Não sei no entanto se agradará mais a quem conhece a obra de Ursula K Le Guin ou a quem nunca ouviu falar de “O Feiticeiro de Terramar”.
Apesar de tudo, leva quatro tigelas de noodles só porque é um filme de Terramar e eu não consigo dar menos mesmo apesar das suas fraquezas. No entanto, se calhar nao merece quatro tigelas, por isso retirem-lhe uma se não conhecerem nada dos romances em que este filme é baseado pois grande parte do seu encanto está no facto do público conhecer as referências dos livros.
Por outro lado talvez não…
Estão por vossa conta, embora na minha opinião se gostam dos filmes Ghibli este é outra compra obrigatória porque mesmo sendo dos mais fracos é no entanto superior a muita coisa que anda por aí e mesmo como adaptação do mundo de Terramar ao menos não é a desgraça que a mini-série americana foi.
Por isso quatro tigelas de noodles.
A favor: a banda sonora é perfeita, consegue adaptar o mundo de Terramar ao estilo Anime e tem personalidade, tentou criar uma história cheia de referências dos romances originais, os personagens principais, as cenas finais cheias de ambiente.
Contra: para um filme passado em Terramar há terra a mais e mar a menos no ecrã, quem não leu os livros não vai apreciar devidamente a história, o trailer dá ideia de que o filme tem um ambiente visual mais detalhado do que acontece na realidade, á medida que avança o filme fica cada vez mais pobre gráficamente, os vilões não têm qualquer interesse ou carísma, as cenas de acção do final são no mínimo aborrecidas e extremamente pobres gráficamente, a narrativa arrasta-se durante longos minutos em muitos momentos do filme onde parece que nem há nada para dizer, o excesso de referências acaba por se tornar prejudicial pois fica a meio termo entre a adaptação de algo e o vazio de ideias quando não usa material dos livros originais.
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NOTAS ADICIONAIS
Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=C5ehRnwNDs8
Comprar filme
Excelente edição na Amazon Uk bem baratinha
IMDB
http://www.imdb.com/title/tt0495596/
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Comprar os Livros
Podem comprar a trilogia, (composta por quatro livros…(sim…eu sei…)), aqui nesta edição única que ficarão muito bem servidos com os quatro primeiros romances de Terramar.
Ou então comprar cada um em separado.
A Wizard of Earthsea
Tombs of Atuan
The Farthest Shore
Tehanu
Depois podem adquirir as novelas mais recentes escritas há um par de anos também, pois completam plenamente o universo Earthsea e quem gosta deste mundo não vai querer perder, tanto:
The Other Wind como o Tales from Earthsea
Apenas uma nota para dizer que a única semelhança entre este último livro e o filme Anime está apenas no titulo, pois o livro é composto por uma série de contos que completam muitas das histórias abertas ao longo da obra original escrita nos anos 60 e não tem nada a ver com o argumento do filme realizado agora por Goro Myiazaki.
Em portugal, os trés primeiros livros foram há muito editados na excelente e clássica colecção de ficção-científica “Argonauta”, mas actualmente a editorial Presença lançou-os na sua excelente colecção de romances juvenis onde já se contam editados alguns dos melhores romances de Fantasia actuais.
Não deixa no entanto de ser interessante como em Portugal se continua a associar o género da Fantasia apenas a livros para crianças e nem a um clássico como Terramar foi dado o devido destaque que merecia pela editora, tendo enterrado esta obra numa secção infantil das livrarias onde muito pouco adulto interessado em Fantasia alguma vez irá espreitar.
De qualquer maneira aqui ficam os links para a actual edição portuguesa da Trilogia de Terramar:
LIVRO 1 – “O Feiticeiro de Terramar” – (agora renomeado como “O Feiticeiro e a Sombra“, sabe-se lá porquê).
LIVRO 2 – “Os Túmulos de Atuan”
LIVRO 3 – “O Outro Lado do Mundo” – (agora renomeado como “A Praia mais Longinqua“).
LIVRO 4 – “Tehanu – O Nome da Estrela“
Curiosamente o “The Other Wind“, já está editado não na mesma colecção infanto-juvenil, mas teve uma outra edição isolada numa colecção de aspecto “já mais adulto” e intitulado “Num Vento Diferente“.
O que deve ser mesmo bom para confundir as pessoas e as levar a começar a ler esta história pelo quinto volume em vez de terem começado pelo “O Feiticeiro de Terramar“. Ás vezes pergunto-me quem terá estas ideias.
Pela descrição que a Presença tem no site, também não consigo perceber se misturaram ou não, este livro com o “Tales of Earthsea” (que a editora chama “Tales of Earth and Sea” (?!)
Será que ninguém lê os próprios livros que editam ?! Será que não repararam que a expressão “Earthsea” é a alma e a base do romance ?!… Estou baralhado. Terão juntado os últimos dois livros e lançado tudo num único volume aqui em Portugal ?
Não sei, nem me interessa. Estão por vossa conta meus amigos, mas se gostam de Fantasia recomendo a leitura dos romances. De preferência até antes de verem este filme de Goro Myiazaki pois será muito mais apreciado por quem conhece e gosta dos romances originais do que pelo espectador casual de Anime.
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