Still the water (Futatsume no mado) Naomi Kawase (2014) Japão/França


Imaginem… … … que… … … … … eu … … … escrevia… … … … … cada … … … … … uma das minhas… … … … … … … … sugestões … … … … … … de … … … … … … … … … … … … cinema … … … … … … … oriental… … … … … … deste … … … blog … assim … … … … desta … … … … … forma … … … … … … onde … … … … … … pau … sa … da … men … t … e… … … … … … descrevia … a … … … … minha … … opini … ão … … … … sobre … … … … os … … filmes … que … … … aqui … apresento… muito… … … … devagarinho…

Pois…

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Não se deixem enganar pela beleza do poster. Isto pode parecer imediatamente apelativo especialmente para quem adora filmes como The Big Blue mas as aparências iludem.
Para começar ainda bem que me apareceu [“Still the Water”] na frente precisamente  a  seguir a eu lhes ter recomendado o excelente “Bread of Happiness“.
Dois filmes japoneses, dois filmes dentro do chamado cinema de autor, dois filmes bem calmos e sem pressa de ir qualquer lado.
Um é bonito, cheio de poesia e deixa-nos a pensar no final. Outro é chato como o raio e pretencioso a um nível que já há muito tempo não encontrava.
Adivinhem qual.

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[“Still the Water”] além de ter um dos trailers mais enganadores dos últimos tempos, teve o condão de me conseguir irritar profundamente e há muito que um filme não me provocava tamanha reacção a um ponto de decidir esperar um dia para descomprimir depois de ter visto tamanha –obra prima– antes de vir aqui falar sobre ela.
Dentro do cinema oriental, a última “obra de génio” que me tinha aparecido pela frente antes tinha sido o inenarrável “Visage“; curiosamente outra co-produção com o ministério da Cultura de França, portanto há por aqui um padrão que se começa a adivinhar no que toca a cinema com pretenções a –instalação artística– inteligente. Nota mental: começar a evitar cinema oriental produzido com dinheiro “cultural” francês…porque provavelmente são os únicos a patrocinar estas … obras …

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O que se pode dizer de uma –obra- que abre com um grande plano de vários minutos em câmera fixa em que se vê um senhor a cortar a garganta a uma cabra com uma navalha de fazer a barba ? E não, não é um efeito especial.
Depois ainda temos o prazer de assistir ao sangramento do bicho para um balde durante um bom bocado, até que depois a “história” avança… para a … história … própriamente … dita.
E querem saber o mais cómico ? [“Still the Water”] Está censurado !!
Deixam-nos assistir por duas vezes à degolação de um animal e ao seu sangramento; (sim aparece novamente a meio … “da história” … porque sim); em grande plano, mas depois [“Still the Water”] censura a sequência final onde os protagonistas nadam nús no oceano , colocando estratégicamente “zonas de névoa” no corpo dos actores para disfarçar as zonas genitais !!

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O que retira logo por completo qualquer suposta atmosfera da sequência, pois é tão evidente aquela censura gráfica que como espectadores nem conseguimos prestar atenção a mais nada.
Portanto, para [“Still the Water”], – degolar cabras com navalhas de barbear – (para efeitos “artísticos” (vou fazer de ti uma estrela, cabra); tudo bem ! Adolescentes a nadarem sem roupa debaixo de água é melhor censurar pois não queremos cá chocar a sensibilidade das audiências.
Ehm ?!!

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E não meus amigos, contrariamente a algumas opiniões extasiadas que poderão encontrar no imdb sobre esta obra que atacam quem detestou o filme, desta vez não se trata aqui da eterna guerra entre o estilo comercial de Hollywood em modo socos e pontapés nas trombas a cem explosões por segundo versus a realização de cinema com qualidade.

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O facto deste [“Still the Water”] estar a ser apontado como uma seca absoluta no que toca à escolha do estilo narrativo, (vão por mim), não tem nada a ver com isso, porque acima de tudo o que irrita não é o ritmo ultra pausado dos diálogos no filme por si só, mas principalmente a extensão dos takes onde se filmam cenas absolutamente vazias; pior ainda, sem qualquer importância para a história principal em sequências de nada absoluto onde parece que alguém se esqueceu de dizer, corta !
E olhem que um dos meus filmes favoritos de todos os tempos é o clássico soviético “Solaris” de Tarkosvky (um dos meus filmes favoritos de ficção-científica); portanto quem sabe do que estou a falar, já perceberam que não ia ser um filme -parado- como agora este vazio absoluto japonês avec dinheiro francês que me iria intimidar.

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[“Still the Water”] tem duas horas mas poderia perfeitamente funcionar como curta metragem. Se isto tivesse menos uma hora muito provavelmente seria um bom titulo.
Na verdade sente-se que há por aqui um bom filme a querer reaparecer à superfície mas as pretenções a “auteur” da realizadora parecem insistir em fazer com que esta história seja forçada a ser obrigatoriamente a instalação artística que não precisava de ter sido de todo.
Há aqui alguns pontos bons. Os actores parecem excelentes, a história poderia ter sido muito bem usada para fazer aquela ligação com a espiritualidade do oceano e a cinematografia é excelente , contando o filme até com algumas imagens particularmente inspiradas. Mas tudo vai literalmente … por agua abaixo.

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E não é pelo ritmo calmo da história ou por ser algo dentro do cinema de autor. Meus amigos, o facto de ser classificado pela crítica inteligente como –cinema de autor– não significa que seja garantia de qualidade, como este título bem prova. Isto é tão mau quando o mais desinspirado filme de porrada do Michael Bay. Se o blockbuster hollywoodesco sem cérebro abusa da velocidade e do vazio absoluto a todos os níveis, uma obra com pretenções a cinema de autor ao nível de [“Still the Water”] tem precisamente o mesmo efeito; apenas em vez de pipocas tem pretenções a obra muito profunda quando é simplesmente um vazio narrativo.

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O filme “Bread of happiness” também tem um ritmo narrativo semelhante, também é uma reflexão profunda sobre a vida, a morte e o sentido de tudo o que nos rodeia, mas nem por um instante atira qualquer coisa à cara do espectador. E também é um filme bem calminho, por isso não me venham dizer que [“Still the Water”] tem sido apontado por ser tão irritante apenas porque as pessoas que o viram apenas queriam ver um filme pipoca nos moldes blockbuster de Hollywood. Desta vez não têm razão.

