The Monkey King 2 : The Legend Begins (2016) ChinaThe Monkey King 2) Pou-Soi Cheang (


Wow !
Até ao momento [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] foi para mim a surpresa do ano em termos de cinema, pois desta não estava nada à espera.
Apanhar com uma sequela assim principalmente depois do primeiro filme ter sido tão …ehm…inclassificável… foi verdadeiramente um prazer no que toca à descoberta de novos filmes de Fantasia.

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O personagem do –Monkey King– apesar de pertencer à própria cultura popular chinesa, para mim sempre foi absolutamente insuportável. Estas versões modernas, não são a primeira adaptação do conceito que trouxe este heroi para o cinema, mas independentemente de que versão tenha aparecido no mercado desde há décadas, para mim este Rei Macaco sempre foi o equivalente oriental ao Jar-Jar-Binks no Star Wars e portanto quem percebe esta referência já está a imaginar a tragédia e o quanto insuportável se pode tornar um personagem num filme de fantasia. E este ainda conseguiu ser pior, se é que tal lhes parece possível.

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[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] apesar do subtitulo “The Legend Begins” é na verdade a sequela do filme “The Monkey King” de 2014. Ou melhor, por acaso pareceu-me quase uma espécie de -reboot- não assumido desta franchise oriental. [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] está para “The Monkey King” e para a série de adaptações clássicas de filmes Chineses -“Journey to the West”- como o novo Star Wars – The Force Awakens, está para o universo Star Wars.
Apesar de referenciar muitos dos acontecimentos anteriores, [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é muito semelhante ao novo Star Wars na forma como usa tudo o que já foi feito anteriormente em cinema para de certa forma recomeçar a saga de -Journey to the West- e as aventuras de Monkey King com um novo fôlego.
E que fôlego meus amigos !

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Muito raramente se encontra uma sequela que melhore por completo o que foi feito no filme anterior mas [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é definitivamente um verdadeiro manual de como se olha para um primeiro título e se consegue reparar practicamente todos os defeitos e falhas apresentadas na primeira adaptação.
Estava a ver isto e a pensar que quase parecia que o os criadores deste segundo filme tinham lido a minha review do primeiro “The Monkey King“, anotado cada uma das minhas queixas e melhorado tudo o que eu tinha apontado de negativo. Curiosamente, ao ler um par de outras reviews profissionais na internet, notei que também outras pessoas sentiram exactamente o mesmo que eu senti e também pela mesma razão gostaram agora também mesmo muito desta sequela.

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Afinal [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é bom porquê ?
Para dizer a verdade, isto começou e durante os primeiros vinte minutos ou algo assim, eu já pensava – not again – e já me preparava para desancar forte e feio também nesta sequela.
Para quem viu o primeiro capítulo disto (não é obrigatório), certamente também o inicio desta sequela lhes irá parecer mais do mesmo. O personagem continua insuportável, acontecem lutas em animação CGI histérica desde o primeiros segundo sabe-se lá porquê pois não têm grande contexto para nos situar na acção e até se anda à porrada com um típico dragão chinês só porque este tinha mesmo que voltar a aparecer no filme, (pois é realmente muito cool sim senhor) e não havia maneira de certamente o encaixar noutra parte da história.
Portanto, tudo péssimo no início deste filme, sem olharmos para isto em comparação com o que esperávamos que tivesse evoluído desde a primeira aventura.

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No entanto, continuem com o filme e vão descobrir que pouco a pouco irão ficar estranhamente mais interessados em tudo o que se passa no ecran e quando vocês darem por isso já estão a adorar aqueles personagens. Personagens que à partida parecem vir a ser tão rídiculos quanto o heroi mas que quando vocês chegarem ao final deste filme, mal podem esperar para os voltar a ver numa parte 3 que espero sinceramente que seja produzida com a qualidade e identidade deste segundo capítulo.
Atenção, toda a minha review enquadra-se num contexto de cinema de Fantasia. Se vocês não têm qualquer interesse por dragões, feiticeiros, cidades encantadas e montros míticos chineses, então é melhor passarem à frente e irem ver outra coisa qualquer que eu tenha recomendado por aqui.
Se chegaram até aqui, gostam de Fantasia e procuram uma história que se torna absolutamente cativante então estão no sítio certo.

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Aliás, o grande trunfo de [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] está no facto de ir melhorando a cada minuto que passa. Este foi para mim um daqueles raros filmes em que senti que o que ainda estava para vir ia ser melhor e felizmente desta vez não me enganei.
Especialmente a nível de personagens.
Felizmente que alguém percebeu que o “The Monkey King” anterior precisava mesmo de uma renovação e de um grande melhoramento a nível de humanização dos herois para deixar de ser apenas o festival técnico de CGI sem alma que caracterizou o primeiro filme.
E é precisamente na humanização dos herois que [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] desta vez acerta em cheio.

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Não parece ao início; a quantidade de efeitos digitais em modo ultra histérico continua absolutamente elevada a todo o instante mas mais uma vez se demonstra que se calhar um mau filme não está no exagero de efeitos digitais ou num excesso de cenas com efeitos especiais mas sim no facto de muitos filmes suportados em efeitos não os conseguirem mostrar dentro de um contexto concreto com pesonagens de que fiquemos a gostar.
[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] pega em tudo o que falhou no primeiro filme a nível de personagens e exagero de efeitos sem alma, para melhorar tudo isso e desta vez temos uma história que trata tão bem os seus protagonístas que depois o exagero de efeitos já nem parece problemático; isto porque tudo está em perfeito equilíbrio precisamente porque desta vez ficamos mesmo a gostar de acompanhar cada um dos herois sem sentirmos que andam perdidos em intermináveis cenas de ecran verde para nada.

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[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é um filme que sabe quando deve parar. Pelo meio de tanta porrada digital, tanto efeito, tanto design espectacular ainda sobra espaço para um excelente desenvolvimento de personagens. A história está polvilhada de pequenos momentos que humanizam cada heroi (e até a vilã) e ainda consegue arrancar um par de momentos verdadeiramente dramáticos no melhor dos sentidos. É nessa altura que nos apercebemos que se calhar esta filme é bem melhor do que nos parecia pois damos por nós a nos importarmos realmente com a relação entre os personagens.

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E suspense. Este filme consegue ter suspense ! Até mesmo numa história de fantasia algo formulática em termos de estrutura consegue criar um par de momentos de tensão bastante bons que só contribuem para o espírito de aventura geral. E consegue isto até mesmo em cenas completamente afundadas em animação de CGI, o que não deixa de ser um feito notável.
Da mesma forma que os personagens vão ficando mais complexos, também a animação digital vai ficando mais espectacular e as cenas de acção vão se tornando mais histéricas. Só que desta vez tudo resulta, porque todo o filme já encontrou o seu equílibrio à muito.
Deixem-se levar por este universo e vão encontrar um dos melhores mundos de fantasia dos últimos tempos.

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Em termos de acção nota-se um esforço evidente para que cada cena de porrada apresente algo diferente. Nem sempre resulta, mas percebe-se que o filme está cheio de boas tentativas de nos divertir com cenas de luta o mais variadas possível.
[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é um filme de artes marciais dentro daquele estilo –Fantasia– muito assente em acrobacias com fios (que muita gente não gosta), passado num mundo algo semelhante ao de “The Promise” ou “The Restless” e é tudo o que por exemplo o ultra-decepcionante “Monk comes down the mountain” não conseguiu ser no que toca à criação de um universo de fantasia único envolvendo lutas de artes marciais.

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É certo que em [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] os efeitos especiais continuam a ser por demais, mas desta vez como tudo está bastante bem equílibrado quanto a mim isso só contribui mais para nos transportar para um verdadeiro mundo encantado, numa China mítica que tem algo a ver também com o espírito das Mil e Uma Noites…e…macacos me mordam se não há por aqui neste filme um par de piscadelas de olho aos filmes de aventuras arábicas do clássico criador de efeitos especiais Ray Harryhausen (filmes de Sinbad dos 50,60,70s); pois a cena da luta contra os esqueletos neste filme parece ser uma verdadeira homenagem à cena clássica do filme com as aventuras de Sinbad que muita gente interessada pelo cinema de Fantasia clássico, conhece.

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Adoro quando um filme de fantasia me consegue realmente transportar para um mundo imaginário e há muito que não via algo que tivesse tido esse efeito da forma como [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] o fez agora. Nem os recentes -The Hobbit- de Peter Jackson tiveram esse efeito em mim na sua totalidade e muito menos tinha encontrado qualquer título oriental recente que tivesse conseguido criar um mundo realmente único dentro do género da Fantasia desde “The Promise” há dez anos atrás; talvez com excepção do divertido “Dragons Nest: Warrior´s Dawn” no que toca ao puro cinema de animação.

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[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] acerta em cheio na criação de um mundo imaginário. Apesar de ser assumidamente –cinema de Photoshop– essencialmente, consegue no entanto abrir-se a uma escala épica que tinha faltado em absoluto ao primeiro “The Monkey King“. Desta vez já tudo não se passa apenas num único ambiente e os nossos herois fazem realmente uma veradeira viagem por um mundo de fantasia onde encontramos as paisagens mais variadas e imaginativas que para mim são absolutamente essenciais quando se pretende transportar o espectador para um outro universo.

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Os herois viajam por desertos, florestas, vales, montanhas sem neve, montanhas com neve, cidades em ruínas, capitais épicas (com sabor a Mil e Uma Noites), templos perdidos, torres demoníacas, masmorras e todo um sem numero de locais que adorei percorrer e que contribuiram totalmente para solidificar aquele mundo de fantasia que mesmo construído em CGI sente-se no entanto como real; (essencialmente porque assenta em bons personagens).
Em vários momentos parece que estamos  a ver um excelente livro ilustrado com um qualquer conto de fadas muito imaginativo visualmente e portanto nota alta para o concept-design desta aventura.

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E por falar em personagens, o filme pode chamar-se [“The Monkey King 2: The Legend Begins“], mas desta vez, felizmente já tudo não precisa de girar à volta do protagonísta. Na verdade senti que os criadores deste filme perceberam que o -“sindroma Jar-Jar-Binks”– poderia realmente continuar a dar cabo desta saga e desta vez o próprio Monkey King mesmo apesar de continuar histérico com o raio e com um riso absolutamente irritante está no entanto mais contido. Não só tem momentos de pausa muito bons em que podemos vislumbrar uma verdadeira humanização por detrás do personagem, como este faz parte de um grupo mais vasto e funciona mais como complemento central onde toda a história assenta do que própriamente tem o papel central.