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O facto de se armar em cinema-de-autor em jeito de contrariar o pior de Hollywood não significa que tenha resultado; [“Still the Water”] é simplesmente mau e acima de tudo torna-se insuportável a límites que testam verdadeiramente a nossa paciência, o que como nem podia deixar de ser culmina num final que se alonga também por demais e totalmente inconsequente para a história que supostamente acabou de ser contada.

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O filme é pretencioso como tudo, está cheio de takes extendidos de conteúdo totalmente irrelevante e como resultado não cria qualquer empatia com o espectador.
Pelo menos, pessoalmente custa-me bastante sentir qualquer emoção pelo que quer que seja quando de vez em quando alguém se lembra de abrir a goela a um bicho em grande plano só porque sim e durante o resto do tempo os … personagens … falam … muito … pausadamente … em … longos … takes … completamente … irrelevantes… numa … história … que … poderia …. ter … resultado … não … fosse … esse … pequeno … detalhe.
E a censura é mesmo irritante. Até a cena romântica de sexo parece decalcada do velho “A Lagoa Azul” na forma como os personagens são enquadrados.

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Ao ver o trailer de [“Still the Water”] fiquei plenamente convencido que isto ia ser o meu tipo de filme. Um dos filmes da minha vida, é o “The Big Blue / Le Grande Bleu” de Luc Besson com Jean Marc Barr e Jean Reno e pelo trailer de [“Still the Water”] parecia que iamos estar na presença de algo semelhante.
Um filme espiritual, sobre a própria vida e morte tendo por base o misticismo do próprio oceano com uma história simples mas de personagens humanos complexos com uma atmosfera muito própria.
Com um trailer assim (e tanta aclamação europeia em Cannes) o que poderia falhar ?
Bem … … …



TUDO !

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CLASSIFICAÇÃO:

Um dos filmes mais irritantes que alguma vez vi dentro do cinema oriental (e não só); ao pior nível de “Visage” ou tão inconsequente quanto “Himalaya: Where the wind dwells“.
Tão pretenciosamente mau, que podia ser na boa Cinema Português.

Não leva zero só porque as cinematografia das cenas debaixo de água é absolutamente fantástica.
Meia tigela de noodles.

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A favor: excelente cinematografia, algumas imagens muito atmosféricas ao longo de todo o filme, bom par protagonista.
Contra: o trailer engana por completo (o trailer tem o ambiente e o ritmo narrativo que o filme deveria ter tido mas não tem; não se deixem eganar), a história dramática perde-se pelo meio de tanta pausa narrativa no ritmo dos diálogos, torna-se um filme insuportávelmente irritante e só apetece enfiar um estalo nos personagens a ver se acordam, a violência gráfica com degolações de animais em grande plano é absolutamente inaceitável porque não serve em absoluto para a história e se a ideia era servir de metáfora sobre a inevitabilidade da morte e coisa e tal lamento muito mas é simplesmente estúpido, mostra degolações e sangramentos em grande plano mas depois censura todas as cenas com nudez de uma forma absolutamente inacreditável, o final não serve para nada mas também a história não tem qualquer carísma por isso tudo o que seria supostamente metafórico já se foi há muito antes do filme chegar ao fim, tem duas horas e poderia ter uma hora a menos que certamente só lhe faria bem.

Se procuram por cinema de autor oriental hà muito melhor (e muito menos pretencioso) à escolha até mesmo neste blog: “In the mood for love” ; “2046” ;  “Days of being wild” ; “My Blueberry Nights” ; “The Place Promised on our early days” ; “Goodbye Dragon Inn” ; “Rent a Cat” ; “Bread of hapiness” ; “5 Cm per second” ; “Bedevilled” ; “Citizen Dog” ; “Confessions” ; “Failan” ; “The Floating Landscape”  ; “The Grandmasters” ; “Kamome Dinner” ; “Sweet Rain” ; “Tears of the Black Tiger” ; “Ashes of Eden” ; “All about Lily Chou Chou” ; “Black coal thin ice” ; “The furthest end awaits” ; “A girl at my door” ; “Il Mare”  … por exemplo. 😉

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TRAILER

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt3230162

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Se gostou deste poderá gostar de:

capinha_himalaya-where-the-wind-dwels capinha_Visage

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Monk comes down the mountain (Dao shi xia shan) Chen Kaige (2015) China


De vez em quando aparecem-me filmes de que me esforço tanto por gostar que depois se torna absolutamente frustrante ter que reconhecer que são um verdadeiro desastre. E pior ainda, não se entende bem porquê.

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Nem de propósito, ainda no post anterior tinha acabado de falar sobre um dos meus filmes de fantasia favoritos “The Promise” e recomendado a sua edição em Blu-Ray, quando minutos depois me caiu de pára-quedas este título, [“Monk comes down the mountain“], o mais recente filme  precisamente do mesmo realizador.

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Após uns cinco minutos iniciais com uma cena de pancadaria muito divertida, após um genérico cheio de atmosfera (excelentes enquadramentos) e paisagens fantásticas e após uma primeira meia hora inicial onde parecia que [“Monk comes down the mountain“] tinha tudo para ser uma boa história de artes-marciais num estilo quase conto de fadas urbano, eis que de repente tudo descamba num dos títulos mais desperdiçados que me lembro de ter encontrado em muitos anos.
Desta vez até concordo em absoluto com os dois comentários postados no site do imdb.
[“Monk comes down the mountain“] é um falhanço absoluto e tinha tudo para vir a ser um triunfo.

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Para começar visualmente tem momentos fabulosos. Não só em termos de paisagens, como na composição de muitos enquadramentos; excelente fotografia e uma cenografia verdadeiramente inspirada principalmente na primeira meia hora que nos transporta imediatamente para uma espécie de China encantada por volta de 1920 e nos garante a todos os nossos sentidos que [“Monk comes down the mountain“] vai ser um espectáculo.

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Depois tira-nos o tapete debaixo do pés e levamos com uma hora e meia final que não se entende de todo, com muito pouco de positivo e muito pouco a ver com o filme que parecia ser no início.
A história desperdiça por completo um personagem principal excelente e cheio de carísma e parece quase inacreditável. O actor principal é a razão porque vale a pena continuar a acompanhar a coisa até ao fim. Dá mesmo vida ao personagem, tem muito carisma e todo os melhores momentos são dele.
[“Monk comes down the mountain“] poderia ser genial porque tem uma coisa que à partida parecia ser excelente. Verdade seja dita, este é mesmo um daqueles filmes em que não fazemos qualquer ideia do que irá acontecer a seguir.