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A haver um heroi se calhar é o personagem do monge que tem a missão de viajar para Oeste em busca dos escritos sagrados do Budismo, mas mesmo este não resultaria se não estivesse apoiado pelos restantes membros do grupo de herois e portanto temos aqui um verdadeiro -ensamble cast- em vez da história ser apenas uma desculpa para cenas de acção histéricas com o Monkey King. Todos os personagens importam e tudo resulta por causa dessa química que há entre eles e que nos fazem gostar de acompanhar o seu destino.

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[“The Monkey King 2: The Legend Begins“] é também um filme sobre o vilão da história. Ou melhor, sobre a vilã. Uma verdadeira feiticeira completamente inspirada na bruxa má da história da Branca de Neve (ou pelo menos parece) e que acaba por ser o coração emocional do filme, até na forma como a sua história está depois ligada ao próprio destino do monge e irá afectar toda a acção e desenvolvimento dramático no segmento final da aventura que resulta em pleno.

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Este personagem da feiticeira é um espectáculo. Não só a caracterização e o design são perfeitos, como depois tudo o que envolve efeitos especiais em torno da sua Magia é absolutamente cativante. [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] contém realmente muito boa animação CGI e se calhar não se nota, mas é nos momentos mais calmos envolvendo o personagem da vilã que nos damos conta como bons efeitos digitais quando resultam realmente contribuem para nos transportar para um mundo imaginário e nem por um instante nos lembramos que estamos a ver um persoangem de fantasia.

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Já falei sobre a origem desta história noutras reviews, mas para quem não sabe “Journey to the West” é assim uma espécie de saga da literatura clássica chinesa com uma forte tradição budista e em termos de comparação com Portugal é quase o equivalente aos “Lusíadas” só que com muito mais imaginação como podem ver pelos filmes se já os conhecem.
O Rei Macaco é apenas um dos persongens dessa saga mas é um dos herois míticos mais populares da China.
Curiosamente esta nova franchise do “Monkey King” é quase uma sequela (e prequela também) de um dos títulos orientais que já comentei por aqui, chamado “A Chinese Tall Story” e que na verdade é outra adaptação de mais um bocado desse texto clássico chinés (texto por demais enorme para ser adaptado num único título mas com material para aventuras inesgotáveis que certamente ainda iremos continuar a ver muito pelo cinema de fantasia chinês).

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De resto, o que mais dizer sobre este filme ? Falha no quê ?…
Bem, se calhar muitos cenários digitais são exageradamente digitais, se calhar tem alguma acção demasiado exagerada; mas a verdade é que desta vez isso não é de todo um problema. Só o facto de eu estar aqui a tentar esforçar-me para encontrar algo de verdadeiramente mau sobre este filme para postar aqui, é sinónimo de que se calhar achei [“The Monkey King 2: The Legend Begins“] ainda melhor do que eu pensei.

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Ah, e a banda sonora não se nota à primeira, mas é excelente e absolutamente perfeita para este tipo de história. Só me apercebi o quanto a música deste filme tem personalidade quando a estava ouvir nos créditos e fiquei com  vontade de comprar o cd  e tudo.
E por falar em créditos, vejam o filme até ao fim. 😉

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CLASSIFICAÇÃO:

Ainda pensei atribuír-lhe “apenas” cinco tigelas de noodles porque isto afinal não será própriamente o Casablanca e é apenas um filme de efeitos especiais bastante bom, mas a verdade é que eu realmente adorei [“The Monkey King 2: The Legend Begins“].

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Como cinema de Fantasia foi dos títulos que mais gostei nos últimos anos e acima de tudo gostei do facto de não ter gostado dele no início mas depois ao acabar só me apetecia ver uma terceira aventura e é muito raro encontrar cinema de efeitos especiais num modo histérico que me consigam cativar tanto.
Este vou comprar mesmo em Blu-Ray pois aposto que a versão 3D vai ser realmente fantástica, até porque o filme está cheio de momentos visuais que irão resultar muito bem de certeza absoluta nesse formato. Normalmente nem tenho grande curiosidade pelo 3D mas abro uma excepção concerteza para esta aventura.

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Transportou-me verdadeiramente para um mundo imaginário que não questionei de todo e só por isso vale cinco tigelas de noodles e um Golden Award.

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A favor: corrigiram tudo o que estava mal no primeiro filme da saga, desta vez temos personagens de que gostamos, a vilã é fantástica, é muito variado em termos de ambientes e criaturas imaginárias, tenta variar também  nas cenas de luta, consegue criar um mundo de fantasia sólido mesmo com todo o cgi à mistura, excelentes paisagens, parece um livro ilustrado em muitos momentos, bom sentido épico, boa banda sonora, muito divertido, deixa-nos com vontade de continuar a acompanhar aqueles personagens

Contra: os primeiros vinte minutos são algo caóticos e tudo parece banal e mais do mesmo em relação ao primeiro título de 2014, é cinema photoshop e portanto se são alérgicos a efeitos especiais deste género podem não gostar disto, se não gostam de cinema de fantasia em jeito de conto popular chinês esqueçam este título.

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NOTAS ADICIONAIS

TRAILER

 

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt4591310

Outra review:
http://www.hollywoodreporter.com/review/monkey-king-2-film-review-860996

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Mtime.com

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COMPRAR BLURAY [várias opções à venda no Oriente]

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COMPRAR BLU-RAY REGIAO ZERO/LIVRE na YesAsia
http://www.yesasia.com/us/the-monkey-king-2014-blu-ray-3d-2d-taiwan-version/1035437909-0-0-0-en/info.html

COMPRAR BLU-RAY REGIAO ZERO/LIVRE na DDHouse
http://www.dddhouse.hk/products/monkey-king-2-the-3d2d-blu-ray-2016

(Em Hong Kong na Play Asia, sai em Maio de 2016 – várias opções)
BLURAY [região zero]
3D e 2D – http://www.play-asia.com/the-monkey-king-3d2d/13/707qw5
3D apenas – http://www.play-asia.com/the-monkey-king-3d/13/707qvt
2D apenas – http://www.play-asia.com/the-monkey-king-2d/13/707qvx

DVD [região zero(?) por confirmar ainda…]
http://www.play-asia.com/the-monkey-king/13/707qvp

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Se gostou deste irá gostar de:

A Chinese Tall Story capinha_Themonkeyking capinha_sorcerer_and_white_snake capinha_restless capinha_snow-girl

capinha_vikingdom capinha_dragon nest The Promise

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Cinema_oriental_no_facebook

 

 

Kiki’s Delivery Service – Majo no takkyûbin – Takashi Shimizu (2014) Japão


[“Kiki´s Delivery Service”] logo à partida é um daqueles filmes de que me apetecia gostar mesmo muito !
Practicamente tal como aconteceu com toda a gente que conhece o filme animado original, também eu fiquei absolutamente surpreendido quando descobri que alguém tentou passar esta história para live-action.

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Mais surpreendido fiquei, quando descobri que a pessoa que o tentou fazer foi precisamente Takashi Shimizu que é bem mais conhecido por provocar ataques cardíacos a quem pensa que não tem medo de filmes de terror através dos seus excelentes JU-ON.
Portanto encontra-lo agora por detrás das câmeras naquela que é provavelmente uma das histórias japonesas mais emblemáticas e fofinhas de todos os tempos é algo com que eu não contava de todo.

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Para quem não sabe [“Kiki´s Delivery Service”] na sua origem é um dos mais populares (e esgotados) romances para crianças Japoneses publicado em 1985. Apesar de ser algo praticamente desconhecido aqui pelas bandas do ocidente, o livro original lá pelo Japão é quase uma espécie de Harry Potter muuuuuuito antes de Harry Potter, isto em termos tanto de popularidade como de criatividade.
No entanto, [“Kiki´s Delivery Service”] por cá ficou bastante popular não pelo livro mas pelo trabalho de Hayao Miyazki que em 1989 adaptou pela primeira vez o romance original Kiki ao cinema tendo produzido a obra prima que é a sua versão anime “Kiki´s Delivery Service” que não só na minha opinião mas de muita gente é simplesmente um dos melhores desenhos animados e filmes para todas as idades de todos os tempos; só comparado a outras produções do realizador, como “My Neighbour Totoro” ou “Laputa Castle in the Sky”, talvez.

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Por isso quando se soube que iria haver um remake em live-action para [“Kiki´s Delivery Service”], toda a gente ficou em enorme expectativa, pois com uma história destas a coisa tanto poderia ser brilhante como dar seriamente para o torto.
O que ninguém esperava é que ficasse a meio termo e isso é quase pior do que ter realmente dado para o torto.
Estranhamente esta nova versão é verdadeiramente decepcionante em muitos aspectos, enquanto que noutros nos dá um breve vislumbre da magia que poderia e deveria ter tido !

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Logo do início apetece-nos mesmo gostar muito de [“Kiki´s Delivery Service”]. Eu próprio nos primeiros 15 minutos achei que lhe iria atribuir sem sombra de dúvida pelo menos cinco tigela de noodles na minha apreciação final. Mal podia esperar que o filme acabasse para dizer ao mundo o quão genial esta nova versão era.
Infelizmente passados mais quinze minutos percebi que algo estava sériamente errado com este filme.

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Comecemos pelo que tem de positivo.
Embora não tente adaptar de forma óbvia o mundo desenhado por Hayo Miyazaki é perceptível que este foi inevitávelmente uma inspiração inicial para o design de produção desta adaptação live-action. E ainda bem. Infelizmente não podemos contar com aquela maravilhosa cidade em estilo steampunk victoriano que nos deslumbrou a partir do meio da adaptação Anime, até porque duvido que houvesse orçamento para recriar algo assim, mas a verdade é que apesar da ausência de balões e dirigiveis no céu, continua a sentir-se algo de especial nos cenários que representam a ilha para onde Kiki vai trabalhar.
Se esta versão ainda consegue ter alguma magia, muito deve à cenografia de certas pequenas sequências em que Kiki voa ou interage com as pessoas da cidade para onde vai viver.

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Incialmente as cenas passadas na aldeia onde Kiki nasceu também são visualmente muito bonitas, mágicas e atmosféricas. Sente-se um ambiente demasiado plástico por causa do óbvio CGI de alguns cenários que depois não ligam bem com o set design interior, mas nem isso quebra a primeira boa impressão que temos com o visual da história.