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Não porque a história seja confusa ou inesperada no seu rumo dentro de um contexto narrativo concreto, mas porque o argumento de [“Monk comes down the mountain“] parece não fazer ideia de qual o caminho que irá seguir na próxima cena sequer !
Em termos de dinâmica narrativa chega a ser bastante confuso, pois a história avança várias vezes no tempo e o espectador nem repara que passaram alguns meses ou anos desde a última cena. Só minutos depois percebemos onde estamos porque acontece algo que nos obriga a tentar localizar tudo o que vemos no que está a acontecer depois. E enquanto estamos a pensar nisso, damos por nós a não reparar no que está a suceder no momento.

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[“Monk comes down the mountain“] básicamente é um filme sobre sexo, vassouras e kung-fu.
Na verdade pretende ser uma espécie de história filosófica muito profunda indo buscar conceitos espirituais a várias tradições da filosofia  chinesa, só que a forma como apresenta toda essa vertente é tão atabalhoada que a partir de certa altura parece que nos está constantemente a atirar com filosofia new age de cordel para tentar ser cinema profundo quando se calhar deveria estar a entreter-nos.

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Em muitas alturas pareceu-me que o filme pretendia ser uma espécie de versão ligeira de “The Grandmaster” de Wong Kar Way, esse sim um filme que acerta em cheio na forma como liga a tradição filosófica oriental á própria cultura do Kung-Fu enquanto tradição espiritual. [“Monk comes down the mountain“] parece ser uma espécie de versão pimba de “The Grandmaster” em muitos momentos. Não só pelo paleio que aqui não resulta por parecer pseudo-filosofia impingida à força, mas também em muitos momentos das cenas de acção que se assemelham mais a recriações “divertidas” das cenas de luta de IP Man no filme de Wong Kar Way do que a qualquer tentativa de criar algo com uma identidade original.

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[“Monk comes down the mountain“] começa por ser a história de um jovem monge que sempre viveu num mosteiro desde que foi abandonado à porta quando era bébé e que um dia … é convidado a sair, para se fazer à vida e ir conhecer o mundo exterior.
O início da história é muito cativante e tudo indica que o filme vai ser realmente bom.
O monge chega à grande cidade pela primeira vez e logo faz amizade com um velho cirurgião de medicina ocidental depois de uma divertida sequência de perseguição pela cidade. O seu novo amigo, também tinha um dia sido um monge mas escolheu abandonar a vida religiosa por causa de … sexo. O coitado não aguentava estar todo o dia no templo a ver passar tanta mulher gostosa e resolveu abandonar tudo para se casar com uma bela jovem.
Até aqui tudo bem.

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A história prossegue;  o jovem monge vai trabalhar para casa do médico e logo descobre que a mulher deste tem um jovem amante, precisamente o irmão mais novo do senhor e que é uma espécie de besta quadrada que tenta fazer tudo para ficar com a fortuna do irmão mais velho.
É neste segmento que se sucedem as melhores cenas do filme. A narrativa é divertida, o ambiente é um espectáculo (os detalhes da cenografia e guarda roupa são impecáveis) e nada fazia prever que [“Monk comes down the mountain“] iria afundar-se dali a minutos no final desse segmento.

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E quando digo segmento, quero mesmo dizer -segmento-. [“Monk comes down the mountain“] está incrivelmente fracturado e parece ser uma espécie de colagem de vários outros filmes que por qualquer motivo não ligam de todo uns com os outros.
Após o excelente início, (inclusivamente depois de uma cena com um visual cgi inspirado passada debaixo de água), de repente o filme muda de registro e perde todo o sentido visual épico, passando essencialmente a ser uma história de interiores onde tudo gira ao redor de uma antiga rivalidade entre facções de mestres de Kung-Fu e é aqui que o filme entra pelos territórios mais parvos e sem qualquer nexo. Saltos narrativos para cenas de guerra incluidos…espectaculares mas … porquê ?!

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Não quero revelar muito, porque mesmo assim ainda acho que vale a pena espreitarem isto. Quanto mais não seja pela originalidade que resulta de toda esta mistura. Uma mistura que só não funciona, porque primeiro a história de kung-fu não se decide se quer ser cinema de acção ou impingir filosofia de pacotilha ao espectador através de diálogos inenarráveis;  debitados por personagens absolutamente vazios, ou antipáticos como o raio sem qualquer razão aparente.
Pior ainda é quando tenta entrar pela comédia de acção pois não tem graça (ver a cena da droga).

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E por falar em acção, mais uma vez o trabalho acrobático de fios em [“Monk comes down the mountain“] é tão bom quanto já tinha sido em “The Promise“, o problema aqui é que todas as cenas de kung-fu ou são tão over-the-top e exageradamente histéricas que perdem toda a tensão, ou então são repetitivas como o raio e lá para o fim já não temos mais pachorra para ver tanta gente anónima a voar pelos ares pendurados por fios invisiveis.

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Tal como acontece naqueles filmes de super herois irritantes onde há tanto cgi nas cenas de luta que tudo acaba por se tornar absolutamente desinteressante, também em [“Monk comes down the mountain“] tanta gente pendurada por fios em lutas prácticamente idênticas a todo o instante  acaba por eliminar por completo todo o interesse que as cenas de acção deveriam manter.

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Por outro lado a acção só se tornaria interessante se nos preocupassemos com os personagens e neste filme tirando o heroi que é excelente (e os personagens do primeiro segmento), de resto não há por aqui nenhuma pessoa com que nos importemos.
Até porque nenhum tem grande lógica. Uns aparecem para morrer apenas, outros não têm personalidade ou motivação para serem “filosóficos” a martelo, outros são simplesmente aborrecidos.

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Os mafiosos são ridiculos, anónimos ou estereotipados para além de serem unidimensionais como o raio e “filosóficos” por demais; o mesmo vale para os supostos mestres do Kung-Fu que têm o carisma de uma pedra e a personalidade de um cepo ou então são antipáticos ao ponto de lhes querermos enfiar um murro nós próprios (o monge budista). Tudo isto afunda por demais um filme que merecia ter tido melhor sorte.