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Também gostei da escolha para interpretar a Kiki. Esta actriz tem sido algo atacada pela sua caracterização decepcionante de um personagem que toda a gente estava habituado a ver em animação, mas na minha opinião penso que não é por causa dessas óbvias diferenças que [“Kiki´s Delivery Service”] se torna um filme muito mais decepcionante do que deveria ter sido.
Esta Kiki, também é apontada como sendo demasiado velha para o papel. Nisso é verdade, a rapariga não parece própriamente ter 12 anos e está um bocadinho demasiado madura para um papel tão infantil, mas penso que é algo que enquanto espectadores acabamos por ultrapassar porque acho que a jovem actriz trouxe muita vida e frescura a este personagem. A alma do personagem está lá.

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Uma coisa que é absolutamente fabulosa nesta produção são as paisagens naturais que este filme mostra e para mim só peca não terem mostrado ainda mais. Não sei até que ponto estes locais apresentados existem realmente, mas se existirem com esta beleza eu por mim mudava-me já para aqui hoje mesmo, pois isto em termos de inspiração para o meu trabalho de ilustração seria absolutamente fantástico.
Curiosamente na internet não se encontram imagens destes bocados do filme e portanto não lhes posso demonstrar como são realmente bonitas e mágicas todas as localizações naturais por onde Kiki voa na sua vassoura de bruxinha.

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O que me leva a coisas menos boas…ou talvez não.

Os efeitos especiais em [“Kiki´s Delivery Service”] oscilam entre o excelente em pequenos breves segundos que mostram Kiki a voar por cima de algumas paisagens fabulosas e o atroz ! Mas atroz mesmo !!!
Inicialmente os cenários CGI medianamente produzidos já tinham sido um pequeno alerta de que este filme provavelmente não teria tido um bom orçamento para coisas desta, mas nada me preparava para montagens contra ecran verde dignas de um filme do inicio dos anos 90 numa produção de 2014. Muito menos ainda numa produção como [“Kiki´s Delivery Service”] que pedia acima de tudo um orçamento bem generoso para bons efeitos especiais !!

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E não é porque os efeitos especiais orientais sejam regra geral obrigatoriamente piores do que o que se faz em Hollywood. Muito pelo contrário. O que não faltam por aí são excelentes exemplos de óptima animação CGI em cinema japonês contemporâneo (este blog está cheio deles) e portanto não se percebe porque precisamente um filme como [“Kiki´s Delivery Service”] que depende realmente muito de excelente efeitos para ser eficaz se espalha ao comprido mesmo onde deveria ter brilhado mais.

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Filmar [“Kiki´s Delivery Service”] sem dinheiro para efeitos especiais é quase como tentar produzir os novos Star Wars com um orçamento de série-B caseiro.
Algumas cenas em que Kiki voa na sua vassoura são absolutamente péssimas e o problema é que isso retira imediatamente o espectador adulto de dentro daquela atmosfera mágica que nos deveria conseguir iludir do principio ao fim.
Aliás, tal como muita gente já comentou, o grande problema desta nova versão de [“Kiki´s Delivery Service”] é que na sua essência é um produto que só conseguirá agradar verdadeiramente a crianças pequenas; enquanto que a versão anime de 1989 é uma adaptação realmente para todas as faixas etárias apesar de ser um produto animado.
Esta nova versão de [“Kiki´s Delivery Service”] está imediatamente datada e ainda nem sequer tem um ano.
As sequências de acção na aventura final são completamente desinteressantes porque por esta altura já o espectador não aguenta ver mais CGI e montagens amadoras e só pensa em ir rever o desenho animado original para recuperar.

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Eu não conheço o livro mas sei que também Miyazaki em 1989 não adaptou o romance de forma integral ou particularmente fiel ao texto do romance. O que me leva a pensar que se calhar ele estava muito certo.
Isto porque se esta nova versão live-action estiver bem mais próxima do conteúdo do livro, então foi bom a versão animada ter ignorado toda a parte da história que aparece agora nesta produção moderna. Pessoalmente depois de ver este filme fiquei sem vontade nenhuma de ler o livro…

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A partir do momento em que Kiki chega à sua cidade adoptiva, toda a história deixa de se parecer com o que vimos no Anime de Miyazaki e entra por uma série de sequências episódicas absolutamente desinteressantes, com vários sub-plots que aparentemente pretendem mostrar a evolução e amadurecimento emocional da personagem mas só aparecem no écran como cenas dramáticas absolutamente falhadas, pois o filme nunca se decide o que quer ser; se um drama se uma história de magia.
O sub-plot sobre a antiga bruxa que perdeu a vontade de cantar é absolutamente de nos colocar a dormir a meio por exemplo. Se isto está no romance original, ainda bem que a versão Anime ignorou esta sequência pois quebra o ritmo da narrativa de uma forma que simplesmente não resulta em filme. Para agravar a actriz que faz de bruxa ex-cantora não tem qualquer carisma e parece inclusivamente estar a fazer um frete por ter entrado nesta produção para crianças.

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Para piorar as coisas, [“Kiki´s Delivery Service”] a partir do meio parece ser também sobre o salvamento de um hipopótamo noutro sub-plot que não lembra ao diabo e onde ainda por cima encontramos um dos grandes exemplos do pior CGI animado nesta produção. É de ver para não querer crer no que vemos.
Mau, mau, mau !

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E por falar em  diabo; pior ainda é o gato da Kiki !!!
Aquele que era um dos personagens que mais alma tinham no desenho animado e um dos bonecos mais fofinhos de sempre no cinema japonês ( a par com Totoro ), aqui em [“Kiki´s Delivery Service”] a gata Jiji, é nos apresentada como uma espécie de gato dos infernos. Um bichano que só pode estar possuído pelo demónio, feio como o raio, inesperadamente antipático e totalmente incapaz de criar qualquer empatia com o espectador, o que na minha opinião é verdadeiramente o grande tiro no pé deste filme.
Comparem só o gato do filme com a sua versão cute do Anime. Qual destes gatos é que vocês usariam no vosso ritual satânico preferido ?

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[“Kiki´s Delivery Service”] até poderia ter tido os efeitos mais foleiros de sempre (quase); os sub-plots até poderiam ser desinteressantes (são), mas agora o que nunca, nunca deveria ter tido era uma total ausência de carisma nos personagens ! Muito menos ter representado a gata Jiji da forma que é caracterizada neste filme !!
E é melhor nem me perguntarem a opinião também sobre a animação deste boneco…

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Tirando Kiki, todos os personagens em [“Kiki´s Delivery Service”] ou são irritantes como o raio, ( o idiota marido da padeira não serve para nada; a padeira idem ), ou são absolutamente desinteressantes e um total vazio dramático ( as adolescentes da cidade ) ou pior ainda estão lá para criar drama forçado sem qualquer razão ( a sobrinha da bruxa cantora, o tratador de animais do zoo ).
[“Kiki´s Delivery Service”] falha enquanto filme, não por todas as suas fraquezas técnicas mas acima de tudo nas suas fraquezas dramáticas, pois nunca por qualquer momento sentimos que Kiki está numa situação que nos interesse seguir; ao contrário do que acontecia no desenho animado.

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Até o personagem do rapaz que quer aprender a voar aqui é absolutamente estéril em termos dramáticos. E pior ainda é apresentado como um convencido sem qualquer empatia com o que o rodeia e nem por um instante nos interessamos por ele enquanto espectadores ou nos importamos com o seu destino.
Depois a história entra por um climax final sem qualquer nexo; a atmosfera muda para uma espécie de aventura na selva envolvendo cientistas e hipopótamos feridos e tudo nos faz perguntar a todo o instante onde está aquele [“Kiki´s Delivery Service”] que toda a gente queria ver numa adaptação moderna para cinema…

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Como muita gente já sabe, o filme conta a história de Kiki, a pequena bruxinha que vem de uma longa linhagem de bruxas que têm por tradição ajudar os humanos. Quando uma bruxinha faz treze anos esta deverá abandonar o lar dos pais, pegar na sua vassoura e ir viver ( e trabalhar ) sózinha durante um ano inteiro numa cidade onde precisem dos seus serviços e é o que acontece. Kiki muda-se para uma bonita vila à beira mar, mas nem tudo corre bem quando tenta ser aceite pela população.

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Entre hipopótamos sem interesse, bruxas que perderam a vontade de cantar e adolescentes irritantes a única coisa que se salva são mesmo os ambientes naturais lindíssimos e algumas breves sequências de vôo que surpreendentemente estão com montes de atmosfera e por momentos nos fazem pensar que o filme irá finalmente descolar e tornar-se absolutamente mágico.
Não vai.

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Portanto, [“Kiki´s Delivery Service”] tinha tudo para ser um filme inesquecível e é realmente um daqueles títulos de que apetece MESMO gostar muito, mas infelizmente passamos o tempo todo à procura de bons momentos que por vezes duram um segundo ou dois em tempo de ecran quando todo o filme deveria ser verdadeiramente mágico tal como o Anime de Myiazaki o foi em 1989.
É com muita pena minha que esta versão não irá ficar para a história e só ficará na minha memória porque adoro a adaptação anterior em desenho animado.

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CLASSIFICAÇÃO

Eu queria mesmo, mesmo gostar disto mas tenho que admitir que o filme é realmente decepcionante, acima de tudo porque um filme sobre magia, com um personagem fantástico como Kiki a bruxinha deveria ser verdadeiramente mágico e não é.

E pior ainda, [“Kiki´s Delivery Service”] nem sequer é verdadeiramente mau. Apenas é desinteressante. Mais valia que fosse insuportável e seria mais fácil cascar nele pelas suas falhas. Assim como está é apenas uma grande desilusão.

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Mesmo assim três tigelas e meia porque enquanto filme para crianças nem é mau de todo. Apenas deveria ter sido mais que um filme para crianças, tal como a versão Anime surpreendentemente consegue ainda ser.

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A favor: as paisagens naturais da ilha são incríveis, as cenas iniciais na aldeia da Kiki são um bom começo para o filme, os cenários da ilha e da vila para onde Kiki vai viver são muito bonitos e atmosféricos, tem uma boa fotografia que consegue tirar bom proveito da luz e da cor bonita que percorre toda a história, em termos de design notam-se algumas boas influências do próprio anime mas consegue ter uma identidade própria, algumas cenas de vôo (por breves segundos) são fantásticamente atmosféricas e entusiasmantes, a protagonista embora um bocadinho velha demais é uma boa Kiki.