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Isto porque tudo o que faz bem, acerta totalmente em cheio. O problema é que tudo o que faz mal é realmente insuportável e pior, torna o filme chato como o raio porque se torna absolutamente desinteressante. E então se viram “The Grandmaster” e gostaram do filme de Wong Kar Way não vão conseguir deixar de comparar os dois filmes por muito diferentes que estes sejam ou estúpida que seja a comparação.

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CLASSIFICAÇÃO:

Ignorem o trailer. O filme parece muito divertido na apresentação mas não se deixem enganar, porque o tom  desta história é bem diferente e muito mais caótico.
O que raio se passou com [“Monk comes down the mountain“] ?!
Depois de “The Promise”, o mesmo realizador faz uma coisa destas por que razão ?
Este filme tinha tudo para ser um dos filmes de fantasia mais originais dentro de um registo de Kung-Fu e no entanto desperdiça todas as cenas, até mesmo as cenas de kung-fu !!
Infelizmente ao contrário de “The Promise” não me parece que vá rever este filme tão cedo na minha vida. Uma vez chega. E este não vou comprar em Blu-Ray de certeza.

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Duas tigelas de noodles e meia. É interessante, vale a pena ser visto uma vez pelo que tem de positivo mas depois passem à frente.
Uma decepção.

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A favor: alguns momentos visuais são do melhor, a primeira meia hora é tudo o que o resto do filme deveria ter continuado a ser, o protagonista/actor principal é excelente e muito carismático, excelente fotografia, um par de lutas kung-fu em estilo voador bastante divertidas.
Contra: depois da primeira meia hora o filme muda de registo, há um excesso de fragmentação nesta história que não se entende, personagens totalmente desinteressantes ou antipáticos na sua maioria, excesso de lutas anónimas onde se pontapeia em estilo cartoon hordas de vilões que aparecem de todos os lados só porque sim, está cheio de filosofia de pacotilha do pior, não cria qualquer ligação emocional com o espectador a não ser que o aborrecimento de morte seja uma boa emoção.

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TRAILER

 

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt3594826
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Filme semelhante de que poderá gostar:

capinha_grandmaster

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The Magician (Chosun Masoolsa) Dae-seung Kim (2015) Coreia do Sul


Sempre que vejo um trailer para um filme oriental, devidamente ocidentalizado com aquela estrutura de trailer americano e apresentado em inglés; suspeito logo que a coisa não vai ser nada de especial e também aqui em [“The Magician“] parece que não me enganei.

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Desde há vários anos a esta parte,  há por aí uma estranha tendência em que tudo o que é cinema do oriente “escolhido” para ser lançado no ocidente com distribuição de uma major americana, normalmente é sempre bastante básico. Especialmete quando comparado com titulos que mereciam mesmo ter divulgação por cá mas permanecem eternamente inorados por quem depois distribui as coisas mais medianas saídas da Ásia como se fossem verdadeiras obras extraordinárias (de que toda a gente tem que obrigatóriamente que gostar).

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Nestas alturas , aparecem críticas ocidentais supostamente profissionais completamente extasiadas por todo o lado sobre muitos desses títulos; (aconteceu agora novamente com o extremamente banal “A Assassina” que anda por aí apresentado como sendo qualquer coisa de génio); e às vezes pergunto-me se quem escreve maravilhas sobre produções orientais absolutamente medianas que apenas chegam cá oficialmente porque são distribuídas por Hollywood, alguma vez se deu ao trabalho de acompanhar o cinema realmente bom que há do outro lado do mundo ou apenas fica surpreendido com o exotismo natural de um tipo de filme a que não está habituado, quando as distribuidoras americanas “nos dão permissão” para finalmente notarmos que determinado título existe.

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[“The Magician“] não sendo tão banal quanto outros títulos que a crítica ocidental apresentou como sendo verdadeira obras primas ou filmes extraordinários no passado; apenas porque foram distribuidos no ocidente;  (“Azumi“, “Shinobi“, “Bichunmoo – O guerreiro“,”Duelist” ou até mesmo o decepcionante “Red Cliff” que deixou muito a desejar); é no entanto absolutamente mediano em todos os sentidos quando comparado com dezenas de outras opções superiores que existem neste momento na Coreia do Sul e que mereciam mesmo ser distribuídas por cá.

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Há por aqui uma lógica que eu não entendo de todo e que começou curiosamente quando parece que o mundo ocidental descobriu “Crouching Tiger Hidden Dragon“; outro título bastante inferior a 90% dos verdadeiros Wuxias orientais que poderão em alternativa ver se explorarem o cinema Wuxia da China por exemplo; mas que no ocidente adquiriu estatuto de obra prima , fruto um pouco dessa lógica desconexa que a crítica profissional parece apresentar constantemente; como se escrevessem bem sobre um filme apenas porque Hollywood estalou os dedos para que assim seja, porque alguém algures num departamento de marketing em Los Angeles achou que seria interessante criar uma moda sobre cinema “de Karaté” para consumo dos cinéfilos da pipoca ocidental.

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[“The Magician“] embora pareça ser mais um título assim,  não é mau. Na verdade não tem absolutamente nada de errado. Tudo o que faz, resulta em termos de história, tem um certo carísma a nível de personagens, mas depois o produto final não deslumbra minimamente.
O facto de ter uma realização algo televisiva também não ajuda e em muitos momentos mais parece um telefilme apropriado para um qualquer canal de cabo do que propriamente um produto para cinema. A própria fotografia do filme tem ali um sabor a televisão que quanto a mim retirou logo metade do ambiente que esta história deveria ter tido.

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Talvez porque [“The Magician“] é suposto ter um enquadramento histórico e sabe-se lá porquê, mais uma vez a Coreia do Sul parece não conseguir acertar propriamente neste tipo de filmes, contrariamente ao que se passa no cinema da China onde em termos de ambiente épico, ou atmosfera de autenticidade a coisa resulta sempre plenamente.
Quando a Coreia do Sul tenta algo semelhante, o resultado é sempre algo plástico e bastante -televisivo- o que acontece também aqui nesta história romântica em ambiente Wuxia quanto baste.

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No entanto, mesmo enquanto cinema romântico, este título também não é propriamente indispensável ou um titulo que se recomende imediatamente.
Mais uma vez, [“The Magician“] não tem propriamente nada de errado, mas fica a meio termo em tudo, principalmente em termos emocionais. E quando uma história romântica produzida na Coreia do Sul não consegue criar uma empatia emocional com o espectador, algo vai mal.

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[“The Magician“] gira à volta de uma rapariga que foi essencialmente vendida pela familia e enviada para o sul do país para se casar com o rei e tornar-se por isso numa verdadeira princesa. A comitiva real pára numa cidade onde um jovem mágico com um passado torturado tem o seu espectáculo de magia montado e portanto já estão a ver onde isto vai dar.

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Este é um filme dificil de classificar precisamente porque nem como cinema romântico é particularmente interessante. Os primeiros vinte minutos são curiosos mas algo aborrecidos, com cenas onde se conhece o passado do jovem mágico ou no presente ficamos a saber como são feitos os seus truques que impressionam as plateias da cidade onde reside.

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Na verdade estava quase a desligar o filme pois o ambiente “televisivo” é algo que me irrita por demais em produções para cinema e [“The Magician“] logo desde o inicio parecia encaixar-se nesse estilo visual e não ir muito mais além. Felizmente foi precisamente nessa altura que a parte romântica da história começou verdadeiramente e percebi que pelo menos havia ali uma boa química entre os dois protagonistas.
[“The Magician“] só não resulta melhor em termos românticos porque o filme não se decide se quer ser uma comédia, um drama, ou um thriller politico com sabor a Wuxia e intenções de se apresentar como recriação histórica.

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No meio de toda esta indecisão de género que cruza e descruza toda a narrativa ao longo das mais de duas horas de filme, os personagens acabam por ser algo desperdiçados. O que é pena, pois a história consegue um bom grupo que se calhar poderia ter sido realmente interessante nas mãos de outro argumentista talvez. Mesmo assim ainda há alguma humanização bem conseguida que acaba por ser sempre o melhor que [“The Magician“] tem para dar.

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Se gostam de – Magia – enquanto espectáculo se calhar irão achar o filme muito interessante, pois toda a parte quase em ambiente -steampunk- passada nos bastidores do teatro é bastante curiosa.
Tenta também ter algumas cenas de acção, mas o filme é tão ligeiro em tudo que qualquer carga dramática que ainda poderia vir dessas partes fica logo anulada à partida, até porque as cenas de luta não têm grande interesse ou energia por aí além.

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CLASSIFICAÇÃO:

[“The Magician“] é competente em tudo o que faz, mas garanto-vos que daqui a uns dias já nem se lembram dele. É por demais mediano em tudo, as cenas românticas têm alguma magia ao inicio mas logo perdem a chama porque o tom se repete e por vezes a história parece estar presa numa espécie de telenovela televisiva ambientada séculos atrás e pouco mais.

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Se já viram tudo o que tenho recomendado de cinema romântico e procuram um título simpático, podem ver este filme pois não darão o tempo por perdido. Enquanto dura acompanha-se bem e até tem um final ambiguo algo interessante, mas não é um filme que irão querer voltar a ver. Não por ser mau, mas porque parece não ter grande ambição para além do que mostra.
Três tigelas de noodles. É bom e pronto. Nem mais, nem menos.

 

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A favor: o par romântico tem uma boa química, há alguns personagens secundários muito interessantes embora pouco explorados (o general guardião da princesa poderia ter sido excelente por exemplo), tem algum ambiente nas cenas românticas iniciais, as partes em que vemos os bastidores dos truques de magia  são interessantes, tem um par de paisagens muito bonitas.
Contra: o tom do filme é ligeiro por demais, não tem grande carga dramática nem cria particular empatia com o espectador, tenta misturar vários géneros de filme mas todos ficam a meio caminho, é um tipo de filme que logo se esquece.

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TRAILER

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt4471636

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Shinobi The Promise capinha_curse-of-the-goldenflower The Myth

capinha_duelist capinha_an_empress_and_the_warriors capinha_the-classic capinha_bichunmoo

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Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal (Zhong Kui fu mo: Xue yao mo ling) Peter Pau / Tianyu Zhao (2015) China


Quem diria que por detrás deste festival de maus efeitos digitais estava um filme de fantasia tão interessante…

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[“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] é o tipo de cinema de fantasia que é imediatamente atacado por todos os lados pelo público ocidental apenas porque os seus efeitos CGI não prestam. Está portanto visto que para muita gente actualmente, mau CGI = mau filme porque provavelmente para muito público, o Cinema não deve ter mais nada para além disso.

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Este filme geralmente é atacado na net em muitas opiniões ocidentais apenas por causa dos seus efeitos especiais mediocres, como se os efeitos especiais tivessem alguma coisa a ver com a qualidade do cinema enquanto arte.
Se vocês também são daquelas pessoas que acham que um os efeitos especiais definem o que é um bom filme, então é melhor passarem à frente e ignorarem [“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”]. Porque sim, os efeitos neste filme são do pior. Às vezes as animações estão mesmo ao nível de um mau jogo para a Playstation One , o que  é tecnicamente trágico.

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Por outro lado, se pensarmos nisto enquanto filme no sentido mais tradicional e esquecendo por momentos os efeitos; será realmente tão mau assim ? Será que a realização é má ? A montagem não presta ? Será que a fotografia é amadora ? Será que não tem actores de jeito o que a história é banal ?
Bem, na verdade não.
Tirando os efeitos especiais, [“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] foi uma boa surpresa e um filme que se torna verdadeiramente agradável e cativante a cada minuto que passa.

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Percebi logo que não ia ser verdadeiramente insuportável como por exemplo foi “Warriors of the Zu Mountain (versão2)“, mas esperava que fosse uma espécie de fantasia em tom algo pimba (-brega- para o pessoal no Brasil) ao estilo de um “A Chinese Tall Story“; (outro filme onde os atrozes efeitos CGI são reis) mas que acaba por ser um filme simpático se o virmos por um contexto WTF. 😉

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Quanto muito esperava que [“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] fosse divertido nos primeiros minutos mas depois se tornasse apenas em mais uma extravaganza de porrada digital e animações de computador como aconteceu ainda em “The Monkey King” por exemplo que deu um tiro no pé ao tornar-se tão repetitivo e histérico em termos de porradaria digital.
Resumindo, apesar da má onda inicial em termos técnicos, a verdade é que [“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] parecia ter ali algo mais.