Contra: a caracterização dramática de todos os personagens é um vazio, há personagens demasiado inúteis que não servem para nada, os sub-plots de argumento tornam o filme demasiado episódico e nunca o sentimos como sendo uma única história, o sub-plot com a bruxa cantora não tem qualquer interesse, a sequência de aventura envolvendo o hipopótamo é imbecil demais, os efeitos especiais são muito muito fracos com destaque para as péssimas animações CGI e as montagens amadoras com óbvio écran verde, é essencialmente um produto que só agradará mesmo muito a crianças quando deveria ter o mesmo apelo universal do desenho animado.

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt2865558

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The Monkey King (Xi you ji: Da nao tian gong) Pou-Soi Cheang (2014) China


Quando em dois minutos de trailer não se vê uma única referência a qualquer história e apenas levamos com intermináveis sequências ultra mega cool de porradaria digital em estilo carton a gente sabe que isto só pode ser…
Não faço ideia…

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Aviso já que esta review vai ser totalmente esquizofrénica por isso não se espantem com as contradições.
Se há uma coisa que eu detesto mais do que galinhas são macacos. Especialmente macacos em filme.
Deve ser um trauma dos seriais do Tarzan dos anos 30 com a célebre Chita que vi em pequeno mas qualquer filme com chimpanzés, macacos e afins faz-me imediatamente mudar de canal. Especialmente documentários.
Portanto, um filme chamado [“The Monkey King”] não estaria propriamente na minha lista de prioridades cinematográficas.
O problema é que eu não resisto a filmes de fantasia chineses e as cores deste cativaram-me por completo no trailer. Como tal lá fui eu ver o filminho porque não podia continuar a ignorá-lo…apesar do macaco…

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Também me chamou logo a atenção por se tratar de mais outra adaptação de um texto clássico oriental que me fascina desde há muito quando li a primeira história baseada nele em criança.
O personagem do Rei Macaco, tem uma razão de ser e apesar de eu continuar a acha-lo absolutamente irritante e ridículo por outro lado percebo qual é a sua base o que me faz apreciar este filme de uma forma diferente do espectador comum que desconhece totalmente o contexto cultural em que um blockbuster chinês como este se insere.
Portanto, a minha relação com um filme como [“The Monkey King”] é algo confusa por vários motivos.
Se por um lado o acho insuportável e totalmente secante pelo excesso de acção a todo o instante, por outro lado o seu universo cativa-me. Especialmente o universo visual que conseguiram desencantar para esta nova versão cinematográfica.

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[“The Monkey King”] para quem não sabe assenta naquilo que é um dos grandes clássicos da literatura na China. Uma espécie de poema épico tradicional que narra os feitos mais incríveis de alguns heróis míticos dentro da cultura chinesa, entre os quais o popular –Monkey King.
Esta já é uma de entre várias versões que ao longo dos anos foram produzidas mas é definitivamente a mais cativante…ao mesmo tempo que nos consegue aborrecer de morte também.
Tal como já acontecia com um filme semelhante, o imensamente popular lá pela china, “A Chinese Tall Story” que também é baseado no mesmo texto épico e do qual eu já falei por aqui no meu blog alguns anos atrás.

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Se quiserem fazer uma comparação e me estiverem a ler em Portugal, esta aventura em [“The Monkey King”] é apenas um segmento de uma história bem mais épica ainda (se é que tal parece possível), pertencente a uma história conhecida como “Journey to the West” e que segundo consta pelas bandas da China toda a gente sabe de cor porque é ensinada ás crianças tal como nós aqui pelo ocidente ensinamos histórias como a branca de neve, o capuchinho vermelho, a bela adormecida, etc, etc, etc.
Acontece que neste caso, “Journey to the West” não é apenas uma história infantil mas pertence desde logo á própria literatura máxima dentro da cultura chinesa e em muitos locais é inclusivamente tida como um relato histórico e até religioso.
Imaginem que nós aqui em Portugal em vez de contarmos histórias infantis ás nossas crianças lhe contávamos aventuras retiradas de “Os Lusíadas” de Luis de Camões e não andarão muito longe do conceito.

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Com a diferença que em termos de imaginação “Journey to the West” limpa o chão com qualquer canto lusitano por mais imaginativo que possa parecer aos olhos de qualquer portuga patriota, pois o nosso –Adamastor– levaria uma carga de porrada até do personagem mais insignificante que se pode encontrar no épico de fantasia chinês.
Ainda por cima macacos me mordam, se “Journey to the West” não terá qualquer coisa a ver com os épicos indianos no estilo Marabahata, epopeias vedicas e narrativas idênticas saídas dos primórdios do tempo na India. Isto porque a quantidade de elementos de “fantasia” e “ficção-científica” é semelhante em muitas das narrativas e ao contrário do que por exemplo acontece com os Lusiadas em Portugal, “Journey to the West” está cheio de referências a mundos exteriores, civilizações avançadas e todo um manancial de pormenores que não destoariam do próprio Star Wars.

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Essas referências foram muito bem evidenciadas também no ultra histérico “A Chinese Tall Story” (que em português significa algo como “Um conto chinês exagerado”) que contém sequências espaciais e tecnológicas que não destoariam de uma qualquer space-opera moderna apesar de tudo ter sido baseado nas ideias já presentes nos textos clássicos da cultura chinesa há mais de mil anos.
Se “A Chinese Tall Story” em grande parte assenta também bastante em civilizações técnologicamente avançadas, onde não faltam “Vimanas” ao melhor estilo indiano (talvez a justificar a sequência totalmente Bollywood do inicio daquele filme e ligando culturalmente a base das suas histórias tradicionais); em [“The Monkey King”] o destaque vai mais para o lado de pura fantasia ao melhor estilo conto popular chinês onde nem falta um genial dragão oriental e grandes paisagens épicas.

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O que dá num cruzamento bastante feliz entre algo como o velhinho “The Neverending Story/A Historia Interminavel”, o cinema Wuxia oriental e um design digital semelhante ao que se tornou popular pelo ocidente com “Avatar”, (embora este tenha ido inspirar-se em conceitos orientais já existentes para definir a sua identidade gráfica) e portanto isto é como um ciclo onde tudo volta a casa.

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Portanto [“The Monkey King”] é essencialmente um filme de fantasia oriental. Com tudo o que tem de típicamente exagerado dentro deste género de filmes que só os chineses parecem saber como cozinhar com sucesso.
Talvez por isso, por ter uma identidade e um estilo tão marcadamente chinês, o filme seja totalmente trucidado no ocidente, acusado de total falta de coerência, exageros sem nexo, história sem ponta por onde se lhe pegue, etc.
Na verdade concordo com tudo.
Por outro lado, para conseguirmos apreciar devidamente este tipo de cinema há que deixar não só o cérebro à porta como toda a nossa bagagem cultural e referências ocidentais têm que ser momentaneamente colocadas de parte.
E é isto que 99% do público pura e simplesmente não consegue fazer ainda e como tal é totalmente incapaz de apreciar o que há de bom neste género de filmes verdadeiramente únicos pelo que eles são. Um conto popular chinês na melhor tradição daquela parte do mundo.

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O que se passa com o público ocidental é que devido à popularidade do estilo “Dungeons & Dragons” cozinhado pelos americanos a partir do modelo inventado por Tolkien nos anos 30 e 40, este não consegue conceber outra fórmula de fantasia que não seja a habitual – quest- com um grupo de heróis, um feiticeiro, um elfo, um anão, etc.
Dê por onde der, por mais que remisturem os ingredientes, no ocidente toda a fantasia de consumo popular vai sempre beber á mesma fórmula. As pessoas estão totalmente formatadas para olharem apenas para o estilo Tolkien com sendo o único género de fantasia que pode existir; da mesma forma que há alguns anos atrás devido ao sucesso do Star Wars original, muita gente pensava que o género da Space-Opera era a única ficção-científica que devia existir e tudo o que não encaixasse na fórmula popularizada (e não inventada) por George Lucas não era digno de consideração popular.

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Actualmente o desprezo pela fantasia chinesa no ocidente é total, apenas porque ela não assenta nas fórmulas ocidentais. As pessoas querem ver –quests– com elfos e anões e nem conseguem perceber que existe um outro género de fantasia bem mais antigo e que até já foi bem popular gerações atrás através de livros; – o conto de fadas chinês.
Só a expressão –conto de fadas– é suficiente para fazer logo metade dos espectadores –muito machos– argumentarem imediatamente que não vêem filmes para crianças e só querem é X-Men e Transformers porque isso é que Hollywood lhes dá permissão gostarem sem correrem o risco de serem apontados como esquisitos pelos amigos ao lado que fingem ser tão homens quanto eles.
Como tal, o conto popular chinês actualmente no ocidente não só é completamente ignorado e desconhecido como depois quando aparece um produto como [“The Monkey King”] é simplesmente atacado e ridicularizado porque não imita os filmes do Peter Jackson.

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O que é pena, pois finalmente como está plenamente demonstrado em [“The Monkey King”] a técnologia chegou a um ponto onde a reprodução dos universos de fantasia dos contos de fada chineses finalmente é totalmente possível.
Só é pena que o espectador ocidental já não tenha referências que lhe permitam dar valor a produtos como este apenas porque nada do que podem ver no écran se encaixa na ideia pré-definida que Hollywood selou há muito na cabeça das últimas gerações sobre o que deverá ser um filme de fantasia.

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O que não quer dizer que muita da culpa desta situação também não seja dos chineses.
Por exemplo, filmes como [“The Monkey King”] são uma verdadeira oportunidade perdida para a china tentar penetrar no mercado de cinema de fantasia cá pelo ocidente. É são uma oportunidade perdida porque os filmes não fazem qualquer tentativa para – ensinar – as modernas audiências a gostar de novo da magia que se pode encontrar nos contos populares chineses. Ou seja, eu não digo que transformassem este tipo de cinema de fantasia nos Avengers, mas penso que pelo menos poderiam tentar incluir referências suficientes nas histórias de forma a que houvesse algo que o moderno público ocidental pudesse imediatamente identificar para conseguir criar uma empatia com o filme. Tanto a nível de argumento como no próprio estilo das cenas de acção. Essencialmente acalmar um bocadinho o CGI histérico à velocidade da luz…talvez ajudasse a que os espectadores ocidentais conseguissem até ver o filme e tudo…

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Eu compreendo que o estilo de cinema de fantasia em versão conto de fadas chinês tenha as suas regras mas por outro lado é essa pureza que os chineses mantêm neste tipo de filmes que os prendem ainda no ghetto dos épicos de fantasia chineses isolados do mundo que se calhar teria muito a ganhar em redescobrir a incrível imaginação que existe nos contos tradicionais do oriente.
[“The Monkey King”] é bem o exemplo disso.
Na verdade o raio do filme pode-se dizer que é do pior !
São duas horas em velocidade ultra acelerada e em total regime visual histérico que uma pessoa quase que tem um colapso nervoso. Epilépticos mantenham-se afastados.
Tudo aquilo que vocês podem ver no trailer, é o filme.
Mais nada.