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E felizmente não me enganei, embora quando o filme acabou duas horas depois eu estivesse realmente surpreendido com o resultado final. Os efeitos digitais não melhoram (até pioram), mas este filme surpreendeu em tudo o resto.
Para quem não gosta de cinema de fantasia, esqueçam, vão ver outra coisa. Para quem gosta de cinema de fantasia mas apenas a vê como sendo aquele molde Dungeons & Dragons inspirado pelo trabalho de Tolkien, então também não é o filme para vocês.

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Agora…quem gosta de cinema de fantasia e percebe a lógica e o contexto do género dentro do estilo chinês e da cultura do conto de fadas na china; ou seja, do conto popular chinês, então [“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] é um filme a não deixar de ver até ao fim, mesmo que o início lhes pareça algo desinteressante ou pouco original.

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Esta é a história de três reinos: o reino dos céus onde moram os deuses, o plano terrestre onde vivem os humanos e por fim, o inferno onde habitam os demónios.
É a história de um jovem caçador de demónios (treinado por um dos Deuses) que um dia se apaixona por uma bonita “princesa” que na verdade é ela própria um demónio que habita no inferno.

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Enquanto o plano terrestre considera o reino dos céus como o lado bom da origem da sua existência e o reino do inferno como o lado mau que é preciso evitar a todo o custo a verdade é um pouco diferente.

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[“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] é na sua essência uma história sobre o Yin Yang e portanto muito espectador ocidental (nomeadamente evangélicos fundamentalistas) irá ficar chocado quando nesta história o Inferno não é retratado como sendo um lugar de sofrimento (ou um sítio mau) mas sim apenas como um reino diferente do reino dos céus, cujo o único pecado é se calhar não ter tido um bom decorador.

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As diferenças entre esses dois planos espírituais, são apenas artificialmente e culturalmente assinaladas pelos humanos no plano terrestre que essencialmente funciona como sendo a dimensão onde se joga o equílibrio entre as forças divinas; equílibrio esse que é fundamental para a harmonia do próprio universo.
Ou seja, [“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] é uma história onde os demónios só aparentam ser maus porque o lado do reino dos céus para a população terrrestre está conotado como sendo o -BEM-; por isso, como diz um dos personagens a certa altura, se o Reino dos Céus representa o Bem, o que sobra então para o Reino do Inferno ser ?!…

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Portanto toda a história é sobre o permanente equílibrio entre o Yin e o Yang e sobre os acontecimentos que um dia colocam em causa a própria existencia do universo quando a luta pelo poder é comum a todos os planos independentemente da conotação cultural ou religiosa atribuída pelos humanos a cada um deles.

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Portanto meus amigos, já perceberam que [“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] é filosóficamente mais complexo do que parece à primeira vista. E sabe muito bem como desenvolver essa complexidade no desenrolar da história. Até o final é particularmente diferente do que esperariamos ver se isto fosse uma produção de Hollywood.

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Curiosamente o início do filme não indica que este se irá tornar em algo mais do que apenas um filme de porradaria fantasiosa com maus efeitos CGI em modo histérico. Os primeiros vinte minutos ou coisa asssim, como já disse não são particularmente interessantes, mas deixem-se ficar e serão recompensados com vários pormenores que irão ficando cada vez mais interessantes.
E por favor, esqueçam os efeitos especiais, eu sei que não valem um corno. Get over it !

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[“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] pelo meio de tudo isto, consegue uma coisa que por exemplo o excelente e algo semelhante em tom “The Promise” não conseguiu; ou seja, [“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] contém realmente uma história romântica com carísma. O heroi pode parecer um bocado estúpido e grunho, mas a química com a “princesa” da história é tudo aquilo que faltava à parte emocional em “The Promise” e que ficou muito aquém nesse filme.
Aqui a partir de certo momento começamos a gostar de acompanhar a história de amor, pois ela acaba por centralizar todos os acontecimentos dramáticos de uma forma que nem parece particularmente forçada e resulta bem.

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A realização também é muito boa. Tivesse este filme tido bons efeitos digitais e já ninguém do público das pipocas falaria tão mal dele.
A razão porque os efeitos são tão maus é porque eles foram criados por mais de oito companhias diferentes espalhadas pelo mundo, inclusivamente até pela Weta Digital que criou os efeitos para o Lord of The Rings/(Gollum)/The Hobbit; por exemplo.
Como não podia deixar de ser, visualmente os melhores efeitos são precisamente aqueles que têm a ver com o ambiente e com as paisagens mais naturais da história pois o trabalho digital da Weta é sempre de qualidade.

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Pena é que as animações de criaturas não tenham ficado também na mesma companhia, porque na verdade o trabalho das empresas chinesas no que toca à animação dos monstros e até do heroi quando transformado em demónio, é absolutamente inacreditávelmente MAU !
Por outro lado, isso é compensado com uma excelente montagem, pois durante as sequências de acção por exemplo, o editor faz o melhor possível para esconder todas as fraquezas técnicas da coisa e em muitos momentos, principalmente lá para o final do filme até nos consegue fazer esquecer que estamos a ver animações do pior e dotar a aventura de bastante adrenalina e muita dinâmica, até em termos dramáticos surpreendentemente.

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[“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] no que toca a efeitos e paisagens digitais, varia entre o extraordinário e o inacreditávelmente mau ! Alguns cenários são absolutamente incriveis, (os prácticos e reais, são excelentes) mas outros são do pior. As cenas no inferno não conseguem esconder que tudo é filmado em estúdio contra fundo verde pois todos esses cenários estão realmente mesmo mal integrados nas extensões digitais dos mesmos e nota-se à distância.

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Por outro lado o filme é incrivelmente rico em detalhes. O design de produção é fabuloso, os cenários estão inundados de texturas, pormenores e detalhes fascinantes e a própria cinematografia contribui para a qualidade visual em termos gerais, fazendo milagres para se integrar com o mau Cgi constante.

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Em relação aos personagens, este argumento balança um bocado. Há uns muito interessantes, o par romântico e alguns demónios têm carisma, mas depois há personagens secundários que parecem não servir para nada a não ser para compor o cenário e as sua cenas parecem sempre estar a mais ; (por exemplo a irmã e o “cunhado” do heroi). Se calhar por isso [“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] também poderá ter um bocadinho de duração a mais, apesar da boa montagem estar sempre presente para tentar limar estas arestas e manter um ritmo coerente em toda a narrativa ao longo das duas horas de filme.

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Como cinema de acção, fantasia e aventura, é realmente divertido. Quem gosta de cinema de super-herois ou em estilo Dragon Ball onde “super-herois” lutam contra “super-vilões” em combates épicos por cenários muito variados; e conseguir abster-se dos maus efeitos, irá divertir-se com este filme certamente.

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Se gostaram de “The Promise” ou de “The Restless“, curtiram os estilos excêntricos de “A Chinese Tall Story” ou até de “The Sorcerer and the White Snke” este [“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] está algures entre os dois embora com mais carisma romântico.
Se virem o filme em 3D vale a pena, pois alguns efeitos tridimensionais fazem-nos entrar mesmo dentro das paisagens (neve e cinza a cairem para fora do nosso televisor, por exemplo).

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CLASSIFICAÇÃO:

[“Zhongkui: Snow Girl and the Dark Crystal”] supreendentemente é mais do que apenas a típica aventura de porrada CGI. A questão filosófica sobre a natureza do céu/inferno é muito bem usada para potenciar a parte romântica da história e questionar todo o dilema moral sobre o que é ser bom ou mau afinal, num contexto mais cósmico da nossa existência. E não é todos os dias que uma aventura com maus efeitos especiais ainda consegue a nossa atenção pelas questões que levanta e pelos personagens a que consegue dar vida apesar dos problemas técnicos que contém.

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Gostei e surpreendeu-me.
Não é o melhor filme de fantasia do mundo, não é um grande drama e muito menos é cinema romântico indispensável, mas tudo o que faz (exceptuando os efeitos) faz bem e acima de tudo diverte quem gosta de um bom conto de fadas chinês nos moldes mais clássicos.
Quatro tigelas e meia de noodles porque saiu melhor do que parecia ser no inicio.

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A favor: visualmente em termos de design tem momentos fantásticos, excelentes interiores, muitas paisagens são espectaculares e cheias de ambiente, a parte romântica da história resulta, mesmo com maus efeitos especiais algumas cenas de acção são excelentes e muito dinâmicas, a realização é boa e supera as coisas menos boas, boa montagem também, banda sonora épica agradável, o final é diferente e algo subjectivo, se virem a versão 3D vão gostar dos flocos de neve por exemplo.
Contra: os personagens podiam ser mais cativantes no geral, alguns não servem mesmo para grande coisa a não ser fazer parte do cenário, alguns dos cenários não resultam tão bem quanto outros, as animações CGI das criaturas e personagens são absolutamente uma desgraça técnicamente falando e parecem coisas dos primórdios do 3D Studio por volta de 1995 ou saidas de um jogo da Playstation One, algum exagero num par de combates CGI entre super-herois e super vilões.

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NOTAS ADICIONAIS

TRAILER

IMDB
http://www.imdb.com/title/tt3585004

Comprar Blu-Ray (atenção- região 3/A apenas)
http://www.play-asia.com/zhong-kui-snow-girl-and-the-dark-crystal-3d2d/13/709pxr

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Se gostou deste vai gostar de:

The Promise capinha_restless A Chinese Tall Story capinha_Themonkeyking capinha_sorcerer_and_white_snake

capinha_vikingdom capinha_dragon nest

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Hello, Schoolgirl (Soon-jeong-man-hwa) Jang-ha Ryu (2008) Coreia do Sul


Não. Isto não é um thriller sobre pedófilos babados que fazem esperas às miudas das escolas para lhes oferecerem chupa-chupas.
Mas podia…
No entanto, eu sei que [“Hello, Schoolgirl”] soa um bocado … creepy em estilo pedófilo… ou pelo menos indica logo que o filme vai ser daqueles fofinhos de meter vómito. Pois é…

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Acontece que este é mais do que isso também, sendo uma pequena surpresa e portanto tinha mesmo que o recomendar aqui. Não é obrigatório, mas é um excelente complemento se já viram tudo o que tenho recomendado de melhor neste género romantico oriental.
Além disso pertence àquele tipo de cinema típicamente sul-coreano que nem é comédia, nem é drama pois na verdade é quase um estilo à parte e quando é bem feito tem imenso charme o que é o caso.

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Vocês não sabem, mas eu vejo muitos mais filmes do que aqueles que normalmente até recomendo aqui neste blog. Inclusivamente tenho bastantes que já vi mas que por uma razão ou outra ainda não me apeteceu falar deles.
Pelo meio de tanto filme de vez em quando a minha procura por bom cinema romântico oriental para satisfazer os pedidos reflectidos nas estatísticas deste blog, faz com que me depare com bastantes filmes genéricos do género, pois a Coreia do Sul está cheia de produções assim e à partida parecem todas iguais, pois no oriente também se faz cinema banal.

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Já tenho visto muita coisa de que simplesmente nem vale a pena falar por aqui. Ás vezes nem são maus de todo, mas simplesmente não têm nada que me faça gastar tempo para falar bem ou mal desses títulos.
Por outro lado, este é mais um daqueles que me pedem para recomendar , pois a procura por filmes românticos continua em alta neste blog e sendo assim não podia deixar de passar este título. Simples mas que se recomenda.

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À primeira vista este [“Hello, Schoolgirl”] parecia mais do mesmo e o título não prometia muito também. No entanto deparei-me com alguns comentários pela net que o recomendavam pois parece que o trailer não transmitia a verdadeira essência da história. Sendo assim, fui espreitar e fiquei agradávelmente surpreendido.
Na verdade a principal razão porque estou agora aqui a falar de [“Hello, Schoolgirl”] é porque este é mais um excelente exemplo de um filme muito simpático e cheio de personalidade, mas que jamais seria produzido pelo cinema americano.
É mais um título daqueles que demonstra bem a diferença entre aquilo que são histórias românticas escritas no oriente e os enlatados produzidos a metro sem alma que passam por romance no habitual cinema saído do Hollywood comercial onde tudo tem que ter uma fórmula reconhecível e testada.