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Imaginem que o trailer durava duas horas.
Aí têm o filme.
Ao fim de meia hora vocês já estão com vontade de clicar no botão de fast-forward e só com muita força de vontade é que a maioria de vós não o irá fazer. Ou então porque já estarão a dormir.
O que é um contrasenso total. Como raio é que um filme com tanta acção pode dar tanto sono ?!
Quando o virem vão entender. Se ainda estiverem acordados.
Aliás, se já viram o “A Chinese Tall Story”, percebem perfeitamente o que estou a tentar dizer agora.
[“The Monkey King”] tem tanta porrada, mas tanta porrada, tanto efeito especial digital mas tanto efeito especial digital que peca por excesso. Aliás, na verdade não há mais nada a não ser CGI histérico durante as duas horas deste filme, o que quer dizer que em duas horas de “história” devemos ter 110 minutos de cenas de acção.
Volto a dizer, vejam o trailer. O filme é o trailer durante duas horas sem parar.
Nem mais, nem menos.

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Insuportavel ?
Horrivel ?
Ridiculo ?
Mau como o raio com CGI do pior ?
Claro que sim !
E história tem ?
Claro que não !

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Ou melhor, tem.
Mas sofre do pequeno problema de mais uma vez ser baseada naquilo que na sua forma original é um épico literário gigante e como tal, se “A Chinese Tall Story” cometeu o erro de tentar incluir centenas de sequências diferentes de forma a conseguir reproduzir pelo menos as primeiras partes da história original e falhou redondamente por tentar encaixar á força tudo num curto espaço de tempo, também [“The Monkey King”] se espalha ao comprido mas pelo motivo contrário.
Essencialmente [“The Monkey King”] adapta apenas um bocadinho da odisseia épica. Talvez a parte mais “intimista” da coisa o que retêm a acção praticamente no mesmo sitio o tempo todo.

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Enquanto em “A Chinese Tall Story” o espectador viajava por mundos e cenários sem conta, aqui em [“The Monkey King”] limitado-nos a acompanhar as intermináveis cenas de acção praticamente nos mesmos três ou quatro sítios. Montanhas, céu, floresta dos macacos, reino celestial, inferno e pouco mais. Pode parecer muito, mas acreditem-me, não é suficiente para dar variedade á história. Ou manter-nos acordados a partir do meio do filme.
Uma história que praticamente não existe, pois todo o filme gira á volta do Monkey King, da forma como cresce, como é treinado, como desafia os deuses, como lida com os demónios e pouco mais. O resto é CGI a duzentos á hora durante os restantes 110 minutos ou algo assim.
Verdade seja dita que o CGI evoluiu bastante no cinema chinês.
[“The Monkey King”] já não se parece com um enorme jogo da Playstation ONE…
Agora parece-se com um enorme jogo da Playstation 4 !
Volto a repetir; nada do que eu possa descrever aqui lhes poderá dar ideia do quanto este filme se torna verdadeiramente insuportável, sendo um verdadeiro teste à nossa paciência enquanto espectadores.

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Isto pode querer parecer que eu estou a concordar com tudo o que os ocidentais dizem quando atacam o filme pela net, mas não é bem assim. Isto porque por outro lado [“The Monkey King”] tem coisas absolutamente fascinantes.
Para começar anda sempre na corda bamba entre o – vou mas é desligar esta porcaria – e o – pá, eu tenho mesmo que ver o que vai acontecer a seguir !
É que visualmente se alguma vez houve um conto de fadas plenamente bem ilustrado esse conto de fadas é esta versão de [“The Monkey King”].

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O filme conta com imagens absolutamente incríveis e verdadeiras obras primas da ilustração digital para cinema.
Se a ideia foi a de criar um livro ilustrado cinematográfico, [“The Monkey King”] acerta em cheio pois independentemente de algum CGI ser do pior, a verdade é que em termos de design de produção será provavelmente o filme de tantasia oriental mais bem desenhado que alguma vez vi. E já vi muitos.
E também não perde nada em comparação com que se se faz em fantasia no ocidente. Apenas lembrem-se, isto é um conto de fadas chinês e tem uma estética própria totalmente tradicional. Isto é suposto ter este visual !

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As cores neste filme são absolutamente incríveis. O design dos cenários, o guarda roupa e até alguns efeitos de maquilhagem fazem com que mais do que um filme [“The Monkey King”] seja um dos melhores livros ilustrados que alguma vez vi no écran.
Tivesse este filme uma história a condizer e poderia ter sido o melhor filme de fantasia dos últimos anos competindo na boa com o melhor da fantasia ocidental como o Lord of the Rings/Hobbit, independentemente das diferenças de estilo.
Infelizmente a história disto é não só, muito pouca como é totalmente desinteressante e se calhar mais uma vez a culpa está na sua pureza pois é apenas um bocadinho muito pequenino de um imenso conto popular chinês e como tal deixará o público ocidental de olhos em bico sem dúvida nenhuma.
O filme pressupõe demasiado que o espectador já conhece o poema épico “Journey to the West” e confia que este preencha na sua imaginação tudo aquilo que não é mostrado ou referido. Ora isto pode funcionar muito bem na China pois toda a gente conhece o conto de trás para frente, mas [“The Monkey King”] apresentado ao público ocidental nunca se aguentaria de todo pois as pessoas não irão conseguir apreciar o que tem de bom por detrás de todo o estilo histérico que nos deixa sem conseguir respirar a todo o momento e muito menos mostra qualquer indício de que [“The Monkey King”] faz na realidade parte de um épico tão grande que precisaríamos pelo menos de mais uns 20 filmes como este para o abranger de uma ponta a outra.
A Chinese Tall Story” tentou fazê-lo em duas horas. [“The Monkey King”] nem tentou.

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Ao contrário do que também vem sendo habitual agora no cinema de fantasia, [“The Monkey King”] mantêm-se também essencialmente como um conto de fadas infantil.
Nunca se nota um esforço para fazer com que esta história possa apelar também aos mais crescidos e por isso muito do que falha aqui, falha porque além do excesso de porrada e efeitos, também não há muita coisa interessante para ver a nível de desenvolvimento de personagens e nunca agarra o público adulto como deveria.
O filme é claramente um filme para crianças, mas se calhar mais uma vez esta é a minha percepção enquanto ocidental, pois aposto que muito adulto na china ao ver isto ficou absolutamente maravilhado com o resultado, simplesmente porque cresceu com esta história e de certeza que acompanhou as suas várias versões cinematográficas e televisivas ao longo dos anos. Das quais esta é definitivamente a melhor.
Não há como fugir. Goste-se ou não, a verdade é que técnicamente o filme é um espectáculo e em IMAX 3D deve ter sido do outro mundo mesmo.

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Quem gosta de coisas como o Dragon Ball ou o Naruto, provavelmente vai amar este filme para o resto da vida, pois [“The Monkey King”] tem os melhores combates áereos em estilo anime que alguma vez vi num filme de “imagem real”…embora isto de imagem real seja discutível neste caso…
No entanto, as batalhas são totalmente imaginativas, absolutamente impressionantes e as sequências de porrada finais são verdadeiramente épicas e entusiasmantes, mesmo apesar do vazio dos personagens.
O problema não está nas cenas de acção, mas sim no facto de o filme nunca dar descanso e portanto tudo o que deveria ser do outro mundo, passa muito rápidamente a cansar se não fizermos um intervalo para ir beber um café a meio do filme só para recuperar o cérebro e trazer os olhos de volta.

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E os ouvidos.
[“The Monkey King”] fez-me lembrar porque razão eu detesto macacos. É uma sorte o meu televisor ainda estar intacto pois este filme tem sem sombra de dúvida o protagonista mais irritante que alguma vez vi num filme de fantasia. Sim, ainda pior, muito pior que o Jar-Jar-Binks nos asquerosos Star Wars modernos. Se acharam Jar-Jar-Binks insuportável nada os irá prepararar para os guinchos e tiques macacoides infantis do Monkey King !
De jogar o televisor ao rio.
Ah e a suposta –love story– com a “raposa” também não ajuda…eu adoro filmes fofinhos mas com macacos destes sinceramente não há pachorra. Mal empregada raposa…

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Portanto afinal o que dizer disto ?
Pá, adorei.
Eu sei.
Eu sei que isto tem tudo para ser do pior. E é.
Eu sei que não se consegue aguentar muito tempo sem entrar em stress total.
E sim, o CGI nota-se que é CGI !!
Este filme ou levava uma das piores classificações de sempre aqui ou levava a nota máxima se calhar pelos mesmos motivos. Por isso se calhar é melhor ficarmos pelo meio.

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É que eu nos momentos em que estava acordado adorei tudo o que está visualmente representado neste filme e tenho que admitir que [“The Monkey King”] não me sai da cabeça desde que o vi portanto se calhar devo ter gostado mais do que estou preparado para admitir.
Se calhar foi porque fechou em grande. Adorei o último minuto do filme !
Sim, o último minuto. E porquê ?
Porque [“The Monkey King”] termina exactamente da mesma forma que “A Chinese Tall Story”.
Até parecem imagens do mesmo filme. O que faz com que [“The Monkey King”] seja uma espécie de prequela ou pelo menos mostre o que aconteceu em simultâneo com o outro filme sobre  “Journey to the West” unificando este universo de fantasia que ainda será inspiração para muito cinema, desta vez em mais dois filmes totalmente separados e sem qualquer relação entre si mas que ligam as duas histórias numa só de forma que quase parece combinada. Recomendo portanto que antes de verem [“The Monkey King”] vejam sem sombra de dúvida “A Chinese Tall Story”.