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Imagino os autores desta história a tentar encontrar financiamento para
[“Hello, Schoolgirl”] em Hollywood:

– Então e a vossa história é sobre o quê ?…
– Bem na verdade é sobre nada.
– Hm ?
– É sobre dois pares de protagonistas que se apaixonam, sobre guarda-chuvas, estações de metro e máquinas fotográficas.
– E sexo, mete tensão sexual ?
– Bem, o nosso protagonista tem 30 anos e apaixona-se por uma estudante de 18 anos e…
– Isso é  bom, isso é bom…já estamos a ver, máquinas fotográficas, estudantes de liceu, internet…sexo online.
– O senhor não está a perceber a ideia…Também temos um rapaz de de 22 que mente na idade para se aproximar de uma rapariga de 29 anos pois apaixonou-se por ela no metro e…
– Ah, vai ter triângulos amorosos com adolescentes já vi, sexo e…
– Não mete sexo.
– E traições ? Rivalidades , cornos…
– Bem, não… não há conflito entre os personagens de espécie alguma…temos a mãe da rapariga que fica um bocado incomodada por um homem de 30 anos gostar da sua filha e vai lá a casa para f…
– Ah… e esse gajo come a mãe da miuda ! Já estou a ver, a pita chega a casa  e encontra a mãe debaixo do trintão…já estou a ver , isto poderia chamar-se as… 30 Sombras da Traição … é bom, é bom…isto filma-se… já estou a ver a Natalie Portman…
– Mas… ela vai lá a casa só para falar com ele, porque…
– E depois têm a outra de 29 anos que também está desejando de saltar para cima do outro puto, não é ? Já estou a ver as bilheteiras … a polémica…
– Na verdade não. Não se passa nada disso…não há intrigas de qualquer espécie, apenas personagens que passeiam, vão ao cinema, tiram fotos, apanham chuva…
– Vão ao cinema ? Passeiam ?…
– … ehm…de mãos dadas…
– Está a brincar comigo… e accção, porrada, tecnologia ?!
– … e depois eles tiram bonecos de peluche de máquinas de jogos…
– Alguém que me chame o Michael Bay por favor !!!

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[“Hello, Schoolgirl”] distingue-se precisamente por isto. Mais uma vez estamos na presença de uma história romântica que não segue qualquer cliché que estamos habituados a ver no cinema americano; muito menos no cinema sobre adolescentes. [“Hello, Schoolgirl”] apesar do título teen, é mais um daqueles pequenos filmes que se calhar irá agradar muito mais aos mais crescidos, pelos sub-tópicos que aborda sem nunca nos atirar coisas à cara.

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[“Hello, Schoolgirl”] é uma história sobre diferença de idades, mas não da forma melodramática que vocês esperam, faz-nos pensar no assunto sem no entanto pregar qualquer moral ou manipular opiniões; é também um filme sobre o isolamento e a solidão que pode ocorrer na rotina das grandes cidades; ao mesmo tempo é sobre saudade e sobre a forma como esta se pode tornar numa prisão e impedir que coisas boas aconteçam porque não estamos a prestar atenção quando elas aparecem. E é um filme sobre o amor na forma mais simples, sem dramas, preconceitos ou convenções sociais.

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Tudo filmado por entre um argumento que parece nem existir. [“Hello, Schoolgirl”] não tem realmente qualquer tensão dramática da forma que estamos habituados a ver no cinema ocidental e no entanto consegue passar muitas das mesmas mensagens sem precisar de recorrer à tipica cena que já estamos fartos de ver. Aqui não há cruzamentos, mal-entendidos, separações por ciúmes, brigas adolescentes e teen angst ao estilo ocidental.

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[“Hello, Schoolgirl”] é uma história sobre crescer. Sobre o que isso acarreta, sobre o que traz de bom e sobre o que aquilo que parece bom na liberdade de sermos adultos também pode traduzir-se em solidão e incompatibilidade com o mundo em redor.
O filme tem uma duração muito anómala para este tipo de filmes. [“Hello, Schoolgirl”] parecia ser à partida uma daquelas comédias juvenis românticas Sul Coreanas que não chegam aos 90 e no entanto tem practicamente duas horas que passam a correr.
Quando damos por nós, estamos agarrados pelos personagens.

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Curiosamente contêm algumas surpresas, nomeadamente no que toca à resolução das histórias de amor…rapaz de 30, miuda de 29, rapaz de 23, miuda de 18… pronto, está visto onde elas se vão cruzar. Bem, na verdade como boa história de amor sul-coreana, também aqui há um twist. Não é nada do outro mundo, não esperem surpresa, mas justifica o coração emocional do filme e liga vários personagens secundários à trama principal…ou à aparente falta dela.
[“Hello, Schoolgirl”] é realmente um bom exemplo de como podem ser simples as histórias de amor orientais sem nos darem aquilo que sempre esperamos enquanto espectadores.

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Sendo assim, é mais um pequeno grande filme muito simpático que se recomenda vivamente. Os actores são carismáticos, a sua realidade é perfeitamente credível, as suas histórias criam empatia e é um daqueles filmes com alguns momentos fofinhos de meter vómito mas que no entanto resultam e nos fazem entrar para aquele mundo.

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É também um exemplo perfeito daquilo que eu costumo chamar “cinema telemóvel” e que só existe no oriente. Estamos mais uma vez na presença de uma história que só existe nestes moldes porque se inventaram as redes móveis, o wifi e as comunicações móveis. Sub-género em que os Sul Coreanos e os Japoneses são mestres, pois muitos dos diálogos cativantes são precisamente trocados gráficamente com sms no ecran entre os protagonistas em estilo pop-up colorido.

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CLASSIFICAÇÃO

Segundo li, parece que [“Hello, Schoolgirl”] é a adaptação de um Manga ou de um Anime televisivo de segunda linha mas de sucesso e pelo que consta é bastante fiel ao espírito do trabalho original em termos de personagens.
Independentemente de tudo é um título simpático que agradará a quem quiser mais um filminho romântico oriental, daqueles que é um prazer seguirmos até ao fim.
É melhor,  mais adulto e mais profundo do que aparenta no trailer.

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Trés tigelas e meia de noodles sem qualquer problema.

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A favor: é uma história com um sub-texto mais complexo do que aparenta, bons personagens, evita um par de clichés de forma excelente, boas interpretações, tudo muito simpático e duas boas histórias de amor que evoluiem de forma algo diferente do costume, agradará não apenas aos adolescentes mas talvez faça pensar um adulto ou dois.

Contra: o trailer faz o filme parecer mais adolescente do que na realidade é, a história muito simples com uma duração tão longa por vezes equivale a um ou dois momentos desnecessários que quebram um bocado o ritmo a meio do filme.

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NOTAS ADICIONAIS

TRAILER


IMDB

http://www.imdb.com/title/tt1210837

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Outros títulos românticos de que poderá gostar:

Be With You Il Mare The Classic

Love Phobia cyborg_she_capinha_73x

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