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CLASSIFICAÇÃO:

Possivelmente o pior filme de fantasia oriental que já vi, (se não contarmos com o “Zu Warriors” ou  “Shinobi“) o que o torna automáticamente eventualmente também no melhor que vocês poderão ver. Confusos ? Eu não. Ou talvez sim…
Se já viram o antigo “A Chinese Tall Story” e gostaram, então este é de visão obrigatória pois não só é mais do mesmo como técnicamente é bastante superior embora não menos plástico ou artificial.
Como podem constatar no IMDB, ou se ama ou se odeia.

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Trés tigelas de noodles que certamente irão aumentar de futuro pois eu ainda não sei se adorei isto ou detestei porque o raio do filme não me sai da cabeça e apetece-me revê-lo…acho… É um bom filme, ou se calhar até não. Estão por vossa conta.

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A favor: é o filme de fantasia mais colorido que alguma vez vi, parece um livro ilustrado em movimento e nesse aspecto é uma obra prima visual, o design de produção é excelente e até o guarda roupa tem identidade, a caracterização do monkey king é tão boa que quem fala mal dos efeitos deste filme nem se lembra que á frente do actor está um personagem que só existe porque se calhar os efeitos não são tão maus quanto aparentam, alguns momentos de luta são verdadeiramente empolgantes e por vezes o filme torna-se divertidissimo para quem gosta de ver combates estilo Dragon Ball em live action, o final da história está perfeito pois faz a ligação com muito do que já foi mostrado sobre o épico “Journey to the West” em filmes produzidos anteriormente sem qualquer relação com este agora.

Contra: o excesso visual em tudo pode ser demais para muita gente, não dá descanso ao espectador com tanta luta e tanto CGI em modo histérico a todo o minuto, os personagens são um vazio absoluto ou então são irritantes como o raio, o estilo demasiado infantil pode afastar o público adulto num segundo mal percebe que o desenvolvimento de personagens é nulo, adapta apenas um segmento pequenino de uma história épica gigantesca, as lutas acabam por se tornar repetitivas, não há grande variedade de cenários, duas horas disto testa a paciência de um chinês !

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NOTAS ADICIONAIS

Trailer
https://www.youtube.com/watch?v=zCj-XP5cjOY

Themonkeyking02 Themonkeyking03
Themonkeyking05 Themonkeyking04

Comprar
Ainda não está à venda por estas bandas ocidentais.

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt1717715

Minha review do “A Chinese Tall Story” que os irá ajudar a situar Monkey King no tempo desta fantasia.
https://cinemasiatico.wordpress.com/2008/04/08/ching-din-dai-sing-a-chinese-tall-story-jeffrey-lau-2005/

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Filmes semelhantes que lhes poderão interessar:

A Chinese Tall Story Shinobi The Promise capinha_zu_warriors_from_the_magic_mountain_01

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Detective Dee and the Mystery of the Phantom Flame (Di Renjie: Tong tian di guo ) Tsui Hark/Hark Tsui (2010) China


Dentro do cinema oriental, Tsui Hark é um dos meus ódios de estimação, pois por mais que tente não consigo de todo entender porque é considerado um génio do cinema e praticamente todos os seus filmes aborrecem-me de morte salvo raras excepções. Curiosamente ainda não vi, aquele que é considerado um dos seus clássicos, o “Once Upon a Time In China” porque sinceramente…não confio nada naquilo. Comprei o dvd há já quase dez anos e até hoje continua na prateleira a apanhar pó.
Talvez por isso eu ache que Tsui Hark me persegue.

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Todos os anos pelo Natal tenho por hábito comprar pelo menos um dvd/blu-ray oriental sem saber nada dele. Olho para a capa e compro. Isto surgiu um pouco para combater aquela frustração de hoje em dia já não conseguirmos manter-nos afastados da enxurrada de informação que existe sobre os filmes ainda eles mal saíram. Por isso uma coisa que eu gosto é de tentar recuperar aquele ambiente de infância quando íamos a uma sala de cinema sem saber absolutamente nada sobre o que iríamos ver para além do que estava nos cartazes de cartão pendurados á entrada do cinema. Isto para quem cresceu nos anos 70/80 claro. A partir daí, com a invenção dos multiplexes à americana com pipocas nas salas foi a desgraça e o fim do cinema também.

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Todos os anos pelo Natal compro um filme do Tsui Hark !!!
Não sei que raio de pontaria é que eu tenho tido ultimamente pois até já tenho medo de olhar para a contracapa do dvd e ler “directed by Tsui Hark”… outra vez.
E outra…
E outra…

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Das duas uma, ou há aqui algo que me agrada bastante nas capas dos blu-rays dos filmes dele ou então parece que o universo conspira contra mim, tentando demonstrar-me como este realizador será realmente um génio e pelo visto só eu não quero reconhecer o seu lendário talento para filmes de acção…zzzzzz
Uhm ?!!
Bom, desta vez quase me convenceram; [“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] conseguiu surpreender-me.
Á segunda tentativa.
Da primeira acho que estava tão traumatizado por ter comprado outro blu-ray deste realizador que acho que nem dei grande hipótese ao filme. Vi-o porque tinha que ver, já que tinha gasto o dinheiro naquela coisa e quando o vi pela primeira vez naturalmente só notei tudo aquilo que eu odeio no cinema de Tsui Hark. Como tal, o blu-ray ficou na prateleira por mais dois anos. Estranhamente, apesar de não ter gostado nada do filme (e me ter deixado dormir a meio, como é costume quando vejo cinema do Hark), este manteve-se na minha memória e como aconteceu há um par de anos com o fabuloso “A Time to Love” que eu também tinha detestado a uma primeira visão, agora quando ontem revi [“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] fiquei agradavelmente surpreendido e portanto esta é mais uma daquelas raras vezes em que eu revejo um filme que detestei e acabo também por rever a minha posição inicial sobre ele. Estranhamente neste caso, para melhor.

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Apesar de eu ainda não ter visto o “Once upon a time in China”, tirando esse, penso que já vi pelo menos 80% de toda a filmografia de Tsui Hark. E em 90% das vezes detestei, ou nem consegui ver os filmes até ao fim porque apesar de conterem sempre bastante acção têm na verdade sobre mim um efeito sorporifero perfeito para combater insónias, (um pouco como nos filmes de super-herois gringos actualmente).
A última xaropada de artes marciais que vi de Hark, foi o secante “Seven Swords” do qual já estou para falar dele aqui há séculos… Ou melhor, ainda estou para tentar acabar de vê-lo pela primeira vez, pois já por três vezes me sentei para o ver do início ao fim e em todas desisti bem antes de chegar a meio.
Mas então se eu detesto tanto o Tsui Hark, como raio é que eu estou sempre a ver os filmes dele ? – Perguntam vocês…e perguntam bem.
Bem, como já referi eu tenho o mau hábito de comprar filmes do Tsui Hark, sabe-se lá como !
Se calhar foi por causa do guito que já gastei com cinema dele que o homem parece ser tão importante pois eu ando a comprar filmes dele sem saber, há decadas já. Cada um pior que o outro.
Pensavam que eu estava a brincar quando disse que este realizador me persegue ?…
Primeiro foi com as cassetes VHS pois alguns filmes chegaram a portugal, depois foi com o dvd e agora parece que ando a comprar coisas dele em Blu-ray também…Até em torrents eu já saquei Tsui Harks sem saber, (alguns incluídos já neste blog também)…
Se calhar devia ir à bruxa…

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Portanto, recapitulando ontem decidi rever [“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”]. Pois como já sabia o que continha de mau, a ideia foi tentar ignorar aqueles tiques Tsui Hark que detesto e tentar procurar pelas coisas boas que descurei quando vi o filme há dois anos pela primeira vez acompanhado das minhas baixas espectativas.
E não é que desta vez adorei ?…

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Ok, não adorei, adorei… Não fiquei extasiado…
Adorei…
Explicando…a verdade é que sabe-se lá como, ontem o raio do filme divertiu-me bastante.
É claro que mais uma vez contem tudo o que eu odeio no cinema de Hark mas acho que desta vez também lá está muita coisa boa que não costuma existir…
No que toca a coisas que eu odeio no cinema de Hark, também em [“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”], tudo o que é mau continua…péssimo!
Como raio é que este tipo continua a ser considerado um bom realizador ultrapassa totalmente a minha compreensão.

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Desenvolvimento de personagens é mentira. Mais uma vez o filme está cheio de gente totalmente desinteressante que nunca cria qualquer empatia com o espectador; as tentativas para humanizarem os heróis com a inevitável história de amor aqui caem por terra novamente pois os personagens não têm profundidade, as sequências de acção são ultra estilizadas e são sempre todas iguais, (ao que já eram em todos os filmes anteriores também). Além do mais temos ainda, o habitual desiquilibrio narrativo entre cenas de porrada repetitivas, “artificiais” e sem qualquer carisma que ainda por cima são bem curtas.
[“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] é um filme de kung-fu que irá desagradar bastante a quem procura um filmes de artes marciais, pois toda a acção embora abundante é sempre muito curta e sempre mais do mesmo do início ao fim da história…se exceptuarmos as cenas com os v…já lá vamos…

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Ainda por cima embora neste filme a coisa já esteja mais suavizada, Hark continua a filmar como se estivesse nos anos 80. Não só pela forma como algumas sequências estão montadas como principalmente conta com uma das coisas que eu mais detesto ver em cinema e em particular no cinema deste realizador pois inevitávelmente é algo que podemos sempre esperar dele ainda hoje em dia como se o homem tivesse parado no tempo e continuasse fã daqueles filmes do Dario Argento dos anos 70 onde tudo era iluminado a lâmpadas de lava e papel de celofane ás cores azuis e vermelhas. Incrivelmente também neste filme continuamos a ver aqueles cenários iluminados por holofotes azuis e brancos que fazem com que grande parte do filme pareça ser um cenário de um videoclipfuturista” do início dos anos 80 ou um teledisco das Bangles em finais dessa década. Todos os estereótipos visuais pirosos dos anos 80 estão presentes no cinema de Hark ainda hoje e isso é das coisas que eu mais detesto nos filmes dele, pois retiram-me imediatamente de dentro do universo em que o filme esteja a decorrer para me transportar algures para um videoclip dos Duran Duran ou dos Classics Nouveaux circa 1981…blargh !

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Esse tique visual ao pior estilo Hark em [“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] é aquilo que quase arruina o filme para mim novamente. Ocorre bem demarcado a meio da história e é precisamente por causa disto que de repente todo o trabalho espantoso de cenografia e atmosfera que finalmente foi conseguido num filme deste realizador cai por terra. Isto porquê ? Porque de repente parece que alguém decidiu ir filmar para uns esgotos subterrâneos, iluminou tudo como se fosse um video do Michael Jackson e encenou mais uma cena de luta estilizada que neste caso ainda se torna mais desinteressante pois a qualquer momento esperamos que a Madonna entre por ali a cantar o Like a Virgin.

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Ou pior ainda, de repente [“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] deixa de ser um filme de fantasia e visualmente entra durante largos minutos por um estilo telenovela da TVI. E quem me está a ler em Portugal sabe o quanto isso é atroz !!! Iluminação televisiva do pior.
O que irrita ainda mais, pois curiosamente até meio do filme [“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] até estava a ir tão bem. Mesmo visualmente. Apesar do óbvio CGI por todo o lado, a verdade é que desta vez Tsui Hark até acertou e o filme tinha um ambiente fantástico logo desde o inicio, com cenários épicos, excelente design e uma fotografia realmente luminosa que deu à história logo uma vida bem diferente do que é costume encontrarmos no cinema de Hark.
Mas depois o gajo a meio estraga tudo quando vai para os “esgotos” filmar focos de luz nas paredes.

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Não só desaparece toda aquela atmosfera épica que até então o filme tinha, como ainda por cima entra em total contraste visual com tudo o que supostamente estaria a ocorrer na história. Nesta parte do argumento, o bando de heróis é suposto estarem a visitar uma espécie de mundo perdido, uma cidade encantada de atmosfera negra ao melhor estilo fantasia clássica mas depois de uns mate paintings digitais um bocadinho apressados para estabelecer o aspecto desse mundo, Tsui Hark parece que joga fora todo esse design inicial e o filme parece não pertencer de todo a esse universo. Subitamente parece que estamos num outro filme despido de detalhes e com excesso de focos de luz por todo o lado.

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Felizmente que esta sequência na cidade perdida não é longa, mas infelizmente é um verdadeiro catálogo de tudo o que é mau no cinema de acção de Tsui Hark. Porrada repetitiva, desinspirada, focos de luz ás cores por todo o lado, realização em estilo anos 80 e mais personagens de cartão sem qualquer carísma que parecem ter entrado no filme apenas para justificar a gravação de cenas no “esgoto” porque, sabe-se lá como [“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] até aí quase que nem parecia um trabalho deste realizador e o homem deve ter começado a entrar em pânico porque desta vez o filme até estava indo bem demais e os espectadores ainda estavam acordados.

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De qualquer forma, felizmente que após este interlúdio visualmente piroso, [“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] entra novamente pelos eixos e dali até ao final continua bastante divertido e até algo carismático pois aquilo que falta em desenvolvimento de praticamente 90% dos personagens depois é compensado com uma história dinâmica cheia de reviravoltas onde se nota que houve um esforço para tentar realmente enganar o espectador no que toca à resolução do mistério.
Não me enganou a mim, mas ainda conseguiu guiar-me por um par de detalhes que eu não esperava por isso acho que quem escreveu isto está de parabéns, pois ao menos tentou realmente dar uma boa história ao público e quanto a mim conseguiu.
Tivesse este filme contado com um realizador capaz de criar algo mais do que personagens de cartão e [“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] teria sido um filme de aventuras extraordinário.

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Assim como está, é realmente um bom filme de aventuras e provavelmente o melhor produto que Tsui Hark fez em décadas de cinema conceituado (sabe-se lá como) mas nem por isso menos pimba. Ao menos desta vez não aborrece de morte o espectador, pois as habituais cenas de acção repetitivas não duram muito, a história e conceito são excelentes e o final também é bastante bom.
O personagem do Detective Dee é um boneco excelente e espero sinceramente que na sequela já o tenham dotado de mais personalidade. A imperatriz é o melhor do filme inteiro, pois apesar de parecer um bocado à deriva pelo meio da história, é na verdade um grande personagem pela forma como está caracterizada, não sendo nem uma heroína, nem uma vilã. Como dizem alguns utilizadores no IMDB foi uma oportunidade perdida para se fazer algo mais com esta personagem na história, mas tendo em conta que isto é um filme de Hark, como está já é um verdadeiro milagre ter resultado.

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[“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] essencialmente é o equivalente chinês dos novos filmes de Sherlock Holmes com o Robert Downey Jr.
Nota-se que a ideia foi fazer um blockbuster nos moldes ocidentais ao melhor estilo do bom cinema de aventuras criado em Hollywood mas honra seja feita a Tsui Hark isso não impediu que tivesse mantido a sua identidade oriental na mesma.
Se vocês procuram um bom cruzamento entre o Indiana Jones, o novo Sherlock Holmes para cinema e um Wuxia no estilo do O Tigre e o Dragão têm aqui uma boa proposta, pois apesar dos tiques Hark pelo meio não há dúvida que como entretenimento pipoca despretensioso é um filme muito agradável mesmo.
E divertido.

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[“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] é um daqueles filmes que apesar das suas fraquezas nos faz ficar com vontade de ver uma sequela e sei que esta já existe…realizada por Hark novamente…
Só posso ter esperança que a segunda aventura já tenha corrigido os defeitos da primeira, tenha dado realmente vida aos personagens e por todos os deuses chineses, acabem-me com aqueles holofotes de teledisco da Maddona em inicio de carreira !!!

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[“Detective Deee – Mystery of the Phantom Flame”] essencialmente é um mistério no estilo Sherlock Holmes tradicional, só que este sabe andar à porrada com kung-fu e tem um pouco do cinísmo de Indiana Jones o que só lhe fica bem.
Parece que este detective existiu mesmo no período retratado no filme, mas óbviamente a sua actuação como investigador policial do reino terá sido um bocadinho diferente do que aparece aqui nesta versão pipoca.
Esta aventura adapta um dos livros de um autor curiosamente do norte da europa e que supostamente serão bastante populares algures por aí…tenho que investigar isto…

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Neste caso, a história gira à volta de assassinatos misteriosos envolvendo combustão humana espontânea e essa foi uma das melhores ideia do filme, pois apesar de usar muito o CGI nessas cenas de mortes, mesmo assim tem um estilo gore bem gráfico e sangrento que certamente nos estados unidos seria censurado mas aqui é mostrado em cada detalhe ardente de cada vez que uma vítima começa a pegar fogo espontaneamente até que morre carbonizada aos nossos olhos. Em pormenor.
Muito giro.
Essencialmente não há muito para dizer sem lhes estragar o prazer da descoberta. Resta dizer que … aquele “actor” ocidental que aparece no inicio do filme a fingir que é um navegador – Espanhol – é de ver para crer e rir até às lágrimas de cada vez que abre a boca (como se a sua barba não fosse suficientemente hilariante). Parece que foi interpretado por um conhecido… alpinista… francês…
Não perguntem…

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E já agora se vocês pensam que já viram tudo depois deste “espanhol” completamente inútil para o argumento e que aparece sabe-se lá porquê no inicio do filme…então preparem-se para as cenas de kung-fu com veados.
Eu disse, cenas de kung-fu com veados.

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São filmes do Tsui Hark e filmes com veados. Ultimamente parece que ando a ser perseguido por eles também…
Agora é não só um filme do Tsui Hark como também mete veados. Um verdadeiro dois-em-um com o universo a conspirar contra mim.
Eu devo ter um karma qualquer…

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CLASSIFICAÇÃO

Haja milagre. Um bom filme do Tsui Hark !!! Por acaso divertiu-me bastante assim que consegui ultrapassar o meu desprezo pelos tiques visuais deste realizador e só não lhe dou uma nota mais alta por dois motivos. Primeiro por causa desses mesmos tiques visuais que se intrometem a meio do filme de forma realmente intrusiva e quase estragam o ambiente todo; segundo, porque como esta aventura já tem sequela guardo a nota melhor para quando vir a continuação disto, pois espero sinceramente que consiga evoluir favoravelmente porque potencial não falta aqui, para se fazer uma excelente série de blockbusters pipoca orientais de forma a mostrar que bom cinema espectáculo não sai apenas de Hollywood como muita gente ainda pensa.
Excelente aventura apesar das falhas do costume. Aguardam-se desenvolvimentos.

Trés tigelas e meia de noodles (com possibilidade de subir no futuro) pois vale mesmo a pena espreitarem. E se tiverem blu-ray recomendo a compra deste disco pois tem uma qualidade técnica do outro mundo.

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A favor: É uma aventura divertida, tenta ter uma história intricada e quase consegue dar a volta ao espectador, visualmente apesar do excesso de cgi é um filme com uma identidade chinesa espectacular, já conta com uma montagem bem melhor do que costuma haver nos filmes de Hark, muitos cenários apesar de artificiais ao olho são realmente fantásticos, excelente design de produção em alguns momentos com cenários grandiosos num estilo steampunk que parece cada vez mais popular pelo oriente, tem um par de personagens com potencialidade, as cenas de combustão humana espontânea estão muito engraçadas, o final deixa-nos com vontade de ver uma nova aventura. Tem Kung-Fu com veados e “espanhóis” com sotaque francês…e barbas…ridículas…

Em certos momentos tem um certo sabor a “Young Sherlock Holmes” que muitos de vocês se recordam dos anos 80 e que em Portugal ficou conhecido como “O Enigma da Pirâmide”. Só que este agora mete Kung-Fu.

Contra: é um filme Tsui Hark com tudo o que isso acarreta de mau, não se vão escapar do estilo visual tipo videoclip pindérico anos 80 com holofotes cheios de cor azul e branca nas paredes, 95% dos personagens são de cartão, Hark não tem qualquer talento para filmar histórias de amor e por isso esta não cria qualquer empatia com o espectador, as cenas de luta são as do costume que já viram mil vezes em todos os outros filmes do realizador, a realização alterna entre um estilo bem moderno e uma estética retro que de repente quase que arrasta o filme para o pior dos anos 80, o cgi tem um design excelente mas nota-se demasiado que tudo é animação de computador.
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NOTAS ADICIONAIS:

Trailer
https://www.youtube.com/watch?v=-3N9n-0lpGo

Comprar Dvd
http://www.amazon.co.uk/Detective-Dee-Mystery-Phantom-Flame/dp/B004N6WXE8/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1399928636&sr=8-1&keywords=detective+dee

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Comprar Blu-ray
http://www.amazon.co.uk/Detective-Dee-Mystery-Phantom-Blu-ray/dp/B004N6WXDY/ref=sr_1_2?ie=UTF8&qid=1399928636&sr=8-2&keywords=detective+dee

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt1123373

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Por agora (Maio 2014) o filme todo está à borla no youtube com legendas em inglês.
https://www.youtube.com/watch?v=tZiu2jqa3f0

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Se gostou deste poderá gostar de:

Shinobi The Promise   capinha_zu_warriors_from_the_magic_mountain_01

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The Sorcerer and the White Snake (The Sorcerer and the White Snake) Siu-Tung Ching (2011) China


Se julgam o cinema de fantasia pela qualidade dos efeitos especiais então fujam !
[“The Sorcerer and the White Snake“] tem efeitos digitais tão maus que fazem as sequências de “Blood – The Last Vampire” parecerem cenas do Avatar em comparação.
Por isso se um mau filme na vossa opinião se define pelo lado técnico dos efeitos é melhor esquecerem este desde já pois não vão gostar de todo.

Se no entanto, conseguirem abstrair-se das piores criações em CGI dos últimos anos, entrarem na onda visual do filme e não se importarem com “renders” que mais parecem saídos de uma introdução de um velho jogo para a PS-ONE do que material produzido para cinema feito em 2011, então bem-vindos a [“The Sorcerer and the White Snake“].
Especialmente se gostam de filmes de fantasia.

Esta produção pode ter defeitos que nunca mais acabam a nível técnico, mas tem imenso charme e acima de tudo tem uma coisa que para mim dá logo imenso valor a um projecto; está sempre a surpreender no que toca a imaginação e parece continuamente apostado em atirar á cara do espectador momentos inesperados especialmente quando pensamos que já vimos tudo e nada nos pode apanhar de surpresa. E isto no sentido positivo e no negativo. O que de de certa forma serve como ponto de reviravolta na nossa opinião sobre o que aparece no ecran.

Perdi a conta dos momentos em que só pensava que tudo era tão mau, tão mal feito , tão piroso e tão foleiro que só poderia ser totalmente viciante, naquele sentido do é tão mau que só pode ser de propósito e portanto se torna automáticamente genial.
Por outro lado também perdi a conta dos momentos realmente bons deste filme.
Não o são, própriamente pela história ou carísma dos personagens porque na verdade não têm nada de especial ou sequer muito cativante, mas pelo resultado global desta produção que tanto pode ser genialmente má como extraordináriamente boa ás vezes com uma diferença de segundos entre cenas.

Isto porque como já disse [“The Sorcerer and the White Snake“] é um filme cheio de imaginação. Daqueles que sabem usar as suas limitações técnicas para muitas das vezes criar cenas memoráveis. Já vi este título há um par de semanas e continua a não sair-me da cabeça, nomeadamente por causa de muitas das suas imagens cheias de ambiente, paisagens fabulosas e muita criatividade no design visual.

[“The Sorcerer and the White Snake“] está cheio de geografias fantásticas, criaturas fofinhas e carismáticas (que deveriam ter tido mais tempo de antena), ao mesmo tempo que contém algumas cenas de acção bem divertidas e que culminam num final absolutamente épico.
Tão épico que se nota perfeitamente que os criadores deste projecto não tinham orçamento nem para metade do que quiseram mostrar mas mostraram na mesma, numa onda total de : “que se lixe !”
Por isso nota alta para tanta ambição e pela total falta de receio em alienar logo metade do público com tanto mau CGI.

Nota-se que houve aqui uma escolha óbvia; ou faziam um final pequenino sem grande chama e dentro do dinheiro que haveria para produzir uns efeitos mais aceitáveis…ou… entravam á maluca por um final para lá de épico sem terem meios para o realizar técnicamente como deveria ter sido filmado. Por mim, ainda bem que escolheram o total avacalhamento visual , pois [“The Sorcerer and the White Snake“] tem no seu final alguns dos melhores momentos de sempre dentro daquele género de cinema-tão-mau-que-só-pode-ser-bom !

Portanto se gostam de cinema de fantasia eu recomendo vivamente este filminho. Agora têm de gostar de Fantasia dentro do género conto-popular-chinês, em puro modo de conto-de-fadas com um bocadinho de porrada e artes marciais. Se procuram algo no estilo ocidental em jeito de Lord of the Rings, esqueçam, [“The Sorcerer and the White Snake“] é puro cinema de fantasia ao melhor estilo “The Promise” mas produzido sem o mesmo orçamento.

Quando isto começou, a primeira sensação que tive foi a de que estava a ver uma espécie de sequela não declarada de “The Forbidden Kingdom” mas sem o Jackie Chan ou o puto americano que não servia para nada.
Parecia que alguém na China esteve a ver esse filme, percebeu o que estaria a mais nele e resolveu criar a sua própria versão integralmente chinesa (visto Forbidden Kingdom ter sido uma co-produção China/América).
Isto porque inclusivamente o personagem de Jet Li até parece o mesmo e tudo, só que desta vez bem melhor usado dentro do contexto geral da história.

[“The Sorcerer and the White Snake“] é no entanto um filme bem mais infantil que “The Forbidden Kindom” (se é que tal é possível), isto porque em muitos momentos até parece uma produção da Disney ou da Dreamworks, devido ás sequências com criaturas fofinhas e animais inteligentes a piscar o olho ao estilo Shrek até).
Mas ainda bem que elas estão na história, pois são um dos seus pontos fortes. Quebram a monotonia da óbvia, clássica e algo aborrecida história de amor central e equilibram muito bem alguns dos momentos de acção mais fracos até.
Da minha parte só tenho pena que o filme não tenha tido mais criaturas como estas ao longo da história. Mas como está, está bem e curiosamente os efeitos digitais nesses momentos nem são nada maus não senhor.

Essencialmente [“The Sorcerer and the White Snake“] é um conto de fadas chinês. Conta a história de uma espécie de serpente milenar que se apaixona por um humano e se transforma em mulher para poder viver com ele. Claro que o pobre coitado nem suspeita do verdadeiro aspecto da senhora e muito menos imagina que existe uma ordem de monges que ao melhor estilo Terminator em versão Shaolin percorrem o mundo eliminando todo o tipo de criaturas que não forem humanas porque as consideram demoníacas , só porque sim; o que acaba por se revelar um dos pontos interessantes na moral da história também e provavelmente será a tónica do conto original que não parece esquecida no desenlace final desta aventura. Nota positiva também para isto.

Basicamente estamos na presença de um filme de aventuras divertido, passado numa China de Fantasia ao melhor estilo conto de fadas clássico oriental. Não se chateiem muito com o visual dos maus efeitos especiais e deixem-se levar pelo universo da história pois [“The Sorcerer and the White Snake“]  é um pequeno grande “mau” filme simplesmente perfeito para quem procura um titulo divertido e ligeiro. Nota-se que houve um constante esforço para apresentarem um produto criativo mesmo apesar das limitações técnicas e nem sempre encontramos algo assim que sabe tirar uma nota tão positiva daquilo que á partida poderia ter sido a morte do filme.

O seu único problema é que a história nem é particularmente divertida e o facto de se basear essencialmente numa espécie de comédia de costumes envolvendo uma história de amor também não ajuda a dar-lhe grande carísma no aspecto humano. Isto porque os personagens são todos muito superficiais e portanto não esperem encontrar aquela intensidade romântica de um “An Empressa and the Warriors” por exemplo e essa é uma das grandes falhas do filme, pois supostamente o amor seria o motor de todas as situações da história mas os personagens nunca nos cativam da forma que é habitual encontrarmos no cinema romântico oriental.
Como resultado disso, a parte dramática deveria criar uma grande empatia com o espectador para ajudar a terminar em beleza o segmento final da história, mas não funciona muito bem em termos emocionais pois tudo nos parece artificial demais ao contrário do que costuma ser costume em produções românticas orientais.

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CLASSIFICAÇÃO:

É um filme carregado de pequenos pormenores que lhe dão imensa vida. Tudo o que não envolve a história de amor central, dá imensa energia ao filme; o que no fundo é uma mais valia pois este enquanto fantasia romântica simplesmente nunca funcionaria muito bem por causa da superficialidade de toda a trama de amor.
Boas cenas e acção, monstros divertidos, criaturas fofinhas quanto baste, alguma comédia bem conseguida, quilos de maus efeitos especiais que não deixam de ter imensa personalidade mesmo assim e um final tão épico que nem cabe no orçamento do filme.
Como filme de fantasia totalmente no estilo conto-de-fadas-chinês, não será melhor que “The Promise” ou mesmo que “An Empress and the Warriors“, mas mesmo apesar dos maus efeitos especiais penso que é mais cativante do que “The Restless” e mais criativo que “The Forbidden Kingdom” também.
Por isso e porque o raio do filme não me sai da cabeça mesmo depois destas semanas todas, quatro tigelas e meio de noodles porque sendo mau demais é realmente muito bom mesmo ! E já que estamos no Natal é uma óptima escolha para espreitarem enquanto esperam pelo dia de abrir as prendas também.

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A favor: soube tirar partido da sua muita imaginação mesmo apesar dos péssimos efeitos CGI, está carregado de pequenos pormenores criativos a todos os níveis, algumas paisagens são fabulosas, tem um final tão épico que quase não cabe no orçamento do filme o que o torna ainda mais divertido, esforça-se a todo o instante por ultrapassar as suas limitações técnicas tentando surpreender o espectador com coisas novas e pequenas reviravoltas, tem um par de monstros bem creepy e divertidos, alguns efeitos digitais até nem são maus de todo não senhor, tem um par de criaturas fofinhas bem conseguidas, grande parte do design é excelente com destaque para o visual das duas serpentes irmãs em estilo sereia flutuante, boas e variadas cenas de acção eficazes quanto baste, alguns momentos de comédia divertidos.
Contra: quem odeia o estilo cinema-photoshop presente em “The Promise” vai abominar este filme totalmente,  a história de amor deveria ser o coração da história mas perde-se algures entre o drama que nunca poderia ser e a comédia que não sabe se quer ser, os personagens não têm grande profundidade e por isso a parte humana da história fica um bocadinho áquem do que é costume em produções românticas orientais, em 2011 é um filme com efeitos digitais do meio dos anos 90 no mínimo…mas por outro lado, who cares !

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NOTAS ADICIONAIS:

Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=YOXg1SL60nk

Comprar
http://www.yesasia.com/us/the-sorcerer-and-the-white-snake-dvd-china-version/1025644242-0-0-0-en/info.html

Download aqui com legendas me PT/Br

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt0865556/combined

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Filmes “semelhantes” de que poderá gostar:

A Chinese Tall Story The Promise

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